Eu acordo em uma sala branca, onde mais tarde descobri ser a diretoria. Todos os móveis eram brancos, para ser sincera, eu achei até que estava morta. Aquele cômodo me deixava desconfortável, afinal eu me sentia uma bactéria ali dentro. Francis Sprinfield, a diretora, havia me dito que eu havia desmaiado no fim do corredor sete, no terceiro andar. Isso só me fez ter raiva de mim mesma, eu me sentia fraca, alguém muito vulnerável, facilmente abalada. Mas assistir uma pessoa morrer não é uma coisa fácil então admito que de qualquer jeito, isso se tornaria em mim uma cicatriz. Sarah me lembrava alguém que eu não me lembrava quem poderia ser, mas me lembrava alguém.

–Senhorita Moore, que bom que acordou. – diz ela séria. ­– Bom, você já sabe, obviamente o que aconteceu com a Senhorita Miller.

Assinto com a cabeça, enquanto as lembranças de Sarah dentro do banheiro invadiam a minha cabeça.

– E-ela m-mo-morreu? – pergunto o óbvio. Eu já sabia a resposta.

– Infelizmente. – diz somente.

Abaixo a cabeça pensativa. Eu não sabia como reagir. Eu estava muito confusa.

– O-o que... q-quem fez isso com ela?

– Sinto muito, mas não podemos revelar. É confidencial.

O quê? Eu simplesmente não acreditava no que havia escutado. Eu vejo uma garota morrer diante dos meus olhos, com ferimentos horrendos e não tenho o direito de saber quem foi o monstro que fez isso a ela, ou o porquê dele ter o feito? Eu me sentia imprestável, uma inútil.

– Bom, tem uns dois homens que já estão ai fora faz algum tempo. Eles querem falar com você. – engulo em seco. – Posso deixá-los entrar? ­–não respondo. – Quando mais cedo acabar com isso, será menos doloroso.

Eu duvidava muito, mas a deixei chama-los. Dois homens grandes entram e, um deles tinha aparentemente quarenta e poucos anos, e o outro parecia ter uns vinte anos.

– Senhorita Moore. – o mais velho me chama. – Sou Theodore Rucher e esse é Kaleb Rider. Só queremos fazer algumas perguntas.

Assinto com a cabeça. Isso não me parecia muito certo. Eu imaginava talvez que isso fosse talvez um delírio meu, um pesadelo duradouro, mas que, em breve eu acordaria, mas pelo visto isso não iria acontecer.

...

Eles fizeram algumas perguntas e enquanto eu respondia a eles, eles anotavam em um caderninho, o que me deixava estressada, pois sentia como se me escutassem, mas não me ouvissem realmente. Logo após as perguntas eles saem e a diretora me libera. Eu ando pelo corredor, sem nem imaginar como devia estar a minha cara. As imagens de Sarah no banheiro repetiam sem cessar em minha mente, e eu estava começando a ficar tonta, mas eu resistia. Mas algo que eu não esperava ver acaba comigo. A mesma garota do banheiro, estava em pé a minha frente. Seus olhos estavam inchados e com olheiras, estava um pouco mais magra, mas totalmente acabada. Seus cabelos estavam desarrumados e apesar de seu olhar triste, ela me olhava com indiferença. Minha visão fica turva e tudo que sinto é o impacto do meu corpo ao chão.