Engravatados escrita por Bugaboo
Notas iniciais do capítulo
POV Violet Bloom
Ouvi a campainha tocando, olhei pelo o olho mágico e vi Harvey.
Destranquei a porta e vi que Ryan estava junto.
– Meu amor! - falei abraçando Ryan.
– Filhão, porque você não entra enquanto papai e mamãe conversam? - Harvey falou enquanto descabelava o cabelo do Ryan, que assentiu e foi para o quarto.
Ryan era loiro que nem o pai, mas os olhos cinzas eram meus.
– Ele fez a cara. - Harvey falou tristonho.
Ryan sempre comprimia os lábios numa linha fina quando achava que eu e o Harvey iriamos discutir, fazia isso desde criança.
– Não vou discutir.
– Nem eu Viola, me importo com você. - Harvey estava com uma expressão mais amigável do que a de hoje mais cedo. - Me desculpe, mas a verdade é que sempre vou me preocupar.
– Eu entendo.
Harvey chegou mais perto e passou a mão pela a minha cintura. Quando percebi já estava em seu colo, ambos presos num beijo.
– Boa noite Harv. - falei me afastando dele.
– Boa noite Viola! - ele tinha estampado no rosto o sorriso que era dedicado somente a mim, o sorriso que me fez ficar apaixonada por ele. - Mas teremos que terminar esse assunto mais tarde.
– Na sua casa ou na minha?
– Na minha, a última vez foi na sua.
– Acho justo. - falei fechando a porta aos poucos.
Ouvi a risada dele por trás das porta.
Por mais que tenhamos nos separado a quatro anos, nós nunca tínhamos realmente parado de nos vermos. Sempre que tínhamos vontade um procurava o outro, o divórcio que nos separou civilmente só ajudou mais a nossa relação. Éramos um casal diferente, desde o dia que nos conhecemos sabíamos disso.
– Você e o papai se odeiam?
Ryan perguntou sentando no sofá da sala.
– Não seja bobo Ryan, nunca conseguiríamos odiar um ao outro. - ele me olhava desconfiado. - Como conseguiríamos nos odiar se juntos fizemos a criança mais perfeita?
– Então porque nunca voltaram?
– É complicado, pequeno.
Falei indo abraçá-lo. Ryan sempre mostrou que não gostava nem um pouco de ter pais separados.
– Eu sou o único da minha sala que não tem pai e mãe juntos e nem um irmão.
Meu coração se apertou. Podia ver a tristeza no rosto dele.
– Ryan... Eu não... – não tinha palavras, Ryan sempre me deixava sem palavras.
– Tudo bem mãe, sou novo e sei que isso pode mudar com daqui uns anos. – Ryan as vezes parecia um homem falando, era até difícil lembrar que só tinha oito anos. – Quero pizza mãe.
Passei a mão em sua bela cabeleira loira.
– Calabresa?
Ryan assentiu com a cabeça.
A pizza chegou quarenta minutos depois que eu liguei. Ryan devorou a metade da pizza, quando acabou não conseguia nem se levantar direito do sofá.
Guardei o resto da pizza e lavei os pratos.
– Ryan já são dez horas, já para cama.
– Mãe...
– Nada de mãe rapazinho. – falei desligando a tv. – Seu pai vem te buscar amanhã cedo para irem ao baseball.
Ele fez a famosa carinha de cachorro sem dono.
– Nem tente pequeno, eu quem lhe ensinei isso.
Ryan se levantou e veio me abraçar.
– Boa noite mamãe.
– Boa noite, meu pequeno. – falei correspondendo o abraço.
Harvey tinha buscado Ryan antes das dez da manhã.
Meu dia tinha sido chato. Estava atolada de material para digitar. Só larguei o trabalho quando o relógio tocou avisando que já eram seis da tarde.
Me levantei e fui me arrumar para o jantar com o Neal.
Quando estava pronta peguei um taxi que me deixou no Rouge et Blanc e pela enorme janela de vidro dava para ver Neal sentado na mesa olhando o relógio, sabia que tinha me atrasado.
– Desculpe o atraso. – falei quando cheguei na mesa onde estava o Neal.
– Tudo bem, acabei de chegar também.
Acredito.
Neal puxou a cadeira para mim, e eu sentei.
– Posso servi-los... Sra. Braswell, quanto tempo que não a vejo. – o garçom, chamado Max, sempre foi bom comigo e com o Harvey.
Max ficou assustado quando viu que o homem na mesa não era o Harvey.
– Uma garrafa de Pinot, por favor. – Neal pediu.
Max assentiu e saiu.
– Braswell? Achei que fosse Bloom...
– Em momento nenhum falei que meu sobrenome é Bloom.
– Eu admito, procurei depois daquele dia que te chamei para sair. – Neal tinha corado. – E antes que pergunte como achei, no dia que esbarrou em mim eu vi nas folhas que tinha o símbolo da New York Notice, daí foi fácil. Só precisei ligar e pedir para falar com Violet e lá sua assistente atendeu como escritório da Violet Bloom.
– Você é bom no que faz Neal Caffrey.
– Não falei...
– Sou jornalista Neal, sei quem é e o que fez. Já apareceu muito na primeira página do Notice.
Neal riu.
– Mas e o Braswell?
– Vamos com calma Sr. Caffrey.
Neal pediu nossa comida. Max trouxe o vinho que não durou mais de dez minutos.
Ambos estávamos começando a ficar corados, sentia minhas bochechas ardendo. Tinha ficado feliz de ter vindo de taxi, pois Neal já tinha pedido outro vinho.
– Então você sabia desde o início quem eu era e mesmo assim saiu comigo? Você é maluca? – Neal tinha um dos sorrisos mais belos que eu já vi.
– Neal. – assim que falei o seu nome ele pegou a minha mão. – Não ligo para o que fez, não ligo se já foi preso. Sei que trabalha para o FBI como consultor, e que não é o mesmo de antes de ser preso.
– Como sabe disso? – sua mão fazia carinho na minha.
– Consigo ver isso no seus olhos. – e que belos olhos azuis. – Quando prenderam o Samuel Geere, dava para ver orgulho nos seus olhos, orgulho de fazer algo bom.
– Isso ou você também tem um passado negro.
– Talvez.
– Vai me contar? Afinal, você já sabe tudo de mim.
– Meus pais eram um casal complicado que sempre brigavam, um dia resolvi fugir e vir para Nova York tentar trabalho, mas ninguém contrata uma jovem de quinze anos. Virei batedora de carteira, até que um dia um cara me pegou roubando e disse que não falaria para polícia se trabalhasse para ele. Comecei a roubar joias e artes para me sustentar. Quando tinha dezessete anos conheci um rapaz legal e começamos a namorar, virei uma idiota descuidada e acabei sendo pega roubando umas joias. Esse rapaz pagou a minha fiança e eu achei melhor ter uma vida honesta, mas ninguém quer alguém que foi preso. Então voltei a vida do crime, mas engravidei pouco tempo depois. Percebi que tinha que parar com isso. Casei com esse rapaz e comecei a estudar, fiz faculdade e me formei em jornalismo.
– Ual...
Neal ficou calado por um tempo.
– Braswell... – Neal falou mais para si do que para mim. – Você era casada com Harvey Braswell, o advogado!
– Exatamente.
Continuamos bebendo e conversando o resto da noite até que o telefone de Neal começou a tocar.
– É o Peter. – Neal falou olhando o visor.
– Pode atender.
– Volto já. – Neal apertou a minha mão e saiu para atender o telefone.
O garçom veio buscar os pratos vazios e eu pedi a conta.
Neal chegou na mesma hora que o garçom trouxe a conta.
– Já está indo? – ele perguntou perplexo.
– Tenho que ir Neal, já está ficando tarde e preciso pegar meu filho amanhã cedo.
O garçom me entregou a conta, mas Neal tirou da minha mão e a pagou.
– Quando vamos sair de novo?
– Você quer sair com uma mulher que tem filho? Você é maluco? – falei o imitando.
– Ele parece ser uma criança maravilhosa.
Neal pegou o meu casaco e seu chapéu. Nos retiramos do restaurante e ficamos parados na calçada conversando e procurando de um táxi.
– Ali tem outro. – Neal falou acenando com o chapéu para o táxi. – Esse é o terceiro?
– Quinto. – falei quando o táxi passou direto. – Você acenando esse chapéu de mafioso não passa uma imagem boa.
– Chapéu de mafioso? – ele perguntou com um sorriso travesso.
– Me dá o chapéu.
– O que?
– Vou te mostrar como se chama um táxi.
Neal me deu o chapéu. Fui até a beira da calçada e acenei para o táxi que passava, na mesma hora ele parou ao nosso lado.
– Viu? – falei colocando o chapéu na cabeça.
– Exibida!
Neal abriu a porta de trás para que eu entrasse e foi o que fiz. Neal entrou logo depois e se sentou do meu lado.
– Quer dividir o táxi ou saber onde moro?
– Não vou te deixar sozinha num táxi que só parou porque você é mulher. – Neal sussurrou no meu ouvido, meu corpo se arrepiou. – E também quero saber onde você mora.
– Está me perseguindo, Sr. Caffrey? – falei me virando para olhar o Neal.
Aqueles olhos azuis. Aquele sorriso. Aquele cara parecia ter saído de sonho.
O táxi parou na porta do meu prédio. Assim que sai do táxi Neal pagou o taxista e saiu também, ele me acompanhou até a porta do meu apartamento.
– É aqui que eu fico. – falei destrancando a porta. – Obrigada pela à noite, me diverti bastante.
Me virei para olhar Neal uma última vez naquela noite, mas fui pega de surpresa quando Neal me beijou.
E lá estávamos em frente a porta do meu apartamento, presos num beijo ardente.
– Quer entrar? – perguntei falei assim que paramos em busca de ar.
Neal concordou e voltou a me beijar, ele me pegou no colo e entrou.
A noite seria longa.
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