Por ela... sou Eva! escrita por Lab Girl


Capítulo 1
Por ela... sou Eva!


Notas iniciais do capítulo

Inspirada pelo Concurso II/2014 do Need For Fic e desafiada pelo tema "Primeiro Encontro", resolvi escrever esta fanfic baseada no capítulo #20 da novela, quando Eva conhece Helena. A fanfic é totalmente baseada na cena desse primeiro encontro, refletindo os pensamentos/sentimentos de JC ao reencontrar seu amor sob o disfarce de Eva.



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Assim que eu vejo o meu arqui-rival, Plutarco, sair de seu escritório, saio atabalhoadamente de baixo da mesa dele.

Caramba! Quase que ele me pega aqui. Não a mim, claro, a Eva Maria León Jaramillo, viúva de Zuloaga. Mas, no fim das contas, seria um apuro de qualquer jeito. Como eu ia explicar o que estou fazendo aqui, na sala dele?

Não posso dizer que entrei para procurar provas da minha inocência, digo, da inocência do João Carlos… ou seja, da minha inocência mesmo! Ah, droga!Esse negócio de ter outra personalidade já tá me confundindo!

Pelo menos eu consegui esse DVD intitulado “Informação de auditorias e repartição financeira”. Já é alguma coisa. Por aí posso começar a verificar dados e quem sabe descobrir como foi que o desgraçado fez pra me acusar de fraude dentro do Grupo Imperio. Quanto antes isso acontecer, mais rápido posso me livrar desses saltos torturantes de Eva, limpar meu nome e recuperar a Helena. Só de pensar nisso a ansiedade me deixa mais sem fôlego do que o fato de eu quase ter sido apanhado pelo Plutarco.

Essa foi por pouco! Mas não dá tempo nem de respirar aliviado, quando passo pelo corredor acabo dando uma bela topada com uma pessoa que vem em sentido contrário e…

“Ai!” ela exclama.

“Aai!” uso meu falsete de Eva, levando a mão ao coração de susto.

E qual não é a minha surpresa ao ver na minha frente… Helena. Meu coração dispara, mais por vê-la do que pela nossa trombada repentina. Finalmente estamos frente a frente depois de tanto tempo. Bom, pra mim parece uma eternidade. Mas preciso disfarçar.

“Ai, valha-me Deus!” então rapidamente me abaixo para pegar a pasta que ela vinha carregando, e a minha também, que caíram todas ao chão, mas nossas cabeças se chocam (por acaso ela teve a mesma ideia ao mesmo tempo).

“Ai!” ela exclama de novo, levando a mão à fronte.

Acabo fazendo o mesmo, quase num reflexo. “Aaai…”

Nós nos olhamos e meu coração dispara outra vez, sem deixar de perceber a semelhança com o nosso primeiro encontro… digo, como João e Helena. Eu entrei na agência de viagens dela e acabamos topando as cabeças do mesmíssimo jeito. Exatamente como agora.

Obviamente eu faço a conexão de imediato. Mas, ao olhar para Helena, ainda com a mão sobre a testa e olhando para mim, tenho a impressão de que ela está tendo o mesmo déjà vu. Deve ser coisa da minha imaginação, claro, afinal de contas ninguém sabe que sou eu por trás desse disfarce de mulher.

Sem querer, dou um sorriso, incapaz de desviar os olhos do rosto dela por um segundo sequer. Agora ela está séria, me olhando de uma maneira…

Ai, meu Deus!Será que ela já descobriu que sou eu? Será que me percebeu debaixo dessa fantasia?

Não, claro que não! Não pode ser. É um disfarce perfeito. Testei muito bem antes de vir aqui ao Grupo Imperio e me candidatar à vaga de assistente dela. Até meu pai consegui enganar vestido de Eva. Não é possível que justo agora, quando mais preciso, meu plano vai me falhar.

Bom, eu preciso fazer alguma coisa. Não posso ficar parado aqui esperando o que eu nem sei acontecer…

Me mexendo, estendo a mão o mais delicadamente possível e, com um sorrisinho simpático, olho mais para baixo do que para ela. “Muito prazer. Eva Maria León Jaramillo, viúva de Zuloaga.”

Ela aperta a minha mão, aceitando o cumprimento. “Muito prazer, eu sou Helena Moreno” e a voz educada passa a bronqueada. “A senhora tá atrasada!”

Sim, ela me reconheceu pelo nome, ou melhor, reconheceu o nome da Eva, sua nova assistente - e chegando atrasada no primeiro dia de trabalho. Comecei bem, hein! Mas não podia deixar passar a primeira oportunidade de entrar escondido na sala do Plutarco. Desde que botei os pés aqui no Grupo Imperio, melhor dizendo, os saltos de Eva, estou com comichão de procurar provas da minha inocência. Helena não poderia me culpar se soubesse, poderia?

Mas ela não sabe, então, o que vê na frente dela é sua nova e atrasada assistente.

“Mil perdões. Sabe o que é? É que é o meu primeiro dia, por isso eu não calculei bem a distância entre a pensão onde eu moro e…”

“Tá, tá, tá! Já entendi” Helena me corta, impaciente. “Mas que isso não volte a se repetir.”

“Não, nunca” eu prometo, e, aliviado por ela não ter me reconhecido nem por um segundo, levo a mão ao peito, sorrindo. “Me chame de Eva, por favor. Eva.”

“Eva. Tá bem” ela diz, ainda me olhando com arzinho preocupado. Nem percebo que outras pessoas estão pelo corredor, apenas me dou conta disso quando Helena volta a falar e não é comigo. “Senhor Contreras, Senhor Escudero, por favor, senhores.”

Só então escuto a voz dos meus melhores amigos atrás de mim. Eles se aproximam.

“Esta é a minha nova assistente, é a senhora Eva.”

“Eva León Jaramillo, viúva de Zuloaga” eu "me"apresento estendendo a mão ao Fernando.

Ele olha pra mim com uma cara super estranha, os olhões arregalados como se nunca tivesse me visto. Ótimo! Não está me reconhecendo. Só para provocá-lo, faço biquinho.

“Não, não, não! Sai pra lá, por favor. Por favor, eu sou casado com a menina da recepção.”

Agora que eu tiro uma com esses dois!

“Você ficou me olhando com uma cara, pode me cumprimentar” pego logo na mão do Fernando. “Eva León Jaramillo, viúva de Zuloaga, como está?”

“Tudo bem” ele balança minha mão e eu já me viro para o Santiago.

“Ai, meu Deus, que gatão! Como está?” aperto a mão do Santi com força. “Eva Maria, tudo bem?”

“Aaau!” Santiago se contorce com o cumprimento.

Solto a mão dele, que começa a esfregá-la com dor, e me volto para minha Helena.

“Eva, vou pedir pra esperar na minha sala. Já sabe onde é?”

“Sim.”

“Muito bem, eu já te encontro lá.”

“Com licença” eu me viro para os meus amigos. “Nossa, que gatões, que rapazes mais lindos!” e vou saindo em direção à sala da Helena, contendo meu riso.

Melhor impossível, nem Santiago nem Fernando, meus melhores amigos, sequer desconfiaram. Tudo está me saindo melhor do que o esperado.

Vou entrando na minha antiga sala, que agora é da minha chefinha, meu amor… ah, Helena!Meu sorriso só se desfaz quando vejo algumas fotos espalhadas sobre a mesa.

Eu me aproximo com cuidado, quase como se estivesse com medo do que vou ver. Mas me alivio assim que percebo do que se trata. São fotografias dela com o filho, Dadinho. Ah,que saudade desse moleque! Quem diria que um cara tão avesso a crianças como eu acabaria se afeiçoando tanto a um guri? Mas o pequeno Eduardo é diferente, ele é especial. Assim como a Helena. Os dois são a minha vida e eu faria de tudo para estar com eles de novo. Qual é a dúvida sobre isso? Eu estoufazendo de tudo… até me vestindo de mulher!

Olha só a inconveniência dessa meia pinicando de novo, arre!Uma coçadinha na virilha, assim disfarçadamente, não vai ter problema agora que estou sozinho. Então aproveito pra levantar a saia do vestido e fazer exatamente isso!

Eita, que ser mulher não é nada fácil, caramba!

Bom, assim tá melhor. Abaixo a saia e me aproximo melhor da mesa, olhando mais detidamente para as fotos. Pego uma, justamente só com os dois, Dadinho e Helena sorrindo. Meu coração se aperta um segundo. Dou uma olhada rápida para porta, só para ver se ela não está chegando. Confirmando que não, coloco a fotografia depressa dentro da bolsa.

Mal termino de fazer isso, a porta se abre e Helena, com uma cara fechada, olha para mim como se quisesse me fulminar. Ai, caramba, será que ela me viu surrupiando a foto? Como é que vou explicar uma coisa dessas agora?

Dou um sorriso, tentando disfarçar. Ela olha para as fotos sobre a mesa. Olha para mim de novo.

Então, só então eu percebo... estou no espaço dela. “Ah!” exclamo, me afastando da cadeira de Helena e indo para o outro lado da mesa.

Enquanto ela pendura a bolsa, aproveito para dizer “Que lindas fotos. É o seu filho?”

“Sente-se” ela diz, curta e grossa.

Ai,eu até me arrepio. Faço exatamente o que ela me pede, não sem chutar atabalhoadamente a cadeira ao lado. Mas que droga, por que colocam um espaço tão pequeno entre as cadeiras? E porque cruzar as pernas feito mulher é tão difícil? Tá apertando tudo aqui embaixo, meu Deus!

“Preste muita atenção” Helena me encara cheia de seriedade profissional. “Eu vou ser muito direta.”

Engulo em seco, ajeitando a armação dos meus óculos, ou melhor, da Eva.

“Já que a escolheram como a minha assistente, tem que saber que eu espero 4 coisas de você” ela mostra quatro dedos da mão esquerda enquanto segue falando e enumerando, “Uma: não quero fofocas. Não aceito que leve nem traga informação de nenhum tipo. Duas: pontualidade absoluta.”

“Eu sou discretíssima e pontualíssima…”

Ela nem me espera terminar de falar. “Três: entrega ao projeto. Isto pra mim é ser eficiente e leal.”

“Hum-hum” balanço a cabeça, acuado com esse lado de Helena até então desconhecido pra mim.

“Eu quero que faça muito bem o seu trabalho, que não comente nada do projeto com os outros, mesmo dentro da mesma empresa.”

Faço que não com a cabeça de imediato. “Shhh” vocalizo, sinalizando que entendi o pedido de silêncio absoluto.

“Quatro: não se meta na minha vida particular.”

Ai,essa doeu! Os óculos até saíram do lugar aqui, deixa eu ajeitar de novo.

“Talvez eu pareça exagerada, mas eu, uma vez, confiei demais em alguém que estava muito perto de mim e essa pessoa traiu a minha confiança. Não quero que isso volte a acontecer.”

Agora sim, é oficial, meu coração tá esmagado. Porque sei que ela está falando de mim. Abaixo os olhos. “Não... como mandar, Heleninha.”

“Doutora” ela me corrige.

“Sim… ah, é… doutora” meneio a cabeça, sem graça.

Ela suspira e puxa uma pasta que está sobre a mesa. Aperto a bolsa no meu colo, esperando as próximas orientações.

“Aqui está o convênio que eu vou apresentar em umas horas a um cliente muito importante para o nosso projeto” ela me estende a pasta, que eu abro de imediato. “Eu quero uma análise minuciosa da sua parte.

“Com muitíssimo prazer, doutora” passo os olhos pelo documento. “É para o transporte aéreo para a praia Majahua, doutora?”

“Exatamente” ela balança a cabeça. “É a proposta para que a companhia da Costa assine conosco e tenhamos o respaldo do senhor Diego Fonticoda.”

O nome toca uma sirene na minha cabeça. “Diego Fonticodaaaa... ai...”

Esse cara não presta! É um Casanova dos mais ativos do México inteiro! Tá, eu posso estar exagerando um pouco… mas, em se tratando da Helena, acho que não.

Eu não posso deixá-la à mercê desse patifezinho de quinta categoria. Seu hobby preferido é fisgar mulheres bonitas como a Helena. Como eu sei? Porque euensinei tudo que esse mequetrefe sabe… Ah, meu Deus! É a vida mais uma vez virando o jogo e me dando um castigo.

Pelo menos eu tenho esse disfarce de Eva, o que vai servir como a desculpa perfeita para estar sempre ao lado e de olho na Helena e não deixá-la cair nas artimanhas do Diego.

Tudo bem que as palavras Não se meta na minha vida particularsoam como um sino na minha mente agora, mas posso ficar de olho nela no ambiente profissional. Afinal de contas, sou sua assistente por uma razão e é justamente essa. Protegê-la. Ficar perto dela.

Só então eu percebo Helena me olhando estranho. Viajei legal aqui e nem me dei conta.

“Algum problema, Eva?” ela franze a testa, desconfiada. “Você conhece o senhor Fonticoda? Parece que o nome lhe soou familiar.”

“Ah, sim. Sim, conheço pela fama no mundo turístico, não é mesmo? Só isso” disfarço bem, dando um sorrisinho.

“Do jeito que falou o nome dele, parecia até que o conhecia… mas não, tudo bem” ela diz, ainda me olhando.

“Então, vou começar a analisar esta proposta agora mesmo, doutorinha” digo erguendo a pasta na mão, mas o olhar congelante da Helena me faz abaixá-la, assim como o ânimo. “Quero dizer, doutora.”

“Que bom” ela diz, levantando-se e ajeitando o vestido e pegando um CD que me estende. “Neste disco você vai encontrar a tabela detalhada da proposta. Analise bem e depois imprima e traga pra mim.”

“Claro. Vou fazer isso agora mesmo” pego o CD e me levanto, não sem antes chutar de novo a cadeira ao lado.

Helena me olha esquisito.

“Com licencinha” eu digo, acenando e fechando a porta do escritório que um dia foi meu.

Encontro a sala ao lado vazia e me ponho a analisar o documento. Meus olhos caem direto no nome Diego Fonticoda. Talvez seja o traje de Eva, mas estou com um pressentimento, chame de sexto sentido se quiser, de que a Helena vai precisar muito da minha ajuda em se tratando de negociar com esse sujeitinho.

Não se preocupe, Heleninha. Estou aqui pra te proteger. Ou melhor, a Eva está aqui pra isso.

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Notas finais do capítulo

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