***León***

Digamos que o nosso vôo não foi muito agradável. A Violetta passou mal, muito mal mesmo, tipo... Tive que dar remédios para ela. Ela entrou em um pânico terrível, eu já devia imaginar que isso aconteceria desde que ela pisou os pés dentro do avião, ela ficou meio pálida, não sei explicar.

_León... – escutei sua voz falha.

_Estamos pousando, pequena. – falei fechando a cortininha da janela, antes que ela visse a paisagem lá fora e tivesse um ataque cardíaco, pois ainda estávamos a alguns metros do solo.

Ela sorriu fragilmente, antes de encostar a cabeça em meu ombro. Peguei em sua mão, tentando lhe passar tranqüilidade, mas a mesma parecia com um pouco de medo ainda.

***

_Não agüentava mais – ela dizia ainda pálida. – León, eu não estou me sentindo muito bem. – falou com uma das mãos sobre a barriga.

_É normal se sentir enjoada, amor. É por causa da altitude. – falei pegando nossas bagagens, e segurando a Violetta com a outra mão, já que ela não estava se agüentando em pé, sem brincadeira.

_Eu estraguei tudo né?

_O que? – perguntei entretido com o meu celular que vibrou dentro do bolso de minha calça.

_É, acho que comecei nossa viagem com o pé esquerdo.

_Violetta, não fale besteira. Você não é acostumada a viajar de avião, é normal que se sinta assim.

_É, literalmente, eu não sou do mesmo nível social que você. – ela disse com uma expressão triste. – Não sou uma mulher fina, muito menos elegante, na minha primeira viagem de avião eu fiz um escândalo, seus pais me odeiam, e eu não posso fazer nada, absolutamente nada, para mudar tudo o que está acontecendo.

_E você se esqueceu de dizer que é meio neurótica. – falei rindo e ela me olhou em repreensão. – Não quis te ofender, pequena. Mas eu não ligo pra nenhum dos itens que você falou. Eu gosto de você do jeitinho que você é.

_Hm... Vou acreditar. – ela disse pegando em minha mão.

***Violetta***

Nós pegamos um taxi até o Hotel, onde ficaríamos hospedados. Levei um susto ao ver onde estávamos. O lugar era lindo, não desgrudei meus olhos da janela até o taxi parar em frente a nossa hospedagem.

_Isso é maravilhoso. – murmurei assim que saí do carro, vendo aquela paisagem tão distinta do que eu tinha imaginado.

León deu uma risadinha e eu me constrangi um pouco, para ele devia ser normal fazer aquelas viagens... Mas para mim parecia a realização de um grande sonho. Era tudo tão real, que eu nem acreditava que estava acontecendo.

Adentramos no hotel, e León foi à recepção pegar a chave. Depois de resolver tudo o que tinha para ser feito, subimos até o nosso andar, de elevador, e paramos em frente ao nosso quarto.

Assim que León abriu a porta, me deu espaço para entrar, e pude contemplar tudo aquilo de uma maneira única. O quarto era enorme, não acreditava como conseguiam fazer um cômodo ficar tão esplendido.

Entrei no local encantada. As paredes eram brancas, e apenas uma estava pintada de salmão. A cama era grande e alta, com lençóis brancos e muitos travesseiros e almofadas. As cortinas eram na cor salmão também, só que um pouco mais fosco.

_Você me surpreende a cada instante. – falei sentindo as mãos mais reconhecíveis para mim, em minha cintura.

_Ainda bem. – falou proferindo uma risada fraca. – Quero te surpreende o resto de nossas vidas. – León disse convicto, como se fosse certo que fossemos passar a vida inteira um com o outro, e que apenas a morte iria nos separar.

_Hm... Eu também queria poder fazer isso. – falei olhando a nossa volta. – Mas acho que tudo que tenho a te oferecer, outras pessoas já tiveram a oportunidade. – falei desgostosa.

_Claro que não. – ele disse beijando meu ombro. – Eu sei que você tem muitas coisas a me oferecer, como eu também tenho.

_No momento, eu estou disposta a te oferecer um passeio na praia, porque eu estou doida para conhecer. – falei empolgada, me virando de frente para ele. O mesmo riu.

_Seu entusiasmo me contagia. – falou beijando minha testa. – Então acho melhor nos trocarmos, porque lá fora está bem quente.

Concordei e rumei até a minha mala que o León tinha posto perto da cama. Peguei uma roupa, e também o meu biquíni. Não contei, mas no hotel tinha piscina, não sei como não me alegrar mais com isso.

¨¨¨

Eu vesti meu biquíni e por cima pus um short jeans e uma blusa larga branca, que ficava caída no lado de um ombro. Deixei meus cabelos soltos e calcei uma rasteirinha. Não estava nem ligando para o meu visual, apenas queria ir logo à praia.

Assim que saí do banheiro, encontrei León. Ele estava ultra sexy. León não estava tão formal, como as roupas que ele usava no dia a dia. Ele estava tão comum que chegava a perfeição apenas em olhá-lo. Seus cabelos estavam bagunçados, e ele estava de bermuda e uma camiseta regata branca. Tão lindo.

_Acho que não deixarei você sair assim. – falei com os braços cruzados na altura do peito, fazendo uma cara bem séria.

_Está muito ruim? – ele perguntou olhando para as próprias roupas. – Não sou muito de usar essas coisas, e acho que não sirvo para usá-las, mas se está ruim me fale. – continuou um pouco frustrado.

_Não meu amor, você está maravilhoso. – falei rindo da sua “ingenuidade”. – Foi apenas uma expressão. Não te deixarei sair assim, porque eu corro sérios riscos de morrer de ciúmes de qualquer garota que ousar a te olhar de maneira desrespeitosa para você.

_Pena que... Eu só tenho olhos para uma única mulher. – disse me roubando um selinho. – É melhor irmos, senão vai ficar muito tarde.

Concordei. Peguei minha bolsa de cima da cama, e logo demos nossas mãos. Saímos do hotel vagarosamente, e eu apenas tratava de absorver aqueles momentos que León estava criando comigo. Não tem como ficar mais apaixonada do que eu já estou.

¨¨

_Chegamos? – perguntei ansiosa, com um sorriso enorme em meu rosto, enquanto o taxi parava para estacionar em algum lugar.

_Sim, chegamos. – León disse rindo da minha cara. – Teremos que apenas atravessar a rua. – explicou e eu assenti.

Saímos do carro e logo o taxi desapareceu de nossas vistas. Olhei em volta e pude ver como as coisas eram diferentes naquele lugar. Era tudo tão... Tropical? Não sei explicar, era leve e me trazia certa “paz”.

Eu e León atravessamos a enorme rua larga e fomos parar em um calçadão. De lá já podia ver a areia e a imensidão daquele mar. Como era perfeito. Acho que meus olhos brilhavam de tanta emoção. Valeu à pena passar todo aquele sufoco no avião.

_É tão lindo... – suspirei apaixonada pelo local.

_Que bom que gostou. – ele disse sorrindo. – Quando tivermos a oportunidade, vamos para o Brasil, tem praias excelentes no Rio de Janeiro.

_Você parece um Guia Turístico. – falei o olhando e o mesmo riu. – Quantos lugares você conhece León? – perguntei cruzando os braços.

_Muitos. – disse olhando para o mar. – O único lugar que eu ainda não fui, mas pretendo ir, é o Japão. Ah! Claro que têm outros poucos que eu não fui, mas o Japão, eu necessito conhecer.

_Hm... Então você já foi para França? – perguntei curiosa e o mesmo assentiu com um sorriso no rosto. – Disseram que lá é bem bonito. – Falei me lembrando do que Ludmila me dissera uma vez sobre lá.

_Na verdade é bem romântica. – ele disse coçando a nuca. – É um lugar muito bonito, confesso, mas sei lá, não é o que eu imaginava quando eu sonhava conhecer. – continuou.

_Entendo. – suspirei. – Nós vamos ficar aqui parados, ou vamos ir para aquele atrativo mar que está nos esperando? – perguntei um pouco impaciente.

Ele riu e pegou em minha mão, me arrastando até lá. Meus pés entraram em contato com a areia e eu sorri. Tirei minha rasteirinha e nós fomos caminhando até aquele mar lindo que estava à frente de meus olhos.

Assim que a água tocou meus pés, recuei, estava fria demais.

_Está fria. – murmurei.

_Ah Violetta. – León me ouviu. – É apenas água, depois você se acostuma com a temperatura. – ele disse.

_Não sei não. Acho que não quero entrar. – falei receosa.

_Depois não reclame.

Antes de eu entender o porquê dele ter falado: “Depois não reclame.”. Eu já estava nos braços dele, e o mesmo começou a correr comigo para o mar. Tentei descer, mas aqueles braços eram mais fortes do que eu.

Tentei raciocinar e gritar, mas León foi mais rápido e mergulhou comigo em seus braços. Eu não tinha nem tirado a minha roupa. Fiquei encharcada. Depois que voltamos até a superfície, León me colocou em pé naquela parte do mar, que batia em meu peito.

_Retardado. – murmurei o ofendendo.

_Que você ama. – completou rindo e eu lhe mostrei língua.

Senti suas mãos em minha cintura, me puxando para perto dele. Coloquei minhas mãos em seu peito que estava desnudo. Olhei para aqueles olhos verdes que brilhavam com o reflexo da água. Ele era mais bonito assim, molhado pelo mar, natural como a luz do dia. Perfeito sem mais.

Ele começou a se aproximar e eu automaticamente fechei meus olhos, esperando o contato daqueles lábios nos meus. Não demorou muito e eu senti. E foi como a coisa mais surpreendente que aconteceu nesse dia. Nós fomos feitos uma para o outro, eu tinha toda a certeza do mundo. Se me tirasse ele, eu morreria, não poderia viver nem um segundo sequer sem ele. Seria injusto.

Éramos dois seres se beijando como loucos no mar. Quem passasse por lá, se assustaria com a cena, mas era difícil calar um amor que ardia frequentemente em nossos corações, quando estávamos tão perto um do outro. Eu o amava. O amava loucamente. Não tinha dúvidas de que tudo o que eu queria e precisava era ele.

_Eu amo você... – ele disse sem fôlego encostando nossas testas. Seu peito inflava como nunca. Sorri.

_Pode ter certeza... Que eu também amo você.

***