Aquilo era doloroso, este sentimento era sufocante. Ela nunca pensou que poderia sentir na pele o que as pessoas chamam de amor. Não tinha como negar, era evidente. O mais estranho era que, de alguma forma, assim que pôs os olhos no albino era soube que já o conhecia, mas aquilo soava tão estranho, como uma garota cibernética poderia conhecer Konoha? Antes mesmo de seu denominado Mestre, Shintaro?

Konoha era um garoto abobalhado, o que o tornava definitivamente fofo aos olhos de Ene. Ele nunca perceberia sua paixão por ele, era o que ela pensava. Seu coração, que nem sequer sabia se realmente existia palpitava quando estava perto do albino. Ficava nervosa e as palavras que saiam de sua boca soavam tão estranhas. Ela não era a mesma perto dele, e em breve todos perceberiam isso.

Isso é impossível, ela pensava. Era impossível ter uma relação normal com Konoha. Afinal, era não era humana. Nunca poderia abraçá-lo, sentir o seu calor, beijá-lo. Nem um sequer simples toque. E isso deixava a deixava triste, não poder nunca nem sequer um dia abraçar o garoto que tanto ama. Aquilo já passava dos limites, Ene não aguentou e certa vez, quando Shintaro estranhamente deixara o celular em cima da mesa, ela perguntou a Konoha:

— Konoha-kun, o que é amor?

Konoha parou de desenhar na folha branca e fina de papel e olhou para cima, com a mão no queixo, com uma expressão pensativa. As bochechas da azulada estavam ruborizadas, enquanto esperava uma resposta do albino a sua frente. Ele sorriu levemente e respondeu:

— É quando você quer sempre estar ao lado de certa pessoa, seu coração palpita quando esta ela está por perto, você diz coisas estranhas contra sua vontade. E por mais que a distância entre você e ela sejam enormes, você nunca desistiria. É o que eu sinto por você, Ene-chan.

Seu coração cibernético disparou. Ela encarava o albino que continuava com seu sorriso bobo no rosto, com os lábios entre-abertos, olhos ligeiramente arregalados e o rosto em chamas, ela disse:

— Você... me ama? — sua voz falhava.

O albino assentiu, com uma expressão sonhadora e um sorriso infantil, como o de uma criança que acabara de ganhar um doce.

— Sim, sim. Há algo errado nisso? — o albino perguntou, ao ver a expressão de Ene quando ouviu suas palavras.

Ela sacudiu a cabeça e deu um sorriso meio sem jeito, ainda surpresa e felicíssima com a resposta de Konoha.

— Não. Eu também te... — ela foi interrompida quando Konoha, repentinamente pegou o celular e deu um beijo na tela, fazendo com que sua face ardesse e tomasse um tom avermelhado, de tanta vergonha. — Ko... Konoha-kun!

— Nani...? Não é assim que os casais fazem nos animes? — perguntou inocentemente, com aquele sorriso que iluminava o dia da garota cibernética.

Aquele dia foi definitivamente o dia mais feliz da vida da azulada. Depois daquele momento, o sentimento doloroso que tomava seu coração esvaiu-se por completo. Era bom saber que a pessoa na qual você é apaixonada te corresponde na mesma porção, mesmo que nunca possam se tocar ou sentir o calor um do outro.