Já se conheciam há alguns anos, e desde a primeira vez que se viram Molly Hooper não só admirou como também se apaixonou por Sherlock Holmes. Apesar de sempre ele ser distante, e na maioria das vezes ser rude com ela, nunca deixou de gostar dele. Ele se aproveitava disso, ela sabia claro, não era boba por não perceber, mas não se importava. Gostava de ajudar sempre que podia.

Lembrava-se perfeitamente do dia em que ele foi até o necrotério, sabia que ele novamente iria lhe pedir algo, e ao estudar suas feições soube que dessa vez haveria algo de diferente no que ele pediria, não imaginava o que poderia ser.

Ele foi até lá sabendo que podia contar com ela, como sempre.

Então ela ouviu pacientemente como de costume ele dizer que precisava dela, de sua ajuda, a diferença é que dessa vez seria extremamente importante, e só ela poderia ajuda-lo.

Ela concordou sem hesitar claro. Não negaria. Afinal ainda era e algo em seu interior dizia que sempre seria apaixonada por ele. Amar era isso, fazer as coisas sem esperar nada em troca.

Ele explicou que precisaria morrer. Precisava que ela o ajudasse a forjar a própria morte e ninguém, além de Mycroft podia saber do que ele ia fazer e como seria feito. A vida de pessoas com quem ele se importava dependia que desse certo.

Repassaram o plano incontáveis vezes em uma só noite, tudo tinha que sair perfeito, um passo em falso e várias coisas estavam em risco.

Ela percebia que apesar de demonstrar a tranquilidade de sempre, sabia o quanto por dentro ele estava apreensivo. Ele nunca se perdoaria se algo acontecesse por uma falha.

Quem visse de fora consideraria um ato altruísta, mas ele ainda era quem era, seu orgulho jamais permitira que ele realmente realizasse o ato de fato.

O dia da execução do plano chegou, reviram todos os passos mais uma vez.

O jogo começou.

Ela estava nervosa claro, com medo que saísse algo errado, com medo que tudo fosse descoberto, sentia medo por ele.

Ele sabia claro, dado suas capacidades, sabia desde a primeira vez que se viram como ela se sentia em relação a ele, só não sabia nem entendia o quão profundo o sentimento era.

Aconteceu tudo exatamente como ele previra e no final o plano deu certo, ele conseguiu preservar as vidas que estavam em jogo.

Ela o esperava no carro que os levaria, torcia suas mãos de nervosismo, só se acalmou quando o viu entrar no veículo. Não puxou papo. Pela expressão dele sabia que era melhor nem tentar, daria espaço pra que ele ficasse com seus pensamentos.

Ele ficaria em seu apartamento, iriam conviver por um tempo juntos, estava feliz com a chance de poder se aproximar mais dele.

Viu-o sentar em uma das poltronas e fechar os olhos, ficou observando-o alguns segundos, ele estava completamente imóvel, ainda de casaco e cachecol, os cabelos bagunçados, lindo como sempre, não ficaria ali parada igual um dois de paus o olhando, foi para seu quarto e lançou lhe um último olhar antes de fechar a porta, ele poderia não nota-la, nem se importar com a devoção que tinha em seus olhos ao olhá-lo, mas ainda assim amava ele.

Antes de fechar a porta atrás de si sussurrou baixo o suficiente de modo que nem ele ouviria "E depois de todo tempo, ainda te amo"