Anteriormente

Eu te disse. o encarava mortalmente.

Quem mandou você não se cuidar? me encarou de volta.

A culpa foi toda sua! joguei um travesseiro em sua cara amassada.

Ok. Ok. Agora me deixe dormir. se enrolou, deitando novamente.

TYLER! gritei e comecei a tossir.

...

Durma agora sua coisa chata. E não espere que eu vá acordar outra vez às 2:00 da manhã para cuidar da carência de uma garota irritante.

Eu não pedi pra ficar aqui. suspirei.

Não foi isso que eu quis dizer. fez um caminho com uma das mãos, da minha cintura, braço, até chegar aos meus cabelos, onde começou a acariciar, enrolar, bagunçar, entre outros.

...

Se sente constrangida perto de mim? acariciou meu rosto, arrancando um suspiro de mim e uma risada dele.

De vez enquanto. Você é idiota, sabia?

Sou muitas outras coisas também.

Tipo?

Inteligente, bonito, carinhoso... E muitas outras qualidades.

Pervertido, mandão, irritante... Entre outros defeitos.

Tenho um defeito que acho o pior de todos.

Ah é? E qual seria? confesso que estava até interessada em saber.

Receoso. Tenho medo de machucar as pessoas, mas tem uma em especial. me encarou com aqueles seus olhos verdes brilhantes.

Quem?

Você.

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— Eu? -desviei meu olhar do seu, sem conseguir encará-lo.

Ele soltou uma risada meio anasalada, mas eu percebi que foi forçada.

— Vamos dormir agora, ok? -me soltou e se virou, ficando de costas para mim.

Fiz o mesmo que ele e, quando fui perceber, já estava quase na beirada da cama, tentando inutilmente me afastar de seu calor corporal.

— Tyler? -chamei.

— Hmm? -percebi que ele estava meio hesitante ao me responder.

— Eu quero um edredom pra mim. SÓ pra mim.

Ele suspirou antes de se levantar e abrir o guarda-roupas, tirando de lá o meu tão esperado -eu acho- edredom. O Tyler jogou o enorme e pesado pano em cima de mim e deitou-se novamente, ainda sem proferir nenhuma palavra.

Ai que estranho. Acho que isso nunca tinha acontecido, então por que agora me sinto tão nervosa? Estar com o Tyler não era uma coisa ruim, nem uma coisa para se orgulhar, então é estranho poder ter um pouco de paz sabendo que ele ainda está por perto.

Custei a dormir, já que estava pensando muita besteira, e isso estava impedindo meu sono de vir, mas quando o fiz parecia que mal tinha fechado os olhos e logo tive que despertar com o toque de meu celular.

— Ah não. Não quero ir... -fiz força para levantar, e assim que fiquei em pé comecei a me sentir tonta e com o corpo mole.

Mesmo estando meio febril optei por um banho frio para tentar me livrar da preguiça e do mal estar.

Vesti uma calça jeans preta, a blusa do colégio, uma bota sem salto cinza e um cachecol. Sinto que estava esquecendo de algo, então lembrei de pegar minha mochila, dinheiro, celular e algo para comer. Estranhei não encontrar aquele ser loiro, mas não me preocupei, já que o encontraria no colégio.

(...)

— Bom dia presidente. -algumas meninas acenaram para mim.

— Bom dia... -sorri em resposta.

— Bom dia,cobra. -o ruivo encapetado espalmou as mãos magrelas na minha mesa assim que me sentei.

— Bom dia? O que aconteceu com você? Está doente ou o quê? -cruzei os braços.

— Não podia só ter respondido? -revirou os olhos.

— Bom dia pra você então. O que quer aqui tão cedo?

— O diretor já escolheu e confirmou os nossos "ajudantes". -fez aspas com os dedos.

— Já!? Quem são?

— Aqui a lista. -colocou uma folha de papel em cima da carteira.

Olhei para ver se conhecia alguém. Os primeiros anos eram os alunos do terceiro ano, todos homens. David Mills, Martin Ravero e Nathan Martins.
Os do segundo: Sasha e Liana Lovetics -as gêmeas univitelinas e Tyler Martinez.

Droga. Será mesmo que esses aí vão ajudar em alguma coisa? Se bem que eu acho que consigo persuadir o Tyler e...

— Está ouvindo? -bateu na minha cabeça com um caderno.

— Não. O que era? -o encarei.

— Entregue esses papéis para esses da lista. -me entregou uma pequena pilha de papéis.

— E o que é isso tudo?

— As funções de cada um,horários, benefícios que vão receber, locais do encontro, objetivo da viagem e... acho que só. -arrumou os óculos.

— E por que você não entrega?

— A presidente é você. -deu de ombros e saiu.

— Nessas horas eu sou a presidente né... cof cof cof. -minha garganta começou a arder.

Aproveitei que a campa ainda não tinha tocado e fui atrás do povo. Começando com as gêmeas e o Tyler, já que os três estudavam na mesma sala.

Descobri que Sasha era a mais velha por alguns minutos de diferença. Ambas eram fofas, cabelos loiros e curtos, olhos verdes, brancas e esbeltas, tinham uma altura mediana, quase a mesma da minha e eram simpáticas. Quer dizer, a Liana era mais tímida e reservada, já a Sasha era bem direta e extrovertida.

— Viram o Tyler? -olhei em volta.

— Não. -responderam juntas.

— Ele veio hoje, certo? -perguntei.

— Seu namorado, pres? -a mais velha me encarava de uma forma divertida.

— Não, somos apenas amigos.

— Você está bem? Parece estar cansada... Além de estar com a face vermelha e não para de tossir. -Liana se aproximou e colocou uma das mãos em minha testa- E ainda está com febre.

— Estou bem. Sério. -afastei gentilmente sua mão- Entreguem isso para ele, ok?
—entreguei os papéis e fui para as salas do terceiro.

David era alto e musculoso. Moreno de olhos negros, possuía cabelos castanho escuros e um sorriso encantador. Era fácil conversar com ele, já que era do tipo que sabe conversar sobre quase todos os tipos de assunto, além de ser simpático. Já Martin era o contrário, bem reservado e arrogante, quase que não consigo chegar perto dele, mas quando o fiz não me arrependi nem um pouco. Tinha pele bronzeada, cabelos negros um pouco maiores que a maioria, olhos azuis claro, usava brinco na orelha e tudo. Era um pouco mais alto que eu e parecia ter o mesmo físico do Tyler.

— Grace?

— O que? Ah. Oi Nathan. -olhei para o último papel em mãos- Nathan Martins?

— Eu mesmo. -sorriu.

— Aqui. -entreguei o papel para ele.

— Obrigado. Você está bem?

— Estou sim, mas tenho que ir agora, a campa já tocou. Tchau. -ele veio até mim e beijou minha testa.

Nathan era moreno, cabelos curtos e castanhos e olhos da mesma cor. Alto e forte. Caramba! Todo mundo aqui fazia academia ou o quê?

(...)

— Sinto muito Grace, mas hoje você vai ter que ficar com toda essa papelada sobre a viagem do fim do ano. -Tainá colocou algumas pastas em cima da minha mesa.

— Vocês não vão me ajudar? -fiz minha melhor cara de pidona.

— Tenho coisas para resolver. -piscou para mim e saiu.

— Ei. Cadê a Ally? -perguntei para o único ser que continuava ali.

— Entregar uns relatórios para o diretor. E eu vou indo nessa. -Tony pegou seu material e assanhou meus cabelos antes de sair.

— Então -cof cof cof- Somos só eu -cof cof- e vocês -cof cof- falei olhando para as pastas.

Fiquei organizando as fichas dos alunos do ensino médio aqui do colégio, avaliando boletins, números de falta, ocorrências... Isso tudo para verificar se todos poderiam mesmo ir para a viagem. Depois olhei o número total de alunos, separei os papeis por turma para que os pais autorizassem a ida dos filhos...

Eu estava suando muito e minha vista estava ficando embaçada. Meu corpo estava quente, mas eu estava com frio. Droga! Justo hoje que eu havi deixado meus agasalhos em casa...

Espero que a Ally não se importe se eu descançar um pouco aqui. Se bem que eu já terminei meu trabalho.

— Ah. Melhor eu ir embora. -me levantei, guardei a papelada, peguei meu material e sai da sala.

— Presidente? -encontrei a Ally no corredor.

— Ahn? Oi.

— Você parece mal -se aproximou de mim- Está arfando, suando e... meu deus! Está ardendo em febre,

— Eu estou bem, já estou indo pra casa. -sorri para ela.

— Quer que eu mande o Tyler vir te pegar?

— Não. Aposto que aquele traste está até dormindo uma hora dessas. Tchau. -acenei para ela.

— Se precisar de algo é só me ligar! -gritou.

— Ok. -gritei de volta.

(...)

— Onde você estava!? -eu sabia que teria um interrogatório assim que eu chegasse em casa.

— Resolvendo umas coisas. -passei por ele e fui para o quarto, andando lentamente.

— Que coisas? -ele vinha atrás de mim.

— Coisas do conselho.

— Por que está com essa cara?

— Eu disse que você me deixou doente, seu idiota.

Eu ia bater nele, mas minha mão não chegou a acertá-lo, muito pelo contrário, Depois disso só senti meu corpo cansado demais para que eu ficasse de pé, minha visão ficou turva e eu ouvia o Tyler me chamando ao longe. Que merda!