Cidade da Luz.

É uma tarde fria. A menina de longos cabelos brancos, Cleo, está sentada sobre a sombra do arvoredo, próxima a um lago. Suas pernas estão cruzadas, recusa-se a tocar os pés na água fria. Seu rosto pálido está riscado de lágrimas. Pensava em toda a discussão que tivera com Leo.

Lara a observa ao longe. Tem seus cabelos ondulados e louros presos em uma trança. Sente pena. Após um suspiro profundo, tem coragem de se aproximar. Chega e senta-se ao lado de sua amiga.

–Oi...- Lara lança-lhe um sorriso amigável.- Como você está?

–Te importa?- Cleo recusa-se a olhá-la.

–Claro...- Lara passa os dedos por entre os fios de cabelo da amiga.- Você é minha amiga.

–Como você acha que eu estou?- A voz de Cleo está abafada. Ela tenta reprimir as lágrimas.- Péssima né!

–E por que você não tenta esquecer o que houve?- A voz de Lara tem um tom confortador.

–E você acha que é fácil? Acha que eu não já tentei?- Cleo esconde o rosto nas mãos.

–Não chore por quem não te merece...- Lara afaga-lhe a cabeça.

–Mas eu não entendo.- Ela tira as mãos do rosto.- Não sei o que ele viu na Iris! Ela é tão sem graça e...- Ela parece escolher o argumento que melhor se encaixasse.- Estranha.

–Também não sei o porquê de ele ficar correndo atrás dela como um cachorrinho.- Lara ri-se.

–Ele não me ama.- Convence-se Cleo por fim.- E nunca me amará.- Seus olhos negros, agora estão inundados. Ela já não reprime o choro. Apenas chora.

–Sim, Cleo. Ele ama você. Só não percebeu ainda.- Lara da-lhe um beijo na bochecha e sai. No caminho encontra Leo, que pelo visto, observava as duas a um tempo.

–Como ela está?- Pergunta ele.

–Como você acha que está?- Lara fuzila-o com o olhar e segue seu caminho sem esperar resposta.

Leo fica parado por um instante sem saber se deve ou não falar com Cleo. Mas no fundo sabe que precisa se desculpar. Esclarecer as coisas. Então decide ir falar com ela. Ele se aproxima.

Cleo sente uma mão pousar em seu ombro. Seca as lágrimas com a manga do casaco apressadamente.

–Oi.- É a voz de Leo.

–O que você quer?- Diz ela secamente.

–Vim ver como você está.- Leo senta-se ao seu lado.

–Ótima.- Diz Cleo tentando esconder a dor.- Estou ótima.

–Não minta, Cleo.- Leo puxa seu queixo forçando-a a olhá-lo nos olhos.- Sei que não está bem.

–E você veio rir da minha tristeza?- Diz Cleo, seca, afastando a mão dele.

–Não. Eu vim me desculpar.- Diz Leo.- Pelo que disse.

–Ah tá, deixa eu ver se entendi:- Diz ela com cinismo.- Você vem me pedir desculpa pra depois correr atrás da Iris.

–Entenda como quiser.- Leo dá de ombros.- Não vou me ajoelhar ao seus pés. Você não merece isso.

–Então vá embora!- Cleo tem o dedo indicador apontado para Leo.- Vá se arrastar atrás dela!- ela não pôde controlar as lágrimas que descem de seu rosto sem parar.- Será que você nunca percebeu? Será que você nunca viu que eu te amo?!

Leo a olha surpreso. As palavras de Cleo eram como bofetadas.

–É Leo. Eu te amo.- Ela se levanta do chão.- Eu que sempre estive ao seu lado quando precisou. Sim, Leo. Mas você é tolo demais para perceber isso.- Cleo sai, o deixando ali, sentado no chão, com os olhos castanhos arregalados.

Sim, Cleo tem maneiras estranhas de demonstrar seu amor por Leo. Irrita-o, Fala mal dos outros apenas para aparecer. Cleo é muito imatura apesar de seus 25 anos. É histérica e dramática. E é justamente isso o que Leo não suporta. Gosta dela sim, mas nada além de uma amizade sincera. Leo sempre amara Iris e isso incomoda Cleo mais do que ela gostaria.