A Grande Guerra escrita por jdredalert


Capítulo 6
Rumo ao Imperador Kelfo – parte 3


Notas iniciais do capítulo

Spark acabou se transformando acidentalmente num enorme macaco bem diante do Palácio Imperial. Agora, sem consciência humana, a fera tem apenas um objetivo: destruir tudo que vê pela frente. Cabe à Simon e Lily pará-lo, o mais rápido possível.



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Era um pesadelo, não havia nenhuma outra explicação.Como Spark havia se transformado naquele monstro horrível? Lily simplesmente não conseguia entender, não conseguia aceitar o porque de estar diante de um monstro ao invés do jovem Saiyajin amável que conhecera anteriormente. Seu coração parecia apertar-se diante daquela visão aterradora e quanto mais a criatura em sua frente rugia – de braços erguidos e punhos fechados – mais seus olhos se enchiam de lágrimas.

- Spark... porque? – ela perguntou.

O gigantesco macaco direcionou seu par de olhos vermelhos ao grande palácio em sua frente, iniciando em seguida uma caminhada ritmada à construção com um único e primitivo desejo: destruir tudo por completo, até que não sobrasse nada senão escombros. A cada passo, a Grande Ponte vibrava, como se não parecesse ser tão resistente quanto era. Simon e Lily arregalaram seus olhos, compreendendo imediatamente o intuito destrutivo do monstruoso Spark.

- Não podemos permitir que ele destrua o Palácio! – exclamou o guerreiro, alterado – Lily, fique aqui que eu irei detê-lo!

- Mas como!? Simon, você já viu o tamanho dele? É impossível, é muito poderoso!

- Não posso ficar aqui assistindo-o destruir tudo! Lily, eu vou lá!

Agilmente ele correu, ignorando os chamados de Lily e saltando em direção ao rosto do enorme primata enquanto concentrava uma rajada de energia. Disparou impiedosamente o raio azulado no monstro, acertando-o no rosto e fazendo com que ele interrompesse sua marcha.

- Ei! Estou aqui!! – gritou Simon, preparando-se para lançar mais uma – Venha, é a mim que você quer!

Havia se formado uma esfera dourada nas mãos do guerreiro Kelfo, mas antes que ele pudesse lançá-la foi atingido com um tapa de Spark, da mesma forma que alguém teria feito com algum mosquito inconveniente. O corpo de Simon atingiu o chão com bastante força, fragmentando as pedras lapidadas que compunham a ponte. O macaco continuou a caminhar, ainda visando o palácio. Em pouco tempo estaria perto o suficiente para poder esmagá-lo como um castelo de areia, sem nenhum problema. E então, foi atingido mais uma vez, em suas costas.

Spark se virou enfurecido. Suas costas doíam e aquela sensação apenas aumentava sua ira animal, fazendo com que ele ficasse ainda mais arisco. Bateu no próprio peito algumas vezes, urrando de fúria e pisando com força, causando rachaduras por toda a ponte. Simon estava parado, com ambas as mãos erguidas em sua direção.

- Você não vai destruir este lugar, está me entendendo Spark? Não vai!! – ele gritou, disparando outro raio de ki que acertou o macaco na testa, mas que apenas o abalou.

O primata enfurecido abriu sua enorme boca e rugiu em direção ao Kelfo, disparando por ela um poderosíssimo ataque de energia. Simon conseguiu saltar à tempo de evitar ser atingido pela devastadora onda, que transpassou o chão da ponte e foi explodir em sua base, no chão. Parte da Grande Ponte havia sido comprometida e agora começava a desabar.

Simon estava pronto para atacar de novo quando ouviu um grito de Lily. Ela havia sido lançada longe com a força da explosão e agora se segurava apenas com uma das mãos numa das laterais da ponte. Simon conteve seu ataque e foi ao seu auxílio, conseguindo pegá-la no momento certo em que sua mão havia cedido ao peso de seu corpo e ela iria começar sua trajetória rumo à cidade muitos metros abaixo. Fora por pouco, mas ela estava à salvo.

- Foi por pouco... – disse ele, colocando-a próxima ao portão.

- Você não precisava fazer isso Simon, eu posso voar. – ela respondeu, soando sem querer um tanto quanto mal-agradecida – Você precisa atacá-lo, precisa impedi-lo! Vou aumentar provisoriamente sua força e agilidade com minha magia... espere um instante, sim?

Ela ergueu as mãos, enquanto Simon assistia o grande macaco aproximar-se ainda mais do Palácio. Parecia uma eternidade o tempo em que estava lá, sem poder se mover enquanto Lily usava sua habilidade, embora ele soubesse que não demoraria mais do que alguns segundos. Um brilho vermelho e um calor envolveram seu corpo e ele subitamente sentiu-se mais poderoso. Talvez aquilo não fosse o suficiente para vencer o sanguinário macaco, mas aquilo com certeza ajudaria. O guerreiro voou até estar próximo o suficiente para não errar e disparou uma chuva de raios de puro ki brilhante em cima do macaco, sem parar durante quase um minuto. Seus urros que misturavam dor e fúria pareciam abafar o som das explosões e irrompiam do meio da cortina de fumaça que se formava, tornando a batalha ainda mais assustadora para quem estivesse ouvindo. Simon sorriu após terminar sua incessante seqüência de disparos, ofegante, mas seu sorriso durou poucos instantes até dar lugar à uma expressão de pânico: um outro disparo gigantesco, possivelmente lançado da boca do Saiyajin vinha em sua direção. Não havia para onde fugir naquele instante e a única saída foi se fechar na defesa e receber o golpe de frente. Outra explosão e o seu corpo despencou, como um inseto morto e ele atingiu o chão da ponte.

- Essa não! Simon! – gritou Lily, voando prontamente em sua direção parecendo não se importar com o monstro sanguinário em sua frente. Ela abraçou Simon, tentando levantá-lo. Estava cheio de queimaduras e a camisa de seu uniforme havia sido reduzida a trapos.

- Simon! Reaja, por favor! Simon!

- Lily... saia daqui... se proteja... – ele falou, com a voz fraca de alguém que agoniza.

- De jeito nenhum Simon! Eu não vou te deixar aqui! – ela falou, demonstrando firmeza em sua voz, uma firmeza que Simon desconhecia – Você passou toda a sua vida, desde o dia que se tornou um guerreiro me protegendo. Permita que ao menos uma vez, eu proteja você.

Ela deu a mão com o guerreiro caído, entrelaçando seus dedos com os dele e observou o Saiyajin transformado se aproximar, com passos pesados. Urrava e babava como a fera selvagem que era, obstinado a saciar seu instintivo desejo de matar e destruir.

- Fuja... fuja... Lily...

- Não. Se este tiver de ser nosso fim... que seja assim. Não vou correr, não vou mais me esconder!

O macaco ergueu seu punho fechado, disposto a descer com força sobre os dois e esmagá-los como insetos. Deu mais um forte rugido, como que estivesse satisfeito com aquilo e em seguida desceu sua mão com toda a sua força. Lily fechou os olhos, mas Simon os manteve bem abertos. E se surpreendeu com aquilo que viu.

Ele havia interrompido o próprio golpe. Parado subitamente no ar, como que se ali houvesse alguma barreira. Simon pensou a princípio se tratar de alguma magia de Lily, mas notou que o comportamento de Spark também mudou. Estava parado, sem fazer nenhum som grotesco fora o de sua poderosa respiração. Era algo impensável talvez, mas tudo indicava que por detrás daquela fera selvagem ainda haviam lembranças, lembranças que não permitiam que ele os matassem. Simon sorriu novamente.

- Lily... veja... será possível?

Ela abriu os olhos mais uma vez, dando de frente com o enorme macaco que agora já não parecia tão selvagem como antes. E ao invés de querer esmagá-la como uma formiga, ele estendeu o dedo indicador, como se quisesse tocá-la. E o fez, levemente em seu rosto.

- Spark... é você? – ela perguntou, chorando de felicidade. Era indiscutível. Por detrás daquele ki agressivo e primitivo, havia a energia bondosa de Spark.

O macaco emitiu um som, como que quisesse dizer algo mas não conseguia. Saíram apenas sons guturais que animais produziriam, mas sem a ira e selvageria de poucos instantes atrás. Mas isto mudou no momento seguinte.

O grande macaco foi atingido por detrás, pelo que pareciam ser descargas elétricas. Foi castigado por estas descargas por vários segundos, enchendo seu corpo com dor e seu coração de ódio. Ele virou-se, urrando como o monstro que era novamente, bem a tempo de ser atingido mais uma vez pelas descargas, disparadas simultaneamente por quatro torres do Palácio. Ele não poderia ficar ali, ele sabia que tinha de revidar. E a única retaliação que lhe era cabível era a destruição total. Abriu sua boca e dela saiu uma devastadora onda de energia azulada que mandou pelos ares a primeira torre. Estava insanamente enfurecido agora, disparando outras dessas rajadas não somente contra as torres, mas na cidade abaixo da Ponte. Severas explosões eram ouvidas ao passo que grossas nuvens de poeira e fumaça eram formadas, juntamente com os rugidos animais de Spark que juntos, formavam uma caótica e devastadora sinfonia.

Veio mais uma descarga a seguir, acertando o corpo do gigantesco primata e fazendo-o urrar novamente. E novamente ele lançou seu raio da boca, explodindo mais uma das torres. Antes que fosse atacado novamente, ele lançou seu ataque mais duas vezes, atingindo em cheio as torres remanescentes. Agora, o Palácio estava desprotegido, apenas aguardando o momento cada vez mais próximo de ser transformado em pó.

- Genees – murmurou Lily, curando as feridas de Simon com um clarão verde.

- Lily... muito obrigado. Mas nós precisamos parar ele a todo custo! Eu... não tenho escolha... terei de lançar um ataque poderosíssimo para impedir que ele destrua nosso Palácio e salvar nosso reino dessa maneira.

- Mas se você fizer isto... você irá...

- Lily... eu sinto muito... não há nada a ser feito. Sabemos que o nosso Spark nunca faria isto, mas esta... coisa que ele se tornou está aqui apenas com o propósito de nos destruir. O nosso amigo Spark morreu no momento em que esta criatura se apoderou de seu corpo.

- Não! Não é verdade e você sabe que não é! – falou a sacerdotisa, já em meio às lágrimas – Você viu que ele hesitou, que ele não quis nos matar! Simon, Spark ainda está lá, eu senti isso! Senti no momento que ele me tocou! Ele apenas não tem consciência, mas está lá, preso! Não será justo matá-lo, não será... se ao menos houvesse alguma forma de pará-lo... um ponto fraco ou qualquer outra coisa...

- Um... ponto fraco! É isso! – falou Simon, socando a própria mão – Lily, acabei de me lembrar... quando Spark ficou aqui e treinou com o Mestre Khan, ele tinha um ponto fraco natural de todos os Saiyajins, a sua cauda! Talvez... talvez se eu cortar a cauda dele, ele possa ser parado!

- Você acha?

- Não posso afirmar nada... mas podemos tentar! Melhor isto do que nada!

- Mas com o que você vai cortar, Simon? Sua espada foi quebrada na luta contra Himmler, apenas este caco que você trás em suas costas não será suficiente!

- Ah, aí que você se engana... – ele sorriu, puxando o que restava de sua espada da bainha – Esta espada é diferente de todas as outras que já existiram. Foi forjada com um metal especial, que tem uma capacidade incrível de entrar em fusão com a energia do usuário. O que significa que...

O guerreiro Kelfo interrompeu sua frase, liberando bastante o seu ki e sendo envolvido por sua aura clara. A espada agiu em ressonância, brilhando dourada e, quando aquele clarão se desfez lá estava ela, com uma lâmina nova em folha que brilhava como se tivesse sido acabada de ser forjada.

- ...se o espírito do usuário se manifesta, ela volta a viver! – ele completou – Lily, fique ai! Vou acabar com este pesadelo agora!

O guerreiro disparou a correr em direção ao macaco gigante, com espada em punho e um olhar firme. Spark a esta altura já golpeava furiosamente o Palácio, começando a sua destruição; pedaços de pedra e estilhaços de vidro começaram a voar para todos os lados, enquanto os socos do enorme Saiyajin acertavam os pontos desejados. O monstruoso primata ainda aproveitou-se de um escombro e o arremessou contra o Palácio, derrubando uma de suas paredes e danificando severamente seu telhado.

E então, estando próximo o suficiente, Simon saltou. Seus olhos focaram a cauda peluda e mais grossa que o próprio corpo do guerreiro Kelfo e a espada já zunia, cortando o ar.

- Spark! Perdoe-me, mas irei cortar sua cauda e terminar com esta batalha insana!!

Um golpe preciso, com uma afiadíssima lâmina foi o suficiente para decepar a enorme cauda com apenas um movimento, em meio ao som de carne sendo fatiada e um espirro de sangue que lavou completamente o guerreiro. A reação em cadeia começou, em meio aos gritos desesperados de um Spark meio homem meio animal, que agora encolhia e perdia os pelos. O rosto voltou a assumir a aparência humana, os dentes retrocederam e as sobrancelhas e cabelos voltaram a aparecer. E, poucos segundos depois, era um garoto que estava jogado no chão, inconsciente e não mais a fera assassina que havia estado lá.

Os dois Kelfos correram ao seu auxílio, para averiguar se ainda estava vivo. Estavam cansados demais, tensos demais para conseguir se concentrar no ki. Simon ajoelhou-se ao seu lado, enquanto Lily o amparou no colo. E o Saiyajin lentamente abriu os olhos, vendo pela segunda vez naquele dia apenas os borrões dos seus amigos.

- O que... o que aconteceu? – ele perguntou, levando uma das mãos à cabeça, onde havia uma marca de queimadura na testa.

- Você não se lembra? – perguntou a sacerdotisa, abraçando-o. Ele respondeu que não com um aceno com a cabeça – Melhor assim... o pior já passou Spark... está tudo bem agora. Você está à salvo.

- Como... como vocês... se machucaram deste jeito? Fui... fui eu que fiz isto tudo?

O Saiyajin se sentara diante dos dois, observando o local. A ponte estava arruinada, bem como o palácio à sua frente. Havia muita fumaça saindo dele, assim como escombros para todos os lados. Ele então sentiu um imenso pensar dentro de si e a vontade de se esconder em algum lugar embaixo da terra. Mas Simon o tocou fraternalmente no ombro, como fizera anteriormente.

- Não meu amigo... Aquilo que estava aqui com certeza não era você... pode ficar tranqüilo, como Lily disse, o pior já passou.

- Eu não teria tanta certeza sobre isto! – disse uma voz vinda da direção do Palácio.

Wulfric estava lá, acompanhado por dois guardas utilizando o mesmo uniforme de Simon. Logicamente tratavam-se de poderosos guerreiros de alta patente como ele.

Spark reconheceu aquela voz, mesmo só tendo escutado ela uma única vez em toda sua vida. Era o mesmo homem nojento e irritante de meia idade que havia conhecido no Templo Sagrado do Mestre Khan, três anos atrás. Fora o fato de sua barba estar maior, ele não havia mudado nada, nem mesmo seu olhar de nojo e desprezo que havia lançado novamente contra o jovem Saiyajin.

- Isto... isto tudo é INADMISSÍVEL! – ele berrou, espirrando saliva para todos os lados – Vejam só o que este monstro... este demônio fez!! Vejam toda esta destruição causada por este maldito macaco!! Eu sabia, eu sempre soube que isto um dia iria acontecer, estes Saiyajins miseráveis iriam nos trair e o fizeram, por pouco este diabo encarnado num menino não destruiu a todos nós!

- Conselheiro Wulfric, se me permite... – Lily tentou argumentar, mas foi cortada pelo homem.

- Não permito não, senhorita Lilian! E é Chanceler Wulfric de agora em diante, mocinha! Veja o que a cria maldita de seu pai fez conosco, esta víbora criada! Por pouco não mandou todo o Palácio pelos ares enquanto estava transformado naquele demônio selvagem! Bárbaro sanguinário e sem escrúpulos, ele iria nos matar!

- Isto não é verdade, Chanceler, o que aconteceu...

- Cale-se, Capitão Simon, ou irei me encarregar eu mesmo de reduzi-lo à soldado novamente! Não que você esteja isento de ser rebaixado, mas se você ousar abrir a boca mais uma vez eu te asseguro que vai ser um pobre coitado para o resto de sua vida! Mas é o cúmulo, um disparate! Este maldito Saiyajin causou toda esta destruição, arriscando as vidas de todos aqui e vocês ainda o defendem! Ficaram loucos com estes ataques, presumo, ou então se deixaram contagiar pelas loucuras de Kopf, aquele velho senil que...

- Cale essa boca! Não fale assim do meu pai! – gritou Lily, colocando-se de pé – Eu não admito que você agrida a memória de meu pai deste jeito! Ele sempre foi um grande homem que dedicou sua vida à Himmel e todo nosso império e você nunca passou de um egoísta invejoso que queria apenas o cargo que meu pai recebeu, dignamente! Você é um canalha!

- Não pense que me esquecerei dessas palavras quando for aplicar sua punição, senhorita Güte Seele, ou melhor, a de todos vocês! Não passam de traidores, traidores do próprio sangue que se misturaram que esta raça de brutos e bárbaros sem instrução! Querem se misturar com a ralé, pois serão tratados como ralé! Mas o primeiro a ser executado será você, Saiyajin!

Spark estava de cabeça baixa, ouvindo tudo aquilo sem sequer responder uma única acusação. Ao contrário do último encontro que tiveram, dessa vez Wulfric tinha todos os motivos para lhe odiar, para o querer morto. E mesmo que não tivesse lembranças do que tinha feito, ele sabia apenas em dar uma rápida olhada no local que merecia sim receber todo aquele ódio.

- Vamos garoto! Erga esta sua maldita cabeça de macaco para que eu possa decepá-la!! – gritou o novo Chanceler, salpicando todos com cuspe novamente – E em seguida, irei pensar na punição que vocês dois irão receber!

Spark obedeceu, levantando sua cabeça e olhando Wulfric e os outros dois guerreiros nos olhos. Se preparou mentalmente não para se executado ali, mas para lutar com eles se fosse preciso. Mesmo que aquilo significasse um rompimento definitivo com seus amigos Kelfos, ele não poderia simplesmente oferecer a própria vida, e fazer assim com que o sacrifício de Lenia tivesse sido em vão. Sabia que tinha de lutar, tinha de vingar sua mestra ainda, mas acima de tudo, tinha que proteger seu planeta.

Um dos dois sacou uma grande espada parecida com a de Simon e caminhou em direção ao Saiyajin, agora de pé. Travou os punhos, preparando-se para lutar. Mas então, uma voz encheu o local, como um trovão, fazendo todos congelarem suas ações.

- Agora basta! Já chega disto tudo!

- Oh, mas este é... – balbuciou Wulfric, incrédulo – Grande Imperador!

- Estou falando através da mente de vocês... já chega. Wulfric, recolha seus guerreiros agora mesmo! É a missão de Simon trazer a jovem Güte Seele para cá, bem como é do meu interesse que o jovem Saiyajin esteja aqui presente também.

- Mas, deve estar havendo algum engano! Grande Imperador escute...

- Já basta, Wulfric! Obedeça! Soldados, abaixem suas armas e conduzam estes três aos meus aposentos. Eu eles temos muito o que conversar!

Os dois obedeceram prontamente, enquanto Wulfric ficava com uma expressão contrariadíssima no rosto. Adentrou o castelo praguejando, falando mil insultos e xingamentos à Spark na língua natal dos Kelfos e desapareceu de vista. Os outros dois soldados então apontara à porta do Palácio agora em ruínas.

Quando entraram no local, cujas paredes agora apresentavam rachaduras imensas, Simon dirigiu um olhar indagador à Lily, que respondeu com um sinal com os ombros dizendo que não sabia do que aquilo se tratava. Era óbvio que o guerreiro Kelfo havia achado por um instante que Lily havia repetido o truque utilizado em Himmler, mas então se tocou que Wulfric nunca cairia naquilo. Então, haviam sido chamados de fato pelo Imperador em pessoa.

 

.* * *

 

Chegaram à uma câmara distante no palácio, cujas paredes apresentavam menos rachaduras do que no resto da construção. As portas, assim como no Santuário, eram feitas de puro ouro e cravejadas com rubis. Elas se abriram automaticamente, no instante em que Spark, Lily e Simon aproximaram-se dela, escoltados pelos outros dois soldados, revelando um interior amplo e um imenso tapete vermelho que conduzia a um altar, onde uma cortina de tecido branco escondia o que estava ali em cima.

- Deixem-nos à sós, soldados. O assunto que tenho a conversar só diz respeito a eles três e a mim. – disse a voz do Imperador, distante. Parecia que ele estava lá naquela sala, escondido atrás daquele véu.

Os soldados obedeceram, saindo da presença do trio, que em seguida fora convidado a entrar no cômodo pela voz do Imperador, que soava um tanto fraca, como a de uma pessoa de idade avançada. Eles fizeram como requisitado, entrando no local.

Haviam muitas estátuas de guerreiros naquele lugar, todos eles em cima de altares de pedra e com inscrições em suas bases, que Spark não conseguia identificar. Acima do véu, havia um quadro representando aquele mesmo Palácio, no alto da montanha e um vilarejo logo abaixo que o Saiyajin supôs ser a cidade de Himmel em seus primeiros dias. Então pararam os três diante do véu e ajoelharam-se, em reverência.

- Honorável Imperador... – disse Simon, abaixando a cabeça.

- Levantem-se, bravos guerreiros. Levantem-se. Pois o que se passa agora em nosso mundo faz com que as reverências se tornem completamente sem sentido.

Os três obedeceram, ficando de pé. A voz do Imperador continuou então seu discurso.

- Uma vez mais, a história se repete. Uma vez mais, os ambiciosos Krügers invadem e perturbam a paz de nosso planeta, numa guerra sem sentido que causa à nós apenas dor e sofrimento. Estes combates que acontecem são lamentáveis... todos os lados sofrem perdas significativas demais, nossos entes queridos se vão para sempre e nos deixam apenas com um grande vazio por dentro. A guerra em si é horrível, mas a sua causa vem de um desejo vil e egoísta e eu temo dizer, meus amigos, que eu sou o grande culpado por todas essas coisas ruins estarem acontecendo a vocês. Mas, para que eu possa explicar a origem de tudo, é preciso que primeiro, tenhamos a honra de nos olharmos nos olhos.

Simon e Lily surpreenderam-se com aquilo, deixando Spark atônito. Ele olhou para ambos, buscando uma resposta.

- O Imperador nunca sem mostra para as pessoas. Apenas um ou outro mais chegado que tem a honra de vê-lo – disse Lily, num sussurro – Seremos as primeiras pessoas fora do círculo dos conselheiros a vê-lo nos últimos... séculos, acho.

Então, o véu deslizou para o lado, revelando a verdadeira identidade para todos. Lily levou as mãos à boca, Simon um pequenino passo para trás. Mas ninguém pareceu mais surpreso que Spark, que apenas arregalou os olhos. O Imperador não parecia em nada com um Kelfo, pois ao contrário da pele clara e cabelos loiros que estes possuíam, o Imperador era completamente verde e careca, com algumas partes de seus músculos expostos, como ombros e abdômen e na cabeça, um par de antenas. Era bastante velho como sua voz sugeria, seu rosto era coberto de rugas e seus olhos mal se abriam além de ser bastante gordo.

Quando finalmente recobrou a capacidade de falar, Spark fez uma observação que só teria sentido para ele mesmo.

- Você... você é idêntico ao guerreiro da Terra! – ele disse, sem perceber.

- Pois bem, meus bravos guerreiros, como podem ver eu não sou um Kelfo. Sou um Namekuseijin.

- Mas... mas como é possível!? – exclamou Simon, incapaz de acreditar no que seus olhos podiam ver.

- Um... Namekuseijin...? Aqui...?! – Lily balbuciou, sem fala.

- Sim meus caros. Por favor, sei que para vocês este deve ser um tremendo choque... mas permitam que eu conte a vocês toda a minha história, desde o princípio e porque eu estou diretamente relacionado com os motivos desta guerra. Se me permitem, começarei com minha história.

“Tudo começou muito longe daqui deste planeta, num lugar distante chamado Namekusei. Éramos uma raça próspera, tínhamos grandes conhecimentos místicos e tecnológicos e acima de tudo, nós vivíamos em paz no nosso mundo. Ouso dizer que talvez tenhamos sido a raça de seres inteligentes que mais se aproximaram da perfeição e do equilíbrio. Mas mesmo com tudo isso, não pudemos evitar a catástrofe natural que quase destruiu nosso planeta. Terremotos, maremotos, furações e tempestades, tudo ao mesmo tempo. Foi como se o próprio Namekusei tivesse decidido que era chegado o momento de nossa espécie voltar ao ponto de partida, e então aquilo foi feito por ordem da Natureza.”

“No entanto, ainda que não pudéssemos impedir aquela catástrofe, nós tínhamos de tentar. Então os mais sábios e inteligentes ficaram para tentar salvar nosso antigo lar, enquanto nossas crianças foram enviadas em naves espaciais para os quatro cantos do Universo, a fim de que a raça Namekuseijin pudesse ser preservada. Eles tentaram de tudo, desde os aparelhos de alta tecnologia, até mesmo a nossa maior criação mística: as Esferas do Dragão. Mas mesmo estas esferas, que podiam trazer os mortos de volta à vida não puderam deter a força da Natureza. O Universo provou ser infinitamente superior a nós e fomos quase completamente destruídos.”

“Quando cheguei aqui neste planeta, senti-me completamente sozinho. Eu era um jovem talentoso, como a maioria daqueles que foram escolhidos para se salvar de nossa espécie. Eu era muito bom na magia, mas de que adiantava todo aquele talento neste mundo estranho? Resolvi sair de perto da minha nave no primeiro mês desde minha chegada e descobri que haviam seres inteligentes neste planeta, porém primitivos. Viviam do que plantavam o dos animais que podiam domesticar, eram simples e humildes e de alguma forma, eles me lembravam meu povo. Fui muito bem acolhido por eles e em troca de sua hospitalidade, eu os ensinei tudo que eu podia em relação à magia. Ensinei-os a controlar os elementos da Natureza, a sentir e controlar o ki, a curar os ferimentos e enfermidades baseando-se nesta energia... e também as bases para que se fosse formada uma sociedade bastante similar a de minha terra natal. E assim, os Kelfos prosperaram.”

“Graças a isso, fui visto por eles quase que como um deus. Mas não era aquilo que eu queria, não poderia me dar ao luxo de ser glorificado por todos daquela forma, afinal eu era apenas um Namekuseijin que havia escapado de meu planeta e pousado aqui por engano. Então dei de presente a eles o que eles tanto queriam: um deus. E assim, foram criadas as Esferas do Dragão de Omega-003. Expliquei que aquele era o poderoso deus Dragão e que ele realizaria os desejos daqueles que o chamassem. Mas havia limitações mesmo para o deus Dragão, e que após terem seus desejos satisfeitos, as Esferas se espalhariam por todo o mundo e só ganhariam vida novamente depois de um ano. Portanto, os desejos teriam de ser feitos cuidadosamente e com sabedoria.”

“Funcionou muito bem por um tempo... mas o poder oferecido pelas esferas do Dragão foi intoxicante demais para o povo Kelfo da época. Pensei que eles estivessem preparados para isto, mas não estavam... e logo veio a cobiça, a ganância e inveja. Todos queriam as esferas não para o bem de todos, mas para o bem de si mesmos... e as disputas foram se tornando cada vez mais violentas, até nos vermos em meio a uma guerra civil. Começava aí a chamada Grande Guerra dos Kelfos, um combate desregrado onde todos matavam a todos pelas minhas Esferas, que eu havia dado de presente para eles na melhor das intenções.”

“Eu estava arrasado, e havia decidido dar um fim à minha vida, afinal uma vez que eu fosse morto, as Esferas do Dragão se perderiam para sempre junto com a minha vida. Mas no momento em que ia me matar, uma pessoa me interrompeu... e este se tornou o meu melhor amigo, até os dias atuais. Seu nome era Alberich Khan e ele era além de muito inteligente e sábio, era extremamente poderoso. Foi ele que desenvolveu o estilo marcial que hoje é seguido pelos guerreiros Kelfos, sozinho.”

“Khan me fez perceber que embora todos lutassem pelo controle das Esferas, eles ainda eram tementes ao deus Dragão. E sabia que a guerra teria um final no momento em que o deus e manifestasse para eles. Então, juntamente com Khan e outros, incluindo o Chanceler Wulfric, que na época era um garoto, entramos inevitavelmente na guerra. Atacávamos apenas nos pontos certos, onde sabíamos que encontraríamos uma Esfera do Dragão e sob o voto de não matar ninguém. E, durante uma das principais batalhas nós invocamos o Grande Dragão diante de todos.”

“Confesso que foi a cena mais bonita de toda a minha vida, ver aqueles exércitos largarem suas armas e louvarem o Dragão, atemorizados. Então gritei para o Dragão que eu havia criado se ele ainda achava que éramos dignos de pedir desejos, mesmo depois de todo aquele derramamento de sangue. O Dragão não ficou contente com aquilo que viu e disse que nunca mais iria conceder desejos a eles. E em seguida, as Esferas do Dragão se perderam para sempre.”

- Então... mas se o que o senhor disse é mesmo verdade – falou Lily, maravilhada com aquela história toda – as Esferas do Dragão deixaram de existir antes dos Krügers chegarem aqui! Como eles descobriram?

- É verdade, as Esferas sumiram muitos anos antes dos Krügers surgirem. No entanto, durante a Grande Guerra, muitos fugiram do planeta da forma que podiam. Não se sabe como, mas provavelmente algum dos refugiados contou sobre as Esferas para os Krügers. E então, eles vieram para cá o mais rápido possível.

“Quando chegaram aqui, eu havia terminado de construir sozinho o Templo Sagrado da Montanha, onde meu amigo Khan e eu passamos a viver. Aperfeiçoamos todas as técnicas de controle de ki que conhecemos hoje e mesmo eu não pertencendo à raça guerreira dos Namekuseijins, aprendi o estilo de luta que Khan desenvolveu em todos os seus aspectos. Eles vieram trazendo seus melhores guerreiros na época e também seu líder, chamado Alois. A luta foi dura, mas Alois fora derrotado por Khan e seus discípulos. Alguns anos se passaram novamente, e outra vez eles retornaram. Não acreditavam quando dizíamos que as Esferas do Dragão haviam se perdido. Eles queriam seu poder, queriam tornar-se imortais para aproveitar a vida e as lutas. Então, houve a segunda batalha, muito mais violenta que a primeira, mas novamente Khan conseguiu vencê-los.”

“Nesta época, os Kelfos já haviam me eleito o Imperador de sua raça. Aquilo me lisonjeou bastante, mas não queria ser o líder absoluto de uma outra espécie, então criei o Conselho, para que os próprios Kelfos pudessem escolher os caminhos que queriam seguir. Voluntariamente quis me tornar um simples fantoche, mas a devoção e gratidão do povo para comigo era forte demais.”

“Quando vieram os Saiyajins, algum tempo depois da segunda batalha entre Kelfos e Krügers, muitos dos membros do Conselho já não toleravam mais nenhum contato com formas de vida de outros planetas. Nos fechamos muito para nós mesmos e não queríamos mais de forma alguma nos envolver com outras raças. Ainda mais se tratando dos Saiyajins, uma raça de guerreiros não muito diferente dos Krügers, com uma lista imensa de planetas destruídos por suas próprias mãos. Mas aqueles Saiyajins não passavam de refugiados, sobreviventes de um tirano que por muito, muito tempo assombrou todo o Universo bastando apenas a mensão ao seu nome.”

- Freeza... – falou Spark, franzindo as sobrancelhas.

- Ele mesmo. Então pedi para que os membros do Conselho avaliassem aquela situação com calma. Mesmo se tratando de Saiyajins, eles agora estavam numa situação gravíssima, à beira da extinção e não deveríamos negar-lhes ajuda. Até porque, afrontá-los também poderia significar outro derramamento de sangue e definitivamente não queríamos isto, mesmo sabendo que possivelmente nós iríamos ser os vitoriosos se uma guerra entre ambos os povos acontecesse. E um único homem aceitou este pedido de bom grado, o que lhe rendeu o cargo de Chanceler. Seu nome era Kopf Güte Seele.

“Foi então que alguns oráculos do Santuário começaram a ter visões caóticas sobre o futuro, onde os malditos Krügers retornariam ao nosso planeta para nos destruir. As visões mostravam Krügers excepcionalmente poderosos e ninguém teria a chance de vencê-los. Não divulgamos isto a público ainda, pois estávamos chocados e não queríamos causar pânico. Mas algo deveria ser feito. E num dia como outro qualquer, um dos oráculos profetizou a queda dos Krügers pelas mãos de um guerreiro de uma estrela distante, que cairia aqui como uma estrela cadente. Nada mais pôde ser revelado a nós, apenas este enigma.”

“Este mistério nos rondou por anos e quanto mais pensávamos no que aquilo significaria, mais nos perdíamos e mais sentíamos a presença dos Krügers. Até que um belo dia você literalmente cai do céu como uma estrela cadente em nosso território, Spark. Poderia ter sido uma grande coincidência, mas àquela altura não poderíamos deixar um sinal como este passar despercebido. Então, tratei de fazer com que você fosse enviado ao Templo Sagrado para treinar com Khan e para que ele pudesse lhe avaliar. Você naqueles dias havia se tornado a nossa única esperança de salvação e desde aquele tempo, nós já pensávamos nesta guerra de hoje.”

“Mas a resposta de Khan não foi das mais entusiásticas. Ele disse que você tinha muito potencial e um grande poder oculto, mas que não seria suficiente para vencer os Krügers. Continuar apostando em você era um risco e decidimos nos concentrar em nós mesmos, deixando a profecia um pouco de lado. Preparamos o maior número de guerreiros e até mesmo o próprio Khan passou a se dedicar ao máximo à tarefa de derrotar nossos inimigos, mas quando o grande dia chegou foi tudo em vão. Todos os anos de preparativos, tudo caiu por terra.”

“No entanto, você não, Spark. Seus poderes aumentaram numa velocidade impressionante e você conseguiu se transformar no Super Saiyajin. Existe novamente a esperança de que possa vencer esta batalha com seus poderes e que possa derrotar os Krügers. Então, para nos garantir da vitória, decidimos libertar seu poder oculto, e a única pessoa que poderia fazer isto é a senhorita Lily, filha de Kopf. Mandei Wulfric chamar o guerreiro mais adequado para tarefa e vejo que ele não poderia ter feito uma escolha melhor quanto ao senhor Simon. Agora, estamos aqui, reunidos, sãos e salvos, embora vocês estejam meio feridos.”

Todos levaram um tempo para digerir todas aquelas informações. Spark não conseguia acreditar naquilo. Havia sido promovido de guerreiro de classe baixa à salvador de um planeta? Um herói profetizado para impedir uma raça maligna de exterminar a vida de Omega-003? Por mais que tentasse, não conseguia aceitar aquilo. E possuía motivos para isso.

Sabia ter se tornado muito poderoso com a transformação do Super Saiyajin, podendo acabar com Totenkopf sem grandes dificuldades. Mas não podia dizer a mesma coisa em relação ao outro guerreiro Krüger, que o havia vencido na cidade. Ele sabia que estava muito cansado pelos combates sucessivos, mas tinha ciência da limitação de seus poderes. E aquele guerreiro iria vencê-lo independente do Saiyajin estar ou não em boas condições de combate.

Spark subitamente aumentou seu ki, forçando bastante. Os músculos de seus braços ganharam maior definição, enquanto grossas veias brotaram na testa do garoto. E, quando as primeiras gotas de suor surgiram, um clarão dourado encheu o ambiente, deixando Spark com os cabelos loiros e envolto pro uma aura da mesma cor.

- Senhor Imperador... este é todo o meu poder de luta – disse ele, na forma do Super Saiyajin – mas embora eu achasse que havia me tornado muito forte... não é suficiente para vencer os Krügers. Sinto muito, mas deve haver algum engano nesta história toda. Não sou o guerreiro que vocês procuram.

- Você tem noção dos limites de seu poder, e sabe assumir quando encontra um adversário superior. Isto é louvável, Spark – falou o Imperador, sorrindo – Mas você parece ter se esquecido de um dos ensinamentos do Mestre Khan. De que os limites existem para serem superados. E é ai que entra a Sacerdotisa Lily... ninguém melhor que ela para fazer você despertar todo o poder que seu corpo suporta.

- Todo poder que meu corpo suporta? – ele repetiu, levando a mão à cabeça.

- Sim. Embora tenha se fortalecido bastante, este ainda não é o máximo que seu corpo pode suportar atualmente. A Sacerdotisa Lily irá aumentar seus poderes até o máximo de uma única vez, com apenas um simples gesto afetivo... Seria pedir muito, sacerdotisa?

Lily corou por um instante, pega de surpresa. Como uma Sacerdotisa, havia aprendido que existia para cada pessoa um caminho mais fácil para sua alma, e seria a partir deste caminho que ela aumentaria a energia da pessoa. Fosse uma palavra, um toque, um abraço ou um beijo. E ela conhecia muito bem os sentimentos de Spark para saber qual dessas opções o fortaleceria espiritualmente, embora não fizesse idéia de como o Imperador também soubesse disso.

- Bom, já que é isso... então acho que não precisarão da minha presença aqui – disse Simon, prestando mais uma reverência e após dar três passos de costas, virou-se e deixou a sala do Imperador.

- Simon! Espere...

- Deixe-o ir, Lily – disse o Imperador, de seu trono – Acho que ficarão mais à vontade se estiverem só vocês dois. Sem contar que talvez seja melhor para ele se não estiver aqui.

Ela consentiu com a cabeça, indo até Spark que tentava entender o que estava acontecendo ali. Não fazia idéia do que viria a seguir, nem o porque de Simon ter deixado o ambiente, e fora pego mais ainda de surpresa no momento em que foi beijado por Lily. Ele a segurou pela cintura, trazendo o corpo dela junto ao seu, enquanto sentia um calor incomum percorrer todo seu corpo. Havia sentido saudades daquilo, daquele gesto de afeto. E talvez num dia infernal como aquele, um beijo era tudo o que precisava para acalmar sua alma. Mas, quanto mais a beijava, mas sentia-se quente, eufórico e acima de tudo, poderoso. A aura dourada que o envolvia aumentou de tamanho quase que em duas vezes e uma forte rajada de vento soprou dentro do ambiente. E então, os lábios se soltaram.

Era incrível. Sentia-se verdadeiramente mais forte, como se tivesse treinado por muito tempo sob condições extremas. Sentiu-se mais confiante, e acima de tudo, sentia-se feliz por ter novamente beijado aquela que ele mais amava. Mas por algum motivo, Lily parecia um pouco triste, mesmo que sorrisse. Ele havia aprendido a ler as pessoas pelos olhares.

- Este agora é o máximo de poder que você pode chegar em seu nível atual. Se você treinar mais, logicamente seu poder vai crescer na mesma proporção, então aconselho que o faça. – falou o Imperador, sorrindo uma vez mais para o Saiyajin – E lembre-se... mesmo que você já possa vencer Himmler ou algum dos outros membros do alto escalão dos Krügers, você ainda está muito abaixo do nível de seu líder, Schutz Staffen. Então, não pense em enfrentá-lo ainda, ou estará tudo acabado.

- Sim, senhor Imperador! Vou guardar comigo estas palavras! – falou Spark, acenando positivamente com a cabeça – No entanto, senhor, gostaria de te pedir um favor, se possível.

- Estando na medida do meu alcance... pode dizer.

- Gostaria de saber algo, sanar uma dúvida minha já antiga. O Super Saiyajin que derrotou Freeza no passado, chamado Goku... o senhor poderia me dizer aonde ele se encontra agora? Se ele ainda está vivo, ou mesmo... se ele ainda é poderoso.

- Ora meu rapaz... Não sei quanto ao Super Saiyajin Goku, pois não o conheço... mas existem ki’s muito parecidos com o seu num planeta distante daqui, conhecido como Terra. Com certeza, se tratam de Super Saiyajins muito poderosos. Os poderes vibram da mesma forma que os seus.

- Vários ki’s? Então quer dizer que além do Super Saiyajin Goku e eu... ainda existem outros Super Saiyajins? E justamente naquele planeta, Terra...?

- Talvez sim, meu caro. Mas não que isto sirva de alguma ajuda, pois eles estão muito longe daqui para virem nos ajudar. E acima de tudo, esta não é uma luta deles. Não devemos trazer pessoas de fora para se envolver neste tipo de problemas, sendo que há o risco deles arriscarem as próprias vidas.

- É mesmo... acho que este é um problema que temos de resolver sozinhos. E a minha função como Super Saiyajin é defender este planeta. – disse Spark, por fim – Bom senhor... agradeço pela ajuda que me foi dada. Não irei desapontá-lo!

- Fico muito satisfeito em ouvir isto, jovem Spark. Vou pedir à jovem Lily para que te leve de volta para casa com um teletransporte. Treine duro, e não nos desaponte. Você é nossa última esperança.

O Saiyajin concordou com a um sinal com a cabeça, prestou uma reverência ao grande Ancião e se retirou da sala, sem se dar conta que ainda estava transformado no Super Saiyajin, pois aquela transformação já não lhe drenava tanto as energias como antes. E em seus pensamentos, um sonho distante, ou ao menos para depois da guerra.

Um dia conhecerei o Super Saiyajin Goku e estes outros que o Grande Imperador mencionou agora... Agora já sei aonde procurá-los: Terra. Se ao menos eu soubesse para qual direção fica este planeta...

 

* * *

 

O vento soprava os cabelos loiros e espetados de Spark, enquanto ele olhava para o que havia sobrado de Himmel de uma sacada do Palácio Imperial. Era uma visão deprimente, ver todas aquelas construções magníficas reduzidas à poeira, enquanto os ventos traziam os sons do choro e do lamento das pessoas que habitavam a grande capital. Um sem-número de pessoas havia morrido naquele ataque, e muitas outras ficaram feridas. Mesmo naquele momento, as batalhas ainda continuavam entre os soldados Kelfos e as tropas Krügers, mas não havia nem sinal do ki de Himmler. Este havia desaparecido por completo, fazendo com que Spark desejasse por um momento que ele tivesse simplesmente morrido.

O jovem Saiyajin foi tirado de seus pensamentos quando sentiu o familiar ki de Lily se aproximar, juntamente com o som de seus passos. Ele virou-se em direção ao arco onde a Kelfo estava parada, parecendo contemplar a imagem do Super Saiyajin ao cair da noite.

- Spark – ela falou, num tom bastante neutro – Vamos, está na hora de ir para casa. Vou te levar de volta.

- Está tudo bem? – perguntou ele, tentando parecer normal. Fracassou miseravelmente – Quero dizer, com o Simon, é, isso... ele pareceu estranho naquela hora e...

- Simon está bem... está um pouco cansado por causa de hoje, só isso.

- Lily... poderia me explicar agora o que foi aquilo lá na sala do Imperador?

- Em aumentei os seus poderes... foi só isso.

- Com um beijo? Como assim? Desde quando beijar uma outra pessoa agora virou forma de treinamento?

- Não é treinamento Spark e você sabe disso. Foi como na vez que o Meste Khan aumentou seu poder oculto. Não fale essas coisas.

Lily estava diferente. Estava sendo completamente o oposto da garota que Spark havia conhecido. Estava tentando ser fria e até mesmo indiferente com o Saiyajin, que a olhava sem entender o porque daquele comportamento. Ele baixou sua energia, saindo da transformação do Super Saiyajin e voltando a ser o Spark que ela havia conhecido, anos atrás.

- Lily, o que está acontecendo? Por favor, converse comigo! Eu passei os últimos três anos pensando em você, esperando o momento de nosso reencontro, mas agora... porque você está assim?

- Spark... o tempo passou. Como você disse, foram três anos... Eu não fazia idéia de como você estava, me preocupei bastante por um tempo e vi que não poderia continuar desse jeito. Pensar tanto em você começou a me fazer mal, Spark!

- Mas porque você nunca me procurou? Lily, você poderia me encontrar melhor do que ninguém neste mundo! Era só você vir até a mim que eu corresponderia!

- Mas não é assim que são as coisas, Spark... eu precisava mais do que tudo me tornar uma Sacerdotisa! Era meu sonho, lembra-se?

- Claro... e o meu era o de me tornar o Super Saiyajin. E eu nunca me esqueci de nossa promessa, de juntos tentarmos mudar o nosso mundo e podermos viver juntos! Essa promessa foi minha vida, Lily... eu vivi esses anos na esperança de te encontrar, na esperança de que as coisas voltassem a ser como eram antes e...

- Elas não podem ser como eram antes! – a Kelfo exclamou, elevando o tom de sua voz – Nada mais pode ser como antigamente Spark! Estes Krügers malditos, eles acabaram com tudo! A certeza da presença deles estava afetando muito o meu pai, ele estava completamente diferente esses meses. Mesmo quando eu finalmente consegui realizar meu sonho, ele não parecia muito satisfeito e eu me senti completamente sozinha! Tive apenas Simon para me apoiar, ele ficou do meu lado e me consolou quando eu precisei, além de segurar os meus problemas nas costas dele! E hoje veio a notícia de que meu pai foi assassinado pelos Krügers... Como você acha que eu me sinto?

- Eu sei exatamente o que você está sentindo... – respondeu prontamente o Saiyajin, fechando os olhos e vivenciando uma vez mais o momento da morte de Lenia, o sacrifício que fez despertar o Super Saiyajin dentro dele – Você não foi a única a perder uma pessoa querida Lily... Minha Mestra, que para mim foi minha irmã mais velha e minha mãe ao mesmo tempo também foi morta por estes bandidos... e por causa disso... por causa disso...

- Por causa disso, você agora consegue virar o Super Saiyajin.... – ela completou a frase – um guerreiro poderoso, mas com o coração repleto de mágoa e ira. Dá pra sentir isto no seu ki todas as vezes que você se transforma. Você pode aprender a controlar estes maus sentimentos e até mesmo esquecê-los... mas eles sempre vão estar lá e nunca vão esquecer de você.

- Então eu abro mão disso! – Spark disse com veemência – Não preciso de um poder que me afaste de você! Se for por isso, então treinarei bastante para me fortalecer sem precisar utilizar esta transformação! E então, não haverão empecilhos para nós dois... a menos, é claro, se houver algo mais nesta história...

- E tem... – ela confirmou, baixando a cabeça – Spark... Simon e eu, nós vamos nos casar. Temos data marcada e tudo, embora acho que terá de ser adiada graças à guerra... mas nós dois somos noivos.

- Então... vocês dois...

- Spark, tente entender... eu fiquei muito sozinha durante estes anos... eu já não queria mais fazer nada, exceto te esperar. E enquanto isso, você estava ficando mais forte, ficando mais hábil e conseguindo seguir com sua vida... não seria justo para mim... por favor, perdoe-me...

Spark não teve nenhuma reação, tamanho era seu estado de choque. As palavras de Lily foram severas demais para ele, e doeram muito mais do que qualquer golpe que havia recebido em sua vida. Apenas abaixou a cabeça, entristecido demais para poder ter qualquer outra atitude. Deixou involuntariamente os cabelos recobrirem seu rosto e engoliu a seco, travando os punhos. Deu então as costas para Lily e assumiu novamente a transformação do Super Saiyajin, com os punhos cerrados.

- Leve-me para casa – ele falou, sem emoção na voz – Já não tenho mais nada a fazer aqui. Minha missão neste lugar já está terminada, assim como esta nossa conversa.

Lily pensou em contra-argumentar alguma coisa, mas sentiu que seria forçar a barra demais. Seus olhos encheram-se de lágrimas mas ela esforçou-se ao máximo para contê-las. Então tocou no ombro do Saiyajin e ambos desapareceram no ar.

Quando ressurgiram, estavam no meio de um campo de batalha próximo da Fortaleza. Mas ao que parecia, aquela batalha havia chegado ao fim há pelo menos uma hora. Ainda havia fogo e fumaça no ar, mas todos os veículos de batalha que carregavam a marca dos Krügers haviam sido reduzidos à metal retorcido. Não havia sinais de vida naquele local, senão dos dois recém chegados.

- Agora vá embora – disse Spark, no mesmo tom seco e frio de antes – E nunca mais... nunca mais cruze o meu caminho de novo.

- Spark... por favor...

- Nunca mais em toda a minha vida eu quero te ver. Já não me importa mais nada relacionado à sua pessoa. Se você vai bem, ou se não vai... já não me diz respeito mesmo. Volte para casa. E seja feliz, em seu casamento.

A Kelfo estendeu sua mão em direção ao Saiyajin, que não havia se virado para ela, alçando vôo em direção aos céus, envolto em sua aura dourada que deixava um rastro no ar que levava alguns instantes para se dissipar. E então não conteve mais o seu choro e desabou em lágrimas, vendo partir uma pessoa que a amava de verdade.

Por favor Spark... me perdoe, me perdoe!

Em questão de cinco minutos, o Super Saiyajin chegou até os seus companheiros. Asus encontrava-se sentado sobre a carcaça metálica de um dos tanques de batalha, devorando um braço Krüger assado e foi o primeiro a vê-lo direcionando-lhe um olhar de desprezo. Axl e o Governador Dio cuidavam das feridas de Dirk, Dieter e Klaus, os três bastante feridos. E mais ao fundo, Mahala parecia velar o pequeno corpo gorducho de Gyules, sem vida.

- Ora, mas vejam só quem inventa de aparecer agora! A cavalaria, atrasada como sempre! – debochou Asus, entre uma mordida e outra – Você está se sentindo bastante agora com este seu novo penteado não é, verme asqueroso? Pois veja que não precisamos de você para tudo! Somos auto-suficientes ao ponto de apenas nós oito superarmos um exército, com exceção daquele gordo fracote! Mas mesmo ele provou seu valor hoje!

- Gyules... ele foi assassinado...? – perguntou Spark, parecendo ter escutado apenas o final da frase de Asus, o que o deixou muito irritado.

- Mas por acaso você é surdo, seu animal?! Foi o que eu acabei de dizer! Fomos atacados por um imenso exército! E coube a nós vencer a luta e o fizemos, graças à lua artificial do gorducho! Nada consegue parar os Saiyajins quando eles se transformam em macacos gigantes. Mas ele foi estourado logo em seguida... é como dizem, a corda parte para o lado dos mais fracos. Numa guerra, apenas os mais fortes sobrevivem!

Spark travou seu punho, estalando os ossos da mão ao fazê-lo. Olhou em direção ao corpo de Gyules e percebeu que os olhos de Mahala estavam fixados em sua direção.

- Se eu tivesse vindo um pouco antes... talvez tivesse sido capaz de impedir isto. Mais um, mais um de meus amigos que é morto...

- Ora, que papo-furado de amigos é esse? – Asus debochou novamente, fechando ainda mais a cara para Spark – Você é o Super Saiyajin ou não é? Se for, então comporte-se como tal! Largue de lado esse conversa fiada de sentimentos experimente ser frio de agora em diante. Quem sabe assim você explora melhor o seu potencial como guerreiro...

- Asus... ou você cala a boca agora, ou eu te arranco a cabeça. E eu não to brincando...

Houve um pesado silêncio no ar, onde todos focaram suas atenções em Spark e Asus que trocaram um olhar fulminante por uns segundos. Asus pareceu suar frio, diante dos olhos verdes de seu rival. Nunca o havia visto daquela maneira e talvez pela primeira vez em toda sua vida, ele paralisou de medo diante de um oponente, caindo sentado a seguir. Spark então continuou sua caminhada para dentro da Fortaleza sem dizer mais nada para ninguém, até sumir da vista de todos.


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Notas finais do capítulo

Ah! Chega ao fim, finalmente este capítulo imenso, dividido em três partes! Deu muito trabalho mas tá ai! Agora, vamos aos comentários!

Primeiro, finalmente revelei o mistério das Esferas do Dragão de Omega-003. O Imperador era na verdade um Namekuseijin sobrevivente, que teve um destino muito parecido com o do Kami-Sama da Terra. Eu andei vendo os episódios da viagem de Gohan, Kuririn e Bulma à Namekusei novamente e pude percebe que a nave que trouxe Kami para a Terra era bem sofisticada, cheia de tecnologia... uma sofisticação que não se vê mais no Namekusei atual. Então, imaginei que o Nameku original deveria ser bem desenvolvido tecnologicamente e que, da mesma forma que a contra-parte de Piccolo foi enviada à um planeta distante, outros também poderiam ter sido. Porque não? Então fiz o Imperador dessa forma, uma mistura de Kami-Sama com Grande Patriarca de Namekusei. Espero ter feito um bom trabalho. '

Houve também outro ponto importante neste capítulo, a cena da última conversa entre Spark e Lily antes dela mandá-lo de volta para casa. É... o tempo passou e as coisas mudaram para o jovem Saiyajin. Talvez eu tenha sido um pouco duro com ele, colocando Lily fora de seu alcance novamente, mas o personagem está passando por uma série de acontecimentos que vão fazê-lo sofrer bastante, mas que depois o fortalecerão. Mas até lá, podem ter certeza de que o mundo do jovem Saiyajin vai virar-se de cabeça para baixo várias vezes no decorrer da trama!

E em breve vem o novo capítulo! Já estou escrevendo, espero publicar no comeciho da semana que vem! Abraços à todos e obrigado pelo suporte!