As Crônicas de um Gatinho Medroso escrita por Lady Spugna


Capítulo 4
IV. 100 de azar e 1 de sorte?


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Já venho trazendo um novo capítulo para vocês. Se deliciem (Ou não) com as bobeiras que o nosso protagonista faz, hahaha!
Qualquer crítica, seja boa ou ruim, é só comentar.
Boa leitura!



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Parti em disparada para o banheiro. A situação era de vida ou morte! Não sei se o pior era o estado de meu rosto ou se era a dor que estava me atormentando!

Abri a torneira e comecei a lavar meu rosto. Peguei o sabonete, desesperado, e esfreguei no meu rosto. Mas, infelizmente, com todo aquele desespero meu, a água com a espuma caíra em meus olhos os fazendo arder ainda mais do que antes.

Fechei os olhos para tentar amenizar a dor, e comecei a bater os pés no chão para não gritar e chamar a atenção de um indivíduo maluco cujo nome era pai. Beleza mata, não é possível! Bem que minha mãe vivia dizendo que para ser bonito tem que sofrer! Foi um mal meu não ter acreditado nisso.

— Nossa! Você voltou da escola e nem avisou para o papai! — Ouvi aquela voz do indivíduo maluco adentrando no banheiro, parei de bater os pés e nem pensei em abrir os olhos, eles doíam muito! — Eu, hein? Por que é que está de olhos fechados?

— N-nada! — Eu respondi gaguejando, colocando uma toalha na minha cara para ele não ver o rosto inchado. Eu vou dar um jeito antes de ele ver, eu sei disso! — É falta de privacidade entrar no banheiro enquanto os outros estão. Então... Saindo! — Fui dando empurrões nele até a porta.

— M-mas a porta estava aberta! E eu necessito saber como meu filhão se saiu no primeiro dia de aula, oras! Ah, e, além disso,...

— Depois! — Fechei a porta com o meu pai lá fora e tirei a toalha do rosto.

Após isso, comecei a entrar em uma busca de alguma pomada para dores e inchaços. Pois é! Não tinha então acabei colocando Hipoglós na cara. A dor passou, apesar de que ainda estivesse inchado.

[...]

Assim que eu almocei contei ao meu pai como havia sido o dia. Ele acabou notando os inchaços no meu rosto e deu uma risada histérica quando eu falei para ele o motivo daquilo. Rir da desgraça alheia faz mal, sabia? Depois, ele me disse que se eu fosse para a loja dele, aquela tal de IM Cortinas & Cia, ele me daria uma grana. E como eu sou, aceitei na hora. Pois... Trata-se de dinheiro! Com dinheiro eu compro jogos, livros ou mangás! Não, não! Com dinheiro vou poder comprar um presente para o meu amigo e para a Victória, claro.

Quando cheguei lá, percebi que lá era muito grande, no entanto era completamente coberto por diversas cortinas e tapetes. Eu estava em um inferno! Como eu iria me movimentar naquele lugar? A primeira coisa que me veio à cabeça era: Pai, você não vende essas coisas não?

O meu pai quis logo se livrar de mim então passou umas regrinhas básicas e me deu as instruções como se fosse uma coisa simples e fácil, dizendo que eu tinha que atender os clientes por 4 horas e guia-los para onde forem. Depois de passa-las, ele me deu um tapinha nas costas e saiu correndo. Pelo amor! Agora imaginem como será o gago da socialização falar com um desconhecido que tem grandes chances de ser um estuprador. Não vai dar certo! Ainda mais o fato de que vou perder meu tempo vendendo esses objetos que me causam rinite!

Fiquei lá, como um idiota, no caixa, aguardando um cliente em meio de vários espirros. Ou melhor, torcendo para que não viesse ninguém. Então, o tédio começou a me consumir após 1 hora de trabalho sem ninguém ir àquele lugar. Porque, quem diabos vai a uma loja de tapetes e cortinas? Eu que não vou!

Meu pai havia me dito que eu não poderia ficar vadiando, pois só tinha eu de funcionário lá e se algum cliente viesse enquanto eu estivesse cochilando no trabalho seria terrível. Eu nunca havia trabalhado antes, e agora sei que realmente é uma bosta.

Agora desejava que alguém viesse cortar meu tédio naquele momento. E, sim, quando eu menos esperava uma senhora já de idade entrou na loja começando a fitar as coisas. Hoje é meu dia de sorte!

Não sabia o que fazer mais, só sabia que eu deveria segui-la para onde fosse. No entanto, acabei percebendo que ela não gostava muito de minha presença.

— Garotinho, — A velha pronunciou, fazendo com que eu pulasse de susto. — venha cá!

Eu fui e ela me mostrou diversas das cortinas e tapetes que queria. Eu ficava sem ação. Quando eu dizia o preço de uma, ela escolhia outra. Ficamos mais ou menos 40 minutos só nisso! E agora eu sei o porquê de meu pai ser tão pobre! Isso não dá dinheiro nenhum!

Assim que a velhinha tomou a decisão, escolhendo uma cortina ao invés de um tapete, disse a mim:

— Garotinho, deveria passar um creme na cara. — E pagou a cortina, saindo com um sorrisinho estranho no rosto.

AHHHHRH! Não foi só ela que percebeu! E quero que sua cortina rasgue antes que chegue a casa, viu? Ou que um cachorro maligno voador apareça e coma sua cortina!

Nos próximos momentos não veio mais ninguém, e eu já não estava mais me resistindo de ficar ali espirrando. Era terrível!

Quando finalmente dera a hora de eu sair, fui correndo para fechar aquela maldita loja, pensando em que deveria falar ao meu pai para que ele fechasse para sempre ela. Ninguém merece aquele lugar mofado que só velhas vão...

[...]

E como foi a noite? Com ela o dia se fechou com chave-de-ouro! Meu pai ao chegar em casa colocou dois reais em minha mão, alegando que aquilo era o pagamento por eu ter cuidado da loja para ele e que cada hora valia 0,50 centavos.

Não digo nada...

[...]

Amanheceu um dia feliz, eu sabia! Quando olhei no espelho vi que o inchaço havia sumido, e que meus olhos não estavam tão vermelhos quanto antes. Obrigado, Hipoglós! Você salvou minha vida! Mas, infelizmente, meu pai me recomendou que eu colocasse os óculos para não ocasionar mais problemas.

Desta vez certifiquei-me de tomar o café da manhã direito e de não passar cremes estranhos. Sério, hoje eu estava um arraso total. Era beleza natural mesmo, nem sei como eu havia ficado tão bonito, talvez os cremes do mal houvesse efeitos colaterais e que após eles a pele ficava macia e gostosa como bumbum de bebê.

Fui saltitando até o ônibus com um fone de ouvido na orelha, um dos que achei nos pertences do meu pai. Eu não tinha celular, mas o coloquei dentro da blusa para fingir que estava ouvindo música. Parecia ser maneiro aquilo pelo o que andei observando ontem.

E não, não encontrei velhas babonas e nem trombei com nenhum mendigo estuprador. Não deixei nenhuma mala rasgar e desviei de todas as poças de água. Foi um sucesso!

Ao chegar fui à procura de Lucas, porque se eu não o achasse por lá eu estaria ferrado. E, assim que eu o achei fomos até a sala de aula conversar melhor, já que ninguém fica por lá antes do sinal tocar.

— Então, você conseguiu tirar os inchaços da cara? — Em meio da conversa Lucas pronunciou, com risinhos. Eu corei. Como ele sabia?

— Você viu?!

— Claro, meu amigo! Eu observo tudo! — Disse tentando conter suas risadas. — E o rolo com a menina nova?

Rolo? O que é rolo?! Eu preciso manter a forma. Pensar em uma resposta rápida e que tenha coerência.

— Q-q-que?

Isso não foi uma boa opção. Ele riu.

— Eu disse que sou bom observador. Eu vi você ontem conversando com ela.

Ah, claro, Victor! Ele estava falando de rolo de namoro, sei lá! Paquera? Deve ser algo assim! Mas se for isso então eu sou um gênio! Eu havia arrancado boas impressões do meu amigo. Agora tenho um “rolo” com uma menina.

— Não é nada de mais, heh.

Heh?

E o sinal bateu, para minha felicidade. Mais algum minuto com aquela conversa constrangedora e eu teria um infarto! E, claro, o Lucas também, pois acabaria se matando de tanto rir das besteiras que iriam sair de minha boca.

A professora que entrou na sala era uma de Português, que logo se apresentou. Seu nome era Paloma e ela aparentava ser simpática, mas que metia medo naqueles que a desrespeitasse.

Ela explicou o esquema de provas/semanas de provas e trabalhos e disse que iria sortear grupos fixos de quatro pessoas para a realização de todos os trabalhos pedidos pelos professores. Logo já estava na espera que eu ficasse com o Lucas ou com a Victória.

— Bom, vamos começar com o sorteio. — A professora colocou os nomes dos alunos em um papel, os recortou e embaralhou-os para poder começar. — O primeiro grupo terá como chefe...

Tenho que usar minha sorte divina para ser o chefe e ter o Lucas e a Victória juntos no meu grupo. E o quarto membro? Não importa! Só espero que não seja alguma daquelas meninas malucas de ontem ou então as arrogantes do bico de pato.

— Victor Madeira.

Meu Deus! Agora tenho firmeza em dizer: Hoje é meu dia de sorte. Pronto, eu sou o chefe, meus amigos. Sou o chefe do primeiro grupo! Apesar de minha felicidade, pude ouvir risinhos daqueles que desprezavam o nome Madeira. Ui, que ódio!

— O segundo membro será... — A professora retirou um dos papéis. Já estava eu torcendo para que fosse tudo como o esperado! — Lucas Seco.

Opa! Que maravilha! Agora só mais um passo com minha torre que dou xeque-mate!

— Que sorte, ficamos juntos. — Lucas me cutucou, dando um sorriso.

— É!

— O terceiro membro será... — A professora retirou mais um dos papéis. — Lindsay Carvalho.

NÃO! Se eu não estiver enganado essa Lindsay é uma das meninas malucas! Ela vai ferrar todos os trabalhos! Vai ficar no celular com suas amiguinhas tirando fotos esquisitas e vendo foto de gays no tumb-alguma coisa! Aposto, aposto, aposto! Todavia, não há o que reclamar, ainda tem um membro restante e tem várias possibilidades de que este seja a Victória.

— O quarto e último será... — A professora retirou o último papel, me deixando cada vez mais ansioso. — Será Gabriel Costa. Espero que se deem bem, pois não iremos mudar. Pensem em planejar um dia para se encontrarem para que tenham amizade para melhor desenvolvimento dos trabalhos.

— Ei, Lucas. — O chamei sussurrando. — Quem é ele? Você sabe?

— Aquele ali. — Apontou.

Eu fiquei um pouco aliviado quando vi quem era. Era simplesmente um garoto quieto, que parecia não ter algum amigo. Na verdade, era aquele que eu havia notado no primeiro dia de aula, aparentando ser um fracassado como eu. Ele havia cabelo “tigelinha”, no seu rosto tinham óculos redondos de fundo-de-garrafa e ele era um pouco gordinho, parecia ser alguém estudioso.

Nem tive vontade de ouvir os outros grupos, apenas o de Victória. E notei que ela havia ficado logo com uma das garotas de bico de pato (A líder), a Alemanha psicopata dos pandas e um cara palhaço da turma. Fiquei com pena dela!

— Certo, certo, vamos parar de conversar agora. — A professora acalmou os alunos alucinados. — Também teremos um grande trabalho coletivo. Ele será uma peça em que devemos decidir em breve sobre o que faremos.

Todos ficaram malucos e começaram a falar e falar. Agora a escola nos inventa uma peça. Uma PEÇA! Como chapeuzinho vermelho ou Romeu e Julieta? Pelo amor! Já fiz isso na outra escola, felizmente, fui um papel de fundo: Uma árvore (Honrando o sobrenome Madeira, que beleza!).

— E como eu sou boazinha irei usar a democracia. Colocarei algumas peças na lousa em breve e vocês poderão votar. E para os personagens dela vocês poderão colocar seus nomes em urnas para que eu sorteie depois.

Já vejo que não vai ser coisa boa...

[...]

— Madeira, o que você acha desse negócio de peça? — Lucas me perguntou enquanto estávamos no caminho da saída da escola, em meio ao alvoroço de crianças alucinadas correndo.

— E-eu acho que vai ser legal.

Não, não vai.

— Sério? Eu também acho. Pensei que acharia estranho e coisa para garotas. Mas eu tenho que dizer que sempre adorei essas coisas de atuação.

— É?

— Sim. E nesse trabalho tentarei pegar um papel bom, e você?

— E-eu acho que vou ficar no fundo. Não sirvo para atuar.

Nunca imaginei que um cara como o Lucas gostasse de algo assim como as peças. Pensando melhor vai ser legal se tivermos a opção de escolher. Podemos fazer uma peça de um apocalipse zumbi! Ou então de uma abdução alienígena! Como eu nunca pensei nisto antes?

Lucas riu. E continuamos a conversar. Agora senti que estávamos mais próximos um do outro, não sabia que a sensação de ter um amigo era tão boa. Parece que agora eu teria alguém para sempre contar e confiar, e que sempre daria risadas de meus erros bobos.

E a conversa no caminho fora interrompida. As pessoas/coisas amam me interromper! Eu sou muito amado! Lindsay e seu bando chegaram atrás de nós. Agora quero ver o que vem por aí.

— E aí? — Lindsay cumprimentou-nos, parecendo tentar imitar um cara falando. — Estão voltando para casa?

— O Austin também quer saber! — Alemanha disse mexendo seu panda de pelúcia com as mãos, passando a pelúcia em meu rosto. Eu dei um espirro.

— Como se não fosse óbvio! — Milena pronunciou envolvendo seus braços no ombro de Lucas, como se fossem amigos íntimos.

— Estamos. Por quê? — Perguntou Lucas na maior tranquilidade. Ele não vê que elas dão medo nas pessoas?!

— A Lindsay veio falar com vocês já que estão no mesmo grupo. — Carla disse, mexendo em seu celular. — Sabe... Ela quer conhecer vocês melhor e como não conseguiu falar com Gabriel ela decidiu ver vocês primeiro.

— Exatamente, mas como eu não tenho tempo porque preciso ir para casa logo. Quero que vocês passem-me suas redes sociais.

Redes sociais. Agora ferrou. Eu confesso que já tive uma rede social. O Facebook, mas lá de amigos eu não tinha ninguém, só meus primos e primas que viviam me mandando mensagens de correntes. Até havia mandado um pedido de amizade para minha mãe, que não desgrudava do celular vendo seu Facebook, no entanto ela nunca me aceitara. Vai entender!

— Eu te acho no Facebook, Lindsay. — O Lucas respondeu. — Se quiser eu te passo o Whatsapp também.

— Beleza.

— É que... É que eu não tenho Facebook. — Arrisquei-me.

— Então passa o Twitter, Whats, Skype, até mesmo Orkut, sei lá!

— Eu também não tenho nenhuma rede social.

As meninas riram em uníssono. Sabia que ia ser motivo de piadas, eu sabia! Mas pelo menos eu não tenho aquele tumb-alguma coisa que vocês veem imagens estranhas!

— É só fazer, seu burro! — Alemanha disse, me batendo de leve com o panda de pelúcia dela. Ela era irritante!

— E depois que fazer passa para mim! — Lindsay se despediu e saiu com seu bonde. Foi mesmo necessário esse encontro?

E depois fui para casa junto com o Lucas, me despedindo no meio do caminho. Agora eu sabia de uma coisa: Eu precisava me enturmar com as pessoas por redes sociais.

[...]

No fim de semana Lucas se ofereceu para ir a minha casa me ajudar com esses negócios de Facebook e redes sociais, que eu estava muito por fora. Aproveitaríamos para fazer as lições de casa e zoar.

Só que tem um problema: Eu nunca trouxe ninguém para minha casa. Como é que devo agir?!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Demorei um pouco com esse, mas no próximo creio que não irei demorar.
Qualquer dúvida, crítica, vocês já sabem!
Kisses!



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