Capítulo 6 – Uma longa história...

Quando chegaram no hotel, o mais caro da cidade, Sarah ficou de boca aberta com tamanho luxo.
- nossa.... – ela olhava tudo com um brilho no olhar. Gerard apenas sorria da alegria dela.
- esse hotel é mesmo lindo. Eu nunca tinha reparado em como ele era bonito antes. – ele dizia.
- lindo, lindo, lindo! – Sarah estava maravilhada ainda mais quando viu pinturas religiosas nas paredes.
- você parece uma menina muito religiosa.
- por que diz isso?
- pelo seu olhar. Pelo seu jeito angelical. – Sarah ficou vermelha.
- minha religiosidade é uma longa história...
- eu tenho todo o tempo do mundo pra você me contar. – ele disse sorrindo.
Eles estavam na recepção combinando sobre a hospedagem dela quando um amigo de Gerard chegou.
- Way! Onde você estava hein?? Estávamos loucos atrás de você!
- calma Frank, é uma longa história... – ele piscou para Sarah que quase derreteu.
- então explica isso pro Marc Webb. Ele só tava te esperando pra gente marcar as gravações do novo clipe. – Gerard deu um suspiro e virou os olhos em sinal de cansaço – hey, quem é essa linda jovem? – ele perguntou olhando pra Sarah que estava praticamente escondida atrás de Gerard.
- ah, essa é a Sarah. Ela faz parte da longa história que eu vou ter que contar.
- muito prazer Sarah, eu me chamo Frank. Esse mal educado aí não sabe apresentar as pessoas direito, sabe... Aiiii! Isso dói kct! – Gerard deu um tapa na cabeça do amigo. Sarah fechou os olhos tentando não se concentrar no palavrão.
- muito prazer Frank. – eles apertaram as mãos.
- Frank, ela vai ficar naquele quarto vago ao lado do meu por uns tempos. Portanto, trate-a bem ok? Ela é minha convidada.
- ok, ok... – Frank viu a trocada de olhares entre Gerard e Sarah e deu um sorrisinho. – agora vamos logo que o Marc tá uma fera.

Os três subiram e Gerard mostrou onde ficava o quarto de Sarah.
- esse aqui é o seu quarto. O meu é esse aqui ao lado, qualquer coisa é só me chamar ok? Agora eu preciso ir pra reunião. Depois eu apareço aqui pra gente conversar mais tá?
- tudo bem, Gerard. Eu vou ficar bem.
Gerard deu um sorriso sem graça e entrou num quarto que ficava a algumas portas do seu. Frank já estava lá dentro e ela então imaginou que lá deveria ser a tal reunião que ele falava. Sarah abriu a porta de seu quarto e entrou. Era enorme, muito maior do que seu minúsculo quarto do convento. Tinha uma cama de casal, um frigobar, um sofázinho e um armário, além de um banheiro exclusivo.
- isso deve estar custando uma fortuna... – ela pensou.
Sentou na cama e ficou pensando em como sua amiga Ginny deveria estar vivendo no convento. Decidiu escrever uma carta contando tudo que tinha acontecido desde que tinha saído de lá, até mesmo o encontro com o homem de seus sonhos, bem como ela havia previsto. Com certeza ela iria adorar saber disso.
Ela pegou um bloco de papel que tinha no criado-mudo e começou a escrever. Contou tudo, nos mínimos detalhes. Depois que terminou, percebeu que não tinha nenhum envelope. Decidiu ir até a recepção do hotel pra ver se conseguia algum. Assim que abriu a porta do quarto, deu de cara com Gerard pronto pra bater. Os dois ficaram centímetros um do outro, a ponto de sentirem suas respirações. Com a palavra vergonha estampada em sua testa, Sarah se distanciou o máximo possível dele, e ele entrou.
- er... – ele fingou uma tosse seca – a reunião acabou e...
- tudo bem. – “droga, por que eu sempre tenho que cortá-lo?” – ela pensou e se crucificou. – sente-se.
Gerard, ainda sem graça, se sentou na beira da cama dela.
- Sarah... você sabe que eu sou um cantor neh?
- sim. – ela respondeu sem entender.
- e você também sabe de qual banda eu sou vocalista, não sabe?
- acho que sei. É My Chemical... alguma coisa. – ela disse sem graça.
- você por acaso é daquelas fãs histéricas que fazem de tudo para conhecerem de perto seus ídolos?
- Gerard, onde você quer chegar com isso??
- bom... é que...
- você tá achando que eu me joguei na frente do seu carro apenas pra conseguir um autógrafo?? É isso?? – ele não respondeu. Seus pensamentos o deixavam mais confuso agora. – eu já entendi.
- me desculpe, eu...
- não se desculpe. Eu não devia ter aceitado vir pra cá. Eu devia ter imaginado que...
- não! Não vá, por favor. Me desculpe mesmo, eu apenas pensei que... ah, deixa pra lá. Desde que te conheci eu não quis acreditar que você era como as outras. Você nunca faria isso.
- nunca diga o que eu posso ou não fazer. – Sarah colocava suas coisas de volta na mala.
- por favor, fica. Eu tô te pedindo. – ela deixou algumas lágrimas caírem. – não chore, por favor. Me perdoe pelo que eu disse. – ele pegou na mão dela que estava sem a tala, a fazendo parar. Sarah olhou nos olhos dele e viu que o que ele dizia era verdade. Ela tinha um dom que era ver pelos olhos de alguém se a pessoa mentia ou não. E aqueles brilhantes olhos cor de esmeralda transmitiam somente a verdade.
- eu fico... mas com uma condição.
- qual?
- só se você me der um cd autografado. – ela riu e ele ficou sério – tô brincando! Era só pra descontrair.
- ah bem... – os dois ficaram rindo até tarde.
No meio da conversa, Sarah deixou escapar que era ex-freira. E Gerard quase caiu da cama quando soube.
- o quê??? Uma freira??
- ex-freira.
- fuck!! – ele tampou a boca com a mão – desculpe! É costume. – ele ficou vermelho de vergonha.
- tudo bem, não precisa mudar seu jeito só por minha causa. Eu tampo os ouvidos. – ela brincou tampando os ouvidos com as duas mãos.
- mas então... como você escuta nossas músicas?? Como uma freira pode gostar de rock??
- sabe que eu também não sei... – eles riram – mas as suas músicas são muito legais.
- estou realmente espantado agora. – ele ainda estava de boca aberta sem acreditar.
- nossa, que horas são?
- ainda vai dar 19:00hrs.
- mas já?? Eu preciso dormir.
- hã?? Dormir? A essa hora??
- sim... é que lá no convento, eu peguei o costume de dormir bem cedo. Era uma regra na verdade.
- que horror. Bom, vou te deixar dormir em paz.
Os dois se levantaram e na hora de Gerard se despedir, ele estava completamente sem jeito. Depois de um abraço seguido de um beijo na bochecha, ele conseguiu dar boa noite.
- boa noite. – ela disse.
- durma com os anjos, freirinha. – ele deu um último sorriso e fechou a porta.

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