Fogo e Gelo Edward e Bella escrita por Bia Braz


Capítulo 15
Capítulo 15- O PRESENTE CERTO




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CAPITULO 15- O PRESENTE CERTO

BELLA POV

Já estava há dez minutos conversando com Alice no telefone.

—Alice, quem eu devo procurar para fazer a distribuição?—Queria encerrar logo a conversa, já que ela estava relutante em me apoiar.

Ela bufou, contrariada.

—Bella, você tem certeza disso? Eu estou com medo.—Estava claro que ela não estava contente que eu estivesse indo lá, depois de tudo.

—Sim. Não vou mudar a minha vida por causa de ninguém.

Ela respirou fundo, cansada da discussão.

—Olha só, meu pai foi embora anteontem, procure-o lá, que eu vou ligar na central telefônica para ele agora à noite, avisando-o.— Disse com certo desânimo.

—Seu pai foi embora?—Perguntei surpresa.

—Sim.

—Mas ele não estava doente?

Ela sorriu.

—Bella, eu suspeito que papai nunca esteve doente. Ele só queria nos pressionar para sair das minas. Quando ele viu que eu tinha me acertado com Jasper e que estávamos encaminhados, perdeu todo aquele jeito moribundo que ele estava e decidiu voltar, como uma mula, para casa.

—Nossa, que estratégia. Os Cullen quando querem algo são capazes de qualquer coisa.—Pensei alto, com mordacidade, mas em um átimo arrependi. —Desculpe, Alice. Não quis te ofender.

—Sem problema, Bella. Mas, como estão as coisas aí?

—Do mesmo jeito. Não temos futuro juntos e ele vai perceber isso em breve.—Suspirei esperançosa. —Mas eu quero saber de você. Não quero falar de coisas ruins. Você resolveu se vai fazer recepção ou não?—

Não, Bella. Não vou fazer festa. Já nos casamos no civil e eu não pretendo fazer nada. Não conheço muitas pessoas e não quero exposição. Até por que foi muito rápido, não tivemos tempo de noivar, fazer rituais.

—Você demorou mais que eu para casar. Eu só tive duas semanas para conhecer o meu marido. Aliás, se soubesse a pessoa que ele era antes eu nunca teria feito essa sandice.—Refleti arrependida.

—Bella, não seja amarga consigo mesma. Eu mais do que ninguém sei que você o ama.

—Amar não é o mesmo que querer. Para querer é preciso suportar, e eu não suporto a presença dele.

—Tudo bem. Só o tempo para resolver. Boa sorte com a Leah.

—Até mais, Alice.

Despedimos e eu subi para o meu quarto. A noite se passou lenta, talvez porque mesmo separada do meu marido, ele dormia comigo todas as noites, logo, o lugar dele na cama estava vazio. Estar só na cama me incomodava.

Vestida como Leah, subia ladeira acima, com cuidado, em direção à mina. Ao manobrar os cavalos ao lado de uma longa e profunda erosão na estrada causada pelas chuvas recentes, pensei ter ouvido um ruído. No último verão, um gato ficara preso embaixo da lona que estava fortemente amarrada, e agora estava certa de que era isso que devia estar fazendo barulho.

Sacudi as rédeas para os cavalos e concentrei-me na subida da colina. No portão, rezei para que o gato ou os gatos ficassem quietos o tempo suficiente para que eu passasse pelos guardas. Detestaria despertar a curiosidade dos homens, a ponto de se sentirem obrigados a revistar a carroça.

Respirei aliviada, depois de passar pelos guardas e entrar no campo. Como tinha ligado pela manhã de novo para Alice a fim de saber se ela conseguiu falar com seu pai, eu sabia que Carlisle tinha voltado para a mina e estava trabalhando no turno da noite, logo estaria em sua casa quando eu chegasse com a carroça. Carlisle não sabia que eu era Bella, mas iria apresentar Leah para outra mulher, que me ajudaria na distribuição de legumes e no contrabando das mercadorias. Alice não sabia se a nova mulher conhecia ou não a minha verdadeira identidade.

Dirigi a carroça para defronte da casa dos Cullen e parei quando Carlisle saiu à porta.

—Bom dia.— Disse esforçando-me para descer meu velho e gordo corpo da carroça.

Carlisle acenou com a cabeça em minha direção, olhando-me com tanta insistência que abaixei a cabeça, fazendo com que o esfarrapado chapéu sombreasse meu rosto.

—Ouvi dizer que vai arranjar alguém para me ajudar a distribuir esta mercadoria. Agora que Alice vai ser uma dama, não acredito que possa vê-la muitas vezes.—Comecei a desamarrar um canto da lona. —Alguns gatos ficaram presos aqui e tenho que tirá-los.

Lancei um olhar para Carlisle enquanto jogava a lona para trás e pegava um repolho, pronta para fazer alarde da qualidade de meu produto. Mas quando olhei de volta para a carroça, meus joelhos falharam e agarrei-me à carroça para apoiar-me. Debaixo do repolho, estava o rosto de Edward e ele deu-me uma piscada maliciosa.

Ofeguei, e, repentinamente, Carlisle agarrou-me com uma mão e olhou ao mesmo tempo para dentro da carroça. Edward sentou-se. Os alimentos caíam pelos lados da carroça.

—Está surda, Bella? Não me ouvia te chamar? Pensei que fosse desmaiar, uma vez que não podia respirar.— Disse prendendo o riso, enquanto se levantava. —Droga, mulher! Falei para não vir às minas hoje.

Carlisle olhou bem de Edward para mim, antes de pegar o meu queixo e levantar meu rosto para a luz. Se uma pessoa soubesse, poderia ver o disfarce. Depois de anos, tornara-me perita em manter o rosto abaixado.

—Não acredito...—Carlisle murmurou. —É melhor que entrem e comecem a falar.

Edward estava ao meu lado e agarrou-me a cintura possessivamente, quase empurrando-me para dentro da pequena casa de Carlisle.

—Eu avisei a ela para não fazer isso.—Olhou para o tio. —Sabe que as senhoras de Forks estão fazendo, Carlisle? Há três ou quatro delas que se vestem assim e levam mercadorias ilegais dentro dos alimentos.— Disse com ar de criança entregando o irmão para o pai.

Ainda com a mão na minha cintura, ele se inclinou e beijou meu pescoço. —Não gosto de mulher gorda. Trate de comer menos.—Sussurrou divertido em meu ouvido. Enfim acordando do transe, livrei-me da mão de Edward em minha cintura e me afastei.

—Não é tão sério como você faz parecer.— Disse rispidamente, ajeitando os enchimentos da minha roupa. Talvez estivesse um pouco ofendida por ele ter me chamado de gorda, quando estava assim por causa da roupa. Mas ele me encarou cínico, com um sorriso, provavelmente estivesse satisfeito por ter me enganado dizendo que ia viajar e não foi.

—E o que é pior...—Continuou, fingindo que eu era uma criança e que ele era meu irmão responsável. —...Newton sabe sobre essas mulheres e pode processá-las a qualquer hora. Ele pode ter metade dos principais cidadãos na palma de sua mão, e eles nem sabem disso.

Carlisle olhou para mim durante um momento.

—Que tipo de mercadorias ilegais?—Ele tinha a postura ereta, séria. Muito diferente do Carlisle complacente que esteve em minha casa. Era simplesmente o Cullen em seu território, com um olhar inquisitório. Sabia que a situação poderia complicar para ele também, que seria considerado cúmplice.

—Pouca coisa. Remédios, livros, chá, sabão, qualquer coisa que possamos pôr dentro dos legumes. Não é como ele diz. E quanto ao Sr. Newton, uma vez que ele sabe e não fez nada a respeito, talvez esteja nos protegendo, pois viu que não interferimos em nada. Afinal, não ferimos ninguém.

—Ninguém!—Edward ofegou. —Amor...

—Não me chame de amor, porque você não ama a ninguém.

Ele parou uns segundos, me observando, para depois bufar irritado.

—Qualquer dia vou lhe explicar sobre acionistas. Se os acionistas de Newton descobrem sobre você, e como está tirando lucros de suas bocas cobiçosas, te penduram inteira. Antes de Newton dançar, usaria todas vocês, mulheres, e todos os papais e maridos palermas que pudesse para se livrar. Estou certo de que Newton adora o que estão fazendo, porque sabe que, em qualquer época que precise, ele tem poder sobre os principais cidadãos de Forks, desde que seus investidores não saibam nada a respeito.

Encarei-o.

—Você só está preocupado consigo mesmo. Só porque você chantageou alguém...—Apontei o indicador para ele e avancei em sua direção, falando entre dentes. —...Não significa que outras pessoas façam a mesma coisa. Talvez o Sr. Newton...

Parei, porque Carlisle puxou o meu braço bruscamente e estava empurrando-me para fora da porta.

—É melhor que vá cuidar de seu serviço. A mulher que vai ajudá-la mora na casa ao lado. Ela já está pronta.—Depois, fechou a porta atrás de mim. Fiquei surpresa, pois suas atitudes sempre foram passivas.

Edward POV

Ela saiu e meu tio me olhou inquiridor. Merda, agora eu que ia para cruz.

—Há quanto tempo isso está acontecendo? E o que ela faz com o dinheiro que recebe pelos alimentos?

Eu não sabia todas as respostas para as perguntas do meu tio, mas juntos conseguimos esclarecer grande parte da história. Carlisle concordava comigo sobre o motivo pelo qual Newton deixava as mulheres entrarem nos acampamentos das minas.

—Ele as destruiria em segundos. Portanto, o que planeja fazer agora? Vai deixar que continue vindo e que se arrisque a ser ferida um dia? Se os guardas descobrem que ela os fez de bobos durante esses anos, eles agirão primeiro e depois perguntarão quem a estava protegendo.—Carlisle coçou a testa, preocupado.

—Ela é teimosa. Não me obedece em nada. Merda, eu lhe disse que não viesse às minas hoje, e você viu que ela birrou e não me obedeceu. Assim que pensou que eu tinha saído, comprou uma porção de legumes para trazer.

—Ela pagou por eles?

Puxei uma cadeira e sentei-me, frustrado, passando a mão no cabelo.

—Sim. Ela tem a própria renda que o pai deixou de herança em aluguéis. O que é um inferno para mim, porque ela é completamente independente financeiramente e praticamente cospe no dinheiro que eu lhe ofereço.

—Hum, ela não se interessa pelo seu dinheiro?

—Agora não. O que ela quer é ir embora.—Suspirei. —Ela não está muito feliz comigo ultimamente, mas superará. Estou fazendo o possível.

—Se quiser falar sobre isso, eu posso escutar.— Disse Carlisle, sentando­-se em minha frente.

Eu nunca em minha vida falara com alguém sobre meus problemas pessoais, mas ultimamente as coisas estavam mudando com muita rapidez. Contara algumas coisas a Renée e agora queria contar para meu tio. Talvez o homem pudesse ajudar-me.

Falei sobre minha vida nos estábulos de Newton, e sobre o sonho de construir minha imensa casa. Carlisle assentiu compreendendo, como se o que dissera fizesse perfeitamente sentido para ele.

—O único problema foi que Bella ficou mesmo muito zangada quando contei por que me casara com ela e então resolveu ir embora. Consegui fazê-la voltar, mas ela não está muito feliz com isso.

—Você disse que planejou tê-la sentada à sua mesa, mas o que faria depois?

—Ah, eu não queria uma esposa e pensava que ela estava apaixonada por Black. Estava certo de que ela ficaria alegre de me ver pela última vez depois do jantar com Newton. Pensei em lhe dar uma caixa de jóias e ir para Nova York. Mas o pior foi que lhe dei as jóias e ela nem ao menos olhou para elas.

—Então, por que não a deixa e volta para Nova York?—Inquiriu, com a sobrancelha erguida.

Ao pensar nisso algo cortou minha espinha. Respirei fundo, levando um tempo para responder.

—Não sei, eu gosto daqui... Eu cresci aqui... Gosto das montanhas, e aqui é uma cidade com tempo bom, tem muito verde, o verão não é tão quente como em Nova York e...

—E você gosta de Bella.—Interrompeu Carlisle, sorrindo malicioso. —Vou te confessar uma coisa. Ela é uma coisinha muito linda, e eu preferia ter uma mulher como ela que o estado inteiro de Nova York.

Atentei os olhos para ele. Ele não era um homem feio, tinha aparência jovem, de no máximo 36 anos, olhos verdes. Devia ter sido alguém com muitas mulheres.

—E a mãe de Alice? Por que não se casou com ela?

—Todas as mulheres de que gostei não me queriam. A mãe de Alice a pariu e a abandonou aqui com três meses.

—Acho que acontece o mesmo comigo... Quando realmente não me importava se Bella viveria ou não comigo, e achava que qualquer outra serviria da mesma forma, ela vivia dizendo que me amava. Agora, quando vejo que não poderei viver muito bem sem ela, Bella me olha como se eu fosse um monte de estrume de cavalo.

Nós ficamos em silêncio, o ar pesado com nossos sentimentos de injustiças.

—Quer uma cachaça?

—Preciso de uma.—Respondi.

Quando Carlisle afastou-se para pegar a bebida, pela primeira vez, dei uma olhada na casa. Calculei que o lugar todo caberia em meu closet. A casa era suja, de uma forma que nenhuma limpeza pudesse remediar. Não havia luz digna de menção na sala, e o ar tinha cheiro da mais profunda pobreza.

Em cima da mesa, havia um pote de chá, duas latas de legumes e o que parecia ser um pão enrolado em um guardanapo. Eu tinha certeza de que era toda a comida que havia na casa. De repente, senti angústia e lembrei-me dos quartos sobre os estábulos onde cresci. Eu mandava meus lençóis e roupas para as lavadeiras de Newton lavarem e, quando cresci, persuadia as empregadas a limparem meus quartos. E sempre havia comida em abundância.

O que Bella trazia para os mineiros? Remédios, sabão, chá? Qualquer coisa que pudesse esconder em uma cabeça de repolho. Sentido uma dor cortante em meu peito lembrei-me que eu nunca tivera que me preocupar com comida. E onde quer que tivesse vivido, nunca morara em um lugar como aquele.

Olhando para um canto do teto, onde havia uma goteira, comecei a imaginar como minha mãe, criada com o que havia de melhor, tinha sobrevivido em uma casa como esta, enquanto estivera ali.

—Você conheceu minha mãe?—Perguntei tranqüilamente, quando Carlisle pôs um copo com bebida na mesa.

—Conheci. Você tem o olhar dela e o jeito de seu pai.—Carlisle me observava. Embora ele tivesse passado alguns dias em minha casa, eu nunca tinha olhado ou falado diretamente com ele. Éramos familiares e ao mesmo tempo desconhecidos.

Carlisle sentou-se à mesa.

—Ela morou conosco só durante alguns meses, e foi difícil para ela, mas era uma coisinha corajosa. Todos nós achávamos que Masen era o homem de mais sorte no mundo. Você devia vê-la. Trabalhava o dia todo limpando e cozinhando e, pouco antes de Masen sair de seu turno, ela se embonecava como se fosse para encontrar o presidente.—Ele sorriu.

Por um momento, olhei-o com surpresa.

—Ouvi dizer que era uma garota mimada, que desprezava todas as outras mulheres e que elas a odiavam.O rosto de Carlisle demonstrou sua raiva.

—Não sei qual foi o mentiroso que lhe contou isso. Quando Masen morreu, ela não se importou mais em viver. Disse que iria para a casa dela para ter o bebê, porque sabia que Masen queria o melhor para seu filho, e queria compartilhar o bebê com seu pai. Aquele estúpido! Depois soubemos que Elizabeth e o bebê tinham morrido e que seu pai se suicidara de desgosto. Fiquei satisfeito porque os últimos momentos de Elizabeth tinham sido felizes. Seu pai a tinha aceitado de volta. Nenhum de nós sabia de você, ou que Elizabeth tinha se matado. Soubemos muitos anos mais tarde.

Quis perguntar por que Carlisle não fizera nada quando descobrira, mas me contive. Disse Bella que dinheiro dá poder a um homem. O que poderia qualquer um dos Cullen fazer quando mal conseguiam ganhar para viver? E, além disso, eu não tinha me saído tão mal assim, sozinho.

—Eu estava pensando...— Disse olhando para minha caneca. —Você e eu viemos de um mau começo e estava imaginando se há alguma coisa que eu pudesse fazer para ajudar...—Nem bem acabei de falar já sabia que não devia ter dito aquelas palavras. Bella dizia que eu usava o dinheiro e usava as pessoas.

Olhei para meu tio e vi que ele se mantinha estático, aguardando que eu terminasse a sentença.

—Emmett gosta muito de jogar beisebol, assim como Tony. Eu nunca mais os vi, por isso estive pensando que talvez pudesse começar um time de beisebol, com os garotos daqui. Eu compraria todo o equipamento, claro.Carlisle relaxou nitidamente.

—Os garotos gostam disso. Talvez você possa vir no domingo pela manhã, quando eles não estão na mina. Acha que Newton concordará?

—Acho que sim.— Disse, terminando minha dose. —É melhor ir procurar minha esposa. Do modo como ela se sente em relação a mim agora, ela poderia deixar-me aqui.—Levantei-me.

—Deixe que eu a encontre. Você deve voltar escondido no fundo da carroça. Se os guardas o virem sair sem tê-lo visto entrar, ficarão com suspeitas e, então, as outras senhoras que dirigem carroças poderão ter problemas.—Carlisle levantou-se.

Concordei. Não gostava da idéia, mas sabia que era sensato.

—Edward.—Levantei o olhar. —Se pudesse dar-lhe algum conselho sobre Bella, seria para que fosse paciente com ela. As mulheres têm idéias estranhas sobre as coisas, que os homens nem podem imaginar. Tente cortejá-la. Você fez alguma coisa que a conquistou uma primeira vez, assim talvez possa repetir, se tentar cortejá-la outra vez.—Carlisle estava perto da porta.

—Ela não gosta muito de presentes.—Murmurei.

—Talvez não esteja lhe dando os presentes certos. Certa vez, uma garota estava louca mesmo por mim, e o que fez com que ela se rendesse foi um cachorrinho que lhe dei. Era só um pequeno vira-lata, mas ela adorou-o. Ela ficou mesmo muito agradecida, sei que você sabe o que quero dizer.—Com um sorriso e uma piscada, Carlisle saiu da cabana.

Bella POV

Durante todo o caminho de volta, esperava pela explosão de Edward, mas ela não aconteceu. Ele subira no banco da carroça comigo, assim que ficamos fora da vista dos guardas, e, apesar de não ter lhe dito uma única palavra, ele conversara sobre a paisagem e um pouco sobre seus negócios. Às vezes, eu me sentia tentada a responder, mas decidida, me refreava. A raiva que tinha dele era muito profunda, e não podia abrandá-la agora. Logo ele perceberia que eu nunca mais poderia amá-lo, e teria que libertar-me.

Em casa, ele disse boa-noite, polidamente, e foi para o escritório. Mais tarde o senti me abraçando na cama e me aconchegando ao seu peito.

O dia seguinte se passou calmo e em nenhum momento ele conversou mais sobre a minha teima em ter ido à mina. No fim da tarde Rosalie apareceu em nossa casa. Trouxe o menino para ver Edward e ficou na sala de estar comigo. Ela conversou assuntos concernentes a revista, para finalmente chegar ao objetivo que eu suspeitava ser o de sua visita.

—Você falou aquilo para ele?—Rosalie perguntou apreensiva.

Balancei a cabeça em negativa.

—Eu troquei com ele, no máximo, meia dúzia de frases desde que voltei. Se depender de mim ele nunca saberá.—Dei de ombros.

—Eu não sei como falar para Anthony. Vai ser muita confusão na cabeça do menino. Primeiro o velho que ele pensava ser o pai, morreu, e eu disse que não era. Depois lhe apresentei um suposto pai, e agora tenho que dizer que não é.

—Não diga, por enquanto.—Interrompi. —Se você falar agora corre o risco dele, além de desforrar seu pai, se vingar do menino também por não ser pai dele, deixando todos vocês sem nada. Portanto, não diga.— Disse suavemente, notando em seguida os olhos espantados de Rosalie fixados em algum lugar atrás de mim.

Acompanhei o seu olhar, virando o pescoço, e deparei-me com Edward atrás de nós, debaixo do umbral da porta, em frente à entrada lateral da sala.

—O que eu ouvi não pode ser verdade.—Ele disse com a voz baixa, longe do seu comum, olhando ameaçador para Rosalie. O olhar de espanto de Rosalie a delatava, então ele concluiu ser verdade. —Vadia!! Tinha que ser dessa família.—Aproximou-se e aumentou o tom. —Só podia ter o sangue do usurpador, mentiroso!—Vociferou.

Encostei-me mais ao sofá, impassível, completamente calma, pois já tinha assistido a uma discussão de Newtons tempos atrás, logo, sabia o que aconteceria. Eles agora iam se lançar mil palavras de ofensa, então eu só podia esperar.

Ela segurou o olhar, crescendo em seu semblante seu temperamento agressivo.

—Quem é você para falar de alguém aqui, seu ordinário, repugnante!—Ela levantou-se e caminhou em direção a ele, apontando o dedo indicador em sua direção. —Dou graças a Deus em saber que o meu filho não tem nada dessa pessoa mesquinha, medíocre que é você! Você vai terminar sua vida sozinho, Edward Cullen. Você pode ter dinheiro, mas vai ser sempre um meão insignificante.—Encostou o dedo em seu peito, desafiadora.

—Fora da minha casa, vagabunda! Pega esse seu bastardinho de merda e vá para o inferno você e ele!!

Inesperadamente, ela deu um tapa no rosto dele.

—Não o chame assim!!!—Gritou descontrolada, enquanto ele passava a mão no rosto, com os dentes trincados. Continuei indiferente, sentada em minha poltrona. —Não chame ele de bastardo, porque ele teve pai. Se algum dia eu tive a infantilidade de querer que ele fosse seu filho, me arrependo amargamente. Pois o asno que você é não é um exemplo para ninguém.

—Fora, vadia!! Mercenária fingida!!!—Ele não tinha mais um pingo de controle, então fiquei mais tensa na poltrona, preocupada se ele teria coragem de esbofeteá-la também, já que ela o estava atingindo de todos os lados. —Você estava era interessada em apossar-se dos meus bens, meretriz dissimulada!

Eles pareciam cães raivosos, rosnando, prontos para o ataque.

—Pra você todos querem isso, Edward.—Ela encarou-o desafiadora. —Tenho pena dessa mulher que é obrigada a viver com um monstro, desprezível e sem coração como você.— Disse apontando em minha direção. —Seria melhor que você fosse para o maldito lugar de onde veio e deixasse Forks em paz. Você não era para existir. Devia ter morrido junto com a miserável de sua mãe que só veio ao mundo para infernizar a vida do meu pai. A desgraçada morreu, mas deixou o demônio em pessoa para nos atormentar.—gritou. No momento ela que ela proferiu essas palavras, levantei e me pus, rápido, entre eles, pois o rosto dele ficou vermelho, ele fechou as mãos em punho e eu vi seu semblante transformar.

—Vá, Rosalie.—Empurrei-a, segurando em seu braço. Mas ela estava relutante, xingando-o, provocando.

—Você não merece nada, Edward Cullen!! Não adianta ser rico, vai ser pra sempre um miserável dos quintos dos infernos. A sua alma é de porco.—Vociferava descontrolada enquanto eu a empurrava para a lateral.

—Rosalie.—Balancei-a pelos ombros, logo que chegamos ao jardim. —Pára, chega.

Ela estava com o rosto vermelho, os cabelos desalinhados, os olhos arregalados de descontrole.

—Eu o odeio, Bella. Ele não respeita ninguém. Agora a pouco estava brincando com o meu filho depois chama ele de bastardo. Que culpa tem o garoto de eu ter inventado tudo isso?—Ela chorava e eu a abracei. —Ele podia falar o que quisesse comigo, mas o garoto não tinha culpa.

Eu tinha todos os motivos para censurar Rosalie, mas pensei: quem não tivesse feito algo errado por amor, que atirasse a primeira pedra. Eu mesma tinha feito algo errado por Edward. Se tivesse aberto meus olhos antes, e visto que ele era realmente um insensível, hoje não seria obrigada a ser sua prisioneira na mansão que eu tanto admirava.

—Vou pedir que o empregado busque o garoto no estábulo. Não fale para o menino ainda. Espere um tempo para lhe contar a história.

Depois que ela partiu sem deixar que o garoto entrasse para se despedir daquele que ele acreditava ser seu pai, suspirei e entrei, preparada para a tempestade que se iniciaria. Serena, entrei na sala, notando que ele não estava. Decidida a não enfrentá-lo no momento, resolvi subir para os meus aposentos.

—Isabella?—Chamou-me quando alcancei o topo da escada.

—Sim, senhor.— Disse suavemente.

—Vai voltar a me chamar de senhor agora?—Sua voz explicitava impaciência e fúria, mas eu não ia deixar de provocá-lo.

—Uma vez que sou sua propriedade, devo chamá-lo assim. Ou prefere que eu o chame de meu mestre?—Não deixei a pergunta soar irônica, pelo contrário, tentei transformar em uma pergunta casual com todo o ar inocente que eu pude reunir.

Ele bufou ranzinza e subiu as escadas.

—Você estava mancomunada com ela a fim de me dar um golpe?—Ele segurou-me pelos ombros, mas suas palavras estavam em tom calmo. Encarei-o, a fúria queimando em meu interior, mas lutei, firmemente, para manter a minha expressão o mais inatingível possível.

—Eu não faria isso. Pelo contrário, acho bom que ele não seja seu filho para que você tenha menos amarras aqui e vá embora o mais rápido possível.—Ele se enrijeceu, como se estivesse recebendo estocadas com as minhas palavras e soltou o meu ombro. Girei nos pés e fui para o meu quarto.

Entrei, parei em frente à penteadeira e soltei os cabelos.

—Eu não entendo o porquê...—Murmurou, vencido, por trás de mim, só então notei que ele estava em meu quarto. Fiquei um tempo ignorando-o, observando seu semblante nervoso pelo espelho. Só depois dele ter respirando fundo várias vezes, mostrando sua tensão, resolvi responder.

—Vai ser melhor para você. Ele, assim como eu, só te atrapalhava e tomava o seu tempo. Vai ser menos um para você dividir a sua fortuna.— Disse serena, passando a escova calmamente nos cabelos. —Você devia aproveitar o ensejo, livrar-se de mim também e ir embora.—Tentei outra vez.

Ele esfregou a nuca e olhou para cima, buscando controle.

—Amor, pára de me atacar.

—Eu não sou seu amor, Sr. Edward Cullen.—objetei suavemente, mas foi inevitável não destilar o meu ódio. —Você não ama a ninguém, a não ser a si mesmo.

—Pelo menos uma vez, ajuda... Eu quero entender por que ela fez isso.— Disse calmo, ignorando minhas alfinetadas.

Respirei fundo, tentando esquecer tudo, momentaneamente, e ser uma pessoa prestativa.

—Não foi por interesse ou vingança.—Murmurei neutra. —Ela tinha a ilusão de que você seria um bom pai.

—Mas... Eu estava gostando da idéia de ser pai...—Lamentou, e pelo espelho pude vê-lo sentado na cama, com a cabeça nas mãos.

—Pois então fique com este que já é crescido e não lhe dará trabalho como as insuportáveis crianças que você disse que não gostava. Até por que, se depender da mulher que o senhor mantém cativa, nunca terá filhos.

Ele ficou em pé, olhando, malicioso, em minha direção.

—Veremos se eu não terei.

—Ah, é, esqueci que o senhor não respeita a vontade de ninguém. Mas eu me precavi contra o senhor. Mesmo que um dia venha a me possuir contra a minha vontade e aceitação, eu uso métodos para nunca dar porvir a sua semente.—Provoquei, lembrando que desde que me separei dele não tinha ido ver minha mãe para que ela me preparasse suas ervas anticonceptivas.

—Desisto, Bella. Já agüentei demais.—Girou nos pés, irritado.

—Se desiste, então me liberte!—Alterei o tom e, bufando, ele saiu do quarto, então, como há muito eu não fazia, chorei. Chorei por estar cada vez mais me transformando em um ser sem vida, sem coração. Chorei pela minha vida, que estava se tornando exatamente no que Annebell tinha dito que era: fria, gelada, e no momento minha vontade era exatamente não viver, de tanta infelicidade. Eu não conseguia acreditar que ele mudaria ou que me libertaria, logo estava perdendo a alegria de viver a cada minuto.

Pedi que Susan preparasse um banho, em seguida passei uma hora na banheira, deixando que as lágrimas insistentes caíssem durante o banho. Eu o odiava por ele ser tão somítico, vingativo, mas ao mesmo tempo um sentimento inaceitável de pena estava ameaçando brotar em meu coração, e eu estava me odiando por essa fraqueza. Ele não merecia minha compaixão. Ele escolheu ser assim, e não estava disposto a mudar.

Mais tarde, depois de estar em sono profundo, acordei com ele me apertando em seu peito.

—Você é minha. Eu não vou deixar você ir.—Sussurrou, confirmando que se sentia meu dono. —Eu não me importo que você finja que eu sou um lodo... Eu quero você mesmo assim.—Pôs sua perna em cima de mim, possessivamente. —Eu queria que você visse que existem dois lados da história, queria que você se pusesse, por um instante, em meu lugar...—Respirou fundo em meu pescoço, e eu fingia que dormia. —Sinto sua falta.—Apertou-me, em seguida dormiu. Ofeguei, mas não ousei me mexer. Dormi quase sufocada em seu abraço de ferro.

No dia seguinte, ele veio até a sala de estar, na hora do almoço, e, sem uma palavra, pegou-me a mão e levou-me pelas escadas abaixo, até a cozinha, onde apanhou uma cesta com Esme e lhe deu um beijo, contente, na testa. Sempre segurando minha mão, levou-me pelos caminhos do jardim até o fundo, junto à estátua, onde certa vez fizemos amor.

Permaneci parada, com o olhar vazio, enquanto ele estendia o pano e organizava as comidas. Ele teve que puxar-me para me sentar no pano. Durante toda a refeição que eu mal ousei tocar, Edward conversou. Contou-me mais sobre seus negócios, dizendo como era difícil não ter Jasper para ajudá-lo. Disse, sorrindo, que agora estava precisando tanto de ajuda que iria desviar Esme de sua chefia na cozinha e iria colocá-la para ligar e agendar seus compromissos, além de lhe ensinar sobre seus negócios. Disse que Emmett tinha futuro nos negócios dele, caso o garoto ainda quisesse. Eu não respondia a nada que ele dizia, mas meu silêncio não parecia aborrecê-lo. Quando terminamos de comer, Edward virou-se, pôs sua cabeça no meu colo e continuou conversando. Contou-me ter conversado sobre sua mãe com Carlisle. Contou-me como a casa de Carlisle estava suja e como era diferente dos seus quartos de infância.

—Você acredita que há algo que eu possa fazer para tirar tio Carlisle definitivamente das minas? Sei que ele só saiu aqueles dias para pressionar minha prima a sair de lá. Porém, ele já não é um jovem para ficar lá, e eu gostaria de poder fazer alguma coisa.—comentou. Nunca ouvi tal pergunta feita por Edward, também nunca o ouvi chamar Carlisle de tio. Não falei nada por um momento, mas sua pergunta merecia que eu saísse da inércia.

—Não pode oferecer-lhe um emprego.—Sussurrei, contendo minha vontade de acariciar seu cabelo. —Porque ele pensaria que é caridade.—Saiu baixa e automática minha voz.

Ele franziu o cenho e começou a brincar com uns fios soltos do meu cabelo. —Foi o que pensei. Não sei o que fazer. Se você tiver alguma idéia me dirá?—Falou como um menininho fazendo uma troca.

—Sim.— Disse com hesitação, e em minha lembrança veio à imagem de Carlisle com Esme. Eles formavam um par admirável.

—Agora tenho que voltar para o trabalho.— Disse, sentando-se. Hesitante, ele se inclinou em minha direção e enlaçou os dedos em meus cabelos, massageando a nuca.—Quando minha esposa voltará?—Encostou os nossos rostos de lado, ainda acariciando minha nuca. Fitei o chão, apreensiva com seu próximo ato, e espantei-me quando ele encostou os lábios gentilmente nos meus com selinhos doces, então soltou meus cabelos dos grampos. —Sinto falta de quando você andava com os cabelos soltos pela casa.—Pegou uma as mechas e cheirou. —Por que não fica aqui e aproveita o jardim?— Disse roçando, suave, meus lábios, os olhos intensos em mim.

Assenti, balançando a cabeça em afirmativa e, depois de um último beijo, ele se levantou.

Ele deixou-me sozinha e vagueei por lá, olhando as plantas. No jardim das rosas, peguei emprestado um par de tesouras de podar de um jardineiro e cortei alguns botões. Foi a primeira vez, desde que voltara, que fazia alguma coisa que não era absolutamente necessária.

—Só porque o dono é horrível, não há razão para detestar a casa.— Disse para mim mesma, justificando-me por estar levando rosas para dentro.

Quando Edward veio jantar, a casa estava cheia de flores recentemente cortadas, e ele apenas sorriu para mim durante toda a refeição. No dia seguinte, Annebell apareceu para lanchar e falou sobre seu trabalho na clínica. Depois, perguntou se eu estava bem. Por algum motivo, Annebell parecia não mais odiar Edward.

—As coisas não melhoraram muito.— Disse, brincando com a comida. —E você?—Queria desviar o assunto.

Annebell hesitou:

—Jake superará isso, tenho certeza.

—Superará o quê?—Ele está um pouco zangado comigo, no momento. Fui escondida para o clube de homens, vestida de homem. Só para ver o que eles tanto faziam por lá. Mas falemos sobre você.

—Falemos sobre a revista. Tenho dois novos artigos para você.

Edward POV

No domingo, acordei Bella cedo e joguei na cama um vestido de tecido leve e enfeitado.

—Vista-se o mais rápido que puder.—Ordenei antes de sair do quarto.

Minutos mais tarde, voltei usando calça de brim preta, camisa branca e suspensório. Parei um momento, vendo Bella com o robe aberto e sua roupa de baixo a mostra, o apertado espartilho empurrando os seios para cima da combinação rendada, as pernas em parte cobertas pelas meias de seda preta e pelos sapatos de salto alto.

Olhei-a por uns minutos, sentindo minhas vistas nublarem de saudade. Ela me olhou fria, com a sobrancelha arqueada, então respirei fundo e em seguida saí, tendo certeza que não conseguiria resistir.

Não contei a ela onde estávamos indo quando levantei-a e coloquei-a dentro do carro. Ela também não perguntou para onde nos dirigíamos, mas pelo canto do olho a vi surpresa quando virei em direção a estrada para a mina Rosalie.

Os guardas deixaram-nos entrar sem fazer perguntas e, depois de passarmos o portão, as pessoas saíram das casas e começaram a seguir-nos. Bella começou a abanar a mão para algumas mulheres que provavelmente conhecia.

—Elas não a reconhecem quando está sem o disfarce.—Avisei, seguindo adiante.

Ela não parava de olhar em volta, enquanto mais e mais pessoas começaram a seguir-nos. Havia enormes sorrisos nos rostos das crianças.

—O que foi que você fez?—Sussurrou, desconfiada.

—Lá.—Respondi, apontando. Na nossa frente, ao fundo, estava a única área aberta do campo, a boca da mina. No centro do campo sujo, havia engradados de madeira.

Parei o carro, depois ajudei Bella a descer. Quando estávamos dentro do círculo de pessoas que tinham se reunido ao redor das caixas, sorri e disse bem alto: —É de vocês, meninos.

Enquanto Bella olhava os meninos arrebentarem as caixas, Carlisle surgiu atrás de nós.

—As caixas chegaram há dois dias e não pensei que se importasse se eu lhes contasse o que havia dentro. Desde então, eles têm dançado em volta e ficaram nervosos de excitação.— Disse Carlisle ao colocar a mão no meu ombro.

Sorri e percebi os olhos de Bella em direção a mão de Carlisle, antes dela voltar-se para ver o que os meninos encontravam nas caixas. Eles tiravam equipamentos de beisebol: uniformes, bastões, luvas, bolas, máscaras para pegadores.

Virei-me para Bella, em expectativa. Certamente ela sabia que isso era por ela. Ela olhou, compenetrada, o círculo de pais que olhavam para seus filhos com sorrisos.

—E o que mandou para as meninas?—Perguntou com altivez, sem olhar em minha direção.

—Meninas?—Perguntei espantado. —Meninas não podem jogar beisebol?

—Não. É tênis, arco e flecha, bicicletas, ginástica, esgrima.—Respondeu seria.

—Esgrima?—Olhei-a indignado. —Acho que ninguém consegue agradá-la, não é Esposa de Gelo? Ninguém está à altura de seus padrões, não é?—Perguntei antes de ir em direção aos meninos, que estavam balançando bastões e jogando bolas no ar.

Bella POV

Afastei-me da multidão, caminhando um pouco para longe. Talvez tivesse sido dura demais com ele. Talvez devesse ter dito alguma coisa agradável sobre sua tentativa de ajudar os meninos. É lógico que eu sei que ele queria me impressionar, e eu poderia ter sido melhor. O que sempre quisera que acontecesse aconteceu, e, quando aconteceu, era ingrata.

Pelo menos eu podia melhorar o dia, em vez de ficar emburrada em um canto.

Dei uns passos para frente e conversei com uma menininha, começando a explicar algumas das regras do beisebol. Em poucos minutos, tinha uma multidão em minha volta, de mulheres e meninas, e mesmo alguns homens que nunca tinham assistido ao jogo antes. Quando Edward e Carlisle organizaram os meninos em times, comecei uma torcida para aplaudir o progresso dos meninos, não importando o quanto eram despreparados.

Duas horas depois, uma carroça de quatro cavalos chegou em disparada. Todos ficaram em silêncio, pensando que aquilo pudesse significar um desastre. O condutor, rosto vermelho e suado, era o Sr. Vaughn, que tinha a loja de artigos de esporte.

—Cullen!—Gritou para Edward, enquanto controlava os cavalos. —Esta é a última vez que cumpro um pedido como este para você. Não me importo que compre minha loja toda. Eu não trabalho nos domingos, para ninguém.

—Trouxe tudo?—Perguntou Edward, dirigindo-se para a parte de trás da carroça, que estava coberta com lona. —E pare de se queixar. Com os preços que lhe paguei nos últimos meses, eu sou o dono de sua loja.

O povo riu, apreciando o poder que o dinheiro dá a um homem de dizer o que quer para qualquer um. Mas eu estava olhando o que havia na carroça.

—Bem, olhe para isto.— Disse Edward para mim, tirando uma raquete de tênis. —Não creio que possamos jogar beisebol com isto.—Virou-se para uma menininha ao seu lado. —Talvez você possa usá-la.

A criança pegou a raquete, mas não se moveu.

—O que é isto?—Murmurou.

Edward apontou para mim.

—Vê aquela senhora lá? Ela pode lhe mostrar como usá-la.—Sem ação, olhei meu marido, e foi como se o tivesse visto pela primeira vez em tempos. Com seus cabelos vermelhos ao sol, sua roupa colada, seu corpo forte e os olhos verdes brilhantes, ele era um errôneo deus particular que me fascinava. Ofeguei, e só então eu me dei conta que ainda era apaixonada por ele. Não adiantou ter passado dias me sufocando e matando aos poucos meus sentimentos, pois eu o amava com seus erros e não estava viva sem ele. Ainda que eu o tratasse friamente, esperava, ansiosa, o momento em que ele vinha tirar o gelo do meu corpo nas madrugadas em que me aconchegava em seu peito. Encarei-o, com esperança brotando no coração, e ele sorriu para mim, com a raquete na mão. Fazia tempo que eu não enxergava, ou não queria ver o meu garoto. Suspirei, caminhei em direção a ele e parei em sua frente. Balancei a cabeça em negativa, sorri e pus as mãos em seu pescoço, olhando enternecida em seus olhos.

—Me perdoe.—Ele sussurrou e no mesmo instante encostei meus lábios nos dele. Este era o homem que eu sabia que existia dentro dele. Eu não me importava com os motivos de sua atitude, o que me importava era que ele estava tendo alguma mudança. Ele enlaçou minha cintura quando o beijei, e o beijo que era para ser doce, deixou-o faminto ao ponto de ter que empurrá-lo. As pessoas bateram palmas e ele me abraçou.

—O gelo está derretendo?—Perguntou em meu ouvido e eu sorri, dando mais um beijinho doce em seus lábios. —Acho que finalmente encontrei o presente certo.—Ele disse para alguém, por sobre o meu ombro, enquanto me abraçava.

Quando afastei-me dele, ouvi Carlisle rir. Durante o resto da tarde, não tive muito tempo para pensar, pois enquanto Edward e Carlisle jogavam com os meninos, organizei jogos de tênis e mostrei às meninas como usar o equipamento de arco e flecha. Havia bolas, bambolês, cordas de pular, caixas de surpresa, bonecas. Estive muito ocupada, tentando distribuir os presentes corretamente, e as mães ajudaram-me a acalmar as meninas que brigavam pelos brinquedos.

Antes que percebesse, já era tarde, e Edward veio até mim e pôs os braços em meus ombros. Ao olhá-lo, ver suas bochechas vermelhas do sol, vi quanta saudade eu estava dele, tendo certeza do quanto o amava. Talvez ele não fosse o homem que pensei que fosse, talvez ele fosse capaz de viver a vida com um único objetivo de vingança, e quem sabe hoje fosse só uma demonstração de seu ódio por Joseph Newton, mas no momento eu não me importava. Eu prometi amá-lo nas boas e más ocasiões, e sua obsessão com a vingança era parte das más ocasiões. Ao olhá-lo, soube que sempre, sempre o amara, não importando o que ele tivesse feito, não importando que horríveis motivos o levaram a fazer as coisas que fez. Eu ficaria ao seu lado e o amaria mesmo que ele tomasse tudo que Newton possuía.

—Está pronta para voltar para casa, lindona?—Sua voz saiu carregada de sentimentos.

—Sim.—A resposta veio do fundo de meu coração.

Edward não me olhou quando deixamos o campo das minas e passamos pelos guardas mal-humorados. Ele segurava firmemente o volante e mantinha os olhos na estrada à frente.

Eu não tirava os olhos dele, pensando como eu podia ter tão pouco orgulho a ponto de continuar apaixonada por um homem que me usara. Mas ao olhá-lo sabia que não podia evitar o que sentia. Ele era tudo que me completava. Éramos exatamente a dama e o cavalariço, dotados de sentimentos e atitudes ambíguas, mas que nos atraem e nos torna dependentes um do outro. De alguma maneira ele depende de mim, e eu dependo de sua vitalidade para me manter viva.

Ao pé da montanha, um pouco antes de o atalho dar na estrada principal, Edward parou o carro. O sol estava se pondo e uma luta de tons rosa e laranja incendiavam o horizonte. O ar da montanha tornava-se ainda mais frio, e a estrada estava aos poucos se tornando sombreada pela montanha.

—Por que estamos parando?—Perguntei, enquanto Edward vinha a meu encontro e estendia os braços para mim.

—Porque não creio que possa esperar mais tempo para fazer amor com você.— Disse, carregando-me nos braços.

—Edward...—Comecei a protestar. —Não podemos parar aqui. Pode aparecer alguém.

Não disse mais nada porque ele me colocou em pé no chão e estava me abraçando forte, trazendo-me cada vez mais junto dele, suas mãos começando a acariciar-me as costas.

—Não me deixe mais. Eu não sei se sei viver longe de você.— Disse com muita emoção na voz, afagando minha nuca com muita gentileza. Ele beijou minhas pálpebras, minha bochecha, ternamente, ainda me apertando muito, com a respiração afetada. Senti-me ferver com todo amor aprisionado durante as últimas semanas.

Ele afastou-se um pouco e tocou as costas das mãos no meu rosto com afabilidade. —Senti falta sua, lindona. Senti muita falta sua.—Murmurou.

Seus lábios deslizaram gentilmente nos meus, um beijo calmo, mas a saudade inflamava em minhas veias e um beijo gentil não era a minha intenção. Eu queria o meu marido quente, impaciente, fogo. Ele soltou-se de meu beijo sedento e sorriu, vendo claramente a extensão do arrebatamento e desejo que havia em meu rosto. Com um ar de firmeza, afastou-se de mim, foi ao fundo do carro e pegou um tapete que cobria o assoalho. Depois de estendê-lo no chão, atrás da privacidade de pinheiros e moitas, ergueu a mão para mim. Lentamente, andei em sua direção, olhando-o sem conseguir pensar em nada, a não ser na saudade que me tomava.

—Há muito tempo que penso nisso.— Disse com carinho. As mãos dele tremiam quando começou a despir-me, desabotoando um a um, com muito vagar, os pequenos botões do vestido, no instante que fitava meu rosto. Eu não conseguia dizer nada. Meu coração queria sair pela boca de ansiedade e excitação que aos poucos sua mão distribuía em minhas costas.

A fraca luminosidade do anoitecer o fazia parecer um menino, o meu menino despreocupado, com suas feições leves. —Uma vez, você perguntou-me sobre outras mulheres...— Disse passando a língua languidamente atrás da minha orelha. —Não creio que ao menos pensasse em outra mulher...—Sugou o lóbulo e eu ofeguei, quando suas mãos desceram meu vestido, em seguida, direcionou ao meu espartilho, para soltar. —...Depois de ter estado na cama com você. Na verdade...—Suas mãos deslizaram em minhas costas, apertando, enquanto sua voz saia grossa, urgente. —Não acredito que algum dia ao menos consiga olhar para outra mulher, depois de ter tido você em minha cama.—Desabotoei sua camisa e passei a mão em seu abdômen e peito, fazendo com que sua blusa caísse. Ele respirou fundo. —...E, pior que tudo isso, tenho certeza de nunca me abri com uma pessoa como com você nos últimos meses.—Ofegou e espalmou meus seios. —Você é uma dama ou uma bruxa?—Enquanto a mão dele insinuava-se em meu corpo, tocando minha pele preguiçosamente, enviando o calor de seu toque por todo o meu corpo, pus os braços à volta do pescoço dele, pressionando os lábios nos dele.

—Eu sou uma bruxa que está apaixonada por você.

Edward prendeu-me junto a si, tão forte, que senti as minhas costelas se deslocarem, e somente um gemido de protesto fez com que ele afrouxasse o abraço. Não houve mais conversa quando Edward atacou-me com todo o desejo reprimido que tinha guardado. E eu correspondia da mesma maneira. Não havia mais gentileza quando sua boca prendeu com avidez meus lábios e sua língua deslizou em minha boca. Eu estava tão ansiosa por ele como ele estava por mim, então me apertava a ele e sugava seus lábios sequiosamente. Meu corpo derretia-se, minhas curvas se amoldavam aos duros contornos do corpo dele. Com sofreguidão, ambos desfizemos das últimas peças um do outro, e no ar calmo da noite ouvia-se às vezes o som de tecidos se rasgando, quando um botão relutante recusava-se a passar pela casa.

Nem tive tempo de tirar as meias e os sapatos e já estava derruída no chão, com Edward sobre mim, a boca ávida correndo por meu pescoço e seios. Arfando, enterrei as unhas em sua carne e mostrei minha impaciência para tornarmos um só. Mais que rapidamente ele obedeceu-me, olhou em meus olhos e penetrou-me, deslizando em meu corpo. Gemi, o apertando com saudade. Ele grunhiu, ao ter me preenchido completamente e moveu-se, sorrindo, jogando a cabeça para trás. Estava tudo tão quente, tão intenso, era um desejo tão arrebatador que eu o incentivava com arquejos, pedindo por mais, querendo-o a cada minuto mais dentro de mim.

—Senti sua falta. Eu não me importo se...—Ataquei seus lábios com beijos quentes, antes que ele falasse algo que me magoaria. Ele entendeu minha urgência, apertou meu quadril e meneou, no mesmo instante que gemia em minha boca. Seus olhos fixaram-se nos meus, e um sorriso brincava em seu rosto à medida que ele me fazia subir, subir a um caminho que há tempos eu não sentia.

Quando comecei a abrir a boca, sentindo tremor em minhas pernas, Edward calou-me com um beijo, erguendo minhas pernas para sua cintura.

—Se gritar aqui, esposa de Gelo, teremos alguns visitantes indesejados.—Resfolegou.

Eu não tinha idéia do que ele estava falando nem queria perder tempo procurando saber. A todo instante, Edward apertava minha boca e eu sugava sua língua com fome, ouvindo, contente, seus gemidos de entrega.

Eu não tinha idéia de quanto tempo ficamos lá, porque meus pensamentos estavam ocupados com o corpo de Edward. Às vezes, eu estava em cima dele, às vezes debaixo, às vezes ao lado. Meu cabelo grudava­-se ao rosto suado e caía pelas costas. Eu sentia-me unida à pele de Edward, quente, úmida, tocante, pele deliciosa; era minha, para provar e tocar. Meus desejos há tanto tempo guardados e a possibilidade de perder o homem quente que amava, tornavam-me insaciável. Nós atingimos o prazer, juntos, no momento final, paralisante.

Dormimos uns poucos minutos, abraçados, nossos corpos fundidos. Depois de algum tempo, Edward levantou-se, puxou as roupas sobre nós e ajeitou a jaqueta sobre o meu corpo despido. Ele olhou-me por um momento, beijou minha testa, e arrumou meu cabelo.

—Quem pensaria que uma dama como você...

—Faria sexo selvagem na beira da estrada.—Completei, o corpo lânguido sob o dele. Ele sorriu e ajeitou-se, puxando-me para descansar em seu ombro.

Acordei uma hora mais tarde, com a mão de Edward subindo e descendo pelo meu corpo, o polegar brincando com o bico rosado de meu seio. Sorri para ele de uma maneira apaixonada.

—Tenho tudo que um homem pode pedir. Tenho uma mulher nua em meus braços e ela sorri para mim.—Pôs sua enorme coxa entre as minhas. —Ei, senhora, quer ir para a cama com um cavalariço tosco?

Brincando, resvalei meus quadris contra os dele.

—Só se ele for muito gentil e não me assustar com seus modos bárbaros.

Edward deu um grunhido e inclinou-se, mordiscando-me o mamilo.

—Quando um homem quer alguma coisa, ele usa uma espingarda ou uma faca. Mas você, lindona, as armas que usa assustam até a morte.

—Você parece aterrorizado.— Disse, tomando o lóbulo da orelha dele entre meus dentes.

Desta vez, fizemos amor lentamente, sem nos sentirmos frenéticos ou precipitados. Quando terminamos, ficamos deitados tranqüilos, nos braços um do outro, e dormimos. Lá pelo meio da noite, Edward levantou-­se e enfiou o carro por entre as árvores, quando, sonolenta, perguntei o que ele fazia.

—Quero dormir no relento com você. Uma vez cavalariço, sempre cavalariço.—E voltou para o tapete que era a nossa cama.

Antes do sol nascer, mexemos, acordamos e começamos a conversar. Edward estava deitado de costas, eu enrolada em cima dele. Falamos sobre o prazer que ele tivera ao ver as crianças com os brinquedos que ele lhes dera.

—Eu não lembro de já ter sentido tanta satisfação em dar algo para alguém como eu tive ao dar brinquedos para eles. Por que alguns dos meninos parecem-se com guaxinins?

Levou um tempo para que entendesse o que ele queria dizer.

—Eles trabalham nas minas e ainda não aprenderam como lavar a poeira de seus olhos.

—Mas alguns daqueles meninos ainda são bebês, ou pelo menos não muito mais velhos que Anthony. Eles não podem...

—Podem.—Respondi, e ficamos em silêncio durante um momento. —Sabe de uma coisa que eu gostaria de fazer por todas as minas e pela reserva?

—O que é?

—Gostaria de comprar umas quatro carroças, algo assim como uma grande carroça de leite, mas dentro haveria estantes de livros, e as carroças andariam por todos os campos e seria uma biblioteca circulante grátis. Os cocheiros poderiam também ser bibliotecários ou professores, e ajudariam as crianças, e os adultos também, a escolherem livros.

—Por que não contratamos homens para dirigir as carroças?—Perguntou Edward, com um brilho nos olhos.

—Então, você gosta da idéia?—Levantei o tronco, olhando para ele.

—Me parece ótima, e algumas poucas carroças têm que ser mais baratas do que aquele trem que comprei para sua mãe. A propósito, como está ela se arrumando com aquela coisa?

Sorri para ele na claridade que aumentava.

—Ela disse que foi você que deu-lhe a idéia. Fez com que fosse levado para o quintal e, agora, usa-o como seu refúgio pessoal. Ouvi dizer que o Sr. Swan estava tão chateado que não estão se falando.

Quando o sol iluminou o céu, Edward disse que devíamos voltar para casa, antes que o tráfego matinal começasse. Durante todo o caminho, sentei-me perto dele e, diversas vezes, ele parou para beijar-me. Eu dizia para mim mesma que não me preocupava com os Newton e que amaria Edward sem me importar com o que havia feito para conseguir sua vingança.

Em casa, pela primeira vez tomamos banho juntos na minha grande banheira. Ele estava sorridente, jogando água em mim, brincando, passando espuma em meu rosto e afundando comigo.

—Sabia que estou há duas semanas sem fumar charutos?— Disse, comigo em seu colo de lado.

—Sério? Por quê?—Pressionei os lábios em seu pescoço.

—Por que se eu fosse uma mulher eu não gostaria que meu marido fumasse.

—Ah, eu só me importava quando sabia que seus charutos eram de má qualidade.

—Mas eles tinham cheiro de erva, devia ser ruim beijar alguém com gosto de erva na boca.

—Seu charuto tinha essência de hortelã, era um gosto bom. Mas já que parou, fico feliz. Não é muito saudável toda aquela fumaça entrando em seus pulmões.

—Eu nunca saí com mulher que fumasse.—Refletiu, acariciando minhas costas. —Odiei quando eu revi sua irmã Annebell depois de adulta, na Califórnia, e ela estava fumando com umas pirralhas perto de sua universidade.

—Você conhece Annebell desde a Califórnia?—Arregalei os olhos e ele ficou tenso, parecendo arrependido de ter falado.

Sentei ao seu lado, e esperei que ele respondesse, mostrando que eu não iria perder essa.

—Sim. Er... eu a vi algumas vezes.—Balbuciou meio apreensivo. —Foi lá que eu descobri que ela já gostava do Black antes mesmo de tudo acontecer.

Sua informação me chocou, mas eu mantive o ar calmo.

—Como soube?—Perguntei suavemente.

—Melhor mudarmos de assunto.

—Não. Eu estou bem.—Deitei a cabeça em seu ombro e pressionei um beijo ali.

Ele hesitou uns instantes, para depois começar.

—Bom, eu estava quase terminando de construir essa casa quando decidi com quem iria me casar, no caso, com uma das gêmeas Forks. Então soube que ela morava lá, logo, pedi que Jasper levantasse a ficha dela para mim.—Ele acariciou minhas costas, creio que ainda apreensivo quanto ao assunto.

—E?

—Tem certeza que não vai se ofender? Eu não quero estragar tudo com minha boca grande.—Afastou-me para olhar-me.

—Pode falar.—Aconcheguei minha boca de seu pescoço e dei-lhe beijinhos, enquanto passeava minha mão em seu peito.

—Jasper sempre a observava. Então um dia me chamou para ir ao lugar que ela costumava ir ao fim das sextas. Lá, ela estava bêbada e fumando, então ouvimos ela dizer que sua irmã iria se casar em pouco tempo com a pessoa que ela amava e que por diversas vezes na adolescência de vocês ela tinha trocado por conta própria de lugar com você e tinha dado alguns beijos nele.

Enrijeci, assustada com a informação.

—Sério?

—Sim. Depois disso eu tomei a decisão que não a queria, eu queria a verdadeira dama. A dama que me encantou desde quando só tinha oito anos de idade, você.—Ele se inclinou e beijou minha testa. —Mesmo assim, indignado com ela, chamei-a lá fora, inventei que era conhecido do Sr. Swan e avisei-a que se ela continuasse andando com as pessoas que ela andava eu iria pessoalmente falar com o Sr. Swan. Também disse que depois disso, ela seria levada para um convento.—Ele gargalhou. —Eu sei que era um mexeriqueiro, mas imagine, eu a vi criança e achava o cúmulo uma das princesas Forks estarem correndo o risco de se perderem na Califórnia.

Sorri em seu pescoço.

—Qual a parte que você pensou que me irritaria?

—Não sei. Às vezes eu tenho receios do que falar para você...Pressionei os lábios no dele, mordiscando, e abracei preguiçosamente o seu pescoço.

—Sem perceber, você, garoto do estábulo, acabou de me dizer que sempre chamei a sua atenção. Você acha que eu me irritaria com isso?

Ele me afastou e contemplou o meu rosto satisfeito.

—Você lançou um feitiço em mim e está arrancando palavras da minha boca.—Acusou e me afundou na banheira, iniciando a brincadeira novamente.

—Eu te amo, Edward Cullen. Não me importo se fui a primeira ou a última, só o que importa é o que eu sinto por você.— Disse quando ele me colocou em seus braços de novo, deitada como criança.

Ele beijou minha bochecha, esfregando o nariz.

—Você não é a primeira nem a última, você é a única que entrou no meu coração. A única que eu amo. A única que eu vou amar sempre. Eu te amo, minha dama Isabella Forks Cullen.

Incrédula e feliz com a sua declaração, procurei seus lábios e o beijei com todo o amor reunido em minha alma, gravando em minha mente o momento de sua declaração.

Ao terminarmos o banho, havia mais água no chão de cerâmica do que dentro da banheira. Mas Edward absorveu grande parte da água quando cobriu o chão com vinte toalhas brancas felpudas, sobre as quais nós dois deitamos e fizemos amor. A minha empregada, Susan, quase entrou na sala de banho, mas Edward bateu a porta em sua cara e nós rimos juntos ao ouvirmos a garota atravessar correndo o chão de madeira do meu quarto.

Depois, descemos para tomar o maior desjejum que duas pessoas já comeram. Esme veio atender-nos em pessoa, sorrindo e mostrando os dentes. Obviamente satisfeita por termos nos reconciliado.

—Até que enfim harmonia nessa casa.— Disse verificando os itens sobre a mesa.

—Sente conosco, Esme.—Edward a convidou e pôs a mão em sua cintura.

—Não, crianças. Vou deixar vocês em paz.

—Esme, tenho um notícia para te dar. Em breve, muito em breve vou trazer o meu tio para morar aqui.— Disse colocando uma torrada na boca. Ela ficou vermelha, aparentemente pega de surpresa.

—Por que está falando isso, Edward?—Perguntou sem jeito, inclinando para tirar um pote de patê que Edward já tinha consumido tudo.

—Ah, você pensa que eu não te vi arrastando as asinhas para o meu tio?—Ele piscou, sorrindo malicioso.

Ela ficou visivelmente constrangida.Em toda a vida de convivência com ela, não lembrava tê-la visto namorar alguma vez.

—Edward, você está sendo alcoviteiro.—Brinquei e cortei um pedaço de bolo de milho.

—Não, Bella, agora vou ter uma família de verdade, já que Alice e Jasper não irão querer mais morar aqui, tendo a própria casa deles.—Ele sorriu, livre e eu estava admirada em vê-lo falar daquele jeito sendo que ele estava brigado com Jasper. —Esme tem cuidado de mim esses dias como uma mãe e eu não me importaria de ouvir os conselhos do meu tio, como o de um pai. Sabia, amor, que ela que teve que ouvir diariamente minhas rabugices pela falta de você?—Ele estava tagarela e feliz como eu nunca tinha visto antes.

—E bota rabugice nisso.—Ela sorriu, ficando um pouco mais relaxada com a mudança de assunto. —Ele não sabe nada sobre mulheres, Bella. Muito menos sobre a garota que eu vi nascer.—Ela balançou a cabeça em negativa.

—Ele vai descobrir.—Respondi apertando a mão do meu marido. —Já descobriu muito.

—Bebês.—Ela disse, encaminhando-se para a porta. —Se vou ser sua mãe, quero netos. Esta casa precisa de bebês.—Edward quase engasgou com o café e olhou para mim, com terror no rosto. Recusei-me a olhá-lo, mas sorri para minha xícara. Era lógico que ele lembrava que eu tinha dito que nunca daria porvir a sua semente, mas se ele pedisse e quisesse, eu lhe daria sim.

Comemos uns minutos em silêncio, então ele se inclinou e colocou uma uva em minha boca. —Tenho uma coisa para te falar...

—Fale.Ele hesitou.

—Bom, é sobre o porquê de você ter ficado aprisionada aqui...—Ele suspirou, apreensivo. —Sua mãe disse que seria muito difícil te reconquistar por meios comuns, como flores, presentes... Além disso, quando ela me falou isso, eu não era muito bom em cortejos, não adiantava tentar. Porém, eu já estava cansado da falta de você aqui, do seu cheiro no quarto, do seu corpo na cama. Eu precisava de você. Por isso, pensei no melhor método de te trazer de volta e aprender a te reconquistar. Então, contei para sua mãe meu plano. Ela me apoiou, e por isso te chantageei, dizendo que transformaria a cidade em caos.— Disse muito pausado, pegando mais uma uva para colocar em minha boca.

—Então você não é o dono da cidade?

—Não.

—Então mentiu?

—Em partes. Tudo que eu vinha comprando por aqui, estava colocando no seu nome desde quando éramos somente noivos.

Arregalei os olhos.

—Mas por quê?

Ele deu de ombros, com o olhar meio perdido na mesa.

—Nem eu sei. Na verdade acho que na época pensava em te recompensar por tudo que fazia por mim. Por fingir tão bem que me amava. Por estar me devolvendo a auto-estima. Eu achava você uma boa pessoa e queria recompensá-la, te dando a cidade que tinha seu nome nas suas mãos. Sinceramente eu não tenho lembrança de já ter sido tão grato a uma pessoa em minha vida como eu era a você, mas hoje tenho outra visão, penso que inconscientemente já te amava, e como pensava que você se sacrificava daquele jeito por causa do meu dinheiro, eu ia te dar a recompensa.

Respirei fundo, absorvendo todas as informações.

—Por que está me falando isso agora?

—Por que eu não posso mais viver com isso. Não é justo que você viva comigo por amarras. Hoje tenho certeza que sem saber te amei desde que você era criança. Eu amei cada detalhe seu. Até seu olhar de desdém quando usou minha camisa.—Ele sorriu e meu coração se encheu. —Mas eu não vou mais prendê-la a mim. Se você quiser que eu vá embora mesmo, eu vou. Tudo aqui é seu. A casa, os móveis, o banco, a ferrovia...Edward interrompeu o que falava no momento em que Esme voltou à sala trazendo um prato de omelete frito, cheios de um molho marrom, mas no momento em que ela encostou-se a mesa ouvimos um estrondo. Parecia que vinha rolando por baixo de nossos pés alguma coisa pro­funda, escura e má. Os copos sobre a mesa agitaram-se e, vindo de cima, pudemos ouvir o barulho de vidro quebrando.

Com um grito, Esme deixou cair o prato.

—Que diabo é isso? Um terremoto?—Perguntou Edward.

Eu não disse uma palavra. Já ouvira esse barulho somente uma vez antes em minha vida, mas nunca, nunca me esquecera. Não olhei para Edward, ou para os empregados, que já estavam correndo para a sala de jantar, mas fui direto para o telefone e peguei-o.

—Qual delas?—Foi tudo que disse no aparelho, não me preocupando em informar à telefonista quem era.

—Rosalie.—Ouvi, antes que o instrumento frio escapasse de minha mão.

—Bella!—Gritou Edward em meu rosto, ao agarrar-me pelos ombros. Era a quarta vez que me chamava e eu não respondia. —Não se atreva a desmaiar agora. Aquilo foi uma mina?

Não pensei que fosse capaz de falar. Havia um nó de medo fechando minha garganta. Por que tinha que ser a minha mina? Ficava me perguntando, enquanto com os olhos da mente via todas as crianças. Quais dos meninos que tinham jogado bola na véspera estariam mortos agora?

Olhei desanimada para Edward, lágrimas ameaçando cair.

—O turno.—Murmurei. —Carlisle estava no último turno.—As mãos de Edward apertaram meus ombros.

—Então foi a Rosalie?—Olhou para cima e respirou fundo. —Muito sério?

Abri a boca, mas não conseguia dizer nada. Um dos lacaios adiantou-se do grupo de empregados, agora silenciosos, reunidos na sala de estar.

—Senhor, quando a explosão é suficientemente forte para quebrar os vidros na cidade, então é muito grave.

—Carlisle...—Edward ofegou.


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Notas finais do capítulo

Oi!Passem na minha noca fic Dupla Personalidade.sexta eu posto mais lá.bjushttp://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=98954049