Acordei no outro dia, um pouco cansada, com o braço pesado de León em cima de minha cintura. Virei de frente para ele, e o encontrei dormindo pesadamente, e estava com um leve sorriso nos lábios.

_León – sussurrei em seu ouvido. – Já está tarde.

Ele abriu aqueles preciosos olhos verdes, e me olhou por um tempo, piscando repetitivas vezes. Depois escondeu o rosto no travesseiro, acho que a luz do ambiente o estava incomodando.

_Poderia ficar aqui com você para sempre. – ele disse voltando seu olhar para mim. – Não vejo a hora de viver com você e acordar todos os dias do seu lado. – continuou e novamente eu fiquei envergonhada.

_León... – suspirei. – Acho melhor levantarmos, preciso ir para casa. – falei tirando o lençol de meu corpo e encontrando minhas vestimentas jogadas no chão. Estava apenas com a lingerie.

_Porque não gosta de falar comigo sobre uma vida a dois? – ele perguntou segurando o meu braço, impossibilitando que eu levantasse da cama. – Não quer isso pra você?

_León... – suspirei evitando seu olhar.

_Violetta – ele disse no mesmo tom. – Não entendo porque você foge, não tem motivos, a menos que você não queira nada comigo.

_Você acha que eu não quero nada com você? – perguntei indignada o olhando e o mesmo assentiu. – Não seja louco.

_Mas é o que parece.

_León... – falei enrolando-me novamente no lençol. – Se eu não quisesse nada com você, não teria me entregado de corpo e alma e dito que te amava. – disse olhando nos olhos dele.

_Você poderia estar mentindo.

_Não sou dessas mulheres que você está achando. – falei e ele arqueou uma das sobrancelhas. – Se eu me entreguei a você, é porque te amo demais, e não queria que nenhum homem se aproximasse de mim, como você.

_Não vamos discutir isso – ele disse. – Apenas te fiz uma pergunta, não entendo porque você não gosta de falar de nós dois juntos.

_Porque eu tenho medo. – disse quase em um sussurro. – Tenho medo de não conseguir ser feliz ao seu lado, ou que sua mãe queira me destruir por querer ter uma vida ao seu lado.

_Tudo bem... – ele suspirou erguendo o meu queixo, fazendo com que eu olhasse em seus olhos. – É melhor nos arrumarmos, já está tarde.

Assenti e fui tomar meu banho, que logo depois foi interrompido pelo León que surgiu lá dentro. Tomamos um banho juntos, o que tirou a tensão de ambos. Trocamos-nos e logo eu e León saímos daquele local.

***

Cheguei a minha casa e convidei León para entrar comigo, para tomarmos um café da manhã descente, já que só havíamos tomado uma pequena xícara de café. Ele aceitou e assim adentramos.

Abri a porta que dava acesso a minha sala de cara, e me deparei-me com Francesca arrumando a bolsa do bebê que já estaria para nascer. Estranhei, pois ela estava com muita pressa.

_Fran – a chamei já que ela nem tinha visto eu e o León entrando em casa. – O que está fazendo? Por que toda essa rapidez?

_Estou me prevenindo – ela disse sem ao menos olhar para mim. – Ando sentindo muitas contrações, isso não é nem um pouco legal se você quer saber. E tenho medo dela querer vir ao mundo nos próximos dias.

_Não falta um mês ainda? – León perguntou achando estranho, assim como eu.

_Sim, mas eu ando sentindo muitas dores no pé da barriga, e tenho medo que já esteja na hora. – falou pegando o celular. –Vou telefonar para o Marco...

_Mas... – ela me interrompeu.

_Depois para o Diego. – falou e eu sorri. Afinal ele era o pai.

***

Francesca***

_Alô... Olá o Marco está em casa? – perguntei assim que escutei a voz de uma mulher me atender. – Preciso falar com ele.

_Só um minuto e... Quem está falando? – a mulher perguntou.

_Francesca, uma amiga dele.

_Vou chamá-lo. – disse deixando por um instante a linha muda, em total silêncio. – Oi Fran – Marco atendeu. – Como você está? Não tive mais notícias suas, fiquei preocupado com o seu estado.

_Foi à correria do dia a dia. – menti. – Me desculpe por não te procurar mais.

_Eu entendo... Também ando tendo muitos compromissos. Eu sei como é difícil lidar com o tempo. – Ele pareceu acreditar na minha pequena mentira.

_É... – suspirei. – Te liguei para dizer que acho que a minha menininha já está se preparando para vir ao mundo.

_Como assim?! – perguntou levemente alterado. – Não me diga... Ai Meu Deus... Francesca... Sua bolsa estourou?!

_Não Marco – falei rindo. – Apenas ando sentindo algumas dores, e contrações super estranhas que eu não tive semana passada.

_Não é melhor irmos ao médico?! Seu bebê pode estar com alguma coisa, ou pode está acontecendo alguma coisa, não quero que você fique mal.

_Não precisa... Eu estou bem... Acho que está quase na hora. – falei sorrindo. – Estou me preparando psicologicamente, tenho um pouco de medo.

_Você vai se sair bem... Essa menininha vai nascer linda e forte, como a mãe dela. – ele disse e foi inevitável não me sentir feliz com aquelas palavras tão fofas vindas da parte dele.

_Obrigada Marco, sabia que podia contar com você.

_Sempre poderá. – garantiu. – Estarei do seu lado sempre e a qualquer circunstancia, jamais te deixarei desamparada.

_Não sei como retribuir todo esse carinho e atenção que você me dá. – falei como uma boba apaixonada e logo percebi que estava envergonhada com aquilo.

_Seja feliz, e eu estarei agradecido. – ele disse e eu pela primeira vez me sentir menos confusa com aquelas palavras.

_Obrigada novamente. – ri brevemente. – Tenha Um Bom Dia.

_Você também... E pense em mim – rimos. – É brincadeira.

_Tchau Marco.

_Tchau Fran.

Desligamos e eu voltei para sala, onde León e Violetta cochilavam no sofá, ela nos braços dele. Fiquei imaginando e me perdi naquela cena. Eu queria muito ser decidida como ela.

Violetta parecia muito contente com o León, ela se sentia amada e feliz, eu queria muito sentir isso, principalmente vindo de outra pessoa. E isso me dá certa inveja, eu tomei as decisões erradas, e eu tenho que saber agora quais são minhas conseqüências.

Diego era o pai da minha filha, e eu queria muito que ela convivesse com ele, pois eu não tive a chance de viver com o meu pai, nem sequer me lembro da imagem dele. Eu sei que Diego me amava, mas nossa relação esfriou depois de nosso término.

Marco era o oposto dele, sempre companheiro, mas não era o pai da minha filha, eu gostava dele, mas... Não era a mesma coisa que senti pelo Diego. Eu queria muito que ele tivesse entrado na minha vida antes de eu me tornar o que eu me tornei.

Talvez eu tenha tomado péssimas decisões, e o meu destino seja pagar por todas elas, sendo ruins ou boas. Tenho certeza que ainda vou viver bons momentos, só não sei se serão com mais freqüência que os ruins.

Voltei para o quarto e deitei em minha cama, para refletir sobre tudo que estava acontecendo. Minha vida estava confusa. Minha filha estava para nascer, e eu não sei que rumo tomar. Meu futuro ainda é um grande mistério para mim.

_Alô Diego? – perguntei atendendo o celular.

_Francesca... Estava preocupado com você, porque não me ligou mais? – perguntou e eu não deixei de pensar o quanto ele e Marco eram diferentes. Marco era totalmente desesperado, enquanto Diego tinha a fala mais tranqüila, nessas situações, menos quando o tiravam do sério.

_Desculpe, estava muito ocupada ultimamente. – menti novamente e escutei um suspiro vindo da parte dele.

_Tudo bem... Quero que conte comigo sempre que precisar, não agüentaria te ver infeliz ou passando por algum problema sem mim. – Diego disse e eu sorri contente por aquelas palavras confortante, como as de Marco.

_Obrigada – agradeci totalmente sincera. – Bom saber que tenho pessoas como você ao meu lado.

_Sempre terá – ele disse mais relaxado. – Tchau Fran.

_Tchau Diego.

Violetta ***

Eu e León cochilamos naquele sofá, e quando eu fui ver já estava no final da tarde. Assustei-me com o horário e rapidamente tratei de acordar o León, que parecia dormir profundamente.

_Que horas são amor? – ele perguntou sonolento.

_Não sei, mas já está escurecendo. – falei vendo o céu pela janela da sala. – Você não precisava ir à casa de sua mãe?

_Sim, preciso falar com ela, e a Melanie precisa estar junto. – ele disse passando as mãos pelo rosto.

_Vai dar tudo certo, só não fale de mim para ela. – rimos.

_Algum dia ela terá que aceitar, mesmo contra a vontade dela.

_Eu sei... Mas até lá... Acho melhor evitarmos.

_Tem razão. – ela disse em um suspiro. – Vou indo.

_Me ligue quando acabar a conversa. – pedi. – Boa Sorte.

_Pode deixar. – ele sorriu de lado. – Te amo.

_Também te amo. – falei e o mesmo beijou minha testa.

León se foi e eu fiquei observando ele do portão se afastar até sumir de minhas vistas... Eu até gostava dele me defendendo diante da família, mas não gostava de saber que a família dele não o apoiava e que ainda estava o detestando por minha causa.

_É Violetta... A Vida não é fácil pra ninguém, por que seria pra você? – pensei alto em um suspiro e logo voltei para dentro de casa.

...