Eu estava na frente do colégio Ithaca High School. Era meio-dia e eu estava ainda cansada da noite mal dormida que tive. Meu coração estava tão acelerado que quase podia escutar o ritmo de suas batidas. Passo pelo portão onde encontro vários adolescentes de todos os tipos. Sento-me em um banco localizado no pátio do imenso colégio enquanto espero dar a hora, apenas fico fitando o vazio. Percebo alguém sentar ao meu lado, mas não chego a dar muita atenção ao fato.

– Oi, tudo bem? – diz a voz ao meu lado. – Me chamo Daniel.

– Oi. – eu não sabia o que acontecia comigo, eu simplesmente não conseguia puxar assunto ou falar nada além do básico, era como se algo impedisse.

­­– Qual seu nome? – ele pergunta – É seu primeiro ano aqui, não é?

– Thalía. S-sim, me mudei faz três semanas. – respondo tímida.

Ele sorri e então sua atenção se volta a entrada do colégio onde duas meninas gritavam histéricas ao se encontrar, provavelmente amigas.

– Você está meio tímida, provavelmente por que sou muito lindo, mas não deixe minha beleza intimidar você não, fofa.

Riu baixo e ele ri junto. Toca o sinal e todos começam lentamente a entrar no enorme colégio.

– Qual a sua sala? – ele pergunta e então o mostro o pequeno papel que estava no meu bolso. – Ah!! Eu também sou da sala 512! Vem eu te levo lá.

Daniel me arrasta colégio adentro me guiando pelos corredores. Eu não sei o motivo de ele estar sendo gentil comigo, talvez seja só o jeito dele de ser. Ele para em frente a uma porta e a abre revelando uma sala com mais ou menos trinta alunos, era uma sala enorme. Ele me guia até o fundo da sala e senta-se ao meu lado na cadeira.

– Bom, os senhores já me conhecem, pelo menos a maioria. Eu sou o professor de química, meu nome é Eliot Schnider. Cada um de vocês irá se apresentar.

Então um por um começaram a se apresentar. Enquanto cada um deles se levanta e se apresentava para a turma, eu só via a minha vez chegar, e o meu coração acelerava cada vez mais, se é que isso era possível. Era a vez do garoto a minha frente e agora eu estava tremendo e Daniel percebeu. De repente o garoto a minha frente se senta novamente e eu vejo que todos olham para mim esperando que eu me levantasse e me apresentasse, mas fico quase que imóvel, por que na realidade eu tremia bastante.

– Vai, Thalía. – Daniel tenta me incentivar e sorri de forma amável.

Eu me levanto e olho para todos na sala, abro a boca, mas não sai som algum. O professor e os alunos me olham entretidos.

– M-m-me-meu n-nome é Thalía Moore. É... – eu não sabia mais o que dizer.

– Alguma pergunta a ela? – pergunta o professor.

– Você tem quantos anos? – pergunta uma garota loira sentada na primeira cadeira da sala.

– D-dezessete...

O professor sinaliza para que eu me sentasse. Eu me sento e sinto meu coração se acalmar um pouco, não fui tão mal assim. No intervalo, Daniel me apresenta Sarah e Rebecca Collins, gêmeas e bastante simpáticas, gostei delas logo de cara. Na segunda aula conheci a professora de Filosofia, Margareth. Estava com muita sede então peço para beber água, ou melhor, Daniel pede para mim.

Ando pelos corredores e acho um bebedouro, mas enquanto bebo água sinto alguém empurrar minha cabeça contra o bebedouro e com o impacto, caio. Ao me recuperar da queda, não avisto ninguém graças a minha vista embaçada, procuro o meu óculos tateando o chão, mas minha cabeça doía bastante. Acho o óculos e me levanto do chão. Entro no banheiro feminino e me olho no espelho. A um corte pequeno em minha testa e sangrava bastante, com sorte, o meu óculos não tinha quebrado na queda. Estanco o sangue com um pedaço de papel, e no fim a amasso e tento arremessá-la para o lixo, errado. Vou até a lata e jogo o papel corretamente na lata de lixo. Quando caminho de volta para sair do banheiro, escuto uma tosse fraca, seguida de uma mais forte. Não dou muita atenção, mas antes eu acreditava estar sozinha. Quando ia sair, escuto uma voz baixa falando algo que era quase que incompreensível.

– Oi? – pergunto.

–A... a-aqui... – escuto sussurrar.

Vejo uma porta de um dos sanitários meio aberta e a abro lentamente, dando de cara com a garota loira que havia perguntado a minha idade na sala de aula. Ela estava caída no chão com sangue a sua volta, sangue que saia de um profundo ferimento um pouco abaixo de seu pescoço. Ela estava convulsionando e não entendo muito de enfermagem mais creio que aquilo não era um bom sinal, ­– acho que não precisa saber de enfermagem para saber que isso não é bom sinal ­ – ela tem a mão sobre o ferimento mas sua mão já está fraca.

– Ai meu Deus! ALGUÉM ME AJUDA! ­– grito desesperada, mas já não havia muito a se fazer ­– Quem fez isso com você?

– P-peri...go... – ela diz somente.

Meus olhos estavam arregalados, e eu estava apavorada, em pânico. Vejo suas mão caindo ao lado de seu corpo em desistência. Logo após entram alguns curiosos e professores no banheiro, todos olham o corpo com grande espanto, afinal, Sarah, pelo que descobri, era bastante... popular no colégio. Saio correndo do banheiro aos prantos e encharcada de sangue deixado por Sarah, escuto passos atrás de mim, mas continuo correndo até esbarrar em alguém e cair ao chão. Era um garoto e ele resmunga alguma coisa, acredito ser um xingamento, peço desculpas e corro até o fim do corredor onde encosto na parede e desabo ao chão.