Flatmates (?) By A Time escrita por Raura


Capítulo 3
So close so far away


Notas iniciais do capítulo

Apresento-lhes, o terceiro capítulo ^u^

Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/494265/chapter/3

A manhã no St Barts estava tranquila, Molly ponderou sobre almoçar em casa, Porque não? Assim fazia companhia para Sherlock, mesmo que talvez não fosse ter uma conversa muito produtiva com ele, não teria problemas com isso, até porque sempre almoçava sozinha, ou ás vezes quando tinha muito que fazer nem mesmo almoçava.

Trocou o jaleco pelo casaco e cachecol, saiu do hospital, lá fora o vento bagunçou seu cabelo. Passou em um restaurante para escolher algo, o que levar? Não fazia a mínima ideia dos gostos culinários do detetive então optou por algo que gostava e esperava que ele também. O cheiro da macarronada estava delicioso, não via a hora de provar... e de chegar em casa e vê-lo. Pagou no caixa, entrou com as sacolas num táxi e foi direto para sua casa.

Entrou em seu apartamento, colocou as chaves e a sacola em cima da bancada, fechou a porta, pendurou o casaco e o cachecol na porta, chamou:

— Sherlock? – Chamou-o.

Não obteve resposta, olhou em volta imaginando que ele estaria novamente no telhado, antes que tivesse tempo de expirar o ar viu-o deitado no sofá, os pés ficavam de fora, estava de calça preta, camisa branca, pés descalços, o roupão vinho e as mãos embaixo do queixo. Será que está dormindo? Aproximou-se e ele não parecia notar sua presença, agachou ao lado do sofá e chamou-o novamente:

— Sherlock?!

Molly segurou seu pulso, tentaria chama-lo uma última vez, porém congelou. Sentia a fraca pulsação dele. “Acalme-se” ordenou a si mesma. Levantou a pálpebra dele para certificar-se que não estava desmaiado, suas pupilas estavam bem contraídas, a respiração mais fraca que o normal. Reconheceu na hora que ele tinha usado alguma droga. Sentiu uma raiva enorme crescer em si, e uma vontade mil vezes maior ainda de estapeá-lo até suas mãos entorpecerem.

Lidava com seu silêncio, sua indiferença, sua insensibilidade, sua grosseria, não lidaria com essa estupidez.

— Sherlock! – dessa vez gritou, deu certo, ele lentamente abriu os olhos.

— Molly? – perguntou sentando-se e estreitando os olhos.

— Comece a me explicar o que significa isso agora! – Ela gesticulou as mãos referindo-se ao estado dele.

— Ah... É morfina, pela sua cara já deve imaginar a resposta então não sei por que pergunta... – Ela cruzou os braços, assim evitaria ceder à vontade de bater nele.

— Lógico que sei, meu Deus Sherlock o que deu em você?

— Estava entediado. – A legista soltou o ar com força, levantou-se e pisou em algo, pegou o objeto, uma seringa, não era o tipo de coisa que mantinha em casa, então ele com certeza tinha dado um jeito de conseguir com algum de seus contatos. Jogou no lixo e voltou à sala, puxou-o pela mão com toda delicadeza que sua raiva lhe permitiu:

— Anda levante.

— Pra quê? – Ele tinha voltado a fechar os olhos. Ponderou sobre encher um balde de água fria e jogar em cima dele, melhor não sacrificar seu sofá.

— Não precisa abrir os olhos se quiser, basta me seguir, não vou deixar que chute nenhum móvel.

“Ótimo” pensou “ela vai me colocar na cama e depois me deixar em paz”

Deixou-se ser puxado por ela, ouviu uma porta sendo aberta e contrário ao que pensou foi jogado de baixo do chuveiro, abriu os olhos surpreso, antes que pudesse protestar já estava todo molhado pela água fria.

— Pelo amor de Deus Molly!

A expressão da legista era mortal, se matar com o olhar fosse possível, nesse momento ele estaria morto. Ela não o respondeu, saiu do banheiro, Sherlock ficou lá todo encharcado, ouviu quando a porta de entrada foi fechada com uma força desnecessária.

Jogou a cabeça para trás, o que deu nela? Aproveitou que já estava ali, trocou a temperatura para quente e tomou um banho. John nunca havia surtado por isso, ou fingia não surtar. Saiu do banheiro, foi até o quarto pegar uma roupa, ao voltar à sala descobriu que ela deixou as sacolas onde as colocou intocadas, mexeu nelas e viu que ela tinha trazido almoço e a julgar pela quantidade, pretendia almoçar com ele. E de novo ela demonstrou que se importava com ele. Tentou não pensar nisso o resto da tarde.

Foi em vão, como não podia sair para nenhum lugar e nem ocupar sua mente com algum caso interessante, tinha todo o tempo do mundo para abrir cada porta de cada canto de seu Palácio Mental.

Sherlock sabia que não podia ficar imerso em silêncio todo o tempo que fosse ficar no apartamento de Molly, não que ele fizesse questão de papo, ele até poderia, mas reconheceu à importância que ela e sua ajuda tiveram no meio de tudo aquilo, o mínimo que podia fazer era demonstrar benevolência.

Molly sentiu tanta raiva que tinha perdido até a fome, voltou ao hospital, e fez tudo o que tinha para fazer com a menor pressa possível, não estava tão animada assim em voltar para seu apartamento, não depois de encontrar Sherlock naquele estado. Infelizmente terminou tudo o que tinha a ser feito e ainda nem eram oito da noite. Ao sair do St Barts passou num supermercado, comprou marshmallows e faria um chocolate quente. Chegou em casa e o viu com um de seus livros nas mãos, ele realmente devia estar muito entediado.

— Boa noite Molly. – Surpreendeu-se, ele nunca dizia nada quando ela chegava.

— Boa noite Sherlock. – Respondeu enquanto deixava as coisas na cozinha, passou pela sala onde ele lia, foi tomar um banho.

Saiu de seu quarto com suas calças de moletom e uma camiseta, novamente passou pelo detetive sem se dar ao trabalho de olhá-lo e se enfiou na cozinha preparando o chocolate quente. E de longe ele a observava, seus cabelos ondulando a medida que iam secando, ouviu quando ela deixou uma tampa cair dado ao barulho que fez, já que ia ficar no apartamento dela por um tempo, podia pelo menos tentar ser uma companhia mais legal não? Sentiu o cheiro de algo doce sendo preparado na cozinha, ouviu a voz dela vinda de lá:

— Estou fazendo chocolate quente, vai querer?

— Sim. – Ele respondeu, seco como sempre.

Pouco depois ela veio para sala com uma caneca branca de bolinhas coloridas em cada mão, entregou uma a ele que lia sentado na poltrona, deixou o livro de lado e a viu se sentar no sofá e esticar as pernas, ligou seu notebook.

Não conversaram por um bom tempo, ela parecia absorta no que fazia, era a primeira noite que não a pegava lhe olhando com aquela devoção que só encontrava no olhar dela, talvez ainda estivesse irritada pelo episódio de mais cedo. Nunca se incomodava com o silêncio, dessa vez se incomodou.

Apesar de estarem próximos, no mesmo espaço, pareciam distantes.

Molly ainda estava irritada com a atitude estúpida dele, evitaria falar com ele por um tempo, ela não era John, nem Mycroft, nem a Sra Hudson, com esse comportamento dele ela não lidaria. Mesmo estando debaixo do mesmo teto pareciam estar em realidades diferentes. Felizmente conseguiu se distrair enquanto respondia alguns e-mails, levantou-se e deixou sua caneca na cozinha, sentia o sono chegar, foi direto para seu quarto, tão logo deitou dormiu.

Virou-se na cama e despertou quando sentiu alguém a seu lado.

Tinha colocado um colchão no chão para Sherlock dormir, sua cama era grande e os dois até poderiam dividi-la, e apesar de no fundo Molly adorar que fosse assim, não iria sugerir a ideia.

— Sherlock? – Perguntou em dúvida, o sono atrapalhava a coerência, ele estava deitado ao seu lado com os braços atrás da cabeça olhando o teto no escuro — Que horas são?

— Provavelmente uma ou duas da madrugada.

— O que faz aqui?

— Você me chamou – Explicou-se.

— Eu não... – “Ai meu Deus! Eu não falei dormindo, falei?” Ainda sonolenta ela sentia as bochechas começarem a esquentar chegando até a raiz dos cabelos. Não se lembrava de ter sonhado com ele, e mesmo que sonhasse, ninguém sabia exceto ela. Também nunca falava enquanto dormia, bom, pelo menos ninguém nunca disse a ela que tinham a ouvido conversar dormindo.

— Ouvi você me chamar, pensei que estivesse acordada, me levantei para ver o que você queria, estava num sono profundo, então me chamou de novo e como não poderia conversar com você dormindo, deitei aqui até que pudéssemos conversar... Não sabia que falava dormindo Molly. – Ela podia jurar que notou deboche no tom de voz dele, sentia suas pálpebras pesarem, ignoraria tudo que ele disse o melhor era voltar a dormir, não estava em condições mentais de manter uma conversa com Sherlock Holmes.

— Volta a dormir também Sherlock, é o que farei. – Deu as costas a ele, sentiu quando ele se levantou da cama alguns segundos depois.

“Legal Molly” pensou “Tinha que falar justo o nome dele?”

— Boa noite Sherlock – disse quando o ouviu se deitar.

— Boa noite Molly!

Adormeceu novamente, estava num sono tão profundo que não percebeu quando mais tarde na madrugada Sherlock a cobriu por ter se descoberto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

e ai gente? comentem, anyway °w°