A Noiva escrita por Felipe Melo


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

- Oie gente demorei com A Noiva também... mas aqui está como prometido... Beijos & Beijos...



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Capitulo Dois

(O amor brota quando se há convivência. Toda a menina tem que aprender isso. È lei).

– Manual Das Leias Versão 2.1

Chorei muito durante duas horas. Não era de chorar muito, sempre fui muito alegre, - mas ter a possibilidade de perder minha vida, me deixava doida. Meus pais bateram na porta durante todo o tempo. Eu não liguei. Apenas queria desabafar com meu travesseiro em paz. Essa Ordem idiota exaltava as coisas. Eu queria ser uma adolescente normal. Mas pelo jeito não podia.

Resolvi então ir para a varanda do meu quarto. Hoje por incrível que pareça as estrelas apareceram para me servir de conforto. Fiquei as olhando e pensando em como tudo era passageiro. Mas que pensamentos mais depressivos. Sai dessa. Mas não estava muito a fim de escutar minha consciência.

O celular vibrou em meu bolso e eu fiquei sobressaltada achando que fosse alguém do palácio das Ordens para marcar as apresentações. Mas graça a Deus é Melina. Sorri ao ver nossa foto na chamada de contatos sorrindo.

– Liz? – diz Mel gritando no celular.

Será que ela não percebe que vai me deixar surda desse jeito?

– Meu Deus do Céu Mel – digo sorrindo – Para de gritar. Estamos no celular não em um mega fone.

Ela ri e isso de repente me faz esquecer meus problemas.

– Como você está Liz?

Repenso e já sei que alguém deve ter falado para ela me ligar.

– Foi a Camila que te contou?

– Não querida. Sou médium.

Dou uma gargalhada e ela ri. Melina sempre soube como eu me sentia em relação aos casamentos precoces. Ela não precisava que ninguém a avisasse que eu estava mal. Ela simplesmente sabia.

– Eu sei – sorrio – não. Não estou bem. Minha mãe marcou as datas de apresentações no castelo da Ordem.

Melina fica quieta. Não responde. Ao contrário de mim e Camila, - ela sempre sonhou com esse dia. Espero ela me responder e até me distraio com um fio descosturado de minha blusa. E enfim ela fala:

– Minha mãe fez a mesma coisa. Mas não se preocupe. Vamos estar juntas não é mesmo?

Uma lágrima brota em meus olhos, - mas eu as afugento.

– Claro – digo – e vamos levar isso na boa. Não quero perder vocês. Não queria nem ao menos competir com vocês.

Mel suspira e tenta me responder da melhor maneira possível.

– Elisabeth – diz ela rígida – vai parar com a palhaçada? Sim. Estou dando uma de Camila. Mas agora nossa vida é assim. Porque em vez de ficar se lamentando em como poderia ser, - nós não vamos curtir? Sim Liz. Temos muito pouco tempo. Mas se você não for forte as situações vão acabar com você.

Ela suspira e percebo que tudo aquilo que ela falou ao menos chega a ser verdade.

– Você tem razão – sussurro.

– Oi? Não ouvi. Fale mais alto.

– VOCÊ TEM RAZÃO.

– Isso sim que é vida garota.

Nós duas sorrimos. E caímos na gargalhada. Como eu gostava de Mel. Conversamos por duas horas. Sim duas horas. Haja assunto eu sei. Mas isso me distraiu e até me senti melhor. Desliguei o celular e resolvi deitar um pouco. Olhei pela última vez as estrelas. Fiz uma prece silenciosa pedindo que tudo desse certo. Uma estrela em especial pareceu brilhar. E foi com ela que eu sonhei aquela noite.

– Elisabeth – diz minha tia Helena.

Ela corre ao meu encontro e me abraça. Graças a Deus ela não é daquelas tias que abraçam e apertam. E melhor, não perguntam se eu namoro ou fiquei com alguém. Gosto de tia Helena por isso. Sorrio pra ela.

– Leninha – disse minha mãe a abraçando.

Meu pai não estava em casa. Olhei para minha mãe me perguntando o que minha tia estaria fazendo aqui na Califórnia.

– Liz – diz minha tia – fiquei sabendo que vai se apresentar no Castelo da Ordem daqui a duas semanas.

Tento sorrir, mas vejo que ela tenta me compreender ao máximo.

– Onde está Leonardo Lena? – pergunta minha mãe.

Leonardo Vianco é o novo marido de minha tia. Até os mais velhos tem que casar. Minha tia Helena é meio frustrada. Eles tentaram fazer tratamento de fertilização, mas devido à idade não conseguiram. Ela entrou em longa depressão, e hoje está melhor.

– Está em Nova Orleans Amanda.

As duas começam a tagarelar sobre contas de luz, a vida da vizinha que ficou louca e resolveu que queria se separar e foi levada a julgamento.

– Você tinha que ver Amanda – disse ela – ela endoidou. Disse que queria separação. Ela sabe muito bem que a Ordem não tolera separação. Parece até que não se importa com nossa situação mundial. Estamos em completa paz. Nós mas velhos, - ela meneia a mão e olha para mim – Temos que ser o exemplo para os jovens.

Tento me desligar da conversa. Nunca me disseram o que acontece quando uma pessoa é levada a julgamento. Camila diz que eles ficam presos lá para sempre. Sem direito a voltar para a sociedade. Arrepio-me, mas mantenho a cabeça erguida. Minha tia parece perceber e muda de assunto.

– Amanda – diz ela – gostaria de sair um pouco com Liz hoje posso?

Minha mãe sorri.

– Mas é claro Leninha. Liz precisa mesmo de conselhos. E precisa espairecer.

Sorrio. Pelo menos minha tia não vai me dar nenhuma lição de moral. Saímos e nos sentamos em um restaurante italiano. Leninha sorri para mim.

– Está nervosa? – diz ela para mim.

– Sim Tia. Estou com medo. Não quero perder minha adolescência. Não é a hora.

Ela assentiu e de repente me olha com extrema compreensão.

– Eu a entendo – e agora ela pega minha mão – sabe querida eu também não queria casar de novo. Respeito a Nova Ordem, - mas acho isso uma besteira.

Fico paralisada. Não consigo responder. Sempre achei que das pessoas mais fanáticas pela Ordem minha tia era uma delas.

– Bom – diz ela – só tenho apenas um conselho. Faça o que sua mente quer. O coração engana. Sei que às vezes ele parece sensato. Mas não é. Se sua mente diz para que você vá. Vá. E faça o que tiver que fazer. Seja diferente de Amanda e de mim. Lute pelo que quer querida. E saiba que isso ficará só entre nós. Quando precisar ligue.

Ela se levanta da mesa e faz sinal de que vai ao banheiro. Fico perplexa enquanto os garçons começam a trazer nossos pratos de espaguete. Fico pensando até em que ponto minha tia e minha família tem sido sinceros consigo mesmos.


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