The Chase escrita por Oswin Oswald


Capítulo 6
Heavy Games


Notas iniciais do capítulo

Música citada durante o capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=2X_2IdybTV0&feature=kp



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/493965/chapter/6

Molly Hooper acordou com dores espalhadas pelo corpo inteiro. Na verdade, não desejava nem mesmo ter acordado. Depois daquela visita do homem misterioso, ninguém mais fora até ela. Bom, alguém deve ter tirado-a das correntes, já que quando acordou viu que estava no chão, mas acontecera enquanto estava dormindo. Ou melhor, desmaiada devido ao cansaço.

Ela não sabia mais quanto tempo havia se passado enquanto estivera ali. Tinha esperanças que Sherlock iria tirá-la de lá mas... Não, sem “mas”. Ela sabia que ele iria resgatá-la. Mas até mesmo o ato de pensar e desejar algo parecia muito doloroso.

Mas então a porta se abriu, e dela o homem de terno apareceu novamente. A iluminação ainda era pouca, e por isso mesmo todo o tronco dele ficava oculto nas sombras.

– Mate-me. – Molly disse, reunindo o máximo de forças para que sua voz não falhasse. – Acabe com isso de uma vez.

O homem riu.

– Mas onde está a graça nisso? Sorria, Molls. – e um flash foi disparado.

____________________

Já passava das duas horas depois da meia noite quando Sherlock Holmes e Mary Watson conseguiram decolar. Mary possuía um contato que lhe devia um favor ou algo do tipo, e assim eles conseguiram arrumar um jato particular para saírem de lá. Sherlock não comentou, mas ele sabia que esse favor era na verdade pura ameaça feita pela assassina a um dos integrantes do governo suíço. Mas o que importava agora era estar fora do país, não quem estava sendo ameaçado pela mulher que respondia pelas iniciais A.G.R.A.

Mas o mais estranho ainda era que não tiveram nenhum contato com o sequestrador depois do que aconteceu. Mary esperava encontrar algo dentro do monastério, ou até mesmo na construção abandonada. Não havia nada lá. Ela não sabia se deveriam voltar para Londres ou se esconder. E Sherlock ficara quieto a maior parte do tempo, o que também não ajudava muito.

Um alerta vindo de um celular sobressaltou os dois, que permaneciam em absoluto silêncio.

– É o meu. - Sherlock mencionou ao perceber que a loira estava prestes a desviar sua atenção dos controles e da direção. Ele nunca fora muito fã de aviões, e por esse motivo tinha parte de sua atenção voltada exclusivamente para Mary.

Mensagem multimídia. Finalmente um contato do sequestrador. Mas a curiosidade do detetive rapidamente se transformou no mais puro ódio que ele já sentiu. Sua boca se abrira levemente enquanto seus olhos buscavam qualquer pista que pudesse dizer a localização de Molly. A dor em vê-la naquele estado crescia a cada minuto, ao saber que a culpa de tudo aquilo era dele, e dele somente. Molly... Sua Molly, tão vulnerável, tão frágil. A Molly que ele conhecia estava escondida ali, camuflada sob aquela mulher assustada e machucada. Ele conhecia o olhar feroz que estava contido em seus olhos, mas ainda assim... Sherlock somente voltou a si quando escutou a voz de Mary chamar seu nome ao longe. Seus dedos da mão esquerda estavam cravados no tecido na poltrona, a espuma agora visível depois que ele a removeu.

– Você esta bem? O que aconteceu? - Ela ligou o piloto automático e se pegou o celular da mão dele, que ainda estava em choque.

– Oh, Molly... - ela murmurou, a mão indo a boca em resposta ao espanto. A foto também pegara Mary de surpresa, e os olhos da loira se encheram de lágrimas ao ver o estado da amiga. – Você recebeu alguma foto do John? – Ela perguntou, hesitante. Não tinha muita certeza de estava aliviada ou não com a resposta negativa dele.

– John está vivo. Tenho certeza disso. – A voz se Sherlock era fria e distante.

Mais um sinal de alerta. Dessa vez, vindo do bolso de Mary.

– Música. – Ela comentou ao abrir a mensagem, enviada por um número desconhecido.

Carry on my wayward son
There'll be peace when you are done
Lay your weary head to rest
Don't you cry no more

Ela deixou a música tocando enquanto voltou para os controles, o piloto automático estava emitindo um bipe que significava que logo iria deixar de funcionar.

Masquerading as a man with a reason
My charade is the event of the season
And if I claim to be a wise man, well
It surely means that I don't know

On a stormy sea of moving emotion
Tossed about like a ship on the ocean
I set a course for winds of fortune
But I hear the voices say

Assim que o som se extinguiu, Mary viu que Sherlock estava de volta ao seu palácio mental. Mas o que ela esperava ser uma longa jornada de mais silêncio acabou se resumindo a poucos segundos.

“Minha charada é o evento da estação”. Quais são os feriados importantes que acontecem na primavera?

– Se você não sabe, como quer que eu saiba? – ela retrucou. – E além do mais, os feriados variam de um país para o outro. Você quer saber os feriados onde? Na Inglaterra, na Suíça..?

Ele pensou um instante.

– Nos Estados Unidos.

– O que... Sherlock, fale a minha língua. Temos que ir para os Estados Unidos então? Por quê?

– Nunca tive que ficar explicando as coisas para o John. – ele reclamou, mas continuou com um suspiro. – Quando recebemos as duas músicas, sabíamos ter dois caminhos a seguir. Seguimos o que a segunda música indicava. Mas na primeira também há algo que nos poderia ser útil, mas que estamos usando somente agora.

Tip my hat, to the sun in the west.
Feel the beat right in my chest.
At the crossroads, a second time.
Make the devil, change his mind.
It's a pound of flesh! but it's really a ton.

99 problems and a bitch ain't one.

– “Tiro meu chapéu para o sol no oeste.” e “Na encruzilhada, uma segunda vez.” Não tinha muita certeza para onde iríamos, mas agora posso afirmar. A música que você acabou de receber é de uma banda americana. Além de ser o que faz mais sentido, acredito que Molly e John estejam em alguma área desértica, ou até mesmo perto do Grand Canyon, porque algumas feridas na perna dela mostram que ela fora arrastada por algum lugar que continha areia. Além disso, há várias referências disso nas outras músicas. “I can lose my mind in the sea.”; e “See him sifting through the sand” e agora também “On a stormy sea of moving emotion/ Tossed about like a ship on the ocean”. Todas se referem ao mar, ou seja, a um lugar que possua areia.

– E a localização correta se encontra nesse evento que fala na música.

– Precisamente. Mas ela também fala que eu não sei, é por isso que você precisa encontrar essa data.

Ela concordou. – “E se eu afirmar ser um homem sábio, certamente significa que eu não sei.” Tudo bem. Então... eventos que acontecem na primavera. Que dia é hoje?

– Seis de maio. – Ele respondeu. – Talvez tenha alguma coisa relacionada a um feriado nacional. Talvez... algo relacionado a alguma guerra. “Haverá paz quando você estiver terminado”.

Talvez algo como... o Memorial Day? Mas ele acontece somente no final do mês.

– Memorial Day.. Hm.. Acho que talv— Não. Sim!

– O quê?

– Espere. – Ele levantou abruptamente de onde estava, as mãos paradas no ar ao lado da cabeça enquanto um sorriso aparecia em seu rosto. – Eu sei exatamente para onde temos que ir, Mary. Flórida. No cemitério onde Frank Hudson está enterrado.

– Hudson? O marido da Sra. Hudson?

– Esse mesmo. – Sherlock Holmes respondeu com um sorriso radiante.

______________________

O tempo parecia se arrastar até o momento em que Mary pousou o jato. Sherlock pulou para fora o mais rápido que pode, mas a loira tratou de segui-lo rapidamente. Eles logo descobriram que estavam em uma área pertencente a um clube, então não precisariam se preocupar com pessoas vindo atrás do jato. Bom, por algumas horas.

Não foi difícil para Mary roubar um carro, então pouco tempo depois os dois estavam a caminho do cemitério. Assim que chegaram, os dois caminharam por entre os túmulos. Uma sensação ruim tinha tomado conta de Mary, como se pudessem encontrar algo que ela não iria gostar ali. E deduzindo pelo estilo desse maníaco que estava fazendo tudo isso, ela não duvidava da capacidade dele.

– Aqui. – Sherlock disse quando os dois pararam, mas o choque tomou conta deles.

Estavam parados de frente ao túmulo de Frank Hudson. Mas havia outros dois túmulos que chamaram a atenção deles. Posicionados ao lado do túmulo “principal” neste contexto, duas lápides exibiam um buraco aberto na frente delas, no tamanho de um caixão. E nelas, estavam as seguintes inscrições:

Molly Hooper

+ 27-03-1979

+ 08-05-2014

Você se atrasou, Sherlock.”

“John Hamish Watson

+ 08-09-1971

+ 08-05-2014

Amigo. Marido. Morto.”

Outro pen drive os aguardava em cima do túmulo de John. Mas os dois não sabiam o que dizer. Não se mexiam, nem esboçavam reação. Apenas encaravam. Sentiam a raiva subir pelo corpo, e trocaram um intenso olhar. Apesar de todas as diferenças existentes entre Sherlock Holmes e Mary Elisabeth Watson, se havia uma coisa – e somente uma coisa – que importava agora era que eles iriam encontrar Molly e John.

Não era simplesmente uma caçada.

Era uma corrida contra o tempo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Admito, estou morrendo de rir com esses túmulos. Mas lá no fundo, estou com medo de vocês. Não me odeiem :33 Afinal, ninguém morreu de verdade u.u



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Chase" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.