Viúvas Negras escrita por Estressada Além da Conta


Capítulo 1
Arquivo 1: Oliver Davis tem um crush


Notas iniciais do capítulo

Rapidinho que eu preciso dormir: Tentei manter o máximo possível do capítulo original, mas ainda assim eles são bem diferentes um do outro. Espero que gostem



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— Olá, pequenina.

—  V-Vá embora! 

—  O que faz aqui?

—  Não te interessa!

—  Machucou-se, não? Por quê?

A garota ergueu a cabeça e fitou quem falava com ela, deixando suas lágrimas à mostra. Ela tinha corrido para aquele cantinho do parque para ficar sozinha. Mamãe não precisava ver sua filha chorando, ela já tinha que lidar com muita coisa desde quando Papai morreu, então Mai precisava ser forte por ela. Se ela tinha que chorar, ela choraria onde Mamão não podia ver, assim Mamãe continuaria sorrindo!

—  V-Você é um gato!

—  Uma gata. Se quiser, pode me chamar de Tsubaki. O seu joelho dói?

—  S-Sim... E... Eu...

—  Fugiu e se perdeu?

— Não… Só não queria que Mamãe me visse chorar. Ela já está muito triste, eu preciso ser forte por ela! — Um rubor subiu em seu rosto — Mas vindo para cá, eu caí e me machuquei.

—  Qual seu nome?

—  M... Mai. Taniyama Mai.

—  A Mai? —  O animal sorriu, mostrando os dentes finos e pontiagudos —  Você é especial, Mai-chan. Não se esqueça disso, não importa o que aconteça. —  Disse o animal, fixando os olhos amarelos na menina. O rabo balançava suavemente de um lado para outro, num sinal de excitação —  Mai-chan, eu a levarei de volta, e apenas isso. Sua mãe e seus amigos estão esperando por você~ — A cada palavra, o sorriso da gata ia aumentando mais e mais —  Você vem comigo?

———————————————————————————————

—  Mai. Mai. Mai! —  Naru cutucou a secretária, que dormia num dos sofás do escritório, com uma caneta.

—  Fique quieto, Kenji-kun. —  Mai resmungou — Estou com sono.

Naru se perguntou se Mai havia mencionado algum “Kenji-kun” quando ela falara de seus sonhos, acabando incomodado quando sua memória não lhe deu a resposta que ele procurava. Então Mai sonhava com rapazes enquanto dormia? Quem seria esse tal Kenji? Não era o bastante a garota ter sonhado tanto com seu irmão que não conseguia distingui-los?

— Ainda nisso, Noll? — A voz de Gene ressoou na cabeça do chefe da JSPR.

—  Quieto. — Quando descobriu que Gene ainda estava ali e que tinha feito uma conexão com ele, não sabia se ficava feliz por tê-lo ali ou irritado exatamente pelo mesmo motivo. Ter uma voz julgando cada uma de suas ações já era horrível, ter essa voz mais a voz de seu falecido irmão era um tipo de dor de cabeça Naru não desejava para ninguém —  Mai, acorde. — Chamou cutucando a menina com mais força.

—  Kaoru-kun, me deixe em paz...

Ouvir a menina chamar o nome de mais um garoto enquanto dormia era como engolir um frasco de desgosto líquido. Gosto ruim na boca e a sensação de ter algo pesando no estômago. Se emoções já eram complicadas para Oliver antes, após conhecer Mai elas ficara três vezes pior.

—  Se não acordar, não vou te pagar pelos próximos casos, Mai. 

—  Estou acordada! —  Exclamou, sentando tão rápido que o garoto conseguiu sentir o quão tonta ela ficou por alguns segundos.

—  Não precisa gritar, eu já percebi. —  Replicou na sua calma de sempre, irritando a garota, que estava prestes a começar uma discussão. Porém Naru continuava mais rápido —  Mai, chá. — E foi se sentar em sua cadeira.

Pegou uns papéis sobre o último caso e fingiu ler, enquanto fitava dissimuladamente a garota ir para a cozinha rogando mil e uma pragas, bufando e pisando duro. Distraiu-se tanto, que nem sequer notou o pequeno sorriso que se formou em seus lábios. Mas o que Oliver Davis não notava, Eugene Davis com certeza reparava. E, claro, ainda era irmão de Naru-chan, o Narcisista. Nunca perderia a chance de provocar alguém. Muito menos seu gêmeo.

— Estou vendo o sorrisinho, irmãozinho.

“Quem disse que eu estou sorrindo?”, Naru havia há muito aprendido a falar telepaticamente com seu irmão, então respondê-lo sem parecer um completo lunático veio naturalmente.

— Oh? E o que você chama esse curvar de lábios?

“Eugene, você não tem mais o que fazer?”

— Nope~! Eu sou o guia espiritual da Mai, só vou embora quando ela não precisar mais de mim~!

“Você ainda aparece para a Mai?”

— Apenas quando ela precisa de mim, geralmente quando algo espiritual acontece. Por quê? Ciúmes?

“Não.”

— Não fique com ciúmes, irmãozinho, não sou eu quem deveria te preocupar.

“O que quer dizer?”

— Olha, cientista idiota, a Mai é maravilhosa e se você não fizer alguma coisa, você vai perdê-la. Nem tente negar os seus sentimentos, você sabe que você a ama. Mentir para si mesmo não é seu feitio.

 Naru odiava o fato de Eugene estar certo. Ele amava Taniyama Mai. Mais do que jamais pensou capaz de amar alguém. E isso o assustava. Porque ele queria que ela o amasse tão desesperadamente quanto ele a amava. Porque a simples idéia de não ter a moça em sua vida era mortificante. Porque tudo o que ele mais desejava no mundo era trazê-la para seus braços e jamais deixá-la ir.

Porque seu coração era devotado a ela, e a ela só.

Mas ela merecia mais. Mai merecia alguém como Eugene ou Yasuhara. Alguém gentil que colocasse um sorriso em seu rosto, alguém que não tivesse receio em mostrar para o mundo o quanto a amava. E Oliver Davis não era esse alguém.

—  Aqui. —  Mai murmurou, colocando a xícara em frente ao chefe.

Naru apenas pegou a xícara e levou aos lábios. A castanha já estava voltando para a cozinha, provavelmente para resmungar mais sobre seu chefe "narcisista, viciado em chá, mal educado, ingrato, viciado em trabalho, sádico, maldito, idiota, insensível" e qualquer outra coisa que viesse em sua cabeça, quando ele a chamou.

—  Mai. —  Taniyama voltou-se.

—  Sim? —  O rapaz a fitava de forma penetrante com seus olhos azuis, deixando-a desconcertada —  N... Naru? Algum problema?

—  Você tem saído com algum rapaz ou algo do tipo?

Mai corou da cabeça aos pés. Tão fofa. Definitivamente uma das reações preferidas do rapaz.

— N… Naru?! O que aconteceu, você bateu cabeça no último caso? Foi possuído? O excesso de chá está começando fazer efeito? Talvez a gente deva começar a tomar café...

—  Posso te garantir que não é o chá. Você vai me responder ou não?

—  P... P-P-P-P... Por que você quer saber?

—  Você anda mais distraída que o normal. Não é época de provas nem de trabalhos. Ou está saindo com alguém, ou precisamos checar seus neurônios. — E era verdade, a estudante andava mais distraída ultimamente, e ele estava começando a se preocupar.

—  Ah, era isso? —  Resmungou, irritada —  Suponho que se eu saio ou não com alguém é assunto meu, não seu.

— É assunto meu, sim. Se continuar distraída, pode acabar se machucando.

O olhar de irritação deu lugar para curiosidade e, por fim, alegria. Sinceramente, Mai era tão boa em descobrir como ele se sentia, era um mistério como ela nunca descobrira que era correspondida.

— Obrigada por se preocupar, Naru. Eu estou bem, só… lembrando coisas da minha infância. Eu fico um pouco desorientada porque eu não penso nessas coisas há muito tempo.

Com isso, ela voltou para a cozinha, passos leves de alegria. Ele suspirou, pedindo a qualquer deus disposto a ouvi-lo que o permitisse vê-la caminhar tão feliz até o fim dos tempos. Ele voltou para seus papéis, muito mais relaxado que antes, o delicioso chá fazendo maravilhas. Mai era excepcional em fazer chá. Nos meses que passara na Inglaterra, nenhum empregado conseguia replicar, e até mesmo o chá feito por sua mãe, Luella, não se igualava. A abstinência que o cientista sofreu foi terrível. Tão terrível que ele quase chorou quando Mai fez uma xícara para ele quando voltou para o Japão para continuar a SPR de lá.

— Tô quase…! — Oliver ouviu vindo da cozinha e suspirou, levantando-se.

Sabia que aquela garota sozinha era um completo desastre. E estava certo. Mai se esticava, precariamente em cima de um banquinho, que ele nem se lembrava que existia, tentando pegar algo na prateleira mais alta. Até que pegou. E se desequilibrou. E adivinha onde ela caiu? Sim, nos braços do chefe! Ele nunca se sentiu mais grato pelas horas de exercício seus pais e Lin insistiam que ele fizesse.

—  O quê está tentando fazer?

—  N... Naru! —  Novamente, a moça corou, deixando o moreno satisfeito —  E... Eu vi isso aqui lá em cima e queria ver o que era... —  Disse, mostrando uma correntinha fina, de ouro branco, com um pingente do mesmo metal. O pingente lembrava uma gota, e tinha uma flor na ponta e uma pedra azul no meio.

—  De onde veio isso?

—  Isso que eu gostaria de saber. Mas, de qualquer forma, é lindo... —  Ele teve de segurar a vontade de sorrir ao vê-la olhar o pingente com tanta gula  — Naru, posso ficar com ele?

—  Não é meu.

—  Então agora é meu. Pelo menos até o dono se identificar.

Naru apenas observou a garota enquanto ela sorria. Percebeu que ainda a segurava, mas não se importou. Em seus braços, Mai parecia pertencer só a ele, e essa noção não era ao todo desagradável. De fato, era magnífica. Realmente, o que ele estava fazendo, perdendo tempo não abraçando Mai? Sentiu seu peito esquentar, enquanto seu estômago esfriava. Tê-la ali, tão perto… Seu coração não conseguiria aguentar por muito tempo.

—  Mai, vou descê-la.

—  Hã? —  Só então a menina pareceu notar a situação em que se encontrava —  A... Ah, certo!

Depois de tudo resolvido, finalmente o rapaz pôde voltar para seu amado chá. Tentou, pelo menos. No momento em que sentava de novo, uma muvuca, leia-se: o resto do grupo, entrou no escritório. Droga. Justo quando queria paz e sossego.

—  Se vieram aqui para transformar meu escritório num bar... —  Tratou de começar, porém foi ignorado.

—  Mai! —  Houshou berrou, abraçando a menina —  Minha menina! Feliz aniversário!

—  B... Bou-san, meu aniversário é só daqui três meses…

—  Eu não vou poder estar aqui no seu aniversário, então vou te compensar do jeito que eu puder! —  Choramingou, apertando ainda mais a garota.

—  Pode começar deixando-a respirar, Bou-san. —  Naru interveio, tentando esconder o sorriso ao ver a menina morder o braço do monge na esperança de se libertar.

—  Mai-chan! —  Yasuhara entrou na sala com sua cara feliz de sempre. O que significava que ele tinha algum plano em mente. Nada bom —  Adivinha quem conseguiu dois ingressos para estreia de "Lábios Rubros"?

—  Osamu! Não me diga que...!

—  Eu mesmo! —  Mostrou os ingressos para ela, que os pegou na hora.

—  Osamu, você é o melhor! —  Disse e o abraçou, dando gritinhos de felicidade —  Como você conseguiu? — Perguntou separando-se deles.

—  Naquela noite, você me pediu para ver o filme... E o que eu faria se não pudesse cumprir o desejo de uma mulher tão bela? —  Indagou, segurando a mão direita dela entre as suas.

—  Aquela noite...? —  O monge questionou, e Naru nunca pensou que concordaria com ele.


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