Suigetsu P.O.V. on

Algo que resumiria minha vida nesse instante: Tédio. Não que eu quisesse ter perdido a cabeça na última guerra. Mas agora essa época de paz era um tanto quanto irritante. Nosso grupo (que havia aumentado com o Orochimaru, Kabuto e a Sakura), faziam poucas missões, e clandestinamente, mas nada que me deixasse animado. Para piorar minha situação tinha a Karin, se ela já era irritante quando o Sasukemal dava atenção para ela, agora que a Sakura tinha se juntado a ele, porque ele disse que não havia lugar em Konoha pra ele, ela ficou extremamente melancólica. Se eu achava que uma Karin convencida era irritante, uma melancólica era pior.

No começo nem era tanto. Na verdade eu comemorava por ela ter se calado um pouco. Mas desde que a filha dos dois tinha nascido ela raramente saia do quarto, e quando muito mal falava conosco. Não isso não me incomodava, o que me incomodava era que se você acordasse no meio da noite poderia ouvir alguém chorando, e posso dizer com toda a certeza de que não era um bebê.

O Sol estava se pondo, Sasuke e Juugo tinhamsaído em uma missão, Orochimaru e Kabuto também, Sakura estava perto da entrada do esconderijo, aproveitando os últimos minutos de Sol. Eu entrei indiferente, talvez procurasse algum trabalho para ocupar a cabeça. Enquanto ia para meu quarto, pude ouvir alguém choramingar. De novo não. Agora já estava com raiva.

Bati na porta do quarto, ninguém respondeu, mas pude ouvir os soluços dela. Abri a porta sem me importar e ela estava lá, sentada na ponta da cama, os óculos no chão, e ela olhou para mim, os olhos vermelhos e inchados.

- Suigetsu? Ela pareceu um tanto quanto confusa.

- Tem como abaixar o volume? Foi a primeira coisa que me veio a mente.

- Suigetsu... – a voz dela era baixa, ela se levantou e se aproximou, as lagrimas caiam livremente em seu rosto. – Eu sou tão descartável assim? O que ela tem que eu não tenho?

Cerrei meus punhos por alguns segundos, não sei se estava com raiva dela ou de qualquer outra coisa. Mais provavelmente dela. Não pensei duas vezes quando a segurei pelos braços.

- Em primeiro lugar. – Estava me controlando para não aumentar o tom da minha voz, sabia que não estávamos sozinhos. – Para você ser descartável ele teria que ter te usado. Ele fez isso por acaso? Em algum momento ele falou diretamente o que fica aí sonhando? Em segundo lugar: Já se passaram mais de três anos, já deu a hora pra você parar de ficar chorando pelos cantos.

Ela continuava a chorar e tentava se soltar. Normalmente tínhamos aquela política de ser gentil com as mulheres. Mas não era qualquer mulher ali, era a Karin, então eu pouco me importava.

Cada vez mais ela forçava o peso dela para trás e nisso ela nos fez perder o equilíbrio. Ela caiu no chão e por pouco não bateu a cabeça. Quando percebi que iria cair em cima dela forcei meu corpo para o lado. E cai de bruços ao lado dela. Ficamos alguns segundos em silencio, eu apenas me levantei e sai, fechando a porta.

Como não tinha muito que fazer (o que não era novidade) decidi que iria deitar mais cedo. Enquanto estava deitado, olhando para o teto, tentava afastar uma das piores ideias que já haviam se locado na minha mente... E se eu tivesse caído em cima dela? E se meu corpo tivesse ficado sobre o dela, com nossos rostos tão próximos? O que eu teria feito?

Demorei um pouco para dormir, tentando afastar esses pensamentos idiotas. Mas quando consegui dormir, não foi alívio o que eu obtive.

Não conseguia ver o ambiente em volta, estava tudo meio embaçado, não conseguia sentir o que estava a minha volta. A única coisa que eu sentia era o cheiro do perfume dela, a pele macia dela encostando-se à minha, meus lábios em seu pescoço. Demorou alguns segundos para eu realmente perceber que estava beijando aquela idiota ruiva, e que estava querendo cada vez mais e mais. Podia ouvir os suspiros que saiam de seus lábios, o que me instigava a explorar ainda mais aquela parte de seu corpo.

- S.. S... – A ouvi dizer. Aquilo fez a raiva inundar meu corpo. Era Sasuke quem ela chamaria não? Era ele quem ela queria. Num ímpeto eu simplesmente mordi o pescoço dela. – Suigetsu!

Quando a ouvi chamar meu nome não ouvi um tom de raiva. Ela estava gostando? Seria aquilo possível? Acordei antes de descobrir uma resposta. Fiquei alguns minutos deitado, olhando para cima, estava todo suado, meu coração batia acelerado, e eu tentava buscar algum sentido naquilo tudo.

Assim que saí do meu quarto, trombei com alguém. Para minha surpresa era a ruiva.

- Karin?

- Está difícil olhar para onde anda idiota? Ela me falou com seu tom habitual. Mas quando olhou para mim, ela virou rapidamente o rosto. Espera um pouco... Ela estava corada?

- Quem sabe não seja você que precise trocar de óculos. Eu respondi.

O mais desconfortável daquela situação toda, era que estávamos indo na mesma direção. O silencio pairava no ar, e um não olhava para o outro. Isso era até que comum entre nós dois, entretanto, daquela vez estava realmente me incomodando. Não conseguia esquecer aquele sonho estranho, e pra piorar ela estava ali no meu lado.

Quando chegamos ao que poderia se chamar de cozinha (a maioria de nossos esconderijos são cavernas em lugares inóspitos, então era tudo de pedra, escuro, com um cheiro estranho que você se acostuma com o tempo.), vimos que Sasuke e Juugo haviam voltado. Sasuke estava meio distraído, com a filha no colo, e acabei olhando para Karin. Para minha total surpresa ela olhava indiferentemente. Não aquele olhar de sofrimento que ela sempre fazia.

Karin corando ao olhar para mim. Karin olhando indiferente para o Sasuke. Quem sabe eu havia comido algo estragado que andava me fazendo mal desde ontem. Ou quem sabe...