Era ótimo poder andar novamente. Após seis dias em coma profundo e mais dois de observação na enfermaria, Spark havia finalmente sido liberado. Seu corpo havia se recuperado plenamente, nem parecendo que havia se envolvido numa grandiosa batalha apenas há uma semana.

O jovem havia passeado por toda a Fortaleza durante toda a manhã. Havia conversado com diversos outros guerreiros que vieram parabeniza-lo pela batalha e saudá-lo como o Super Saiyajin, dando ao jovem a impressão de que ele estava sendo visto pelos demais como algum tipo de herói. Sim, ele havia salvo o planeta, mas não queria o status de herói para si. Em sua consciência, apenas havia feito o que achava que deveria ser feito sem esperar nada em troca.

Quando a manhã finalmente cedeu lugar à tarde, Spark estava e ansioso para encontrar seus amigos. Ele havia visto Dirk, Dieter e Klaus de relance no refeitório durante o almoço e estranhou que o Governador Dio não estava em seu lugar de sempre, numa mesa específica para o Supremo Governante dos Saiyajins. E também não havia visto nem sinal de Mahala ou Asus – embora não soubesse ao certo se poderia ou não chama-lo de amigo. Após o almoço, ele decidiu então que iria treinar um pouco, para poder não se acomodar como acontecera três anos atrás após lutar contra Asus na arena. Também queria expandir novamente os limites de sua força e tentar assumir um controle melhor da nova transformação do Super Saiyajin, agora que havia se recuperado de mais uma situação mortal seus poderes com certeza estavam maiores e talvez assim pudesse se manter na nova forma durante um bom tempo de treino.

Em seu alojamento, ele se preparou para treinar como fazia diariamente com a sua antiga mestra: calçou as botas pretas com detalhes verdes nas pontas e vestiu os tensores vinho nos braços e pernas, trajando um colant preto e sem mangas. Já estava para se equipar com peitoral da armadura quando a porta de seu quarto se abriu e por ela entrou Mahala. Ela usava uma malha de batalha púrpura e uma armadura feminina prateada com detalhes dourados na região do abdômen e também na linha dos ombros, embora não houvessem abas se projetando para os lados. As botas seguiam o mesmo padrão do peitoral da armadura, e as mãos estavam vestidas com luvas brancas. Ela sorriu para o amigo assim que o viu.

- Eu estava começando a achar que você ficaria deitado naquela cama pra sempre – ela disse, assim que entrou no quarto – Foi uma agradável surpresa quando eu cheguei lá para te fazer uma visita e disseram que você já havia sido liberado. Depois, foi só seguir o rastro de sua fama até descobrir que você estava no quarto.

- Ah... Obrigado, Mahala – respondeu Spark, desconcertado – Eu procurei você e Asus por toda a manhã! Por onde estiveram?

- Eu passei a manhã conversando com o Governador Dio, numa reunião. Asus deve estar em algum lugar por aí, treinando como sempre. Pra variar, ele quer te superar e não vai descansar enquanto não conseguir.

- Numa... reunião? Por isso que ele não estava presente no almoço?

- Sim... estávamos debatendo sobre nossas condecorações... o Governador vai organizar a cerimônia para essa noite mesmo! Eu e Asus seremos nomeados com os títulos de Capitã e General, respectivamente.

- Nossa! Que bom Mahala! Ou devo dizer agora, Capitã!

Spark colocou o punho direito fechado sobre o peito esquerdo, na tradicional saudação dos guerreiros Saiyajins, só de brincadeira. Mahala cruzou os braços, sorrindo de olhos fechados.

- Era eu quem deveria estar fazendo isto para você, não o contrário! – ela respondeu ainda rindo – Todos nós seremos condecorados, Spark. Incluindo você... Na verdade, a cerimônia em si é voltada mais para você que mim e Asus.

- Para mim? Como assim?

- Por acaso você já se esqueceu? Você se tornou o Super Saiyajin antes de qualquer um. E como havia sido prometido pelo Governador Dio desde quando éramos crianças, aquele que se tornasse o Super Saiyajin seria eleito o novo líder de nossa raça... em outras palavras, seu eu serei Capitã e Asus o General, você será coroado como Rei, Spark. Se tem alguém aqui que merece parabéns é você, Majestade.

- Como é que é?! – Spark agora havia ficado de queixo caído, não contendo o próprio espanto - Mas... Eu?! Rei?! Mahala, eu não estou preparado para isso! Eu não posso comandar a nossa espécie!

- Mas o que é isso agora? Não foi para isso que você treinou ao lado da Instrutora Lenia durante toda a vida? Você sempre quis ser o Super Saiyajin e parabéns, você agora é! Você deveria estar um pouco mais feliz com isso. Bom, eu vou indo agora, ainda preciso encontrar o Asus. Aposto que a reação dele vai ser um pouco diferente da sua quando eu contar da nossa promoção. Espero que ele não exploda tudo ao redor quando souber de tudo que se trata.

Sem nem ao menos dar chances para que Spark dissesse algo, Mahala deixou o alojamento do jovem, que sentou-se em sua cama enquanto afundava perdido em meio a um oceano de pensamentos.

Mas e essa agora! Eu já tinha esquecido completamente deste detalhe! Tudo que eu queria antes era apenas provar que também poderia ser forte, e agora eu sou coroado como Rei dos Saiyajins... O que eu faço agora?

* * *

- COMO É QUE É?! Spark, o Rei dos Saiyajins?!

Asus arregalou os olhos diante da notícia dada por Mahala, que o havia encontrado nos desertos rochosos onde o orgulhoso guerreiro Saiyajin costumava treinar. Sua expressão de incredulidade estava estampada em sua face de uma forma tão escancarada que chegava a ser cômica. O olhar havia se perdido no ar, e era evidente que Asus devia estar processando em sua mente a ideia de ter que reverenciar o seu maior rival como majestade de agora em diante, até o final de sua vida. Mahala até então fazia forças para não gargalhar em voz alta, e não acharia estranho se Asus simplesmente alçasse vôo para longe da Fortaleza e nunca mais retornasse. O Saiyajin passou a mão na testa, removendo algumas gotas de suor que haviam surgido repentinamente nos últimos trinta segundos após ouvir a declaração de Mahala.

- É exatamente isso que você ouviu... Eu também acho estranho ver Spark como Rei, mas o Governador Dio determinou que assim seria com o primeiro que se transformasse, então...

- Eu sei exatamente o que aquele velho do Dio falou! Eu também disputava para ser o primeiro a me tornar o Super Saiyajin! – Asus vociferou, nervoso – Mas de todos os guerreiros... porque justamente ele?

- Quem sabe isto seja um desígnio do destino para que você perca um pouco deste seu orgulho exagerado?

- Isso é uma conspiração para me expor ao ridículo, isso sim! Eu não vou reconhece-lo como Rei! Imagine só se eu, Asus, iria me rebaixar a me ajoelhar perante aquele... aquele...

- Perante aquele guerreiro Super Saiyajin nível dois, ou melhor dizendo, o guerreiro Saiyajin mais forte deste Planeta? É, acho válido sim...

Como Mahala previra, Asus librou uma grande quantidade de ki fazendo diversas rochas ao seu redor desmoronar diante de sua raiva. Em seguida, assumiu a forma do Super Saiyajin, com ambos os punhos travados na mais pura ira e virou-se para a guerreira com um olhar que exprimia a mais pura irritação:

- Avise aquele velho caquético do Dio e ao infeliz do Spark que eu, Asus, não irei participar desta droga de cerimônia!

Em seguida partiu voando em alta velocidade, elevando bastante poeira e rompendo quase que instantaneamente a barreira do som no processo. Mahala se limitou a coçar os próprios olhos, à fim de retirar a grande quantidade de areia que havia caído nos mesmos.

- Mas e essa agora? Asus já disse que não vai e se duvidar, Spark já deve ter ido embora também... Como condecorar uma Capitã, um General e um Rei se os dois últimos resolverem não aparecer?

A jovem decidiu ganhar os céus indo de volta ao lar, disposta a ter uma conversa com Spark. Dentre todas as coisas naquele momento, tudo que ela não queria é passar vergonha alheia, estando sozinha na cerimônia que deveria ser dedicada não somente a ela, mas aos seus outros dois companheiros de batalhas.

Mas isto é que não! Acho que nem mesmo deuses poderiam penetrar naquela cabeça dura do Asus, mas pelo menos Spark vai ter que vir junto comigo! E eu não quero nem saber se ele é o Super Saiyajin 2 ou o que for, se ele também inventar de sumir, vai ter que se entender comigo!

Rapidamente ela chegou à Fortaleza. Havia diversos homens trabalhando na restauração da parede de onde era o alojamento de Asus, que o guerreiro havia estourado no momento que se transformara em Super Saiyajin pela primeira vez. Um pouco afastado da construção, havia uma pilha de destroços metálicos e restos de naves de combate e veículos, resíduos do ataque que sofreram por parte dos Krügers. E então foi perdendo altitude, indo em direção ao terraço onde aterrissou suavemente. Agora tudo que precisava fazer era encontrar o amigo.

No entanto, ao chegar em seu alojamento, Mahala encontrou o cômodo vazio. A última armadura preta com detalhes verdes havia desaparecido do armário, e a janela do quarto estava aberta. Não conseguia sentir o ki  de seu amigo por perto e supôs que muito provavelmente enquanto ela conversava com Asus, Spark teria sido o primeiro a ir embora e agora poderia estar em qualquer lugar, abaixando a própria energia para não ser encontrado.

Ah, droga! E agora... o que eu vou fazer?

* * *

Havia chegado a hora. O Salão Principal estava bem arrumado, com um grande tapete vermelho estendido no meio dele, que ia até um pedestal feito exclusivamente para aquela noite. Depois da cerimônia de condecoração, haveria um banquete que já estava servido numa enorme mesa, com os mais variados pratos – em sua maioria, diversos tipos de carne assada, desde aves até pernis de tamanhos absurdos. Os Saiyajins já começavam a chegar, escolhendo lugares para poder se sentar e assistir as honrarias. Mahala no entanto estava longe do Salão. Caminhava apreensivamente de um lado para o outro dentro de seu próprio quarto. Não aceitava que Spark e Asus tivesse simplesmente ido embora e agora mais do que uma simples vergonha de estar sozinha na cerimônia, ela agora se preocupava em como isso iria repercutir e temia que aquele ato fosse interpretado como uma ofensa aos demais Saiyajins e que eles fossem expulsos da Fortaleza ou qualquer outra coisa do tipo.

Ela subiu correndo ao terraço, onde ficou de braços cruzados olhando em direção ao horizonte. Aqueles dois tinham que ter simplesmente desaparecido? A apreensão só aumentava à medida que o tempo ia passando.

Permanecera lá em cima durante vários minutos, não sabia exatamente quantos minutos, até sentir o ki de Spark se aproximar, em meio a um pequenino brilho no céu, como uma estrelinha que ia aumentando de tamanho. Em poucos segundos, o jovem pousou no terraço, estranhando a presença de Mahala no local – bem como sua expressão irritada.

- Mahala? Você estava me esperando? – ele perguntou, num tom inocente e um tanto quanto surpreso

- Mas é claro que estava! Você ficou maluco? Por onde se meteu o dia todo?! – a jovem esbravejou de raiva, de uma forma que até então nunca havia acontecido com ele – Se duvidar a cerimônia já começou e estamos atrasados, tudo isso porque você simplesmente inventou de sumir!

- Ah... Me desculpe. Eu não queria ter te deixado preocupada – ele disse, coçando atrás da cabeça com um sorriso um tanto desconcertado – Mas eu me senti muito confuso com o que aconteceu e precisava dar uma volta. Quando eu percebi, eu estava sobrevoando diversas partes do planeta e acabei chegando ao Santuário do Mestre Khan. Demorei mais porque estava dando um enterro digno a ele e a todos os seus estudantes.

- Bom, agora não importa mais para onde você foi... é melhor seguirmos para a cerimônia o mais rápido possível! Eu não acredito que nos atrasaremos no dia de nossa maior nomeação.

- Mas Mahala, cadê o Asus? Por acaso ele já está lá?

- Asus sempre vai ser aquela mesma porta de sempre – Mahala respondeu, em meio a um muxoxo – Orgulhoso como só ele é capaz, ele resolveu que não iria comparecer na cerimônia hoje e foi-se embora. Acho que um Rei Spark é demais para o ego daquele sujeito...

Rei Spark. Ainda não havia se acostumado com aquele título, e achava que tão cedo não iria. O garoto caminhou lado a lado com sua amiga e companheira de batalhas, mas sem dizer uma única palavra. Mesmo em meio a toda a tagarelice de Mahala, reclamando pelo sumiço repentino do rapaz durante todo o dia, Spark estava muito longe dali em seus pensamentos. Imaginava o que seria ser um Rei, e por um instante ele desejou ter feito o mesmo que Asus.

Mas Mahala tem razão. Foi pra isso que eu treinei esses anos todos. Só nunca pensei que o Super Saiyajin seria alcançado sob as circunstâncias que foi... enfim, agora não é mais hora para pensar nisso. Tudo que eu preciso fazer agora é ficar calmo, mas droga... porque esse frio na barriga?

No instante em que chegaram diante da porta de acesso ao Salão Principal, Spark preferia mil vezes numa luta contra algum inimigo poderoso do que ali. Suava, tamanha era sua ansiedade, ao saber que eram apenas alguns passos que o separavam de Trono Real. E sentia mais medo daquilo do que havia sentido durante qualquer momento da luta contra Schutz.

- Porque demoraram tanto? – disse um Saiyajin gordo e de bigode, que estava juntamente a mais outros dois guerreiros – A cerimônia estava apenas aguardando vocês para começar! E onde está o outro guerreiro?

- Seremos apenas nós dois... – disse Mahala com firmeza, enquanto Spark olhava para o chão – Asus não vai poder vir.

- Como é? Ah... e agora? – o Saiyajin parecia confuso, olhando para os lados sem saber exatamente o que fazer - De qualquer jeito, vou mandar que avisem o Governador que pelo menos vocês dois estão aqui. Ainda que não possamos contar com a presença do General, mas ao menos a Capitã e o Rei estarão presentes, e talvez isto baste...

- Não tão rápido!

A voz de Asus se fez ouvir às costas de todos, para o espanto geral dos presentes. O guerreiro vinha caminhando lentamente, com a cara emburrada de sempre e vestido de forma impecável: Usava uma malha de batalha preta, com botas, pulseiras e armadura da mesma cor acompanhadas por adornos na cor dourada. O peitoral não possuía abas nos ombros e os braços estavam expostos. O visual se completava com um rastreador de lente verde no olho esquerdo, embora aquilo já fosse algo que o guerreiro não precisava mais utilizar. Mahala o fuzilou com os olhos, embora Spark tenha dado um leve sorriso: mesmo seu maior rival havia concordado em voltar à cerimônia de condecoração.

- Onde foi que você se meteu? – perguntou a guerreira, de braços cruzados – Pensei que o Grande Asus não iria participar das honrarias.

- Poupe-me de seus sermões, Mahala. Eu não tenho que lhe dar satisfações sobre o que eu faço ou deixo de fazer – Asus devolveu, soando tão mal-humorado quanto a colega – Basta você saber que eu mudei de ideia, e resolvi voltar para a Fortaleza e antes de vir ser nomeado General, pensei em tomar uma caneca de Vermelho no bar. O velho Rommel me serviu e agora deve estar vindo também.

- Bom, já que estão todos aqui então vou avisar o Governador para que se inicie a cerimônia. Aguardem aqui, e entrem no momento em que foram chamados.

O Saiyajin entrou no recinto, as diversas cabeças virando-se em sua direção ansiosamente, acompanhando-o enquanto ele ia em direção ao Governador Dio, dar-lhe a notícia de que os três haviam finalmente chegado num cochicho diretamente em seu ouvido. Imediatamente, soaram-se os clarins, e a cerimônia estava começando.

O Governador subiu no pedestal com a melodia ainda em curso, erguendo ambas as mãos diante dos espectadores e baixando-as num movimento ligeiro, dando fim a canção. Então, após um breve pigarreio, começou a discursar.

- Povo da Fortaleza... Como todos vocês sabem, nos últimos dias estivemos diante de uma crise, onde fomos atacados por uma raça de guerreiros chamados Krügers. Estes guerreiros ameaçaram toda a existência de vida em nosso mundo, demonstrando uma força sem precedentes e chegando a derrotar nossos guerreiros mais poderosos. Nossos maiores soldados deram suas próprias vidas em nome da liberdade do povo Saiyajin, mas ao mesmo tempo que estes caiam, surgiam novos heróis, cujos nomes estarão para sempre escritos em nossa história. É com muito orgulho que eu chamo aqui diante de todos vocês os bravos guerreiros que lutaram por nossas vidas e derrotaram os inimigos.

As portas se abriram e os três entraram pelo grande salão, caminhando em cima do tapete vermelho, sob os olhares de todos os Saiyajins remanescentes da Fortaleza. Spark ia no meio, um pouco à frente de Asus e Mahala que caminhavam lado a lado paralelamente, nos respectivos lados direito e esquerdo. Caminharam lentamente por toda a extensão do grande tapete, até ficar frente à frente com o Governador Dio, parados com as mãos rentes ao corpo como em posição de sentido.

O Governador Dio se dirigiu primeiramente à Mahala, acompanhado de outro Saiyajin que carregava um quadro contendo uma medalha de honra militar com o formato de um peitoral de batalha sem ombreiras, feito de prata. Logo acima dele, havia uma tarja feita de tecido, que sustentava a medalha presa ao corpo do usuário.

- Por distinção em combate, fibra e caráter louváveis e uma brilhante mente como estrategista militar... Eu nomeio você, Mahala, oficialmente como Capitã do Exército Saiyajin. Que os ventos da boa sorte estejam sempre ao seu lado e você se erga vencedora nas mais diversas batalhas.

A guerreira abaixou a cabeça respeitosamente no momento em que o Governador prendeu a pequena medalha prateada em seu peito esquerdo, bem acima do coração. Em seguida, deu um leve sorriso para ele, que em seguida dirigiu-se a Asus. Trazia consigo uma medalha com formato similar, mas desta vez feita de ouro e com as ombreiras se projetando nos ombros e as abas na cintura.

- Por possuir uma grande força, um grande orgulho como guerreiro Saiyajin e a mais apurada técnica de combate somada às melhores decisões no campo de batalha, eu nomeio você, Asus, como General do Exército Saiyajin. Nunca hesite em usar toda a força que tem em favor de nós, e não permita que inimigo algum pise no nosso orgulho de guerreiros. A liderança de nossas tropas agora está em suas mãos.

Asus abaixou a cabeça assim como Mahala, permanecendo sério e respeitoso. Naquele momento, não lembrava nem de longe o moleque baderneiro que liderava gangues durante toda sua juventude. Assim como suas vestes, manteve sua postura completamente impecável. Então, foi a vez do Governador dirigir-se à Spark, carregando um medalhão redondo feito de safira, ornamentado com uma imagem em alto relevo que lembrava um sol. No centro deste, havia um outro diamante redondo e a peça estava contida num cordão feito de prata.

- Durante uma época, houve um homem que usou um medalhão similar. Este homem foi aquele que nos trouxe à ascensão e nos livrou da condição de escravos dos Tsufurujins. Este homem foi o Rei Vegeta. Hoje em dia, o Rei Vegeta está morto e seu medalhão se perdeu para sempre. No entanto, é chegado um novo tempo. A hora de outro alguém nos liderar diante das nossas vitórias, bem como em nossos momentos difíceis. Por isto, mandei confeccionar este novo medalhão, similar ao antigo porém feito de pedras preciosas raras de serem encontradas neste planeta, para que ele possa ser entregue a pessoa mais o mereça.

“Há oito anos atrás, foi neste mesmo salão em que fiz o pronunciamento onde prometia passar o cargo de Supremo Governante dos Saiyajins para aquele que alcançasse o nível mais elevado que poderíamos chegar como guerreiros: o Super Saiyajin. Durante oito anos, muitos de vocês treinaram duro e se sacrificaram, sendo recompensados com um grande aumento de poderes. Entretanto, dentre todos vocês, justamente alguém que nenhum de nós nunca poderia imaginar foi aquele que se tornou o Super Saiyajin. Um guerreiro de classe baixa. Spark.”

“Definitivamente, faltava-lhe poder de luta. Mas algo em seus olhos me fez querer acreditar nele. Sim... seus olhos possuíam garra e faiscavam de vontade de ser forte e quando ele me pediu para que o inscrevesse entre aqueles que iriam disputar o título de Super Saiyajin, eu o direcionei para uma das melhores instrutoras que possuíamos. E assim, ele se tornou aluno da guerreira Lenia.”

“Com o passar dos anos, seus poderes foram progredindo. E há três anos, Spark provou diante dos olhos de todos nós que o trabalho duro nos trás boas recompensas, no momento que derrotou o guerreiro prodígio Asus numa luta justa na arena. Aquela com certeza havia sido a maior superação de sua vida e foi naquele dia que o Guerreiro de Classe Inferior cedeu lugar para o maior exemplo de superação que conhecemos.”

“Agora, quando vieram os tempos difíceis, uma vez mais nos unimos como um só na luta contra o inimigo. E na hora mais desesperadora, eis que ele, Spark, alcança aquele nível tão glorioso no campo de batalha: Spark se tornou o primeiro Super Saiyajin da nossa história que se tem notícia, desde a nossa chegada a Omega-003. E assim, Spark conseguiu conquistar o sonho de sua vida, bem como o prêmio prometido por mim. Ainda para aumentar a nossa alegria, o destino nos presenteou não com um, mas com dois Super Saiyajins, quando Asus no dia seguinte também alcançou este nível. Então, é com muita alegria que hoje eu coloco este medalhão em seu pescoço, jovem e honrado guerreiro.”

Spark abaixou a cabeça, ao mesmo tempo em que o Governador colocava o medalhão em seu pescoço. Todas as dúvidas, incertezas e medos que cresciam dentro de si desde que fora informado da cerimônia por Mahala simplesmente desapareceram, dando lugar apenas ao pensamento de que, estivesse onde estivesse, Lenia havia com certeza assistido tudo aquilo e agora estaria muito satisfeita com seu aluno querido. Quando ele reergueu o pescoço, o Governador voltou a falar, agora dirigindo-lhe diretamente as palavras:

- Esteja ciente de uma coisa, Spark. Este medalhão é a prova suprema de que você será o novo herdeiro do trono dos Saiyajins. Você começará uma nova era no momento em que se consagrar Rei. Entretanto, você ainda não é Rei. Você é um excelente combatente, mas deve ser treinado dentro da política. Transmitiremos a você  - eu e todo o conselho – a sabedoria e o conhecimento necessários para que você se torne um bom Rei, e quando chegar o momento que eu partir deste mundo, você será inegavelmente meu sucessor. Até lá, você ocupará assim como Asus o cargo de General do Exército Saiyajin, sendo responsabilidade de vocês dois conduzir nossas tropas à vitória. Treinem nossos guerreiros, e façam deles lutadores ainda melhores. Esta será a missão de vocês em vida. Está me entendendo?

- Sim senhor, Governador Dio – respondeu o garoto, com a consciência tranquila.

- Então, à partir deste momento vocês três são oficialmente Generais e Capitã. Que a vitória sempre esteja ao nosso lado!

O salão se encheu com um saudoso aplauso e gritos de alegria, com punhos erguidos ao ar e vivas ecoando pelas paredes. E então os três saudaram o Governador, com a mão acima do peito esquerdo, sinal este que foi retribuído não somente por ele mas também por todos os presentes, que acabavam de testemunhar o nascimento de uma nova era para os Saiyajins.

* * *

Spark finalmente havia voltado ao seu alojamento, com o sol já começando a dar seus primeiros sinais no horizonte. Após uma festança realizada no Bar da Fortaleza, onde todos comeram e beberam durante toda a noite, tudo que Spark queria naquele instante era dormir. Ele acariciou o medalhão em seu peito, orgulhoso e sorriu. Mas, no momento em que acendeu a luz de seu quarto, tomou um susto que quase o fez perder o equilíbrio: sentado em sua cama estava um ser humanoide de pele violeta e longos cabelos brancos, usando curiosas vestes vermelhas e com brincos em suas orelhas pontiagudas.

- Supremo... Senhor Kaioh! É você mesmo?

- Estou muito contente com você, Spark – respondeu o Kaioshin sorrindo – Normalmente os Supremos Kaiohs não podem deixar o Planeta Supremo, mas eu fiz questão de vir até aqui para cumprimenta-lo pessoalmente. Se você continuar seguindo pelo seu caminho atual, tenho certeza de que um dia será um Rei sábio e bom para seu povo no futuro. Meus sinceros parabéns, Spark.

- Ah... que é isso, você não precisava ter vindo de tão longe apenas para me saudar! Você deve ter afazeres mais urgentes, afinal de contas é Guardião da Galáxia!

- Na verdade, não foi apenas por isto que eu vim aqui... tem outra coisa muito importante que eu preciso te dizer.

- O que está havendo? É algo sério? – Spark abandonou imediatamente a postura despojada, assumindo feições mais sérias, temendo que alguma ameaça séria como a dos Krügers estivesse novamente à caminho do Planeta.

- Tenha calma, não são más notícias – o Kaioh o tranquilizou – Na verdade, eu tenho uma tarefa para você. Normalmente não deveríamos interferir diretamente sobre guerras ou confrontos do tipo, nem interferir na ordem natural das coisas, mas acho que tem algo que você precisa saber e você vai gostar muito do que eu tenho para te falar...