Kurt, Interrompido escrita por Maleficent


Capítulo 23
De volta aos anos 60.


Notas iniciais do capítulo

Oiiiim. Obg BruhCaroline pela terceira recomendacao *o* suas belas palavras me fizeram sorrir deito idiota no meio da aula de fisica, mas obg mesmo assim.
Ninguem voltou a comentar e ninguem falou nada sobre a historas estar ficando com capitulos demais, entao vou acelerar a historia por precaucao. Espero que gostem!



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No inicio não lembro de como vim parar neste quarto com paredes volumosas. Minha boca e esta seca e é como se minha garganta estivesse em carne viva, como se gritasse a noite inteira ate o sol surgir. Não sei que dia ou que horas são.

Começo mexendo os dedos de leve, eles pesam demais. Escorrego pra fora da cama e me ponho de pé, o barulho de minha cabeça batendo no concreto frio retumba pelos meus ouvidos e dói mais do que a própria pancada. Fico deitado no chão, sei que não vou poder me levantar tão cedo.

Não me lembro de nada, e quando digo nada, eu quero dizer que não lembro da ultima coisa que fiz ou com quem, não faço ideia de onde estou.

Meus joelhos ralam quando me ajoelho devagar, a vista turva voltando ao lugar. Apoio minha mão na parede e salto na cama em um pulo quando percebo o material.

Paredes acolchoadas.

Meu cérebro entra em curto e minha vista melhora automaticamente pela adrenalina correndo livre por meu corpo. Me viro e respiro ofegante vendo as paredes.

Se eu estiver na Dalton acho que vou morrer.

Não, se eu estiver no bloco A e ai que vou morrer mesmo.

Torradas com mel chegam as minhas memorias, fumaça de carro e cigarro, quadros. Blaine.

A janelinha na porta e a única coisa que me da passagem pra ver. Uma enfermeira passa pela porta e eu grito.

“Por favor! Me tirem daqui!” Minha voz sai baixa, mesmo com todo o esforço que faço, minha garganta esta praticamente destrocada.

A enfermeira volta para olhar pra mim com curiosidade. Ela pega a prancheta pendurada na frente da porta e então me olha outra vez. Ela não diz nada antes de continuar andando.

“Vaca!” Grito, sem sucesso, de novo. Ela não escuta.

Minha cabeça esta quase virada do avesso, lateja a cada imagem que passa. Meu coração esta a mil por hora e a cada batida um sinal pisca em mim Blaine Blaine Blaine Blaine Blaine vá achar o Blaine.

Minhas unhas arranham a porta. Vou escorregando ate sentar no chão, não sei se estou chorando ou gritando, minha garganta arde e meus ouvidos zunem.

Alguém abre a porta na qual estou apoiado e machuco a cabeça pela segunda vez. A enfermeira esta acompanhada de dois caras de roupas brancas e sou arrastado pelo corredor. Vejo pelas janelas das outras portas no corredor procurando por um dos Warblers mas não reconheço ninguém.

Grito quando vejo Jeff, na mesma posição da ultima vez que o vi. Coberto de porcaria, ele não me escuta. Agora sei que estou no Bloco A.

Deixo a cabeça abaixada e choro, ainda sendo arrastado pelo corredor. Ataque de pânico não chega perto do que sinto agora.

Saímos do Bloco A e me sinto um pouco mais aliviado, mas não paro de chorar. Vejo o refeitório e meu estomago ronca, não sei qual é a ultima vez que comi. A sala de TV esta vazia e os telefones continuam no lugar. Uma enfermeira lixa as unhas no balcão.

Vejo um menino franzino no quarto, cabelos loiros como os de Jeff, porem mais curtos. A enfermeira me senta na cama e aponta uma lanterna para meus olhos. Afasto a cabeça mas ela segura bem nos meus cabelos.

“O que aconteceu?” Digo, evito olhar nos olhos dela.

“Você fugiu e foi pego. Foi isso que aconteceu.” Ela é severa, suas mãos são geladas e odeio quando ela encosta em meu braço.

“E os outros?”

“A maioria já esta no bloco normal. Ainda resta um no bloco A e outro já não esta mais aqui.”

Ela olha para o cara sentado na cama ao lado e abre a porta. “Não saia daqui.” Diz ela antes de sair.

Mando ela a merda e saio.

Vejo de relance Wes, Nick e Austib em quartos separados, com outros colegas de quarto que nunca vi. Hunter esta no fundo do corredor, mas não me vê. Saio correndo ate o outro lado do hospital.

Se Hunter, Nick, Wes e Austin estão aqui, ainda tem alguém no bloco A e um não esta mais na Dalton.

Sebastian é quem mais se encaixa em estar no bloco A. Cooper pode ter levado Blaine embora com ele. Quando estou perto do quarto a mesma enfermeira que me disse para não sair chega ao mesmo tempo.

“Não era pra você sair!” Ela repreende.

“Va se danar.” Resmungo e fecho a porta na cara dela.

O garoto franzino continua sem dizer nada, ignoro a presença dele e fico sentado sem saber o que fazer. Não sei a quanto tempo estou aqui mas não quero perguntar pra ninguém sobre isso. Preferia ter ficado inconsciente por mais tempo.

Quando a enfermeira volta para o quarto, estou pronto para manda-la ao inferno quando percebo que ela esta acompanhada de ninguém menos que Sue Sylvester.

Meu corpo treme em memoria de quando insultei Becky, mas mantenho o rosto vazio e concreto, nenhuma ruga fora do lugar. Ela aperta os olhos e lambe os lábios antes de me mandar ir ate a sala dela. Se ela quer jogar esse jogo, então vamos jogar. Tenho uma lista de perguntas para ela responder.

A sala da Dra. Sylvester continua a mesma chatice de sempre, um hambiente completamente entediante e monótono. Ela me pede para sentar, então me deito e tiro todo o espaço do sofá. Ela ri e senta na poltrona na frente.

“Soube que você acordou hoje.”

“É. Quando tempo fiquei em desacordado?”

Ela morde o lábio inferior para reprimir o sorriso. Mexe os dedos antes de responder.

“ Dois dias.” Não sei se a intenção dela era me chatear ou preocupar, mas não da certo. Tenho a sensação de ter dormido por semanas. Meu corpo continua cansado mesmo assim.

“Hm.” Fico olhando pela janela. Quero bombardear ela com perguntas mas nada sai da minha boca.

“Qual é a ultima coisa de que se lembra?” Meus olhos vão ate ela e sinto raiva por ser ela perguntando quando sou eu quem precisa de respostas.

“Quanto tempo fiquei fora?” Não sinto vontade de responder coisas que preciso pensar por mais de 2 segundos.

Ela cruza as pernas, odiosa, “Responda você primeiro.” Diz.

Solto ar pelas narinas e sou grosso, “Acho que estava no ponto de ônibus com o blaine.” Ela fica quieta, então adiciono, “Quando tempo fiquei fora da Dalton?”

“Uma semana.” Tremo de leve, e isso ela percebe. “Vocês estavam em uma condição bem ruim quando recebemos a denuncia.”

“Onde esta Blaine?”

“Bloco A.” Me sinto praticamente flutuando em calma agora. Contiuo com pulgas na orelha, decido ir com calma.

“Sebastian?” Se ele não esta na Dalton, onde esta?

“Hospital. Estado terminal.”

“O que ele tem?” A ultima imagem de Sebastian que tenho em mente é ele rindo, colocando o braço em torno de algum cara na rua.

“Não sabem. Doença nova, não é o primeiro caso mas não conseguem achar cura.”

Já tinha lido matérias assim a partir dos 68; Jovens chegando em hospitais em total estado de emergência, não muito maiores de 30 anos, todos homossexuais. Em alguns meses, eles morriam de hepatite, tuberculose ou qualquer gripe. Achei que faziam isso para deixar as pessoas ainda mais assustadas dos gays, mas agora tenho medo.

“Ah.” É o único que meu cérebro é capaz de formar. “Posso ir?”

Ela levanta a sobrancelha, “Não tem mais perguntas?”

Obvio que tenho, sua vaca velha. Prefiro perguntar isso pra qualquer um menos pra você. Eu apenas quero ir embora deste antro. “Não.” Respondo.

Ela acena pra porta, então eu levanto, a quase meio caminho da saída, ela esfaqueia. Meu coração joga correntes elétricas.

“Se não quiser saber sobre o seu irmão Finn morto, as enfermeiras logo levarão seus remédios para o quarto. Não precisa mais sair dai.”


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Notas finais do capítulo

Pra quem nao entendeu, o Sebastian esta com Aids :c pobrezinho. Mas bem, acho que uma das coisas que chamou bastante atencao na epoca foi o crescimento da doenca entao... alguem teria que ter. Bjss!



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