5° Desafio Sherlolly escrita por Leticiaps


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Tentei fazer um Sherlock fofo. Me digam se deu certo haha



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Aquilo não era para ter acontecido. Tudo bem, foi um idiota com ela. Até ele precisava admitir. Mas quando viu Tom, tinha certeza que era só uma questão de tempo até os sentimentos dela por ele florescerem de novo. Estavam lá, reprimidos em algum canto obscuro de sua mente, tentando voltar toda vez que Sherlock estava por perto, isso estava mais do que óbvio. Ele chegava a rir da situação, de tão patético que era aquilo tudo.

Estava tocando seu violino, olhando pela janela, quando viu o carteiro se aproximar.

- Sra. Hudson! - ele gritou quando ouviu a campainha. Não adiantou de nada, já que ela estava no mercado. Revirou os olhos e saiu bufando escada abaixo.

Sem nem olhar para o pobre carteiro, ele simplesmente assinou e pegou aquele envelope gigante endereçado a ele. Era elegante demais para ser uma carta comum. Dourado demais com enfeites demais. Mas quem poderia estar se casando?

Fechou a porta atrás e foi lentamente subindo as escadas enquanto abria o envelope. Foi quando viu os nomes: Molly e Tom. Molly.

Um dragão vermelho e ciumento acordou em sua mente. Ele não podia acreditar nas palavras que lia. Molly iria se casar. E Sherlock Holmes não era o noivo.

*

Duas horas depois, quando já havia arrebentado uma da cordas do violino, quebrado uma xícara de chá e quase derrubado a parede com tanto tiro que deu (Sra. Hudson havia desistido de pedir para ele parar), pegou o gigante sobretudo e seu cachecol azul - parecia que estava sempre frio naquela cidade - e foi tentar esfriar a cabeça.

Aquelas atitudes não eram nada racionais, ele sabia, mas parecia que ele já não era mais ele quem pensava, e sim aquele dragão maldito. Estava dominado pela raiva e pelo ciúmes e não sabia o que fazer. Não estava acostumado a sentir - a última vez que havia feito isso teve que se passar por morto por dois anos. E Molly o ajudou. Claro que ajudou, ela o ajudava com tudo que ele pedisse, sem nem questionar.

E agora ele iria perde-la.

"Não, não vai, não."

"Como não?"

"Você vai impedir esse casamento."

Deu risada. Ótimo, além de sentimental, agora também conversava consigo mesmo, dando ideias que ele próprio não tinha pensado.

- Então não posso nem mais confiar na minha própria mente, é isso? - falou em voz alta.

Mas impedir aquele casamento não era uma má ideia. Correu até o hospital.

*

Quando estava na porta do necrotério, hesitou. Estava nervoso. "Brilhante, Justo agora minha mente resolve reagir". Pela primeira vez ele estava nervoso em encontrar Molly. Respirou fundo e abriu a porta.

- Olá, Molly - falou com a maior simpatia possível. Ele podia ser charmoso quando queria. E ele queria impedir aquele casamento mais que tudo.

Ela teve exatamente a reação que ele esperava: ficou toda sem graça, corada, perdendo o controle sobre o que estava fazendo. Isso só o fazia questionar porque diabos ela aceitou se casar com Tom.

- O que você precisa? - ela perguntou. Ele ficou sem entender. Franziu o cenho e se perguntou o porque daquilo. Quer dizer, ele realmente só falava com ela quando precisava de ajuda? Molly ainda o encarava, esperando uma resposta e aparentando uma irritação cada vez maior.

- Na verdade - não sabia o que falar - só passei pra saber se - "O que diabos você está falando?" o dragão enlouquecido gritava em sua mente - você quer ir almoçar? - "almoçar? Depois de tudo que você fez com ele, isso é o melhor que você consegue fazer?" dessa vez era o mini John em sua mente que o infernizava.

Todo o auto controle que ela havia quase conseguido demonstrar - junto com a irritação - foram embora no momento que ele disso aquilo.

Ela pareceu não saber o que fazer, haviam muitos conflitos, muitas coisas em jogo. Mas no final o desejo venceu.

Seria mais fácil do que ele pensava.

Saíram para almoçar e uma coisa levou a outra e quando ele se deu conta os dois estavam em seu quarto na Baker Street.

- Sherlock - ela tentava dizer em meio aos amassos - vou me casar daqui três semanas, por que você está fazendo isso? Por que eu estou fazendo isso? - havia muita raiva na voz dela, apesar de não tentar impedi-lo, mas isso só o deixou mais excitado e dez minutos depois eles estavam largadas, nus, no chão, com ele encima dela.

*

Passaram vários momentos assim - as vezes eles faziam sexo, as vezes ficavam só abraçados e conversando sobre o que quer que Molly quisesse falar.

Se dependesse dele, poderiam ficar sempre assim, mas ainda havia uma questão que incomodava o dragão.

- Molly - ela estava sentada na poltrona, usando apenas uma camisa dele, lendo uma tal de Agatha Christie - por que você não cancelou o casamento? - não que se importasse, ele realmente não se importava se ela estava traindo Tom ou que diabos de desculpas ela dava para as horas que não estava com ele.

Por algum motivo ela pareceu triste com a pergunta.

- Sherlock - ela parou, e ficou pensando durante um tempo - você sabe o que eu sentia, não - parou novamente - sinto por você. Mas eu - aquilo parecia ser muito difícil pra ela - eu largaria tudo agora mesmo se tivesse a certeza de que ficaríamos juntos.

Ele congelou no lugar. Finalmente caia a ficha sobre o que aquilo tudo significava. E ele não sabia se estava preparado.

Sem uma resposta, Molly se vestiu e saiu. Sherlock pareceu nem perceber.

*

Nos dias que se seguiram, Sherlock não a encontrou. Entrou em desespero quando chegou o dia do casamento e eles não haviam trocado uma só palavra desde aquele dia. Foi nesse momento que o dragão tomou completamente a mente dele.

Ele sabia que Molly sairia da casa de Mary e John - o que ele achou, parando pra pensar depois, certa traição -, então foi o mais rápido possível pra lá.

Quando estava chegando, viu de dentro do taxi um carro passando a seu lado. Foi por pouco que o deixou passar, mas quando viu Molly já vestida de noiva lá dentro, começou a gritar com o taxista:

- EU TE PAGO O DOBRO PRA VOCÊ SEGUIR AQUELE CARRO! - estava tão perto, não ia perde-la, não agora.

Numa corrida frenética - Molly parecia alheia ao que ocorria ao seu redor, ele não conseguia imaginar o porque - o taxista jogou o carro na frente do outro e na pressa Sherlock jogou a carteira encima dele. Saiu correndo em direção ao carro, onde uma Molly pálida e confusa não sabia o que fazer. Ele enfiou a cabeça pela janela do carro e em meio a tanta emoção, disse:

- Molly - ela ficava cada vez mais branca - Molly, você não pode fazer isso. Talvez eu não entenda sobre sentimentos e sei que sou um completo idiota por ter feito tudo que fiz com você, mas esses momentos que passamos juntos me fizeram perceber que mesmo eu preciso de alguém. Eu preciso de você e não me importo se isso é egoísta - "respira, Sherlock" - e eu sei, não importa o que você diga, ou que você esteja absurdamente maravilhosa em vestido de noiva para se casar com outro, eu sei que você também precisa de mim. - As pessoas no trânsito não paravam de xingar e Molly estava com cara de que não sabia se o agarrava ou se batia nele.

Então ele teve uma ideia.

- Foge comigo, Molly. Vamos fugir agora! Vamos para Itália, Grécia, Espanha, não importa. Se você for comigo, vou a qualquer lugar.

Ela piscou forte algumas vezes, parecia tentar assimilar o que havia acabado de ouvir. Então lágrimas brotaram dos olhos dela, e rapidamente abriu a porta do carro e caiu nos braços de Sherlock. Ele sorriu aliviado.

Naquele momento, qualquer um que passasse por aquela rua, ouviria confuso várias palmas e assovios e veria uma quase noiva mais feliz do mundo e aquele tal detetive daquele caso de nome difícil correndo entre as pessoas na calçada, de mãos dadas como se fossem duas crianças, com uma vida inteira pela frente para ser aproveitada.


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Notas finais do capítulo

E então?