Sherlock e Irene Adler, A Mulher. escrita por marivalentim
Notas iniciais do capítulo
Bem, estou apostando nessa fic, por ser minha primeira, então espero que gostem. Críticas são sempre bem vindas. Vamos lá?
08:32 a.m.
- Minhas medidas. Minhas medidas. Minhas medidas.
Essas palavras soavam em minha mente de forma contínua e o rosto de Irene Adler se misturava em meio ao apagão que minha mente produzia. Bastou para me despertar do sono quase profundo, se o sonho não estivesse sendo invadido pela Mulher.
O celular tocou. Deixei que chamasse, uma, duas vezes... No terceiro toque, o peguei em mãos. Sem número no identificador. Deslizei o dedo sobre o visor e pousei o aparelho em minha orelha; permaneci quieto.
- Você achou que se veria livre de mim?
Era praticamente impossível não reconhecer aquela voz, aquela maldita e tão benquista voz. E, por pensar dessa forma, receava que alguém pudesse ouvir minha mente. Idiota.
Ela, A Mulher, surgiu novamente. Desta vez estava nua, como veio ao mundo, subia engatinhando entre as minhas pernas, sobre o lençol que cobria meu corpo. Como? Que diabos! Olhei rapidamente para o celular que ainda segurava e o joguei longe.
O despertador, barulhento, deu sinal de vida ao lado da cama. Acordei com o coração palpitante, tentando disfarçar minha feição de quem acabou de despertar de um sonho no mínimo interessante. Não para mim.
19:28 p.m.
O dia parecia se estender, há dias que nada de interessante surgia pela porta principal e até mesmo a sra. Hudson parecia entediada.
Ensaiava algumas notas em meu violino, defronte a uma das janelas da sala, observando Baker Street, enquanto John arrumava a gola de seu casaco, ajeitando-se em frente ao espelho. Interrompi os movimentos suaves em meu instrumento, fixei o olhar na direção do pequeno homem e observei suas vestimentas. Arqueei uma sobrancelha.
- Tão patético.
John pareceu não ligar para o comentário e continuou a se ajeitar. Provavelmente estava se arrumando para um encontro e, embora não tivesse dito, eu sempre sabia e não precisava ser nenhum profissional para perceber, ele deixava transparecer, toda as vezes...
Enfim, eu e eu, naquele andar do prédio silenciosamente irritante.
21:34 p.m.
Consultar as horas no relógio de pulso já me consumia as ideias. Parecia que eu aguardava a todo custo por algo... Ou talvez, alguém? Tentei não pensar no sonho que tivera, mas era impraticável a possibilidade de enganar a mim mesmo.
Já fazia 53 minutos que eu estava ali, parado, sentado, de pernas cruzadas, esperando que algo acontecesse. Talvez o detetive Lestrade pudesse me contatar, pedindo para que o ajudasse mais uma vez com os casos que surgem por Scotland Yard, em vão.
Ouvi um barulho soar no quarto, aquilo me despertou de um possível suicídio mental, se é que essa possibilidade existe. Caminhei em passos lentos, buscando perceber mais ruídos. Por um breve segundo achei que pudesse ser fruto da minha imaginação, mas nunca me engano.
A porta estava entreaberta, no chão, velas acesas, como num ritual romântico. Por trás da porta do armário aberta, surge A Mulher. Seus lábios pintados de vermelho, a cor mais viva, seus cabelos amarrados em um coque e seu corpo novamente nu.
Recordei das medidas de seu corpo, que tive conhecimento exato desde o fatídico encontro em sua casa, e hoje havia sonhado com elas pela manhã. Meu olhar parecia dançar sobre aquela pele clara e aparentemente tão vulnerável, calculei paranoicamente e mais uma vez as suas medidas, cada centímetro, cada volta que seu corpo perfeitamente desenhado fazia, os números surgiam como o processamento de dados na tela de um computador, bem diante dos meus olhos. Eu estava imóvel.
De alguma forma ela me tomou pelas mãos, e me fez dar três passos, virou-me de costas para a cama ainda desarrumada e deu um leve empurrão em meus ombros. Caí sentado sobre a cama, ela não empregara muita força no empurrão. Na verdade, quem parecia vulnerável ali era eu.
Irene não estava totalmente nua. Os pés trajavam louboutins. E em suas mãos... Ah! Suas mãos! O famoso chicote. Este que dera a ela o título de dominatrix (era dessa forma que Mycroft se referia a ela).
A Mulher aproximou aquele fino objeto em minha direção, me tocou com a ponta de couro no rosto, enquanto umedecia seus lábios rubros, coloridos pelo batom. Tentei dizer algo que a fizesse parar, mas eu estava certo de que ela exercia certa influência sobre mim, esta que desconheço, e não me atrevo a dar qualquer nome.
- Ah, senhor Holmes. Olhos, pele e lábios tão lindos de uma pessoa tão inoportuna.
Enquanto falava, continuava a deslizar o couro por entre meus lábios, meu pescoço... Ela parecia estar pronta para o bote, devorando-me apenas com o olhar, e eu tentava não admitir que aquilo era minimamente instigante.
- Pare!
A palavra saiu da minha boca com certa dificuldade. E por um breve instante voltei a ter controle sobre mim. Minha mão agarrou seu punho, impedindo-a de continuar com aquela provocação. A Mulher se assustou e me olhou de forma espantada, escancarando aqueles grandes olhos de cor azul. Com certeza, fora surpreendida.
Tomei força em minhas pernas bambas e me coloquei de pé sem soltar o braço de Irene. Nossa diferença de altura era visivelmente clara, ainda que ela estivesse sendo sustentada por sapatos altos.
Um barulho de algo caindo sobre o assoalho do quarto nos despertou do transe e imediatamente larguei seu punho. Ela havia soltado o chicote, aquele que lhe era indispensável, principalmente quando se tratava de mim. A Mulher desfez sua feição séria e me sorriu os dentes brancos. Deu alguns passos, tirou meu sobretudo, que estava pendurado atrás da porta, o vestiu e saiu ambiente afora
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Se gostarem, comentem. Continuação vem com os reviews. rs