Chihiro estava deitada na cama de Zeniba depois de ter ouvido uma longa explicação do que teria que fazer para chegar até Yubaba. Seria um longo percurso, mas ates de tudo tinha de parar de cheirar como humana. Mil pensamentos passavam por sua mente, mil lembranças do rosto de Haku, como ele se dedicou em ajuda-la e como eles tiveram de se separar no final de tudo. Agora ela estava aqui novamente, e poderia reencontrar seu melhor amigo, mas tinha uma grande pedra em seu caminho... Maldita fosse Yubaba. Agora Chihiro teria um trabalho do cão pra tentar, sem garantia de sucesso, fazer Haku se lembrar de quem ele realmente é... Isso sem nem saber como fazer ele se lembrar de quem é...

Ela suspirou e se mexeu inquieta. Tinha que conseguir dormir. Tinha que enfrentar quatro dias de espera, se alimentando das comidas do mundo espiritual para perder o cheiro de humana, o cheiro sumiria no terceiro dia, o quarto serviria para garantir... Seriam longos dias de espera, e Chihiro começava a temer por seus neurônios que seriam queimados por sua ansiedade e desespero.

Se encolhendo na cama e rezando pelo sucesso de sua missão, ela dormiu.

No da seguinte a humana se dirigiu a cozinha da casa de velha amiga Zeniba, e com um ar sonolento se sentou na cadeira de frente para a mesa.

—Ora! Vamos Menina se anime!! Temos um dia cheio hoje... Você ainda é muito magrinha e fraquinha, temos que te ajudar a ficar mais forte e bem disposta para as tarefas da casa de banhos e para os desafios que te aguardam no futuro. – Vovó Zeniba deu três tapinhas nas costas de Chihiro e pôs um prato com ovos fritos na sua frente. – Vamos, coma logo, vou te ensinar alguns truques de magia que podem te ajudar.

Sem dizer uma palavra Chihiro comeu toda sua comida e colocou-se de pé o mais rápido possível.

A velha a olhou de canto com um leve sorriso no rosto, podia ver a determinação da garota de se preparar para ajudar o amigo... Ou deveria pensar, o amor dela... A garota parecia não saber que estava apaixonada, ou que sempre estivera apaixonada por Haku, e que era por isso que a ligação entre os dois era tão forte.

Durante o dia o treinamento correu relativamente bem, Chihiro já começava a aprender como manusear uma espada com precisão suficiente para ganhar tempo em uma luta. Mas sua dificuldade em aprender até as magias mais simples estava atrasando o treinamento. Era a décima vez seguida que tentava a magia de destrancar portas sem sucesso.

—Ande logo Chihiro. Mais uma vez.

Revirando os olhos a garota se preparou para tentar novamente. Uma. Duas vezes... até obter sucesso e destrancar a porta. Olhando com triunfo para a feiticeira Chihiro riu. Zeniba se limitou a um leve sorriso e a trancar novamente a porta para que Chihiro repetisse o ato. E assim foi por mais duas horas seguidas de treino.

Mais dois dias se passaram e a humana já estava quase pronta para o que iria lhe esperar. Já estava forte, já sabia como usar magia para passar despercebida na ponte (como Haku havia feito em sua primeira noite no mundo espiritual), sabia como paralisar alguém, já não cheirava mais como humana.

A velha bruxa observou a garota atentamente. Chihiro estava vestida em um kimono azul com um dragão branco estampado próximo a barra. Seus cabelos estavam presos em um coque, mas algumas mechas rebeldes soltas caiam em seu rosto. A beleza dela era inegável. Não havia como Yubaba desconfiar que aquela linda mulher era a pequena e fraca Chihiro, não havia como ela desconfiar que aquela linda aprendiz de feiticeira era na verdade uma humana.

As coisas pareciam estar caminhando muito bem...

Zeniba começava a fazer Chihiro trocar o dia pela noite, a casa de banhos era noturna e Chihiro deveria estar bem disposta quando chegasse lá.

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Naquela noite Chihiro acordou com um som alto e constante. As janelas batiam como se houvesse um furacão do lado de fora. Levantou-se rapidamente, vestiu-se e prendeu os cabelos no coque que estava se abituando a usar sempre. Coreru até a sala, Zeniba estava sentada confortavelmente no sofá com um livro na mão, levantou os olhos para sua jovem aprendiz e indicou a porta.

Todo o corpo de Chihiro gelou, reconhecia aquilo, sabia quem estava do lado de fora. Sabia que aquele era o momento de confrontar o seu antigo melhor amigo, como se nunca o tivesse visto em toda a vida, e o pior, sabendo que ali, ele era o inimigo, ele era fiel a Yubaba.

Engolindo em seco ela caminhou até a porta e a abriu. Apenas para um deja vu. Ali em sua frente estava o mais lindo dragão. Com suas escamas entre o branco e o prateados e os olhos inconfundivelmente verdes. Ele estava muito maior do que Chihiro se lembrava, seus olhos não tinham mais o calor e o carinho de antigamente.

Era estranho olhar para ele. Ao mesmo tempo em que ele era idêntico ao Haku de antigamente, ele ainda era completamente diferente. Parecia com um “irmão gêmeo do mal”.

Chihiro deu dois passos até ele, o enorme dragão mostrou os dentes e a garota franziu o cenho recuando novamente. Ele se curvou e então a transformação começou. O dragão estava se tornando homem. Aquilo fez com que a garota engolisse em seco. Veria agora mais do que a face do dragão, veria o Haku em pessoa, veria finalmente quem ele teria se tornado.

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O coração da pequena aprendiz de Zeniba batia acelerado, Koji podia ouvir. Devia estar apavorada. Isso fez ele orgulhar-se de si mesmo, Yubaba teria ficado orgulhosa. Ele olhou para a mulher ali a sua frente enquanto se transformava em sua forma de homem. Ela era muito bonita, e estranhamente conhecida. Suas feições eram familiares, e ele não tinha idéia de onde a conhecia, devia ter matado a família dela quando era pequena, certamente era isso.

Mas ainda assim, ele sentia-se interessado por ela, estranhamente atraído pelo doce cheiro de jasmim na pele dela. Isso era errado. Estava ali para mata-la.

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A transformação finalmente completa e Chihiro podia finalmente ver Haku. Simplesmente perdeu o fôlego. Deus. Ele estava lindo.

Mas como posso eu descrever ele logo no fim do cap? Melhor deixar para um próximo!! Que virá rapidinho porque vocês já esperaram demais por mim! hahaha