Escutei passos apressados, subindo as escadas para o terraço, Jeff apareceu na porta.

– Que porra é essa?

– Hum? - Alexander o olhou confuso.

Me afastei dele. Jeff veio correndo em direção a Alexander, parecia furioso.

– Por que estava abraçando ela? - Ele colocou as mãos na camiseta de Alexander.

– A aula já vai começar... Vamos, Jeff. - Eu disse tranquilamente, puxando-o pela toca do moletom branco.

– Mas ele...

– Já sei, Jeff, seja um bom menino e venha comigo.

Ele soltou a camiseta de Alexander e o encarou por um segundo, então eu soltei sua toca e ele foi comigo até a sala, em seguida, Alexander também foi.

– Desculpe, Lotte, não consegui segura-lo.

– Tudo bem Melanie, não foi sua culpa. Eu sei o quão difícil é Jeff.

Não deixei a aula seguir normalmente. Levantei de minha cadeira, a sala toda ficou monocromática. Apenas os alunos continuaram em sua cor normal, o professor também estava preto e branco, era como se eu tivesse dado um "pause" no tempo.

– Escutem aqui, bocós. - Grades bloqueavam as portas. - Eu sou Charlotte Evans, jogaremos uma coisa. Um jogo que ousei nomear de Morte Justa. Como funciona? Ah, claro eu vou explicar, detalhadamente.

" Transportarei todos para outra dimensão, chamada Inferno. Lá existe uma especie de casa, que preparei especialmente para vós. Nessa casa existe um enorme labirinto e antes disso pequenos quartos, que tem apenas uma cama, e um gancho que vai estar as roupas especiais para cada '"missão"'. Darei instruções para cada missão, e precisam cumpri-las, justamente, ou seja, sem trapaça. Levem a sério, pois suas vidas vão depender disto. Todo dia, as oito em ponto estarão lá, tentem ficar prontos antes dessa hora. Podem tentar contar para alguém de fora, mas ninguém vai acreditar em vocês, é tudo."

– Acha mesmo que vamos acreditar nisso? - Uma garota de cabelos loiros, tingidos levantou e retrucou.

– As oito horas da noite você saberá. Não lhe devo mais explicações, tudo já está explicado detalhadamente.

– Não acredito nisso, nem em Deus eu acredito, porque acreditaria em demônios. - o garoto que estava ao lado da loira levantou.

– Isso é um problema seu, creio que quando ver com seus olhos vai acreditar. - Voltei para meu lugar e rapidamente o tempo voltou ao seu normal.

Do meu lugar pude observar que Alexander sorriu. Não entendi o porque. Não tenho interesse de entender, por enquanto.

Assim que a aula acabou eu estava pronta para ligar para o motorista, senti uma presença assustadora, era de um Serafim. Aquilo fez meu corpo tremer, nunca tinha sentido tanto medo.

Liguei para o motorista e disse para Jeff e os outros irem na frente, Melanie se recusou a ir e acabou indo comigo até o Serafim, eu podia notar que ela também estava com medo.

– Melanie... Por que veio junto? - Nós estavamos correndo.

– Não posso a deixar sozinha, sei o quão é poderosa, mas... Um Serafim é muito perto de Deus, ele deve ser mais forte que você.

– Deve? Mas é claro que ele é, ainda mais que ele tem mais experiencia que eu. O poder espiritual dele é tão forte que mal posso respirar.

– Olá, damas. Creio que eu possa ajudar em algo.

Olhei para o meu lado esquerdo era Alexander. Ele parecia muito mais forte espiritualmente que antes.

– Você também não estava mostrando tudo... - Eu disse.

– Claro que não...

– Por que vai nos ajudar, caçador de demônios? Pensei que ele fosse nosso inimigo, Lotte. - Melanie parecia confusa.

– Gostei dos seus ideais, Charlotte. Não parece uma demônio ruim... Alem de que, você é gostosa.

Levantei uma das sobrancelhas, fazendo uma cara de desgosto.

– Cale a boca. - Eu retruquei sem exaltar a voz, Melanie riu. Paramos todos juntos, nos deparando finalmente com ele.

– Ora, Ora... Se não é a garotinha que sempre se mete no que não deve. - O Serafim falou.

– Eu nunca poderia permitir que fizessem mal novamente a minha mãe.

– Já deve saber porque estou aqui, né? - Ele tinha cabelos brancos e lisos, extremamente compridos, e também tinha a olhos castanhos. Usava roupas de batalha, azul escuro.

– Imagino... que queira me matar.

– Quero, tanto que vou. Se não fosse metida como sua mãe nada disso a aconteceria, é uma pena, tão linda... e tão perigosa.

Engoli a seco, ele tinha muita pressão espiritual, me sentia sufocada. Usei minha "armadura" que era apenas um tecido que cobria minhas partes intimas e meus seios, era parecido com tatuagens de tão justo, minha calda, minhas garras, presas e asas apareceram.

Melanie também se preparou, ela usava o mesmo tipo de tecido pelo corpo, mas cobria melhor. A diferença clara era que ela não tinha calda, nem presas.

– Perigosa aos olhos de quem? - Alexander sorriu ironicamente.

– Que interessante, um caçador ajudando suas presas. Aproposito, sou Metatron. Acho interessante saberem o nome de quem vai os matar. Não tenho interesse em você, garoto, se não quiser ser morto melhor ir embora.

– Acha mesmo que eu vou perder a chance de ver elas lutando, olha os trajes que elas estão usando, isso é muito sexy.

– Você é um tarado, ou o que? - Eu bufei. - Francamente.

– Sou homem. - Ele piscou um dos olhos.

– Sem mais enrolações. Pode vir, Evans.

– Não precisa pedir... - Eu corri em direção e Metatron, ele desviou dos meus ataques mais precisos, e puxou uma espada.

Ele era muito rápido, me cortou diversas vezes. Por mais rápido que minha pele se regenerasse ainda assim eu estava sendo massacrada por ele.

Melanie tentava ataca-lo, mas também era cortada por sua espada, e o pior era que ela não podia se regenerar rapidamente. Ele a arremessou para longe, fazendo ela bater em uma casa com força.

– Melanie! - Eu me distrai olhando preocupada para ela.

– Não tire os olhos de seu inimigo! Ele estava prestes a meter a espada em meu coração.

Eu fechei os olhos, como não senti nada abri-os. Quando vi Alexander segurando a espada de Metatron com o dedo indicador.

– O que...? - Arregalei os olhos.

– Você não é nada cavalheiro. - Ele segurava tranquilamente a lamina, sem se cortar.

– Você é só um caçador...?

– Quem sabe sim, ou talvez não. Bem creio que não vai viver para saber. - Ele tirou duas laminas curvadas que estava presas, em um tipo de suporte, em suas costas. - Seu oponente sou eu!

Eu estava vendo tudo borrado, mas ainda assim conseguia ver os movimentos fantásticos e rápidos de Alexander. Eu mal podia acreditar que um humano conseguisse se mexer tão velozmente. Ele conseguiu ferir o Serafim.

– Já chega, eu vou voltar, esteja pronta para me receber, Charlotte, pensei que fosse mais forte, essa luta foi muito sem graça. - Ele abriu as seis asas e voou de volta ao paraíso.

– Melanie... - Logo em seguida eu desmaiei.