Engravatados escrita por Bugaboo


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

POV Violet Bloom



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Ouvi a campainha tocando, olhei pelo o olho mágico e vi Harvey.

Destranquei a porta e vi que Ryan estava junto.

– Meu amor! - falei abraçando Ryan.

– Filhão, porque você não entra enquanto papai e mamãe conversam? - Harvey falou enquanto descabelava o cabelo do Ryan, que assentiu e foi para o quarto.

Ryan era loiro que nem o pai, mas os olhos cinzas eram meus.

– Ele fez a cara. - Harvey falou tristonho.

Ryan sempre comprimia os lábios numa linha fina quando achava que eu e o Harvey iriamos discutir, fazia isso desde criança.

– Não vou discutir.

– Nem eu Viola, me importo com você. - Harvey estava com uma expressão mais amigável do que a de hoje mais cedo. - Me desculpe, mas a verdade é que sempre vou me preocupar.

– Eu entendo.

Harvey chegou mais perto e passou a mão pela a minha cintura. Quando percebi já estava em seu colo, ambos presos num beijo.

– Boa noite Harv. - falei me afastando dele.

– Boa noite Viola! - ele tinha estampado no rosto o sorriso que era dedicado somente a mim, o sorriso que me fez ficar apaixonada por ele. - Mas teremos que terminar esse assunto mais tarde.

– Na sua casa ou na minha?

– Na minha, a última vez foi na sua.

– Acho justo. - falei fechando a porta aos poucos.

Ouvi a risada dele por trás das porta.

Por mais que tenhamos nos separado a quatro anos, nós nunca tínhamos realmente parado de nos vermos. Sempre que tínhamos vontade um procurava o outro, o divórcio que nos separou civilmente só ajudou mais a nossa relação. Éramos um casal diferente, desde o dia que nos conhecemos sabíamos disso.

– Você e o papai se odeiam?

Ryan perguntou sentando no sofá da sala.

– Não seja bobo Ryan, nunca conseguiríamos odiar um ao outro. - ele me olhava desconfiado. - Como conseguiríamos nos odiar se juntos fizemos a criança mais perfeita?

– Então porque nunca voltaram?

– É complicado, pequeno.

Falei indo abraçá-lo. Ryan sempre mostrou que não gostava nem um pouco de ter pais separados.

– Eu sou o único da minha sala que não tem pai e mãe juntos e nem um irmão.

Meu coração se apertou. Podia ver a tristeza no rosto dele.

– Ryan... Eu não... – não tinha palavras, Ryan sempre me deixava sem palavras.

– Tudo bem mãe, sou novo e sei que isso pode mudar com daqui uns anos. – Ryan as vezes parecia um homem falando, era até difícil lembrar que só tinha oito anos. – Quero pizza mãe.

Passei a mão em sua bela cabeleira loira.

– Calabresa?

Ryan assentiu com a cabeça.

A pizza chegou quarenta minutos depois que eu liguei. Ryan devorou a metade da pizza, quando acabou não conseguia nem se levantar direito do sofá.

Guardei o resto da pizza e lavei os pratos.

– Ryan já são dez horas, já para cama.

– Mãe...

– Nada de mãe rapazinho. – falei desligando a tv. – Seu pai vem te buscar amanhã cedo para irem ao baseball.

Ele fez a famosa carinha de cachorro sem dono.

– Nem tente pequeno, eu quem lhe ensinei isso.

Ryan se levantou e veio me abraçar.

– Boa noite mamãe.

– Boa noite, meu pequeno. – falei correspondendo o abraço.

Harvey tinha buscado Ryan antes das dez da manhã.

Meu dia tinha sido chato. Estava atolada de material para digitar. Só larguei o trabalho quando o relógio tocou avisando que já eram seis da tarde.

Me levantei e fui me arrumar para o jantar com o Neal.

Quando estava pronta peguei um taxi que me deixou no Rouge et Blanc e pela enorme janela de vidro dava para ver Neal sentado na mesa olhando o relógio, sabia que tinha me atrasado.

– Desculpe o atraso. – falei quando cheguei na mesa onde estava o Neal.

– Tudo bem, acabei de chegar também.

Acredito.

Neal puxou a cadeira para mim, e eu sentei.

– Posso servi-los... Sra. Braswell, quanto tempo que não a vejo. – o garçom, chamado Max, sempre foi bom comigo e com o Harvey.

Max ficou assustado quando viu que o homem na mesa não era o Harvey.

– Uma garrafa de Pinot, por favor. – Neal pediu.

Max assentiu e saiu.

– Braswell? Achei que fosse Bloom...

– Em momento nenhum falei que meu sobrenome é Bloom.

– Eu admito, procurei depois daquele dia que te chamei para sair. – Neal tinha corado. – E antes que pergunte como achei, no dia que esbarrou em mim eu vi nas folhas que tinha o símbolo da New York Notice, daí foi fácil. Só precisei ligar e pedir para falar com Violet e lá sua assistente atendeu como escritório da Violet Bloom.

– Você é bom no que faz Neal Caffrey.

– Não falei...

– Sou jornalista Neal, sei quem é e o que fez. Já apareceu muito na primeira página do Notice.

Neal riu.

– Mas e o Braswell?

– Vamos com calma Sr. Caffrey.

Neal pediu nossa comida. Max trouxe o vinho que não durou mais de dez minutos.

Ambos estávamos começando a ficar corados, sentia minhas bochechas ardendo. Tinha ficado feliz de ter vindo de taxi, pois Neal já tinha pedido outro vinho.

– Então você sabia desde o início quem eu era e mesmo assim saiu comigo? Você é maluca? – Neal tinha um dos sorrisos mais belos que eu já vi.

– Neal. – assim que falei o seu nome ele pegou a minha mão. – Não ligo para o que fez, não ligo se já foi preso. Sei que trabalha para o FBI como consultor, e que não é o mesmo de antes de ser preso.

– Como sabe disso? – sua mão fazia carinho na minha.

– Consigo ver isso no seus olhos. – e que belos olhos azuis. – Quando prenderam o Samuel Geere, dava para ver orgulho nos seus olhos, orgulho de fazer algo bom.

– Isso ou você também tem um passado negro.

– Talvez.

– Vai me contar? Afinal, você já sabe tudo de mim.

– Meus pais eram um casal complicado que sempre brigavam, um dia resolvi fugir e vir para Nova York tentar trabalho, mas ninguém contrata uma jovem de quinze anos. Virei batedora de carteira, até que um dia um cara me pegou roubando e disse que não falaria para polícia se trabalhasse para ele. Comecei a roubar joias e artes para me sustentar. Quando tinha dezessete anos conheci um rapaz legal e começamos a namorar, virei uma idiota descuidada e acabei sendo pega roubando umas joias. Esse rapaz pagou a minha fiança e eu achei melhor ter uma vida honesta, mas ninguém quer alguém que foi preso. Então voltei a vida do crime, mas engravidei pouco tempo depois. Percebi que tinha que parar com isso. Casei com esse rapaz e comecei a estudar, fiz faculdade e me formei em jornalismo.

– Ual...

Neal ficou calado por um tempo.

– Braswell... – Neal falou mais para si do que para mim. – Você era casada com Harvey Braswell, o advogado!

– Exatamente.

Continuamos bebendo e conversando o resto da noite até que o telefone de Neal começou a tocar.

– É o Peter. – Neal falou olhando o visor.

– Pode atender.

– Volto já. – Neal apertou a minha mão e saiu para atender o telefone.

O garçom veio buscar os pratos vazios e eu pedi a conta.

Neal chegou na mesma hora que o garçom trouxe a conta.

– Já está indo? – ele perguntou perplexo.

– Tenho que ir Neal, já está ficando tarde e preciso pegar meu filho amanhã cedo.

O garçom me entregou a conta, mas Neal tirou da minha mão e a pagou.

– Quando vamos sair de novo?

– Você quer sair com uma mulher que tem filho? Você é maluco? – falei o imitando.

– Ele parece ser uma criança maravilhosa.

Neal pegou o meu casaco e seu chapéu. Nos retiramos do restaurante e ficamos parados na calçada conversando e procurando de um táxi.

– Ali tem outro. – Neal falou acenando com o chapéu para o táxi. – Esse é o terceiro?

– Quinto. – falei quando o táxi passou direto. – Você acenando esse chapéu de mafioso não passa uma imagem boa.

– Chapéu de mafioso? – ele perguntou com um sorriso travesso.

– Me dá o chapéu.

– O que?

– Vou te mostrar como se chama um táxi.

Neal me deu o chapéu. Fui até a beira da calçada e acenei para o táxi que passava, na mesma hora ele parou ao nosso lado.

– Viu? – falei colocando o chapéu na cabeça.

– Exibida!

Neal abriu a porta de trás para que eu entrasse e foi o que fiz. Neal entrou logo depois e se sentou do meu lado.

– Quer dividir o táxi ou saber onde moro?

– Não vou te deixar sozinha num táxi que só parou porque você é mulher. – Neal sussurrou no meu ouvido, meu corpo se arrepiou. – E também quero saber onde você mora.

– Está me perseguindo, Sr. Caffrey? – falei me virando para olhar o Neal.

Aqueles olhos azuis. Aquele sorriso. Aquele cara parecia ter saído de sonho.

O táxi parou na porta do meu prédio. Assim que sai do táxi Neal pagou o taxista e saiu também, ele me acompanhou até a porta do meu apartamento.

– É aqui que eu fico. – falei destrancando a porta. – Obrigada pela à noite, me diverti bastante.

Me virei para olhar Neal uma última vez naquela noite, mas fui pega de surpresa quando Neal me beijou.

E lá estávamos em frente a porta do meu apartamento, presos num beijo ardente.

– Quer entrar? – perguntei falei assim que paramos em busca de ar.

Neal concordou e voltou a me beijar, ele me pegou no colo e entrou.

A noite seria longa.


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