Apenas a Verdade - Hiatus escrita por A Shadow Perfect


Capítulo 3
Metamorphosis & Hothead - I


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...



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[...] Embora não faça a menor ideia do que fazer. Mas decidir não fugir é um primeiro passo crucial.

(Em Chamas - Suzanne Collins)

Era quase tudo branco. Branco no chão, nas paredes; em tudo. Tudo era gelo. Era uma beleza fria, cercada por construções, cinzas em sua maioria. Era para ser um lugar frio, mas, inexplicavelmente, Clark não achava o local fosse incômodo. Pelo contrário, ele achava o lugar confortável e seguro, como se fosse um lugar que ele já tinha estado e que tinha sido feliz.

Correu pelo lugar, rindo. Não sabia onde estava indo; só ia em frente vendo o céu, que ao contrário do céu do planeta Terra, era laranja.

“Kal” gritou uma mulher atrás dele. Clark não conseguiu se virar para ver quem ela era, por que nessa hora tudo mudou. Ele viu algo parecido com foguetes atingindo e destruindo tudo. Sentiu medo, mas não podia fazer nada. Só viu toda a beleza do lugar sendo dizimada. Ouviu os gritos das pessoas, a voz da mesma mulher, chamando por Kal, e se sentiu tonto.

Clark estava gritando, Lex percebeu acordando. Mexeu-se um pouco na cama, sem conseguir pensar direito. Por que Clark estava na sua cama?

Então, se lembrou de tudo. Ficou com pena de Clark, como ele conseguiria lidar com isso? Obviamente, ele não está conseguindo muito, pensou, vendo ele se remexer, agoniado. Ele sentiu seu coração apertar com aquela visão.

— Clark – chamou e o outro não respondeu. Tentou de novo, e nada. Suspirando, Lex tocou no braço do outro e ele imediatamente parou de gritar. – Clark – falou e dessa vez o outro abriu os olhos, ainda sonolento – Você estava tendo um pesadelo.

— Obrigado por me acordar, Lex – falou, encarando o outro – Obrigado por... tudo – falou mais baixo.

Lex sorriu.

Nenhum dos dois se mexeu por muito tempo depois disso, e quem fez foi o moreno para fechar os olhos e voltar a dormir. Inconscientemente, seu corpo encontrou o de Lex enquanto dormia e Lex sentiu um arrepio, mas o outro ainda estava dormindo. Então, ele só aproveitou o momento para relaxar. Quase dormiu de novo depois, mas tinha que ir trabalhar. Arrumou-se e saiu.

***

Clark acordou se sentindo estranhamente bem. A cama onde estava era diferente, mas era confortável. Não lembrava muito bem do que tinha sonhado. Lembra-se só do lugar e que tinha alguém chamando uma pessoa, mas ele não sabia quem eram.

Mas, então tudo voltou a mente dele e ele teve vontade de gritar. Ele era um alienígena. Ele não tinha família. Merda, ele nem sabe nem de que espécie ou de que planeta ele era. Não sabia nada a respeito de si próprio. Ele estava perdido.

Mas... Pelo menos, ele tinha Lex. Ele ficara do lado dele. E não o afastou nem ou xingou. Lex o aceitou e isso era mais importante.

***

Clark parou em frente à escola. Ele precisava de um segundo para se acalmar, precisava agir normal na frente de Chloe e Pete, e por mais que confiasse nos amigos não podia deixá-los saberem de onde ele veio. Porque... seria mais do que ele poderia aguentar, então precisava agir normalmente. Respirou fundo e entrou no colégio.

Estava ido para a primeira aula quando foi parado por Whitney. Clark o encarou com raiva, ele era tudo que ele menos precisava no momento.

— Escuta, Kent, eu preciso que você me devolva o colar de Lana – falou baixo, mas ameaçador. Clark conseguia ver que o garoto estava meio desesperado por isso, mas não se importou.

— Eu não tenho. Deixei lá – falou com um sorriso.

O outro ficou irritado.

— E o que eu faço? – perguntou em voz alta, talvez sem querer.

— Você pode entrar no meio do milharal para procurar – falou Clark frio e se afastou dele.

***

Martha estava preocupada com o seu filho. Ele tinha descoberto a verdade sobre o nascimento dele, e ela sabia que ele tinha todo o direito de ficar irritado, mas ele passou a noite fora. E já estava quase acabando a tarde e ele não tinha parecido ainda.

Ela ouviu uma batida na porta e ficou surpresa em vê-lo ali. Desde quando ele batia na porta da própria casa?

— Clark! – falou e ela correu para abraçá-lo.

— Martha – falou e seu coração afundou. Ele sempre a chamava de mãe. Ela o encarou – Eu entendo porque você e Jonathan não me contaram, mas... – ele desviou o olhar – Eu vou precisar de um tempo para me acalmar – falou.

Martha sentia vontade de chorar, mas ela sabia que o que seu filho estava passando era realmente muito difícil. Então assentiu.

— Saiba que eu e seu pai te amamos.

— Eu amo vocês também – falou Clark.

***

Jonathan sabia que não ia ser fácil conversar com Clark, mas também não esperasse que ele tivesse agindo como se não conhecesse ele e Martha, o que era quase pior. Mas ele sabia que Clark voltaria aos poucos ao normal, e já fora um grande passo ele ter dormido em casa de novo.

***

Lana Lang estava meio assustada. Greg Arkin, um esquisito, estava conversando com ela, como se quisesse algo. Ainda bem que Whitney chegou.

***

Clark estava voltando com os pais da feira, de carro, quando Martha viu algo. Clark levantou o olhar e viu Whitney em um carro virado. Imediatamente, saiu do próprio carro e correu ate o dele. Quebrou o vidro do carro para poder retirar o jogador de lá e estava o colocando no chão quando Jonathan gritou o seu nome. Ele viu que tudo iria explodir e protegeu o corpo de Whitney com o dele institivamente. Um segundo depois as chamas tocaram a sua pele, mas Clark não sentiu nada. Era uma sensação parecida com mergulhar em um rio frio demais, para ele, só que... Quente. Sentiu também partes do carro voando e algumas bateram no seu corpo, mas não doeu.

Ouviu os gritos preocupados dos seus pais, mas ele estava chocado demais para fazer qualquer coisa. Ele era resistente ao fogo. Era para ele ter morrido, mas não morreu. Soltou Whitney e lentamente encarou os pais, assustado. Ninguém falou nada.

***

— Isso foi inesperado – falou Lex, chocado. Clark tinha acabado de contá-lo o que tinha acontecido. De como ele salvara Whitney.

— Ele não se lembra de nada – falou o moreno.

— Isso não importa – falou Lex – Você salvou uma vida sem pedir nada em trocar. Já é muito mais que a maioria faria – acrescentou, se perguntando se ele faria isso. Ele não tinha certeza.

— Eu estou assustado, Lex – confidenciou Clark.

Lex o encarou firmemente.

— Todos estariam, Clark. Mas você tem que lembrar que isso é uma coisa boa. Algumas pessoas morreriam para serem capazes de fazer ou pelo menos ver o que você faz. Se a vida te deu isso, use.

— Você está certo – respondeu ele, aliviado.

***

Em outro dia, Greg Arkin jogou Whitney no chão como se ele não pesasse nada, quando ele tentou impedir ele de se aproximar de Lana. Ele não queria a namorada perto daquele cara e não era só ciúme, era medo. Greg Arkin era muito estranho, parecia um psicopata e estava atrás da sua namorada.

Com a pancada, Whitney demorou muito para acordar. E assim que o fez era tarde demais. Ele ligou para polícia e avisou a eles de tudo que tinha acontecido. Não sabia para onde Greg tinha ido, então não podia fazer nada ao não ser procurar pela cidade se sentindo impotente.

***

Em um momento de lucidez, Greg olhou horrorizado para o corpo da garota morta. O que ele tinha feito? Ele tinha matado Lana. Ele tinha abusado a doce garota. Ele era um canalha, um assassino. Ele não merecia viver. E foi com esse pensamento que ele tomou coragem e se matou.

***

Onde estava Clark Kent na hora que tudo isso aconteceu? Conversando com Lex, alheio ao resto do mundo.

***

Horas depois, Clark chegou em casa, relaxado (conversar com Lex tinha esse efeito nele). Ficou surpreso quando viu Chloe ali, com um semblante triste.

— Acontece algo – disse a loira e respirou fundo – Lana foi sequestrada por Greg, que parece ter ficado louco.

Clark imediatamente ficou preocupado. Ele não gostava mais da garota, mas mesmo assim, ele ainda a conhecia.

— O que aconteceu com ela? Ela está bem? – perguntou ansiosamente.

— Ela está morta – falou Chloe.

Clark entrou em estado de choque. Como alguém que ele viu há poucos dias podia de repente não fazer mais parte desse mundo? Ele nunca mais veria Lana? Ela não ficaria adulta, se casaria, iria para uma faculdade? Como é possível que todos esses sonhos desaparecessem do nada?

— Eu sinto muito – falou a amiga e o abraçou.

Clark ficou grato por ter alguém lá com ele.

***

Whitney olhava para o chão. Era tudo que ele conseguia fazer desde a morte de Lana. Ele não podia acreditar que ela tinha... ido embora. E era tudo culpa dele. Se ele tivesse sido um pouco mais rápido, um pouco mais esperto...

***

Clark ficou em casa sem saber o que fazer. Smallville High School tinha declarado estado de luto pela morte de Lana Lang. Mas Clark não conseguia acreditar que ela tinha ido embora. Nem mesmo enquanto olhava para a matéria que Chloe escreveu.

Lana Lang foi assassinada.

Essa semana a aluna Lana Lang (15) foi encontrada morta em uma área abandonada da cidade perto ao corpo de Greg Arkin (15) também estudante de Smallville High School.

Whintey Fordamn (15), namorado de Lana ligou para a policia horas antes pedindo ajuda para procurar Lana, que teria sido sequestrada por Arkin, que estaria interessado na garota por questões românticas.

Não há detalhes ainda, mas é suposto que Arkin abusou da garota, a matou e se matou depois, em sequência.

Não conseguiu nem ler o resto da matéria.

***

O treinador - de futebol americano - Walt sorriu. Estava prestes a entrar na sauna, poderia relaxar e esquecer os jogadores incompetentes um pouco. Entrou e só quando já estava confortável percebeu umas pedras verdes, mas não se importou.

***

O diretor suspirou irritado. Ele precisava tomar alguma altitude contra os jogadores que foram pegos colando, até porque todos sabiam disso, mas também sabia que o treinador iria ficar irritado com a decisão que ele tomou. Precisava fazer isso, principalmente depois da morte de Lana Lang, sua estudante. Precisava demonstrar que apesar disso, a escola continuaria rígida.

— Você pode chamar o senhor Walt, por favor? – pede, para a secretária, que assente e sai do corredor.

***

— Esses setes jogadores não vão poder jogar no próximo jogo – terminou de falar o diretor Kwan.

— Você não pode fazer isso – Walt falou com raiva. Ele estava furioso, se os seus 7 jogadores não pudessem jogar, com certeza o time perderia e tudo que ele conquistou durante o ano não valeria nada! Tudo por culpa de meninos idiotas e desse diretor!

— Eu posso e vou – desafiou o diretor, encarando Walt.

O treinador tentou se acalmar por um segundo, olhando para a mesa perto deles. Sentia tanta raiva que quase se sentia pegando fogo.

— O que é isso? – gritou o diretor assustado e só nessa hora o treinador percebeu que os papéis da mesa pegaram fogo. Ele tinha feito aquilo? Como?

***

No outro dia, tudo ainda estava anormalmente quieto, por causa da morte de Lana Lang, e Chloe não podia deixar de se sentir estranha com esse silêncio.

— Ei, olha ali, os meninos que foram pegos colando – falou ela, tentando se distrair e distrair os amigos.

Pegou a câmera que tinha perto dela e estava tirando uma foto dos meninos para usar em uma matéria no jornal quando um deles jogou a bola em direção a ela. Iria ser na cara dela, mas antes de atingi-la, Clark parou a bola e a jogo rapidamente de volta para o jogador.

Pete e ela se viraram para o amigo, impressionados com o reflexo e a força que Clark nunca tinham demonstrado.

— Desde quando você consegue fazer isso? – perguntou Chloe, Clark encarou o chão.

Nessa hora, o treinador de futebol americano, Walt, chegou ali.

— Menino, qual é o seu nome? – perguntou.

— Clark Kent – respondeu desconfortável.

— Kent? Como em Jonathan Kent? – perguntou ansioso.

— Sim, ele é o meu pai. Adotivo – acrescentou Clark.

— Eu o treinei. Por que você não faz o teste para entrar no time? – pediu Walt.

— Meu pai não me deixa jogar – respondeu Clark.

Chloe encarou o amigo, confusa, se o pai dele jogava por que não queria deixar o filho fazer o mesmo?

— Eu não aceito não como resposta! – insistiu e saiu.

— Clark Kent, o mais novo jogador! – brincou Pete.

***

Clark sabia que não iria ser fácil convencer o seu pai a o deixar jogar, mas estava sendo impossível. Ele não estava disposto nem a conversar.

— Agora, eu sei a verdade, pai, eu posso me controlar – argumentou.

— Absolutamente não! – respondeu o pai, o encarando.

— Vou sair já que não dá para conversar com você! – falou irritado e saiu em direção a casa de Lex.

***

Lex estava irritado, ele sabia que Dominic mais duas pessoas mandadas pelo seu pai estavam na sua casa, e não podia mandá-los embora sem ser ridículo, mas sabia que não iria ser uma visita feliz. Entrou no seu escritório e já viu os três lá.

— Ora, se não são os três sábios. Olá, Dominic – falou encarando o mais estúpido de todos.

— Suponho que está atrasado porque estava na aula de esgrima – respondeu Dominic. Lex se irritou, ele não tinha direito de supor nada – Ou voltou a praticar polo? – falou, deixando a entender que conhecia bem os horários de Lex, o que não era verdade.

— Não estou atrasado – falou Lex, deixando claro o desgosto que sentia - Cancelei essa reunião, caso não lembre – colocou bastante ironia no final de fala.

— Seu pai insistiu que viéssemos aqui e a cumpríssemos – falou como se ele fosse incapaz de contradizer o que poderoso Lionel Luthor mandava. E realmente era.

— E quando ele manda, você pula – Lex falou tendo bastante certeza disso. Várias pessoas destruíram a vida delas ou de outras a um pedido do seu pai, só para ficar bem na frente dele.

Lex deu as costas para Dominic, indo em direção aos tacos de sinuca.

— Viu os cálculos de trimestre? – perguntou Dominic, seguindo Lex.

— Sim, eu vi. Estamos 20% abaixo das projeções – era uma coisa que tinha incomodado bastante ele, mas Lex não deixou transparecer.

— Seu pai quer que tome medidas – falou, insinuando que queria demitir as pessoas as pessoas da fábricas, mas Lex não faria isso.

— É o que pretendo.

— Ótimo – falou Dominic satisfeito, como se tivesse ganhado. – Então posso dizer a ele que você cortará seu pessoal - concluiu.

— Pelo contrário. Pode dizer a ele que pretendo aumentar meu pessoal – falou indo em direção à mesa de sinuca.

— Em quanto?

— Em 20% - respondeu Lex, tranquilamente.

Dominic riu como se ele fosse louco, e Lex conteve o impulso de revirar os olhos. O outro era tão burro.

— Lex, sempre admirei esse seu senso de humor peculiar... – enrolou Dominic – Mas não pode estar falando sério – Lex o encarou.

— É preciso gastar dinheiro para ganhar dinheiro, Dominic. Aumentando produção propagando enquanto os concorrentes recuam... quando o setor se recuperar vamos dominar o mercado – falou Lex, distraidamente, enquanto jogava.

— Foi mandado para salvar a fábrica! – explodiu Dominic.

— Meu pai me mandou para cá porque prefere se cercar de paspalhos a ter pessoas que desafiem seu método arcaico de negócios – disse Lex, irritado. Ninguém tinha o direito de gritar com ele, principalmente Dominic.

— Lembrarei de lhe dizer isso – provocou Dominc. Uma pena que Lex não se incomodava com o que Lionel pensava.

— Por favor, lembre-se – devolveu e olhou para todos por um segundo – Bem, a reunião está encerrada - encarou os três enquanto eles saiam da sala - A propósito, Dominic – falou e imediatamente o outro parou – Mande lembranças minhas para sua irmã – o outro o encarou com ódio e saiu.

Lex sorriu maldosamente enquanto se lembrava da irmã de Dominic. Ela era uma vadia. Não fora difícil usá-la por uma noite para irritar Dominic, quando ele começou a se achar demais.

***

— Lex? – Clark perguntou hesitante.

— Estou aqui, Clark – Lex respondeu aliviado de Clark estar ali. Ele era o único que podia o acalmar.

— O que aconteceu? – Clark perguntou imediatamente. Ele sabia que algo estava errado.

Lex lançou um olhar estranho para ele.

— Como você consegue dizer que eu não estou bem, quando ninguém mais pode? – perguntou.

— Eu te conheço, assim como você me conhece – Clark respondeu simplesmente.

Lex realmente queria beijar ele muito agora, mas ele sabia que ele não podia, não agora.

***

— Um dos jogadores acusados de colar disse que você lhes passou a prova – acusou o diretor Kwan para o treinador Walt. Ele sabia que era uma acusação bastante séria, mas acreditava no aluno, levando em consideração o perfil dele e de Walt.

— E qual rapaz te contou esse absurdo? – perguntou o treinador tentando parecer descontraído, mas o diretor percebeu que ele estava tenso, confirmando que era verdade.

— Não posso dizer – respondeu tranquilamente.

— Creio que já procurou o conselho e pediu que me suspendessem – falou o treinador e ele estava certo. Kwan já tinha os procurado, mas eles eram um bando de covardes babões.

— Você tem muitos amigos influentes.

— Tenho mesmo. Treinei a maioria – admitiu com orgulho – Você não entende. Eu sou uma instituição – falou e o diretor teve certeza que ele era doido – Em quem acha que eles iriam acreditar: num fedelho tentando se salvar... ou no homem que leva essa escola a vitória a 25 anos?

— Podem não acreditar em só um, mas se eu fizer todos falarem – ameaçou – O conselho não terá opção. Irão suspendê-lo para sempre – falou e saiu do escritório.

O treinador observou o diretor ir em direção ao carro dele, e uma fúria o atingiu. Ele sabia que precisava o parar. Concentrou-se e de alguma forma conseguiu fazer o carro pegar fogo.

O fogo ia se expandindo lentamente, até quase encostar-se a ele e Kwan já estava em pânico, achando que iria morrer ali.

O treinador sorriu e se virou. Seu trabalho estava feito.

***

Clark sabia que não era uma boa ideia fazer o teste para o time de futebol americano sem a autorização do pai, mas ele também sabia que precisava. Não tinha nada a ver com honrar a memória de Lana, como Chloe tinha insinuado, mas sim com saber que ele era capaz de se controlar e ser um adolescente normal.

— Vai mesmo fazer isso? - perguntou Lex e Clark assentiu - Boa sorte então - se despediu, subindo a arquibancada e causando vários olhares curiosos.

***

Clark estava conversando com Lex, iria voltar com ele hoje, já que seu pai não apareceu para ver o teste, ainda chateado com o filho quando viu um carro pegando fogo.

— Tem alguém dentro – falou Lex.

Imediatamente, Clark correu na direção do carro, ficando surpreso ao perceber que era o diretor do colégio que estava lá dentro. Sem pensar mais, o tirou do carro, pegando o corpo e o levantando. Correu com ele e o carro já estava explodindo quando colocou o corpo no chão, em um local seguro.

— Seus dias são sempre intensos assim? – perguntou Lex, o encarando divertido, tentando conter o ciúme de ver Clark carregando outra pessoa. Ele sabia que era irracional, sabia que se Clark não tivesse feito isso o outro morreria, mas não podia evitar.

— Nem sempre – riu Clark – Só desde que você chegou – falou, olhando para o outro e se lembrando das sensações que tinha tido ao olhá-lo (e que não tinham desaparecido) pela primeira vez. Lex era perfeito.

***

Chloe estava assustada com o que tinha visto. Não tinha sido normal a conversa que vira entre os jogadores e o treinador de futebol americano, parecia que ele era um assassino e de onde tinha saído aquele fogo?

***

Lex estava em casa relaxado, depois de mais uma visita de Clark, quando foi informado que Lionel Luthor estava entrando na casa. Conteve um suspiro de desgosto ao pensar no pai.

— Parabéns, Lex, você saiu no caderno empresarial - ironizou Lionel, entrando.

— Disse a Dominic que faria isso há 2 dias – replicou Lex, sem paciência para o pai.

— Sim, e meu zangão respeitosamente me informou. Só não achei que seria tão burro de ir em frente – falou Lionel e Lex jamais fosse admitir era doloroso ser chamado de burro pelo próprio pai.

— Se tinha um problema por que não me ligou? – replicou.

— Temos uma hierarquia. É meu filho, mas não espere tratamento especial – falou o seu pai, e Lex teve vontade de rir com a hipocrisia dessas palavras. Se ele fosse esperar algo por isso, era ser desprezado.

— Pode acreditar, nunca esperei – comentou.

— Esse jogo de orgulho ferido pode ter funcionado com a sua mãe, mas não tente comigo – respondeu o pai e Lex se irritou, como ele ousava falar da sua mãe?

Lionel estendeu a mão para tocar o rosto de Lex, o que teria sido normal para qualquer pai, mas Lex sabia que era para irritá-lo e desviou o rosto.

— Sabe bem o que sinto por você.

Sim, eu sei, ódio, pensou Lex.

— Por isso me deixa nessa fábrica – falou reclamando, apesar de no fundo não ligar. Era por causa disso que ele tinha conhecido Clark e se ele fosse embora, seria difícil de vê-lo. Mas o seu pai nunca poderia suspeitar disso.

— Lex. Sabia que os césares mandavam seus filhos para os lugares mais distantes do império, para que entendessem como o mundo funciona?

— Se isso te ajuda a dormir, pai – disse Lex, sem ligar. Não acreditava que o pai realmente acreditasse nisso.

— Certo. É assim que eu proponho que resolvamos nosso... impasse. Nós lutamos – sugeriu e Lex não tinha certeza se era uma boa coisa ou não – Se você ganhar, eu deixo você seguir o seu plano. Se eu ganhar, você demite 20% dos seus empregados. A questão que você deve se perguntar é: você é capaz de derrotar esse homem velho? – falou com um sorriso sarcástico.

Lex não disse nada, somente se levantou, se preparando para lutar com o pai. Pegou uma espada de esgrima e deu uma para o pai.

Depois de um tempo, em silêncio, só lutando Lionel perguntou se Lex sabia qual era o problema dele.

— Ilumine-me – pediu Lex com falsa curiosidade, enquanto desviava de um ataque do pai.

— Você é governado pelas suas emoções. Sempre foi. E isso pode ser uma falha fatal – falou dando outra investida e dessa vez, Lex não conseguiu parar a tempo, pensando nas palavras de Lionel.

Lionel deu um sorriso vitorioso para Lex.

— Eu quero esses funcionários embora pela manhã. Reunião encerrada – falou e saiu, como sempre sem perguntar nada ao filho que não fosse relacionado a política. Não que Lex fosse falar. Não com ele.

Pegou o telefone.

— Ei, Clark? A fim de tomar um café? Não, não em Smallville. Alguma cidade aqui perto. Ok, estou indo te buscar.

***

Já de noite, Chloe caminhou na direção de Trevor Chapell, um dos jogadores que tinham sido pegos colando.

— Por que me ligou? O que quer? – perguntou.

— Quero saber se o técnico Walt lhes deu a prova – falou diretamente.

— Se não quiser se ferir, esqueça.

— Pode falar comigo agora ou depois. De qualquer jeito, essa foto sairá na 1ª página amanhã – falou, mostrando a foto em que o treinador ameaça os jogadores e que há um fogo estranho.

— Me deixa em paz – pediu assustado e saiu.

Chloe sabia que era difícil conseguir a verdade de uma pessoa que estava sendo ameaçada para guardar segredo, mas não imaginou que fosse ser tão ruim assim. Trevor não lhe contou nada.

***

Trevor Chapell estava indo para o seu carro quando uma mão forte o puxou. Virou-se e viu o treinador Walt. Sentiu o seu medo crescer enquanto encarava o homem que um dia fora uma das pessoas que confiava e agora estava mais parecido com um psicopata. A mão dele começou a queimar. Realmente queimar.

— Falando com o jornal da escola, Trevor? – perguntou irritado Walt – Pensei que fossemos mais inteligentes – ameaçou.

— Treinador! – Trevor gritou, sentindo o braço ainda mais quente. Doía muito – Eu não disse nada, tem que acreditar em mim! – pediu desesperado – Ela estava no campo ontem, tem uma foto nossa!

— Está bem – falou Walt, o soltando e Trevor respirou mais aliviado, mas a dor ainda estava muito, pior do que qualquer coisa que ele já tinha sentido – Vá para casa, eu cuido disso.

****

Chloe estava sozinha na Tocha, editando o artigo “brincando com fogo”, quando de repente o computador pegou fogo, explodindo o mouse e com chamar altas. O fogo se espalhava rapidamente, como se tivesse gasolina no local. Mas ela sabia que não tinha e era estranho as chamas surgiram do nada. Chloe então soube que era – de algum jeito – o treinador de futebol americano.

Foi para a janela para pedir ajuda, aproveitando que hoje tinha gente por causa do jogo e por sorte viu Clark.

— Clark! – gritou desesperada. Viu o amigo sair correndo do local e ficou aliviada. Mas não podia ficar parada. Pegou o casaco como escudo e tentou atravessar o fogo até uma área segura. Conseguiu, se queimando pouco e se apressou em largar a jaqueta em chamas.

Ficou ali pelo que pareceu ser uma eternidade, sem poder se mexer por causa do fogo e a respiração ficando pior a cada segundo, até que Clark apareceu. Imediatamente, Chloe soube que ela ficaria bem.

Ele a abraçou e ela o abraçou de volta, se sentindo segura com o amigo ali.

— Clark – soluçou.

Nenhum dos dois viu Walt ali.

***

— A tocha queimou. Que ironia dramática – falou Clark e quando Chloe levantou as sobrancelhas, irritada, completou – Só estou tentando te animar.

— É mais que incêndio criminoso. O fogo parecia saber o que fazer – conspirou.

— E você acha que Walt o controlava – completou Clark, sem acreditar.

— Veja os fatos. O diretor inicia uma investigação do escândalo da cola. O técnico tenta fritá-lo no carro. Depois, quando um jogador fala, ele os amaça. Eu ia imprimir aquela foto e a Tocha pega fogo – falou irritada. Era lógico.

— Ele, envolvido nisso tudo? – perguntou Clark em deboche. O treinador não era muito gentil, mas isso não queria dizer que ele era um assassino.

— Ele quer a vitória! – argumentou ela.

Clark ficou em silêncio. Sua amiga parecia muito convencida que tinha sido ele, e normalmente ela tinha um bom instinto.

— Você tem uma cópia da foto? – pediu.

— Não dá para recuperar os arquivos – a loira afirmou frustrada.

— Não temos nenhuma prova – concluiu Clark infeliz.

— Trevor Chapell.

— O que tem ele? – perguntou Clark confuso.

— Tenho certeza que foi ele que contou a Kwan sobre a cola. Ele quer falar, eu sinto – afirmou firmemente – Mas tem medo de falar comigo, e acho que ele se abriria com você.

***

— Trevor? – perguntou Clark, abrindo a porta do quarto do menino – É Clark Kent. Vim conversar – anunciou, procurando o menino.

— Vá embora, ou ele vai voltar – falou Trevor, encolhido no chão como uma bola.

— O técnico Walt? – perguntou Clark, em dúvida.

— Quando ele fica bravo... – estremeceu.

— O que ele fez com você? – perguntou o moreno, se adiantando em direção ao menino.

— O técnico pega pesado comigo, sabe? Comigo e com os outros. Ele pensa que é nosso pai – falou num tom amargo – Pelo menos, é assim que se justifica. Uma vez, quando errei um passe, me deu carona, me socou no estômago... e disse para eu não errar mais – falou com raiva.

— E por que você não contou a ninguém? – perguntou Clark, confuso.

— Disse que me tiraria do time. Não me ajudaria a passar nas provas – falou e Clark sentiu pena do menino.

— Ele te deu a prova de matemática? – perguntou.

Chapell assentiu.

— Trevor, posso te ajudar.

— Kwan disse isso. Olha no que deu! – gritou o menino, revoltado.

Pela primeira na conversa, Clark olhou para baixo e percebeu o braço enfeixado do menino.

— O que aconteceu com o seu braço?

— Não é nada, queimei no carburador.

Imediatamente atraído pela palavra “queimei”, Clark sabia que não tinha sido um acidente. Ele se inclinou na direção do menino.

— Não é nada! – falou, se desviando, apavorado.

— Deixe-me ver, Trevor – pediu Clark, passando confiança.

Clark tirou o pano e ficou horrorizado ao ver uma queimadura no formato de uma mão no braço do menino. Devia ter sido doloroso.

— Não sei como o técnico faz isso, mas se eu falar, vai me fritar – confessou Trevor.

— Vai ficar tudo bem – garantiu Clark, mesmo sem ter certeza.

***

Clark abriu a porta da sauna, procurando Walt. Ele estava com raiva, como ele podia fazer isso com um ser humano?

— Kent. Por que não está no vestiário se aprontando? – perguntou.

— Não vou pisar naquele campo – falou, tendo certeza disso. Se o futebol americano significa ameaças, mentiras e violência... Ele estaria feliz em não fazer parte disso – E nem você.

— Olha, não sei qual é o seu problema – falou, irritado.

Clark começou a se sentir mal, olhou para baixo e viu que sua mão estava estranha, meio pedra. Atrás dela, estavam pedras verdes misturadas ao fogo. Ele ainda não entendia o porquê, mas sabia que a pedra o fazia mal.

— Vi o que fez no braço de Trevor – falou, lembrando-se do que importava. A sua saúde não era prioridade no momento.

— Trevor devia ter ficado calado – disse se aproximando de Clark.

Clark mal podia ficar em pé devido ao enfraquecimento do seu corpo. Era como se ele não pudesse sustentar o próprio corpo.

— O que foi, Kent? Está quente demais para você? – perguntou debochando. O treinador deu um murro nele e o jogou contra a parede com força. Clark sentiu suas costas doerem e na queda derrubou o recipiente que tinha as rochas do meteoro.

— Bem, agora se você me dá licença, tenho um jogo a vencer – falou Walt e saiu, fechando a porta.

Clark tentou se levantar, ele sabia que tinha de pará-lo, mas não conseguia mexer um músculo. Só conseguiu subir a cabeça e por poucos segundos. Ouviu o treinador trancando a sauna e se pôs a pensar. Tinha que ter uma saída. Ele não podia morrer ali.

Jogou pedras tentando abrir a pequena janela que a sauna tinha, para respirar melhor.

***

Lex estava preocupado, ele foi para o jogo para ver Clark, mas não o achou, nem no banco de reservas. Mas ele tinha certeza que o garoto não iria simplesmente desistir de jogar.

Decidiu ir até os vestiários para ver se ele estava lá, se escondendo, por algum motivo e foi atraído por um barulho de algo sendo quebrado. Correu na direção do som e percebeu que tinha pedaços de vidro no chão, vindos da janela de uma sauna.

Colocou a cabeça dentro da sauna e ficou muito surpreso de encontrar Clark caído lá, o corpo todo suado. Ele parecia estar morrendo e Lex não iria deixar isso acontecer.

Desesperado, tentou abrir a porta, mas não conseguiu. Estava trancada. Tentou arrombar e nada. Deu um chute com muita força, como costumava fazer quando estava revoltado na adolescência e a porta caiu.

Correu até Clark e o abraçou, contente de sentir o outro perto de si, mas odiando a situação.

— O que houve? – perguntou.

— As pedras. Tire-me daqui – pediu fracamente.

O arrastou para fora dali e quando estava mais calmo, sentiu algo nas suas costas e desmaiou de dor.

***

Clark viu Lex caindo com horror. Quando ele caiu no chão, sentiu mais raiva de Walt do que podia imaginar. Quem Walt pensava que era para golpear Lex com um institor de incêndio?

O mesmo louco o atacou, e Clark desviou do institor, sentindo sua ira aumentar. Irritado, o chutou e com a força do golpe ele atravessou uma janela de vidro, caindo no meio do banco do vestiário, deixando pedaços de vidro para todo canto.

O treinador se levantou e colocou fogo no local, mas isso não afetou Clark. As chamas eram agradáveis para ele como água quente e ele encarou Walt atravessando o fogo. Ele, desesperado, invocou mais chamas ainda e acabou colocando fogo em si mesmo.

Clark voltou para buscar Lex, e o levou até a casa dele, sem dizer uma palavra a ninguém.

***

— Duas viagens em uma semana. Estou lisonjeando, pai – falou Lex, quando Lionel entrou apressado no escritório dele, se levantando da cadeira.

— O que é isso? – perguntou Lionel segurando um papel, de frente para o filho.

— Minha nova proposta. Dei um jeito de cortar o orçamento em 25% sem demitir ninguém – falou orgulhoso.

— Lex, fui bem específico em relação a cortar seu pessoal – disse com raiva.

— Por quê? Com esse plano não terá propagando negativa – apontou.

— Isso não vem ao caso – seu pai reclamou.

Lex sorriu, seu pai estava sem argumentos.

— Cuidado, pai, está deixando as emoções falarem – falou irônico. Lex pegou uma espada – Podemos tirar uma revanche. Ou teme não poder me derrotar de novo?

— Terá uma.

— Uma o quê?

— Uma chance de me desafiar – falou Lionel, como se isso fosse um grande prêmio.

Lex de uma risada fria.

— Não sei o que você odeia mais. O fato que meu plano é bom, ou que não pensou nele primeiro.

— Não se esqueça. Não se constrói impérios com boa contabilidade.

— Pai, você nem tem ideia do que sou capaz – respondeu Lex, sem se intimidar.

***

— Lamento que não tenha jogado hoje – falou Jonathan para o filho – Eu fui ver o seu jogo.

— Para quê? – perguntou Clark ainda raivoso.

— Para apoiar o meu filho – falou e Clark se sentiu um pouco melhor. As coisas estavam difíceis com o seu pai, ultimamente.

— Eu disse algumas coisas que não devia – admitiu Clark.

— Olha, eu confio em você. Mas acho que sempre haverá uma parte minha com medo. Mas ser pai é isso.

— Obrigado, pai – falou Clark, se sentindo bem.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu matei Lana Lang. Simplesmente porque não aguento ela, então não conseguiria escrever sobre ela.



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