Não parecia justo que todas aquelas lágrimas fossem em vão, certo? Sempre haveria um motivo para tudo. Destino. Sim, era como ela gostava de encarar as coisas. Orihime Inoue sempre tinha um sorriso pronto, mesmo quando seu coração estava em pedaços e ultimamente aquela era uma situação permanente.

E claro que a ruiva se recriminava por isso. Amor é abnegação. Era a definição mais óbvia e ela tinha desistido de Ichigo porque sabia que ele não a corresponderia. Ainda mais agora que ele tinha realmente permanecido na Soul Society. Era mais que óbvio e as fantasias não acabavam por aí. Já o considerava casado com Rukia ou pelo menos em uma parceria mais íntima com a pequena shinigami que aos olhos de Hime era a responsável pelo “animo” de Ichigo.

Só que aquele ciume que a corroía não desaparecia de modo algum e todas as noites quando ela estava na solidão de seu apartamento, o sorriso de Ichigo e Rukia grudava em sua mente como cola e ela amaldiçoava da maneira dela, depois rezava por perdão e era essa rotina masoquista em que a ruiva se encontrava.

Não havia solução. Ela precisava esquecer. Tinha que ter uma maneira dela esquecer de tudo isso. Não aguentava mais pensar em seus amigos, sofrer pela suposta felicidade deles e se sentir mal depois. Ninguém aguentaria isso.

Depois de muito ponderar, foi até a loja de Urarara e pediu uma poção onde ela pudesse esquecer de tudo.

“Tem certeza Orihime-chan? Se quiser se lembrar, será com muito esforço. Esse feitiço é praticamente inquebrável

“Toda do mundo.”

Nunca estivera tão certa de algo em toda a sua vida, ok, exceto o seu amor por Ichigo, mas as coisas nunca dariam certo para ela. Ela esqueceria e poderia seguir em frente. Começaria a faculdade logo e não precisava de mais pensamentos atrapalhando sua vida, certo?

Isso era o pensamento mais egoísta que teve em sua vida, mas assim o manteve.

“Ichigo, que história é essa de voltar a Karakura? Acha mesmo que aqui funciona conforme sua vontade?”

“Eu percebi algo enquanto estive aqui e preciso voltar pra lá. E vou voltar agora.” E saiu correndo.

A ruiva acordou completamente vazia. Sentia como se estivesse esquecendo de alguma coisa, mas não deu muita atenção. Ouviu um bater na porta desesperado e abriu sem ao menos olhar quem era. Viu um garoto de cabelos laranjas espetados muito furioso e vermelho.

“Sim, posso ajudá-lo? Mas... quem é você?