“Me distraía com uma bela valsa quando me deparei com algo ainda mais magnífico: uma jovem dama.

Suas vestimentas eram doces e angelicais, na perfeita combinação do límpido azul de seus olhos, dos dourados fios de seu cabelo e dos mais delicados tons de rosa que compunham seu vestido.

Depois do meu instantâneo desejo de poder acompanha-la em uma dança, a minha maior honra seria poder retirar a máscara que cobria parte do seu rosto de porcelana.

Me aproximo de sua dimensão; arqueio-me diante à ela, e peço permissão para guia-la durante a valsa. Deparo-me, então, com uma nova e assustada expressão que agora habita sua face e sem nenhuma palavra, ela se distancia de mim.

Tento a impedir de partir, mas o céu já está escuro demais.

Quando percebo, ela passa a voltar em minha direção. Se estende em minha frente e permite que suas lágrimas caiam. Me assusto ao ver que, a cada gota que cai, seu rosto dissolve-se ainda mais.
Estendo meu braço e elevo meus dedos à sua face, a enxugar e impedir que mais de suas lágrimas a destruam. Mas, quando a toco, vejo seu corpo destruir-se, em pedaços.

Pergunto-me se ela seria uma alma morta, porém logo posso ver que aquela seria a mais viva alma de todas, que se machucara com as próprias vivências do tempo.”