That promise doesn't need to die... escrita por Nyanne


Capítulo 2
Capítulo 2




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Girard’s POV

Espera aí. Para tudo! Como assim? O que é que eu estou pensando?! Ele me abandonou por todo esse tempo e agora eu vou simplesmente agir como se ele fosse meu amigo? Foi tudo culpa dele que eu sofri por quatro anos inteiros! Se ele tivesse ficado aqui, nada daquilo ia ter acontecido.

Sim, minha mãe não é culpa dele, mas se ele estivesse aqui, tenho certeza que não teria ficado tão mal daquela vez. Na verdade, até agora. Por que eu mostro minhas fraquezas pra ele assim tão facilmente? Isso me irrita. Ele está diferente. Não parece mais o Johnny que era meu amigo. Meu melhor amigo.

Está certo que já se passaram seis anos desde a última vez que eu vi ele, mas, sério, não é possível que ele tenha mudado tanto! Desde quando ele gosta tanto assim de futebol? O Johnny que eu conheço ficava o dia inteiro jogando videogame comigo. Ou lá em casa ou na casa dele.

Eu não posso simplesmente aceitar que ele voltou e que agora tudo vai ficar bem. Ele não voltou por mim! Eu sei disso. Não tinha por que ele voltar por mim. Está certo que eu quase implorei para ele voltar, na verdade, para ele não ir para Londres, mas ele demorou seis anos para voltar por esse pedido besta? Não, não seria por isso. Eu não voltaria por isso, então porque ele voltaria?

Ok. Acho que estou ficando mais calmo. Está bem que eu senti muita falta dos braços dele para me protegerem, mas não é como se ele estivesse aqui conversando comigo para me proteger de todos os perigos agora.

Johnattan’s POV

Ah, cara, como eu senti saudade dele! Esse cheiro dele me enlouquece. Porque eu não voltei antes para casa?! Mas, espera aí, porque ele não está mais agarrando minha camisa?! Aquilo estava tão bom! Por quê?

Sério. Isso está estranho. Ele parou de chorar e parece estar pensando. Ele está respirando estranho também, parece que quer se acalmar com alguma coisa. Mas, por que isso agora? Nós finalmente nos reencontramos! Como eu sobrevivi por seis anos longe do cara que eu amo? Está bem. Eu sei. Isso foi muito “gay”. Se o Gi me escuta não me deixava mais ficar perto dele.

Não gosto disso. É muito complicado! Sério, eu tenho que parar de pensar nisso ou eu não poderei mais ficar junto do Gi.

– Er... Johnattan? – O Gi está falando, como a voz dele ficou bonita – Você poderia me soltar? Por favor?! – Ele não está feliz em me ver de novo?

Soltei-o, mas fiquei perto dele, pronto para o próximo abraço. Ele gostava tanto quando eu o abraçava.

– Desculpe-me, mas você não é meu amigo para ficar me abraçando. – O que deu nele agora? O que ele está falando? E que voz fria é essa? – Você é somente um dos muitos colegas de classe que eu tenho. E, digamos a verdade, não é um dos mais estudiosos. A professora me fez ter de fazer o trabalho com você, não foi minha escolha. – Como assim? Por que ele está falando isso para mim? – Então, vamos somente fazer esse trabalho o mais rápido possível para voltarmos aos nossos afazeres típicos. – Ele terminou de falar, pegou a mochila e está saindo da sala. Como assim? Não entendi. Será que eu fiz alguma coisa errada? Ele parecia tão bem junto comigo agora a pouco. – Ah, é verdade. – Ele parou – Você ainda tem os treinos e jogos de futebol, não é mesmo? – O Gi me perguntou, ainda no mesmo tom frio. Fiquei incapaz de responder. Ao ver que eu não responderia, ele completou. – Quando você tiver tempo, por favor, pesquise sobre o assunto, para quando nos encontrarmos para fazer o trabalho podermos fazer somente isso. E de preferencia terminar rapidamente também. – Ele falou isso e seguiu para fora da porta.

O que foi que eu fiz para o Gi? Ele simplesmente me odeia. Eu pensei que tinha sido só coisa da minha cabeça, mas pelo visto não é. Bem que o Anthony falou. Eu realmente precisarei de sorte dessa vez.

Girard’s POV

Sério, porque eu tinha me deixado levar por ele? Eu estava me parecendo com uma garotinha que encontrou o “príncipe encantado”. Como se isso fosse possível! Nós dois somos homens e, eu pelo menos, não sei ele, não quero me tornar uma garota...

Certo, agora eu só preciso me acalmar. Eu só estava psicologicamente abalado ainda. Afinal, aquele idiota me abandonou e um mês depois minha mãe morreu, além de que é culpa dele a minha aversão atual às pessoas.

Foco, Girard. Foco! Preciso me concentrar na escola. Amanhã tenho prova de matemática e semana que vem tem que apresentar um projeto do trabalho. Trabalho esse que eu tenho que fazer com o idiota do Johnny! Argh! Já comecei de novo a pensar nele.

Acho que a biblioteca vai me acalmar um pouco. Posso pegar alguns livros de matemática e alguns sobre a Arábia para estudar. Se bem que, era uma boa ideia dormir um pouco antes de começar a estudar. Tenho que organizar os pensamentos. Sorte que o bibliotecário estagiário já me conhece e sabe que eu durmo um pouco antes de estudar e nenhum aluno se atreve a me acordar.

–- Bom dia, senhor Thomas – Tentei ser o mais cordial possível, mas sempre me parece tão frio. Tem pessoas que não merecem essa minha raiva, e uma delas é o Thomas.

–- Sabe, Girard, você não precisa me chamar de senhor – falou Thomas fingindo indignação – Eu me sinto velho assim – E começou a rir – Afinal, temos somente dois anos de diferença – Por que ele pareceu magoado agora? – Mas, de qualquer forma, bom dia, Girard.

–- Desculpe-me por isso, Thomas. É que não estou acostumado a ter pessoas com quem eu possa conversar abertamente e sem utilizar honoríficos – Falei ainda meio sentido. Hoje eu realmente estou fraco para coisas ligadas aos sentimentos, principalmente os do meu passado.

–- Bem, então tá. – Ele se levantou e chegou perto de mim. O que todos estão pensando hoje, chegando assim tão perto de mim? Eu também tenho minha zona de espaço seguro. – Vamos combinar uma coisa? – Ele me olhou nos olhos e sorriu de forma sincera. Nunca tinha percebido que ele era bonito assim. Espera! O que eu estou pensando? Realmente não estou bem hoje. – Você não me chama mais por “senhor” e me chama por “Thom”, enquanto eu te chamarei de Gi. E nós dois, juntos, vamos modificar isso e tentaremos nos tornar amigos. Pode ser? – No momento em que ele falou “juntos”, com aquele tom de voz que só pode ser classificado como sedutor, eu confesso que meu coração falhou uma batida. Pode ser que isso funcione. Ele não me parece como os outros, que só se aproveitaram de mim. Parece que posso confiar nele.

–- Tudo bem, podemos tentar – Uma pausa dramática e... – Thom – falei com um tom de voz meio malicioso. E, inesperadamente, ele corou. Por que tantas coisas estranhas estão ocorrendo hoje? Eu realmente queria descobrir...

–- Bem, então – Ele pareceu estar tentando fazer o cérebro voltar a funcionar – Precisa de ajuda em alguma coisa hoje, Gi? – Como ele consegue se recuperar tão rápido e sorrir de forma radiante assim?

–- Preciso de alguns livros para estudar para a minha prova de matemática de amanhã e ler alguns livros sobre a Arábia para um trabalho. E... – Hesitei um pouco. Por que essa frase vai ficar tão feminina? – Se você não se importar, eu gostaria de dormir um pouco antes de começar a estudar – Fiz uma pausa – Eu posso? – E olhei para ele com aquela cara de cachorro que caiu da mudança.

Porque isso é tão bom de fazer? É muito bom ver as reações dele. Agora ele está me olhando fixamente e abre e fecha a boca como se quisesse falar algo, mas não conseguisse formular a resposta. Será que eu insisto?

–- Ahn... – E ele desviou o olhar – Você pode usar uma das salas individuais para descansar, só leve os livros já quando for. – Ele não me olha mais. Será que eu fiz algo errado? O Thom está respirando pesado e cerrando os punhos como se quisesse se acalmar.

–- Eu falei alguma coisa errada? – Ele me olhou preocupado, mas ao mesmo tempo como se não estivesse entendesse o porquê de eu ter falado aquilo – Depois que eu falei você ficou estranho, como se eu tivesse te magoado – Agora o olhar dele ficou afetuoso, tenho quase certeza que eu estou corando, sinto minhas bochechas arderem – Você não está brabo comigo, certo?

Thom simplesmente me abraçou. O que o mundo tem hoje que faz todo mundo me abraçar?! Eu sou algum animal liberando feromônios hoje?!

–- Você não fez nada de errado – Por que ele tem que usar um tom de voz sedutor no meu ouvido, meio sussurrante, enquanto ainda está me abraçando? – É só que você é muito fofo – Ele se afastou para olhar nos meus olhos – E eu tenho que me controlar, por que eu gosto muito disso. – Quando terminou essa frase, ele deu um sorriso malicioso e me soltou, já se afastando – Vá dormir, você deve precisar descansar – Me olhou sorrindo – Tenha bons sonhos, Gi!

Ok. Isso foi muito estranho. Tenho que parar para repensar. Minha cabeça está me pregando peças hoje. Primeiro eu fico extremamente feliz de reencontrar aquele idiota do Johnny e agora eu fico provocando e sou provocado pelo Thom. E o pior é que eu gostei disso, cara!

Certo, é melhor eu pegar os meus livros e ir para a sala privada. Talvez eu consiga dormir um pouco e clarear meus pensamentos. É o que eu espero ao menos.

Johnattan’s POV

Aquilo foi realmente estranho. Porque ele saiu correndo e fez isso comigo? A única coisa que eu queria era ficar bem com ele. Poder voltar a ficar perto dele como um bom amigo. Eu entendo perfeitamente que ele não me aceite novamente como o melhor amigo dele, até porque ficamos seis anos sem nos vermos.

Está certo que nós dois mudamos, mas podemos nos entender de novo e voltarmos a ser melhores amigos. Eu queria isso, pelo menos. Para ser mais sincero comigo mesmo, eu preciso disso. Não sei mais por quanto tempo eu vou conseguir ficar bem sem ele por perto.

Na verdade eu preferia que fôssemos mais que simples amigos, mas acho que ele não gosta de mim. Depois que eu o reencontrei, acho que não consigo mais aguentar muito tempo sem ele. Ele está ainda mais deslumbrante e não consigo evitar olhar para ele. Acho isso muito estranho, ele parece uma menina, mas ao mesmo tempo, ele me passa um ar tão autoritário, que ele não tinha antes.

Ele realmente mudou. Queria saber onde aquele menino fofo e meigo foi parar. Acho que vi um pouco dele quando o estava abraçando. Embora alguns minutos depois ele já tenha voltado ao seu “normal”. Pelo menos o normal atual.

Bem, tenho que dar um jeito e fazer essa maldita pesquisa. Não quero que ele fique mais brabo comigo. Se eu fizer isso certo, quem sabe ele aceita voltar a ser meu amigo. Ele parece só se importar com os estudos agora. Nunca o vejo conversando com os nossos colegas. Na verdade eles parecem evitar o Gi.

Nessa biblioteca deve ter alguma coisa. Nunca vim nesse lugar antes. Na verdade, quando era pequeno e estudava com o Gi, vivíamos na biblioteca, lendo livros sobre aventuras e sobre história antiga. O Gi sempre gostou de viver no mundo da fantasia. Ele me fez passar quase todos os anos que convivi com ele trancado numa sala jogando vídeo game, e normalmente eram jogos de fantasia medieval.

Acho que foi por isso que ele ficou tão feliz quando soube que o trabalho era sobre a Arábia. Muitas histórias que lemos quando éramos pequenos eram sobre a Arábia. Nunca vi como criaram tantas histórias maravilhosas sobre aquele lugar.

É um lugar repleto de magia e encantamentos. Acho isso engraçado. Sempre falam daquele local como um lugar mágico e que você consegue realizar desejos naquele lugar.

Mas, bem, tenho que pesquisar alguma coisa. Embora lembre várias coisas sobre a Arábia da época que líamos sobre ela em livros, tenho que buscar informações atualizadas. Não dá para fazer um trabalho baseado em coisas que li há seis anos.

Cara, quanto tempo que eu não sentia esse cheiro de livros... O estranho é que realmente senti falta disso. Esse ambiente lembra-me muito dele. E é estranho pensar que eu realmente evitei lugares assim para não me lembrar dele nesses seis anos que passei fora. Também parei de jogar vídeo game e comecei a jogar futebol, coisa que eu nunca fazia.

Acabei sendo bom no futebol e me tornei parte integral do time da escola. Graças a isso fui bem aceito na escola... Às vezes me sinto mal com isso, porque penso que se não fosse pelo futebol, ninguém ia ter me aceito naquela escola, e aqui também.

Ok, com quem eu tenho que falar aqui? Não tem ninguém nessa mesa. Eu acho que era para ter alguém aqui... Olha, deve ser ele. Ele é o único vindo em direção à mesa. E, até que ele é bonitinho...

Não parece ser muito mais velho que eu. Tem cabelo castanho, daqueles puxados para o ruivo, o que deixa aquela imagem exótica. Os olhos são aquele verde esmeralda que te prende, mesmo sendo escondidos por um par de óculos, que deixa ele com um ar de mistério. Parece ser bem atlético, mesmo parecendo também um rato de biblioteca, acho que isso é por causa dos óculos, mesmo com todo ar de mistério...

–- Boa tarde. – Falei cordialmente – Meu nome é Johnattan, mas todo mundo me chama de Johnny. Transferi-me esse ano para esta escola, e recém tive tempo de conhecer a biblioteca – Ri um pouco sem graça. Não iria contar para um estranho que eu não frequentava a biblioteca porque ela me lembrava do meu amor platônico. Não mesmo – Queria saber onde fica a seção sobre história antiga; principalmente sobre o Oriente Médio e a zona da Arábia, você poderia me indica-la?

–- Boa tarde, Johnattan. Meu nome é Thomas. Se quiser pode me chamar de Thom. – Ele disse sorrindo radiante – Como deves ter percebido, sou o bibliotecário estagiário da tarde. É um prazer conhece-lo e fico feliz por ter vindo conhecer a biblioteca. É sempre bom que os alunos se interessem por essa área. Embora a maioria deles não se interesse e só venha até aqui para fazer trabalhos ou, se não, para aproveitar os pontos cegos das estantes para fazer coisas indecentes – Ele falava realmente indignado com isso. Devia acontecer frequentemente pela expressão que ele fazia – Mas, bem, deixe-me te mostrar onde ficam as seções da biblioteca – E a expressão divertida dele voltou. Ele fica realmente bonito assim.

Segui-o pelos corredores enquanto ele me dizia animadamente o que eu encontraria em cada setor da biblioteca. O Thom ficou realmente feliz por alguém se interessar pela biblioteca. Quando chegamos ao corredor que eu tinha pedido a ele, ele parou e me indicou onde eu encontraria os livros.

–- Qualquer coisa que você precisar, não hesite em me chamar. – Ele sorriu novamente – Só não sei se você encontrará todos os livros sobre a Arábia, porque um dos nossos frequentadores procurou por livros sobre a Arábia hoje também. – Ele ficou com um olhar meio distante, mas parecia realmente feliz. Que estranho – Se você quiser, pode utilizar uma das cabines de estudo individual. Elas sempre ficam abertas. – Ele fez o comentário dando leves risos e, acenando, voltou em direção à mesa da entrada.

–- Bem, vamos lá!

Quantos livros... Não sei nem por onde começar. Bem, tenho que ler alguma coisa rapidamente para poder ir para o meu treino de futebol. Não posso chegar atrasado. O Anthony me mataria se eu me atrasasse, ainda mais por ter ficado lendo para o trabalho, depois de o Gi ter me esnobado mais cedo. Se bem que ele iria querer matar o Gi, por ele ter dito o que disse para mim.

Esses livros são bem interessantes. Lendo isso penso que seria realmente interessante fazer uma peça para apresentar o trabalho. Não dará tanto trabalho e será diferente do resto da classe. Fora que assim posso ver o Gi com um traje como o do Aladim... Ok, ok. Tenho que ir rápido para o treino.

–- Ei, Thom! – Chamei-o assim que ele passou por mim com uma pilha de livros – Onde eu coloco esses? – Perguntei apontando os livros que estavam em cima da minha mesa.

–- Ah, Johnny, pode deixar ai mesmo. Depois eu guardo – Respondeu dando um sorriso.

–- Não quero te deixar com todo o serviço pesado – Falei galanteador – Gostaria de fazer tudo o que puder para te ajudar, afinal, começarei a frequentar esse lugar agora, tenho que ajudar a cuidar dele – Dei um sorriso de canto.

–- Er... – Ele coçou a cabeça meio sem jeito – Bem, se você realmente quer ajudar, pode coloca-los na mesma seção que você pegou, respeitando a numeração que tem na lateral deles – Assim que ele começou a frase, já fui pegando os livros – Muito obrigado, Johnny. Você realmente é muito gentil. Não esperava um comportamento assim de um jogador. – Ele disse já rindo.

–- Eu não sou como eles. Digamos que não fui criado sempre no meio dos jogadores. – Soltei uma pequena risada, enquanto ajudava ele – Quando eu era pequeno, eu vivia dentro de bibliotecas como essa. Quase nunca fazia algum exercício – Encarei o horizonte – Comecei a jogar quando fui para Londres.

Depois que terminei de ajudar ele, fui basicamente correndo para o treino. Mas, como eu já esperava, o Anthony estava me esperando com uma carranca no rosto. Acho que estou ferrado.

–- Desculpa Lynx! Sério, desculpa mesmo – Gritei para ele, enquanto ainda corria na direção dele.


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