End Of All Hope escrita por Sawatari


Capítulo 2
Capítulo 2 - O Poder da Guerra




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Samael arquejou chocado. Sempre soubera que James era traiçoeiro, manipulador e egoísta, mas jamais achou que ele chegaria tão baixo. Ele não queria que aquelas pessoas morressem, mas se ele se entregasse, muito mais iriam ser mortas. E ele aceitando ou não, James iria matá-las. Porque se importaria?

Samael mordeu o lábio com força tentando pensar em um plano, até que um filete de sangue começasse a escorrer. Estava sendo egoísta, mas não tinha outra opção.

 

- Eu não... – começou. Alguém tivera seu pescoço quebrado, e a ferroada em seu coração o impediu de continuar. – Eu não vou com você!

 

E ao dizer isso, virou as costas para James e começou a correr na direção oposta. Corria como nunca antes, passando pelas pessoas furiosas, que assim como antes, o ignoravam. Não olhou para trás, apenas para a frente, onde a porta para outro vagão estava recortada na parede metálica. De repente todas as pessoas a sua volta pararam de se mover, alguns de súbito, outros gradualmente.

As mortes o atingiram um segundo depois, com tal magnitude que ele caiu no chão duro, lutando para respirar. Não conseguia acreditar, James não era capaz de matar tantos humanos ao mesmo tempo, ainda mais em um único lugar. Os únicos que tinham tal capacidade eram Lúcifer... e ele.

Tentou se levantar, mas seus braços tremiam demais, enquanto o som de passos ficava mais perto. Levante-se, pensou desesperado, você tem que fugir daí imediatamente! Seus braços finalmente funcionaram, embora seus músculos gritassem em protesto, de modo que conseguiu erguer o rosto e parte do peito arfante. Porém uma bota pesada caiu em suas costas, o empurrando contra o chão e esmagando qualquer esperança de fuga que ainda tinha.

 

- Você sempre tem que complicar a minha vida, não é, Sam? – disse James, com uma pontada de raiva. Samael tentou levantar-se de novo, mas foi em vão, pois o outro pisou em suas costas com ainda mais força.

- Como você... – tentou perguntar entre os arquejos. – Matou... tantos...

- Ah, isso? – James estendeu a mão na direção das pessoas mortas nos bancos. – Foi um presente de Lúcio, para que dessa vez você não fuja. Ele está cansado de você e esse seu ridículo amor pelos humanos, e eu também! Agora você virá comigo, encontrar Victoria e nos ajudar a abrir o selo, quer você queira ou não!

 

James então se afastou, indo para a frente, mas somente para agarrar a gola de sua camisa e assim o puxar para cima. Sufocado, ele não teve tempo de impedir quando o irmão passou o braço em volta de seu peito, de modo que não pudesse mover os braços o suficiente para se soltar. Só depois o deixou respirar.

Samael ficou alguns segundos recuperando o fôlego, e então explodiu com todos os músculos, tentando desesperadamente se soltar. James apenas deu um muxoxo impaciente e segurou-o com mais força. Aqueles dois movimentos diziam claramente um aviso para que parasse, pois era inútil tentar fugir a essa altura.

Lentamente, o trem foi diminuindo a velocidade, enquanto se aproximavam do próximo destino. James estava impaciente pela demora daquela maldita máquina humana, ao que Samael rezava para que o trem demorasse ao máximo, pois ainda precisava achar um jeito de fugir.

 

- Humpf! Finalmente! – resmungou James quando o chão parou de tremer e as luzes pararam de correr. – Não entendo como pode adorar criaturas tão primitivas...

 

Samael ignorou o comentário, e James deu de ombros, indo em direção a porta. Qualquer um acharia estranho um homem conseguir carregar um garoto de dezesseis anos com apenas um dos braços, ainda mais se ele ainda estivesse tentando se soltar, porém mais discretamente dessa vez. Mas na verdade Samael tinha um corpo esguio, James era musculoso e de humano tinha apenas a aparência.

A porta finalmente se abriu para a estação totalmente vazia, e James começou a descer, quando uma voz cortou o silêncio.

 

- Pare! – sem nenhuma razão aparente, o homem parou a meio caminho de sair porta afora. Samael virou-se espantado, e notou uma figura pequena na metade do corredor.

 

Alice estava parada, segurando as mãos a frente do peito com força, talvez para tentar parar os tremores que percorriam seu corpo. Seus olhos, no entanto, fulminavam James sem pestanejar, enquanto este ainda não se mexera. No mesmo tom duro de antes, a garota deu-lhe outra ordem.

 

- Solte-o! – James esticou o braço, deixando Samael cair no chão com um som surdo. Ele ergueu o rosto para ela completamente chocado, mas Alice também lhe ordenou: - Vá!

 

Samael tentou responder que não faria isso, pois ela obviamente não sabia com quem estava lidando, mas parecia ter perdido a vontade própria também. Seu corpo parou de tremer e seu peito, de doer, quando ele se levantava vagarosamente e corria para a plataforma vazia. Queria dar meia volta e tirar Alice dali, mas seu corpo já não o obedecia, enquanto se afastava cada vez mais.

Passou tanto tempo tentando reaver o controle de seu corpo, que nem notara aonde ele o levava. Quase caiu de novo no chão quando suas pernas pararam abruptamente em meio a uma rua deserta. Ele olhou a volta confuso. Era uma rua da periferia, com prédios abandonados e lacrados com tábuas dos lados, sozinho.

Não sabia onde estava James, nem Alice. Não sabia nem mesmo onde ele estava.


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