A Luz e a Escuridão escrita por Debby e Tehh


Capítulo 11
O beijo


Notas iniciais do capítulo

olá!!!!! Desculpem a ausência.
Esperamos que curtam o capítulo a seguir ;)



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Cidade da Luz

Era uma tarde fria, como costumava ser ultimamente. Esse frio não fazia bem a Cleo, dando-lhe uma desculpa para não ir ver seus amigos, especialmente Leo. Ela passava suas tardes enrolada no cobertor, no sofá da sala e bebendo alguma coisa quente. Sempre assistindo algum programa em sua televisão moderna, fungando e tossindo.

Nesse dia ela recebeu uma visita. Ao ouvir algo bater suavemente na porta, Cleo responde com um esganiçado “Entra!” e, sem muita curiosidade para saber quem é, continua a bebericar o chocolate quente que está na caneca em suas mãos.

Em alguns poucos segundos, um casal adentra a sala. São Lara e Pietro, que a olham estranhamente. Lara está vestida com uma blusa rosada de mangas cumprida e calça de moletom vermelha. Pietro usa uma touca branca, calça azul e casaco verde.

–Que é?- Diz Cleo, mal-humorada.

–Oi pra você também, Cleo.- Retruca Lara.

Cleo dá de ombros.

–O que você tem? Por que não apareceu mais?- Pergunta Pietro, parado com as mãos nos bolsos do casaco.

–Estou gripada, não está vendo?- Responde secamente.

–Nós só estávamos preocupados com você, Cleo.- Diz Lara.

Cleo sorri. Na verdade, apesar de suas malcriações, a jovem adorava quando preocupavam-se com ela. Era sinal de que não estava sozinha e tinha com quem contar.

–Obrigado.- Diz.

–Até que enfim você disse algo...

Pietro interrompeu-se ao ver o olhar perigoso que a amiga lhe lançava.

–Melhor ficar calado.- Cleo diz entre os dentes. Pietro assentiu assustado.

–Acho que é melhor nós fazermos alguma coisa para te ajudar.- Lara se aproxima e para de joelhos próxima à amiga que, agora, estava sentada no sofá. Lara coloca as costas da mão na testa da amiga.- Você está com um pouco de febre.

–Não tem problema.- Cleo dá de ombros.- Não vai demorar a passar. Não se preocupe.

–Negativo.- Lara discorda.- Me preocupo sim. E tem mais: Pietro e eu vamos para a floresta procurar ervas medicinais para você.

–Nós vamos?- Pietro ergue as sobrancelhas.

–Sim, Pietro.- Diz Lara entre os dentes.- Nós vamos.

A menina lançou um último sorriso para a jovem doente e saiu, seguida por Pietro que fechou a porta atrás de si.

Quando Pietro e Lara saíram, encontram Leo, que está parado, pensativo. Leo usa um casaco xadrez e uma calça jeans azul. Em seu ombro, está pendurada uma bolsa verde com estampas de camuflagem. Ele está muito indeciso. Quer ir até Cleo e se desculpar e perguntar tudo o que ainda está entalado em sua garganta. Mas por outro lado, acha que não deveria ir até ela. Não... deveria sim... Precisava esclarecer tudo.

Leo foi arrancado de seus pensamentos pela voz de Pietro.

–Oi, cara.- Disse, estudando-o.- Que faz parado aí?

–Pietro.- Leo piscou.- Desculpa. Estava só pensando.

–Ia visitar a Cleo?- Pergunta Pietro.

–Vou.- Afirma.- E vocês? Saíram de lá agora, não foi? Estão indo pra casa?

–Não.- Diz Lara.- Só iremos buscar algumas ervas medicinais para a Cleo.

–Ervas medicinais?- Ele arregala os olhos.- Cleo está doente?

–Está gripada, não sabia?- Diz Pietro.

–Na verdade não.- Ele coça a cabeça.- Então... Eu já vou indo.

–Tudo bem, Leo. Adeus.-Diz Lara.

E Lara e Pietro seguiram seu caminho.

Leo parou à porta. Por um instante ele hesita, mas já sabia o que deveria fazer. Esclarecer. Então deu quatro lentas batidas na porta de madeira e esperou. Não demora muito até uma senhora pálida, de olhos negros e cabelos grisalhos aparecer para atendê-lo. É a mãe de Cleo. Ele quase nunca a via. Quase nunca ia à sua casa. Essa senhora o olhou de cima a baixo antes de deixá-lo entrar. E então volta para a cozinha. Sem nem um cumprimento. Nada. Dava pra se notar de quem Cleo herdara o temperamento difícil. Leo adentra a casa a passos pesados. E então chega à sala. Por um instante, seus olhos param sobre a bela moça de cabelos longos, lisos e brancos, que tinha olhos negros como a noite. E ela o fita, esperando que dissesse algo. E ele não diz. Não sabia o que dizer, apenas colocou sua bolsa no chão e a observou.

–Que que você quer?- Ela pergunta.

–Só... só queria saber como você está.- Ele diz, tímido.

–Muito bem, obrigado.- Responde.

Leo não se move. Apenas continua a observá-la.

–Que foi? Vai ficar parado aí feito um bocó ou vai se sentar?- Ela se ajeita no sofá para ceder lugar ao rapaz. Leo, então, senta-se no lugar vago.

–Agora vai falando.- Diz a jovem, depositando a caneca de chocolate numa mesinha próxima.- O que veio fazer aqui?

–Nada. Só soube que você estava doente e vim te visitar.- Mente.

–Ah tá...- Ela o olha desconfiada.

–Tá bem. Não foi por isso.- Ele diz nervoso.- Eu só queria saber se era verdade o que me disse no lago.

–Era.- Responde tranquilamente.- Todo mundo sabe que é verdade.

Leo chega mais perto dela. Seus rostos, agora, estão a centímetros.

–E por que não me disse antes?- Ele pergunta.

–Porque você prefere a Iris.- Cleo responde, evitando o olhar dele

Leo pega uma mecha do cabelo da garota e coloca-a atrás da orelha dela e segura seu queixo, fazendo com que ela o olhasse. Em seguida, eles se beijam.

Cleo interrompe o beijo, empurrando-o para trás.

–Desculpa!- Diz constrangido.- Eu... eu...

–Não faz mal.- Ela diz. Seu rosto estava bem mais corado, mas talvez fosse a febre.

Ele continuou sentado ali, fitando a parede por pelo menos cinco minutos.

–Não me culpe se ficar gripado.- Diz Cleo. Ele ri.

–Eu... Trouxe uma coisa pra você.- Diz ele, levantando-se e caminhando até a sua bolsa. Ele começa a vasculhá-la.- Não sei se você vai gostar, mas eu gostei muito.- Ele retira da bolsa um pequeno livro de capa vermelha e detalhes prateados. Caminha até o sofá e senta-se nele estendendo o livro para a garota.

–Parece interessante.- Diz ela, folheando-o.- Obrigado.

–Então estou perdoado pelo que disse aquele dia?- Ele diz esperançoso.

–Se eu fosse você, não pensaria assim.- Ela ri.

Ao ver aquele sorriso, Leo teve certeza que estava perdoado e sorriu também.

–Agora quer fazer o favor de tirar esse sorriso idiota da cara e assistir um filme comigo?- Ela diz, sorrindo.

–Sim, senhorita.- Ele diz ainda sorrindo.- Agora mesmo.

Ela pega o controle remoto da televisão e procura um canal de filmes.

***

Enquanto isso, Lara e Pietro vagavam pela floresta em busca das tais ervas. Pietro não parava de se queixar, diferente de Lara que mantinha-se séria e concentrada. Evidentemente que ele, ora ou outra tinha de despistá-la, pois ela acabava indo em direção à localização da casa abandonada. Claro que se ela encontrasse a casa, iria querer visitá-la de vez enquanto. E Pietro não poderia permitir isso, afinal, os dois amigos confiaram nele. Eles andam bastante, já que não encontraram a erva no início da floresta e tiveram que adentrá-la. Andam bastante para avistar a erva, o que não agradou em nada o menino. Ele queria voltar. Estava cada vez mais nervoso.

–Lara, não acha melhor voltarmos para a casa?- Sugere ele.

Lara encontrava-se agachada avaliando as plantas em busca da erva. Ela revira os olhos sem nem mesmo o olhar.

–Você já disse isso um milhão de vezes.- Diz- E a resposta ainda é a mesma: Não. Não podemos abandonar Cleo quando ela precisa da gente.

Pietro ergue as sobrancelhas

–As vezes acho que você é muito boazinha.- Diz- Até de mais.

Lara se levanta para encará-lo.

–Que foi Pietro?- Pergunta ela sem paciência.- Está com medo?

–Medo? Eu?- Ele ri nervosamente.- Lógico que não.

–Então o que é?

–Bem... eh...- Ele buscou um argumento.- Só acho que pode haver algum animal selvagem por aqui.

Lara revira os olhos novamente.

–Você sabe que não há animal nenhum aqui. Agora vamos logo.

Eles continuam a caminhada. Até que, por fim, acham a bendita erva para alívio de Pietro.

Quando estavam voltando, resolveram parar para namorar. Pietro e Lara se conheciam não há muito. Havia pelo menos uns dois anos, quando ela tinha quatorze e ele quinze. Desde então, eram inseparáveis. Pietro não era muito alto, mas com certeza mais alto que Lara. Pietro costumava fazer tudo o que Lara queria, sem hesitar.

Ficaram ali por bastante tempo até que Lara se deu conta que deveriam voltar.

–Temos que ir Pietro. A Cleo...

Pietro ergue uma sobrancelha.

–Está muito bem.- Diz ele.- Ela está com o Leo.

–Mas mesmo assim.- Diz ela.- Temos que levar as ervas.

Pietro suspira.

–O.K. Então.- Diz.

Então eles voltam a passos pesados.

Quando bateram na porta, foram recebidos pela mãe de Cleo. A mulher os avaliou de cima a baixo como fizera com Leo. Seu olhar parou em Lara. A mulher sorriu imediatamente. Ela gostava de Lara de uma forma especial, como se, no fundo, a quisesse como filha. Isso, muitas vezes irritava Cleo.

–Olá Dona Mayds, podemos entrar?- Pergunta Lara.

–Sim, claro. Por favor.- Mayds abriu caminho para que os dois entrassem.

Depois ela voltou para a cozinha, seguida por Lara.

Cleo e Leo ainda assistiam o filme.

–Filme!- Exclama Pietro.- Posso ver com vocês?

Leo e Cleo se entreolham.

–Pode...- Diz Leo um pouco sem jeito.

–Maneiro!- Pietro senta-se entre os dois.

Ceo não pôde evitar de sentir uma pontinha de raiva. Parecia que o menino estava fazendo aquilo para irritá-los, como sempre.

***

Enquanto isso, na cozinha, Lara deposita as ervas sobre a mesa enquanto Mayds termina de lavar alguns copos.

–Trouxe essas ervas para a Cleo.- Diz Lara.- É para a gripe.

Mayds desliga a torneira e seca as mãos no avental. Volta-se então para Lara.

–Muito obrigado Lara.- Ela apanha as ervas em cima da mesa para guardá-las.- Foi muito gentil da sua parte. Aceita um café?

–Não, senhora, obrigado, mas estamos de saída.- Diz

Mayds a fita, desapontada.

–Que pena.- Diz.- Mas obrigado pela visita.

Com um breve aceno de cabeça, a menina se retira da cozinha. Ao chegar na sala ela viu seu namorado sentado entre o casal aborrecido.

–Pietro, vamos embora.- Chama.

–Mas o filme...

–Vamos embora agora.- Diz entre os dentes.

–O.K., O.K.- Ele se levanta chateado e resmungando.

–Cleo. Leo.- Ela cumprimenta sorrindo.

–Olá.- Responde Leo, enquanto Cleo apenas sorria.

E então eles foram embora. Depois que eles saíram, Leo percebe que também já era hora dele ir. Ele se levanta timidamente.

–Acho que também já vou.- Ele coça a cabeça.

–Então tá...

Ele não sabia ao certo como se despedir, então ele apenas disse um rápido “tchau” e se foi.

E Cleo estava novamente sozinha.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Bjooos



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