Noção rápida das coisas... O escudeiro do meu irmão encontrou Brienne e seguiu viagem com ela. Pistas sobre o Perdigueiro e Sansa os levaram até esta odiosa caverna. De alguma forma reviveram a Lady Stark e ela agora quer me matar por que matamos metade da família dela... E ela. Este não é Sandor, não sei onde o tal de Hyle se encaixa. Eu ainda tenho o punhal no cinto. Será que Brienne ainda irá me matar?

– Mataram o refém, Brienne. Não precisa mais manter sua promessa e me matar. Podemos sair daqui agora? – Mas ela não escutava, estava chorando enquanto abraçava o corpo do garoto. Jaime andou lentamente ao seu encontro e lhe encostou as mãos. – Hey, você supera, garota. Não há mais o que fazer aqui... – Brienne parou de chorar então e se levantou.

– Frio.

– Hã?

– Podrick está muito frio. Está morto faz tempo! – Puxou a Cumpridora de promessas mais rápido do que era possível. Todos os homens fizeram o mesmo e o arqueiro preparou sua flecha. Jaime olhou em volta, tentou imaginar se realmente sairiam vivos dessa.

– A atmosfera ficou tão diferente aqui...

– Quebrou a promessa! Matou Podrick, Lady Coração de Pedra! – Brienne vociferou.

– Você quebrou primeiro, puta do Regicida. Demorou mais do que o prazo estimado! – O sacerdote rebateu. Oh! Brienne é minha puta agora, interessante...

– Acho que isso é culpa minha. Eu fiz Brienne parar para descançar várias vezes... Perdoe-me, milady...

– Ele está morto há muito mais tempo! – Brienne gritou de volta. Num golpe tão veloz quanto o anterior, ela virou-se para Jaime e passou a lâmina num corte vertical vindo de baixo pelo meio de suas mãos amarradas, dando-lhe liberdade finalmente. Ele não perdeu tempo e retirou a sua espada furtada do cinto de Brienne, depois encostou suas costas com a dela, observando os homens ainda parados em posições de ataque, possivelmente esperando a resposta final da senhora defunta Stark. Ela por sua vez passou a mão no corte da garganta e grunhiu ao sacerdote.

– Bem, seja como for, garota. Morrer em batalha lutando ao seu lado me parece melhor do que morrer pelas suas mãos. – Jaime percebeu um leve sorriso vindo de Brienne e ficou feliz pelo feito.

– Atenção todos, Lady Coração de Pedra resolveu reconsiderar. – Todos se entreolharam confusos, a Lady não era conhecida por sua bondade para com prisioneiros, Jaime entendeu. – Brienne de Tarth jurou matar Jaime Lannister, mais conhecido como Regicida. Jurou perante todos nós. Lady Coração de Pedra por sua vez jurou não matar seus amigos até sua volta e final do julgamento. Visto os acontecimentos recentes, o voto está quebrado.

– Isso quer dizer que não podemos matá-los?! – O falso Sandor reclamou.

– Lady Coração de Pedra resolveu dar mais uma chance à eles. Dará uma última hora de vantagem. – O sacerdote disse. Jaime olhou Brienne, ela também não pareceu entender o que aquilo quis dizer. – Corram. Fujam. Escondam-se. Não importa. Encontraremos vocês e faremos vocês dançarem.

– Faremos o casal de cavaleiros dançarem! – Falso Sandor gritou animado. Jaime puxou Brienne.

– Vamos... Vamos! – Ela passou a correr sozinha logo atrás, todos os homens permaneceram obedientes à Lady deixando-os sair da caverna. – Talvez tenhamos chances de sobreviver! Vamos encontrar os cavalos! - e correram até o local que haviam deixado os animais, mas eles não estavam mais lá. – ah! Eu deveria saber disso. Acho que eles não tem montarias o suficiente, podemos arriscar correr o que conseguirmos e depois roubar os cavalos de volta. O que acha do plano, garota?

– Não dará certo. Eles são bons. Sabe melhor que eu que são. Iremos morrer. – Jaime ficou surpreso com aquela resposta.

– QUEM É VOCÊ E O QUE FEZ COM BRIENNE DE TARTH?! – Ela não respondeu, estava tão ou mais surpresa com a abrupta troca de personalidade do cavaleiro do que ele próprio. – Eu falo sério! A Brienne que eu conheci teria brigado comigo por tê-la tirado de uma boa briga! Teria ficado e lutado até morrer. Teria gritado “Tarth! Tarth! Tarth!” e cortado uma boa quantidade de cabeças antes de partir!

– Eu não durmo tem três dias, estou muito ferida... Minha visão está horrível. – Ela tentou explicar. Jaime a puxou para voltar a correr para dentro da floresta.

– Uma pessoa uma vez me disse para viver e procurar a vingança. Que eu estava sendo um imbecil por desistir tão rápido.

– Não... Não é a mesma coisa. Eu perdi tudo. Eu perdi Renly, eu perdi a senhora Catelyn, perdi Podrick. Não pude defender nenhum deles. Não consegui encontrar Sansa, não sei nem mesmo se está viva. Deixe-me morrer, por favor. Não fui digna para essa missão.

– Eu bateria nessa sua cara enorme e sardenta se não estivéssemos correndo por nossas vidas! – Uma flecha passou voando por perto sem alcançar o alvo. – Era de se esperar que fizessem isso... Brienne! Não conheço nada por aqui, passamos por um rio, não foi? Que rio era aquele?

– Estamos no alto, só encontraremos a nascente, mas... – Brienne tomou o rumo da corrida. Alguns minutos depois Jaime já podia ouvir o som de águas correndo e também o galope dos cavalos logo atrás.

– Brienne! Diga logo o que tem em mente, mulher! – Ela continuou a correr e descer a colina sem dar atenção ao cavaleiro e então finalmente parou. Jaime correu ao seu lado e observou o rio raso se estendendo e aumentando à distância, terminando no que parecia ser uma cachoeira. – Oh, acho que estou passando a entender...

Os dois andaram até a beira da cachoeira, Jaime calculou que a queda devia ser de quinze metros. Menos do que pular da ponta de Rochedo Casterly, mas ainda assim poderia ser mortal.

– Temos escolha, garota? – Ela o olhou e depois para a queda e de volta para ele.

– Não temos.

– Foi bom te conhecer, Brienne de Tarth.

– Vamos... Apenas pular, certo? – Não parecia incerta sobre isso. Ou talvez só quisesse ser direta sobre o destino deles. Ou talvez estivesse cansada demais para se importar.

– ... Certo. – E pularam.