1- Bye, Bye NY.

- Forks? Esse lugar realmente existe?

- Claro que existe filha, fica em Washington, você vai gostar de lá. É uma cidade pequena, bem tranqüila.

- Nunca pensei que você não gostasse de Nova York. Tudo bem que você vive reclamando do trânsito, dos horários loucos do hospital. Mas não sabia que faria a gente se mudar!

 Forks?! Isso lá é nome que se dê a uma cidade?  Mas é exatamente pra lá que meu pai, Carlisle, quer se mudar. Não que eu seja fã da agitação de NY, sempre fui muito na minha, essa história de glamour, apartamentos chiques na 5ª avenida nunca fizeram a minha cabeça.

Mas ir pro fim do mundo é meio estranho. Agora ruim mesmo deve ta sendo pra Alice. To tentando imaginá-la sem fazer compras pelo menos dia sim e dia também, por que sejamos honestos, se a cidade é pequena do jeito que ele ta falando, com toda a certeza um shopping com todas a lojas de grife que ela ama tanto, não deve existir por lá. E por falar na minha querida irmã, lá vem ela...

- Paaaai! Você ainda ta falando sobre isso? Já disse e repito que ninguém, NINGUÉM vai pra esse buraco aí! – berrou a Alice. Nossa nunca vi o pedaço de gente tão estressado.

- Alice, sem discussões. A proposta é muito boa do hospital da cidade, vou ganhar melhor e poder fazer meus horários. Agora as duas podem começar a arrumar suas coisas, nós partimos esse fim de semana.

-Uooou, como assim? Esse fim de semana pai? Você não me disse que seria tão rápido! – agora EU to indignada! Como assim ele decide uma coisa tão importante de uma hora pra outra? E a escola? Meu curso de pintura? Não quero abandonar tudo assim.

- Desculpa meninas, mas precisam de mim em Forks o quanto antes. Agora eu preciso ir, vou para o hospital acertar a minha transferência. Quando eu chegar falo tudo o que vocês quiserem saber. – falou, já em indo em direção a porta do apartamento.

Quando ele saiu, me virei pra pequena e tive um ataque instantâneo de risadas. A cara da Alice era impagável! Um misto de dor, indignação e choro, com o acréscimo de um biquinho.

- Alice... Você... Vai... Me... Matar... De... Rir!

O rosto dela se transformou em pura raiva e ela saiu bufando. Quanto drama! Não é a toa que ela faz curso de teatro.

Depois do acesso de risadas, fui para o meu quarto e realmente comecei a pensar no que estava para acontecer. Toda a minha vida estava preste a mudar radicalmente e eu não tenho a mínima idéia de como isso vai me afetar. Deixar meu quarto que guarda tantas lembranças boas e ruins, que já ouviu muitas risadas e o meu choro na época mais difícil que já atravessei. O único lugar onde eu posso ser eu mesma, sem máscaras pra agradar as pessoas. E a tristeza não é só por conta do quarto, também é pelo curso de pintura.

Pintar é a única coisa que me dá prazer, que me completa realmente. Meu pai diz que herdei essa “veia artística” da minha mãe.

Ela era uma pintora excelente, antes da Alice nascer ela passava o dia inteiro no ateliê com seus quadros e só saía quando o Carlisle chegava do trabalho. Mas então veio a Alice, e um ano depois eu nasci e ela não tinha mais tempo pra nada, quase não entrava mais no ateliê. O que foi a deprimindo, e meu pai sem saber como lidar com a situação foi se enterrando cada vez mais naquele hospital, chegando a fazer plantões de trinta e seis horas.

Até que um dia, quando eu tinha oito anos, depois de mais uma, das milhares de discussões deles, ela resolveu sair de carro. E não voltou mais.

Nesse dia estava caindo uma tempestade horrível, e por conta disso algumas pistas estavam muito escorregadias, o que acabou fazendo um caminhão vindo em alta velocidade, virar. Logo atrás dele vinha o carro da minha mãe, Renné.

Bom, já se passaram nove anos e a rotina das trinta e seis horas de plantões está preste a acabar, graças a nossa ida a Forks.

Sabe, depois de pensar em tudo isso, ver a situação dessa perspectiva, não me parece tão ruim me mudar. Talvez ajude, quem sabe as mudanças as quais eu estou com tanto medo de enfrentar sejam boas, talvez me façam viver de verdade. Quem sabe...

- Bella, posso entrar? - perguntou a Alice batendo a minha porta. Me fazendo sair dos meus pensamentos e perceber que já estava de noite.

- Claro!

Ela entrou e sentou na beira da minha cama, com o rostinho mais triste que eu já vi.

- O que você ta achando dessa história de mudança?

- Sei lá, Alice. Eu não acho tão má idéia, o papai parece ta feliz com isso. Você sabe que ele não suporta ficar dentro desse apartamento por causa das lembranças da mamãe.

- É, eu sei. Mas eu procurei na Internet essa cidade e lá tem absolutamente nada! E o meu curso de teatro? O seu curso de pintura? Já pensou nisso?

- Eu já pensei nisso. Podem ficar tranqüilas. – disse meu pai, entrando no meu quarto – As duas acharam mesmo que eu esqueceria disso? Eu sei o quanto vocês amam o que fazem, por isso já andei pesquisando e achei cursos muito bons em Port Angeles, uma cidade perto de Forks. E já matriculei as duas. – finalizou dando um sorriso.

A minha reação e a da mina irmã foram à mesma, saímos correndo e abraçamos nosso pai. Ele merece esse sacrifício da nossa parte, ele já fez tanto por nós duas. Já estava na hora de nós fazermos por ele.

- Bom, então eu acho que agora as duas concordam em ir pra Forks, não é? – perguntou ainda abraçado com nós duas e dando um beijo na testa de cada uma.

- Com certeza, pai. Desculpa pelo ataque de mais cedo. – falou Alice, realmente sentida.

- Claro pai. Acho que a gente ta precisando dessa mudança mesmo. – eu disse sorrindo.

Depois dessa conversa, o clima em casa ficou mais leve e os preparativos para a mudança começaram. E por incrível que pareça a mais empolgada na arrumação de tudo, era a Alice. Ela estava mais saltitante do nunca, mas eu acho que mais pelo fato do meu pai ter liberado o cartão para comprarmos roupas de frio, já que em Forks o sol é um visitante ilustre, que quase nunca aparece.

Na agitação da semana, de mandarmos móveis e outros pertences do apartamento para a nova casa, quando percebemos já era sexta à noite. Na manhã do dia seguinte estaríamos entrando num avião pra um lugar totalmente desconhecido.

Por ser a nossa última noite, nós três fomos ao cinema, jantamos e passeamos pelo Central Park pela última vez. Uma maneira de nos despedirmos juntos dessa cidade.

Voltamos para casa, ajeitamos as últimas coisas e cada um foi para seu quarto, o qual já estava vazio e até meio assustador, demonstrando que o que está por vir continua sendo um mistério. E foi com esses pensamentos e medos que eu acabei adormecendo.