***León***

Eu estava sentado em dos sofás na sala de espera. Não consegui dormir, e já se passava das quatro da manhã. Nesse meio tempo, não tive noticias da Violetta, e isso me deixava muito preocupado.

Emmanuelle berrava no colo de Francesca que já não sabia mais o que fazer para acalmar a pequena nos seus braços. Diego estava ao seu lado, lhe dando todo apoio. Eu os invejava um pouquinho. Eles tinham tudo o que precisavam para viver: Uma família; Uma Filha; Amor; Trabalho; Vida humilde...

_Eu... – quebrei o silêncio. – Vou beber um copo de água ali no corredor. – falei baixo e eles nada disseram.

Levantei-me um pouco cansado. Eu ainda estava com as roupas do meu casamento, e estava me sentindo ridículo naquilo. Também tinha marcas de sangue da Violetta, eu precisava trocar de roupa urgentemente.

Estava bebendo água, quando escutei barulhos de saltos naquele corredor vazio e meio escuro. Pareciam aquelas cenas de filme, mas nada assustador.

_Mãe? – perguntei me assustando. – Lara? – levei outro susto. – Mel?

_Olá meu amor. – Lara disse vindo até mim, me dando um abraço meio desajeitado, já que eu não retribuí. – Fiquei sabendo que estava aqui, viemos saber se você está bem.

_Eu estou ótimo. – resmunguei um tanto irônico.

_O que é isto na sua roupa León? – minha mãe perguntou assustada. – Onde você se machucou para estar todo sujo de sangue?

_Esse sangue é da Violetta, mãe. – falei vendo as expressões de seu rosto mudar, assim que pronunciei o nome dela.

_Não me diga que essa maluca tentou se matar? – riu, sendo acompanhada por Lara. Meu não dizia nada.

_Não mãe, ela estava passando mal, e eu cheguei a tempo, antes que ela morresse, sem ter conseguido socorro. – falei me irritando pouco a pouco com as perguntas idiotas que a minha mãe fazia.

_Ah claro, que drama. – Minha mãe disse dando de ombros. – Vamos logo para casa, estamos sem tempo para planejar outro casamento, então quanto mais cedo começarmos, mas cedo irá acontecer.

_Eu não vou me casar – falei calmo.

_Como não? Lara está grávida de você. Não pode abandoná-la

_Ela não está grávida, e eu não vou casar com alguém falsa e mentirosa. – falei com raiva daquela conversa.

_Vamos para casa e lá resolvemos. – disse puxando meu braço, mas eu me soltei.

_Eu não vou para casa, não tem nada o que resolver.

_Bom, então daqui a Gente não sai. – Lara disse indo até a sala de espera onde Francesca e Diego estavam.

***Francesca***

E lá estava aquela sala, lotada de pessoas. Eu, Diego, León, Lara, Senhora Vargas, e a Melanie, a irmã legal de León. Ela estava ao meu lado, mexendo com o bebê, ela poderia ser considerada a mais gentil daquela família.

_Quantos meses ela tem? – perguntou.

_Vai fazer seis meses.

_Eu queria tanto que o León e a Violetta tivessem um bebezinho. – ela disse tristonha. – Eles eram tão lindos juntos.

_Também acho. – falei sorrindo. – Pena que ele pisou na bola.

_Não culpe meu irmão. – ela falou baixinho, e eu olhei para o León que estava com a cabeça abaixada, enquanto lágrimas rolavam pela sua face, ele estava assim há horas. – Ele a ama muito, mas errou uma vez, não acreditando nela. Por mais que eu e ele estejamos brigados, eu o amo, e não quero vê-lo infeliz. – ela disse triste pronta para chorar novamente.

_Vou te contar um segredo. – falei para ela que prontamente abriu bem os olhos, em sinal de curiosidade. – A Violetta está sim esperando um bebê do León. – falei e ela ficou pálida.

_Sério isso?! – perguntou com um sorriso enorme.

_Sim, mas é segredo. – falei para aquela adolescente que agora mais parecia uma criança, ri.

_Nem o León pode saber? – perguntou e eu neguei. – Por quê? – perguntou tristonha.

_Porque eu acho que a Vilu mesmo vai querer falar para ele. – eu disse e ela sorriu novamente. – Além do mais, ela tem risco de perdê-lo. – Melanie se assustou.

***Lara***

_Então a vaquinha está grávida? – a senhora Vargas, que preferia que eu a chamasse de Liliane, que era o nome dela.

_Foi isso que eu ouvi a Francesca dizendo a Melanie. – falei as observando de longe. – Mas parece que está com risco de perdê-lo.

_Ela tem que perder esse bebê. – disse com raiva. – Meu filho não pode ter um filho com uma pobretona como ela.

_Concordo. – suspirei.

_Porque você não engravidou primeiro?! Foi tão lerda assim?!

_Ao contrário do que a senhora pensa o León não é um homem muito fácil. – falei e ela suspirou. – Eu até tentei seduzi-lo algumas vezes, mas ele sempre escapava, dizia que tinha compromissos, nunca dava certo.

_Porque você não o dopou? Seria mais fácil – ela disse rindo.

_Nem um beijo ele me dava, quanto mais aceitar alguma bebida, ou comida que eu fazia. Nunca tivemos um momento sozinho.

_Isso tudo vai passar querida, e você vai tê-lo só para você.

_Assim espero. – suspirei sonhando quando chegasse o dia em que só existiria eu e o meu León. – Mas o que vamos fazer com esse bebê da Violetta?

_Fale com o León sobre esse bebê que ela está esperando. – a senhora Vargas disse sorrindo e eu arqueei uma de minhas sobrancelhas.

_Mas ele vai querer casar com ela assim que souber dessa criança, e eu o perderei para sempre. – falei pasmada.

_Me ouça primeiro! – disse impaciente e eu me calei. – Procure o León, e diga que a Violetta estava esperando um filho dele, e depois, fale que ela a perdeu, graças a ele. Conhecendo o León, e sabendo que ele é muito sentimental, ele vai se sentir tão culpado, que vai querer fazer alguma loucura, aí você o consola, e faz tudo o que tem que ser feito.

_A senhora é bem esperta. – falei sorrindo. – Amei o plano, vou colocá-lo em ação agora mesmo! – saí em direção ao León, que estava cabisbaixo.

***León***

Eu estava pensando em Violetta, quando vi Lara se aproximar de mim. Ela estava conversando com a minha mãe, e ambas riam e sorriam.

_Oi – ela disse se sentando ao meu lado, parecia tímida.

_Não se finja tímida, você já me revelou todas as suas faces. – eu disse suspirando.

_Desculpe, eu só queria chegar a você. – falou com um olhar baixo.

_O que você quer Lara? – perguntei cansado.

_Fiquei sabendo uma coisa sobre a Violetta, e acho melhor você ficar sabendo logo, antes que até a China saiba, e você não. – ela disse apertando as mãos, ela parecia um pouco nervosa. – Eu realmente não sei como te falar isso.

_Só fala. – pedi.

_A Violetta estava grávida. – ela disse e eu paralisei.

Senti meu cérebro parando de funcionar pouco a pouco. Senti-me a beira do nada, sem reação, completamente sem noção. Fechei meus olhos tentando absorver aquelas palavras. Então foi por isso que ela estava passando tão mal? Agora faz sentido.

_C-como? – perguntei gaguejando, eu queria entender, buscar explicações.

_Ah León, você sabe como. – ela disse risonha. – Aposto, que você e a Violetta, já tiveram várias noites de amor, e em uma dessas, podem ter se descuidado. – explicou.

_Eu sei... – murmurei desconcertado. – Ela está esperando um filho meu? – perguntei sentindo algo brotar em meus olhos.

_Escute... Ela estava. – Lara disse um pouco baixo.

_O que?! – perguntei não entendendo.

_Com a confusão que você criou na casa dela, ela se estressou, e ela não podia passar nervoso. Ela foi seqüestrada, estava fraca, não comia há dias. Uma gravidez naquele estado gerou bastantes problemas. E digamos que você causou também, alguns, vários, problemas. – ela disse bem delicada.

_Não me diga que... – eu estava espantado.

_Sim, você a fez perder o bebê. – ela completou falando bem baixinho.

Senti tudo em minha cabeça girar. Antes que eu pudesse dizer algo, eu já estava chorando e soluçando. Eu era o culpado por tudo o que estava acontecendo. Eu não devia ter ido a casa dela, eu na podia ter feito aquilo com a pessoa que eu amo.

Lara me abraçou e eu não tive como impedir. Precisava daquilo, de afeto e carinho. Retribuí o seu abraço. Eu não podia ter a feito passar por tanta raiva, não podia.

***Violetta***

Acordei um pouco angustiada. Não consegui abrir meus olhos de imediato, pareciam estar colados um no outro. Depois de uns segundos que os abri, me deparei com uma pessoa, toda de branco, o lugar também era todo branco. Eu morri?

Eu não conseguia falar. Sentia-me fraca de mais. Meus olhos já estavam pesados, eu não conseguiria ficar acordada por muito tempo, mas precisava saber o que estava acontecendo.

_Desde que ela foi transferida para UTI, houve melhora no quadro Dr. Jones? – alguém perguntou ao doutor.

_Não, ela ainda precisa de sangue, não temos um estoque muito bom, as pessoas não estão doando como doavam antigamente. – ele disse e parecia preocupado, fechei os meus olhos, para escutar melhor, meus sentidos não estavam tão bons assim.

_E o feto?

_Está sofrendo. – o médico disse e senti algo escorrer por minha face, eram lágrimas. – Ele está se desenvolvendo com dificuldade, e isso pode gerar problemas.

***León***

_León, você está bem? – Francesca perguntou vinda até mim. Apenas assenti. Eu estava muito mal. – Você não me parece nada bem, está... Pálido.

_N-Não é nada. – gaguejei. – Eu... Eu preciso ir. – eu disse meio desconcertado, não acreditando que eu a fiz vim parar aqui.

_Para onde? – ela perguntou calma. – A Violetta está no hospital, e você vai deixá-la sozinha? É isso mesmo?

_Não eu volto mais tarde, é que eu realmente preciso ir. – falei sem jeito, não encontrando as palavras corretas.

_Antes, me responda uma coisa, você encontrou um doador? – perguntou e eu assenti, ela sorriu. – Quem?

_O pai dela. – respondi. – Ele está no Chile, mas acredito que já está voltando, então quando ele chegar, o receba por mim, e diz que eu estou muito agradecido, quer dizer, nós estamos.

_Claro – sorriu. – Obrigada por tudo que fez até agora.

_Não é nada, era minha obrigação. – falei sentindo-me culpado.

***

Fui para o meu apartamento. Jack estava limpando meu quarto quando eu cheguei lá. Ela estava com seus fones de ouvido e cantava a música agitada. Ri ao ver aquela cena. Um pouco alto demais, pois ela me escutou.

_Olá meu filho. Não sabia que estava aí. – disse me dando um beijo na bochecha. Sorri. – O que aconteceu... Você parece um pouco... Abatido?

_Sabe a Violetta?

_Sua ex.? – perguntou e eu assenti. – O que aconteceu?

_Ela está internada, precisando de sangue. – falei com vontade de chorar novamente. – E ela perdeu o bebê, por minha culpa.

_Ela estava grávida? – Jack perguntou, espantada, assenti. – Não me diga que este filho era seu?

_Sim, era. – falei escondendo o rosto entre as minhas mãos. – Eu sou um monstro Jack, um monstro.

_Não chore meu amor. – disse me dando um abraço apertado. Ela era muito mais minha mãe do que a própria senhora Vargas. – Tudo nessa vida tem um propósito, e acredito que você não fez isso por mal.

_Não eu não fiz. – falei ainda chorando. – Eu não sabia que ela estava grávida.

_O que pretende fazer em relação a essa moça, já que está casado com a Lara? – perguntou.

_Eu não estou casado com a Lara. – falei me separando dela. – Aquela mulher não presta.

_Mas você me disse que ela parecia ser bondosa.

_Antes de conhecê-la, eu achava isso. – suspirei. – Ela inventou uma gravidez, sendo que eu nunca a toquei. – falei e Jack se espantou.

_Que vigarista!

_Pois é... – concordei. – Pior de Tudo isso, é a minha mãe, me forçando para casar-me com ela. Eu não quero isso Jack, eu não quero ser como o Rafael.

_Você nunca será como o Rafael. – disse passando a mão pelo meu rosto, secando as lágrimas que ali caiam. – Você é a melhor pessoa que eu já conheci na minha vida. E eu te considero como um filho León, não sabe como odeio ver você sofrendo desse jeito. – disse sorrindo triste. – Eu sei que você ama muito essa moça, mas precisa fazer algo em relação a isso.

***Melanie***

O pai de Violetta chegou assim que meu irmão foi embora. Ele conversou com a Francesca, e parecia muito preocupado. Logo ele foi até a sala de exames, para doar logo o sangue, mas urgente possível.

_Querida – minha mãe disse se aproximando de mim. – Quem é aquele elegante homem que chegou aqui todo preocupado? – perguntou.

_Larga de ser interesseira! – falei com raiva.

_Não é interesse Melanie, agora me fale quem é, ou eu mando seu pai cortar a mesada que ele te dá todo mês. – disse calma.

_É o pai da Violetta. – respondi cansada.

_Pai da Violetta? Aquele ser tem pai? – perguntou abismada.

_Aquele ser tem nome, e sim, é o pai dela.

_Como é o nome dele? – perguntou. Minha mãe é uma idiota mesmo, interesseira demais.

_Germán Castillo, acho. – falei tentando me recordar.

_Oh Céus! – ela disse com os olhos bem abertos. – Aquele é um dos maiores empresários existentes do Chile. Como pude ser tão burra em não reconhecê-lo!

_Olha só, aquieta o fogo que as coisas não estão boas para o seu lado. – falei lhe jogando um olhar repreensivo.

_Melanie, eu sou sua mãe, me respeite!

_Não estou afim. – falei saindo da frente dela, e indo até o pai da Emmanuelle que brincava com ela em seu colo.

***León***

_O que está fazendo León? – Jack perguntou adentrando em meu quarto com uma bandeja, trazendo o meu almoço.

_Uma carta. – falei sorrindo triste. – Acho que o mais justo, vai ser sair da vida da Violetta para sempre, ela nunca irá me perdoar.

_Como assim sair da vida dela? – perguntou se sentando ao meu lado na cama, e deixando a bandeja de lado.

_Eu vou embora. – falei sorrindo. – Não agüentaria ficar aqui depois de tudo que eu fiz com ela, não iria me sentir bem nunca a vendo com outro cara, tendo filhos, fazendo uma família... Eu não suportaria.

_Você não pode fazer isso, León. – ela disse desesperada. – Seus pais vão reagir muito mal.

_Não me importo. – falei dobrando a folha e colocando no envelope branco.

_E para onde você vai? – perguntou triste.

_Vou voltar para o México. – sorri. – Você sabe que tem gente da minha família lá, e eu acho que serei mais feliz na minha terra natal.

_Não faça isso, vou sentir tantas saudades de você.

_Eu também vou Jack. – falei abraçando-a assim que vi que a mesma chorava.

***