Annabeth saiu cambaleando pela escola, rindo. Mal podia acreditar. Eu fiz aquilo! Meu deus, eu realmente fiz aquilo! Os olhos dele provavelmente devem estar ardendo muito!

Chegou à conclusão de que realmente era louca, como o próprio Jackson havia sugerido. Ela ria tanto, impressionada com a sua repentina ousadia, que as pessoas olhavam.

Cambaleou um pouco mais até a sala e tirou o material da bolsa, ainda com um sorriso no rosto. A aula de história já havia começado, mas ela mal prestava atenção.

Ela continuava imaginando, se lembrando, admirada com o fato de que ela mesma, Annabeth Chase, a garota boazinha e certinha, havia soltado uma baforada de spray de pimenta nos olhos do garoto no qual todos temiam e evitavam e se sentiu simplesmente demais por aquilo.

O professor falava, e Annabeth, que continuava não prestando atenção pois já havia visto a matéria, na verdade desenhava. Sem perceber, o resultado do desenho foi ela mesma com o spray de pimenta, borrifando-o em Percy. Ela terminava de escrever um “Toma essa, seu canalha!” num balão de fala, quando o professor tomou o caderno de suas mãos.

– Senhorita Chase, por que não está prestando atenção na aula? – disse o professor, franzindo as sobrancelhas.

– E-e-e-eu já vi a matéria, professor... – gaguejou a loira.

– Não explica. Que tal mostrarmos para a turma o que você estava fazendo? O que vocês acham, alunos?

Alguns alunos sorriram, outros disseram um “mostra aí, professor” e Luma permanecia completamente imóvel, fitando Annabeth.

O educador deu uma olhada no desenho e sorriu. Annabeth, que planejava ser arquiteta, não desenhava somente edifícios bem. Ela desenhava tudo, e qualquer um da escola poderia claramente ver estampado bem ali o rosto de Percy Jackson e, muito provavelmente, aquilo pegaria mal. Muito mal.

Ele ergueu o caderno com um sorriso maroto nos lábios. Os alunos se inclinaram sobre a carteira para ver melhor o desenho.

Annabeth abaixou a cabeça, corada.

A maioria deu risadas exageradas. Houveram vários “Huuuuum...” e os mais engraçadinhos disseram “Você e o Jackson, hein Chase?”, sem contar outros comentários como “Annabeth deve ser aquela namoradinha malvada que tem fogo no rabo, né galera?”

Annabeth não pôde fazer a nada, a não ser ficar ainda mais vermelha. Ela queria gritar com a pessoa deste último comentário, mas resolveu não fazer isso. Ela não queria ser expulsa de sala.

– Vá se sentar, Annabeth – o professor orientou – e guarde esse desenho, por favor.

Annabeth assentiu com a cabeça. Sentou-se na sua carteira e jogou o caderno com força dentro da mochila, com raiva. Ela ainda podia ouvir risadinhas que vinham do fundo da sala. Tentou ignorá-las. Suas mãos tremiam. Ela queria...Queria... Enfiar uma adaga no estômago daqueles idiotas.

Tentou com toda a sua força e paciência continuar prestando atenção na aula sobre uma coisa que ela já havia visto, e que depois ainda emendaria com outra, mas por dentro ela queria gritar.

Continuou fingindo estar prestando atenção por mais cinco minutos, até alguém bater na porta da sala e interromper a aula.

A porta abre com um click, e um funcionário da escola mete metade do corpo sala adentro.

– O diretor quer falar com uma aluna – o funcionário avisa com um tom de voz entediado – Annabeth Chase.