"Mãe, eu pequei."

Um ano de namoro é o bastante para se afeiçoar ao máximo à alguma pessoa, esse foi o meu caso. Um ano de pura primavera e amor , mas nunca com uma gota de um sangue pecador.

Podem me chamar de filha virgem de Maria, Santa dos rios mais claros. Eu não me importo, ou pelo menos não me importava.

No primeiro vento de inverno que soprava eu sabia que estava mais gelado que o normal... tinha um gosto diferente, um gosto de traição. Foi assim que eu descobri, com muitas lágrimas e vigor para superar, uma inesperada traição. O amor nem sempre é belo, as vezes pode te derrotar ou as vezes te surpreender... mas sinceramente, não queira ser derrotado por ele.

–Lucy-sama, cartas para você. - disse Virgo, a governanta de minha casa.
–Oh... novamente ? De quem são ?- perguntei curiosa com a resposta.
–Hum... Natsu, Natsu Dragneel. - disse ela um pouco desapontada.
–O QUE ?! Essa já é a trigésima quarta carta, que esse... esse... maníaco me manda em um mês ! - desabafei, afobada, com lágrimas secas em meus olhos.

Sim. Natsu ou melhor, meu ex-namorado. Após o término do namoro ele ficou paranoico e.. bom, tem piorado. Ele me trairá com Lissana, filha de uma linhagem nobre porém cruel e sem caráter. Natsu certamente me amava mas me trair com aquela... aquela... lesma ?! Foi o cúmulo pra mim.

Aquele dia resolvi sair mais cedo de casa para não chegar atrasada no trabalho. Afinal Levy iria me matar se isso acontecesse. O trabalho é o maior tédio, claro que eu tenho amigos patetas que o tornam a maior farra. Mas o trabalho em si é uma miséria. Depois das sete horas, me matando para preencher todos aqueles formulários. Nada melhor que ir pra casa, mas antes teria de ir a casa de um amigo de Natsu, afinal havia pedido para ele que pegasse minhas coisas na casa de Natsu.

–Apartamento 75... apartamento 75...?Achei ! - bati na porta no total de três vezes.
–Lucy ! -disse Gray, o amigo de Natsu. -Uau, você está lindíssima.
–Obrigada, ãn pegou minhas coisas ? -perguntei.
–Claro ! Entre por favor princesa. - ele disse e pegou uns pacotes.

Enquanto ele recolhia todos aqueles pacotes, me lembrava de quando Gray se declarou para mim na quarta série.

–Obrigada, Gray. - disse com um sorriso no rosto, estava feliz de ter minhas coisas de volta.
–Disponha, Lucy. - ele disse e se sentou ao meu lado. -Quer um chá ? Bolachas ? Um pedaço de bolo?
–Ãn, acho que não resistirei ao bolo. -disse um pouco envergonhada.

Ele riu e abriu um armário, de onde tirou um maravilhoso bolo. Montou uma mesinha e serviu em dois pratos. Olhando daquele ÚNICO ângulo, posso dizer que Gray era um pouco atraente...

Nos sentamos juntos e começamos a desfrutar daquele lindo bolo, conversamos horas. Não nos víamos há meses... precisávamos por o papo em dia.

–Já passa das seis ?! - perguntei assustada. -Sinto muito Gray, tenho que ir!
–Ah Luce... já? - ele choramingou.
–Luce?–perguntei baixinho.

Ele me levou até a porta, ficamos nos encarando durante uns segundos.

–Obrigada pela companhia, estou muito grata ! - disse sorridente.
–Disponha, os agradecimentos são meus. - ele disse e deu um leve beijo na minha mão.

Continuamos de mãos dadas durante alguns minutos nos encarando... eu pensava em tudo... no que estava acontecendo e no que tinha acontecido."O que eu quero?" era tudo o que eu me perguntava.

–Gray eu... - não pude terminar, meus lábios foram selados com os de Gray. Ah, como queria ter terminado aquela frase.

Não resistimos. Aprofundamos o beijo o mais que podíamos. Larguei minhas coisas lá mesmo, ele encostou de qualquer jeito a porta e me guiou até seu quarto.

–Lucy, eu... - dessa vez o movimento foi meu, selei seus lábios. Um movimento precipitado da rainha.

Lembro de ter perdido a noção das coisas e do perigo, estava indo à loucura. Meu corpo vibrava e eu sentia meu coração ir acelerando. Lembro-me de ver minha imagem no espelho, nua e ansiosa para algo.

Foi assim. Ambos indo à loucura. Olhei para o céu da janela do quarto de Gray. Deus, sinto muito...

Voltei para casa no dia seguinte. Na frente do jardim mais belo de nossa casa, se encontra o túmulo da minha mãe. Cheguei perto e ajoelhei. Uni minhas mãos.

–Mãe... eu pequei.