— Sabe Donna, você não tem ideia de como doeu ver a Rose se pegando com... Bem, comigo mesmo, mas não com a minha pessoa, entende?— Resmungou o Doctor, dando mais um cuidadoso gole de sua Dinamite Pangaláctica, esperando uma reação de Donna, que por sua vez apenas apoiou o cotovelo no balcão da cozinha e comeu a azeitona que anteriormente estava boiando em seu drink.

— Hm...— Foi a resposta dela

— E sabe o que é pior?—Indagou o Timelord, e sem esperar por uma resposta continuou— O pior é que eu não devia me preocupar, sabe? Ela está bem, e basicamente comigo, mas eu não consigo me fazer não ligar, isso é realmente uma... Uma... Como fala mesmo?— Donna continuou o encarando, e abriu a boca para falar algo pela primeira vez em sete horas, mas tudo que saiu foi um "Hããã?" meio desgarrado.

E não era para pouco, desde que eles haviam saído do maldito "Pete's World" e de que o Doctor havia conseguido (desafiando todas as leis do universo) achar um modo de que Donna pudesse continuar com sua consciência meio-Timelady meio-Humana e suas memórias, eles vinham bebendo várias e várias Dinamites Pangálacticas, bondosamente feitas por uma mochileira de nome estranho... Anna-Louise, Annelise, Glória... Donna não conseguia se lembrar exatamente, tudo que ela conseguia lembrar agora era da imensa dor de cabeça que ela sentia, um macaco tocando tambor e de que ela precisaria visitar Asgard para checar com Loki se a tal história de que ele pariu a porra de um cavalo de oito pernas era verdade.

Além disso, nada, nem como pronunciar "Donna Noble".

Tomou outro gole da sua Dinamite, olhou para o Doctor com olhos borrados e lançou sua cabeça no balcão, o Timelord fez o mesmo, afinal de contas, ele mesmo não conseguia mais formar pensamentos adequados.

— A Rose nem sabia fazer pudim de banana,— Continuou, levantando um pouco o rosto— e ela era loira. Você sabe fazer pudim de banana né?

Donna grunhiu e fez um joinha, o Timelord sorriu e se achegou mais para perto de sua Earth Girl:

— E o seu cabelo é vermelho.— Constatou ele, brincando com umas mechas do cabelo dela— Eu gosto de cabelos vermelhos, mas eu nunca tive um assim.

Curvando os lábios para baixo, ele indagou para Donna, que havia conseguido sair de seu estupor:

— Por que eu nunca tive cabelo vermelho? E por que as pessoas que a gente gosta mais sempre nos machucam?

— Eu não sei, time-boy,— Começou Donna, encostando sua cabeça no ombro do Doctor, que recostou a sua por cima da dela, e suspirou— mas lembra quando eu apareci aqui da primeira vez? Eu estava prestes a me casar mas você me salvou de ser morta, e eu te salvei de morrer, lembra daquele dia?

— Lembro, eu lembro também que foi quando eu percebi que eu achei você muito legal— Falou ele, virando um pouco o rosto, e plantando um beijo no topo da testa de Donna.— Eu gosto de você, minha Earth-Girl...

Virando o rosto para cima, a ruiva sorriu carinhosamente para o moreno, pousou um suave beijo nos lábios dele e respondeu docemente:

— Eu também gosto de você, meu Spaceman...

E foi a última coisa de que eles se lembraram antes de se beijar novamente.

OoOoOoOoOoO

A alguns metros de onde o Doctor e a Donna se beijavam furiosamente, uma mochileira com incríveis cabelos castanhos e bondosos olhos também castanhos sorriu pacificamente, tomou um golinho de seu hizotônico e lançou um olhar para a TARDIS, murmurando quietinha.

— Viu, meu trabalho está feito, eu consegui.

A TARDIS por sua vez apenas respondeu com barulhos que estranhamente pareciam como um:

"Vai se foder, Clara."