A Grande Guerra escrita por jdredalert


Capítulo 11
A hora e a vez de Schutz Stafell


Notas iniciais do capítulo

A roda do destino começa a girar, e os eventos que culminarão no final da Grande Guerra começam a acontecer. Agora é a vez de Schutz Stafell, o maligno e inescrupuloso líder Krüger entrar no combate. O destino de Omega-003 agora mais do que nunca, se encontra nas mãos de Spark e seus companheiros!



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Juntamente com a chegada da tarde vieram os primeiros pingos de chuva que anunciavam a fina garoa que estava para cair sobre o que restara de Himmel. Lily estava acompanhada de dois soldados e andava pela destruída e fragilizada grande ponte quando as finas gotas d’água lhe acariciaram a face. Aquele era muito mais que um fenômeno meteorológico qualquer, era o choro de todo um Planeta devastado em apenas um dia pela guerra e pela violência. O próprio Planeta havia se encarregado de derramar suas lágrimas, lavando assim o sangue derramado que se acumulava por toda a sua superfície. E foi em meio àquela chuva que Lily e seus dois acompanhantes deslizaram no ar lentamente até as bases da ponte, onde jazia um corpo sem vida. O corpo daquele que crescera com ela, fora seu melhor amigo e há pouco havia se tornado seu noivo: o Capitão do Exército Imperial Kelfo, Simon.

Seu corpo estava repleto de feridas e marcas de batalha, e seu peito estava perfurado exatamente no local onde ficava o coração. Seus olhos ainda permaneciam abertos, sua face congelada numa expressão que misturava dor e desilusão que poderiam descrever com riqueza de detalhes e sem o uso de nenhuma palavra como havia sido seu fim. Triste e frio, bem como seu corpo agora.

Um dos soldados retirou sua capa e com ela cobriu o corpo do falecido Capitão. Antes que lhe cobrisse o rosto, Lily ajoelhou ao lado do cadáver e fechou seus olhos com ternura, ao mesmo tempo em que as lágrimas que brotavam em seus olhos e escorriam por sua face se misturavam com a água da chuva que ia engrossando cada vez mais. Faltava pouco até que estivessem completamente encharcados. No entanto, mesmo diante daquela cena trágica, algo fez com que a conotação das lágrimas de Lily mudasse da tristeza do luto e da perda para a alegria e orgulho de outra pessoa. Poucos metros de onde estava Simon encontrava-se sua enorme espada, encravada perfeitamente no solo e estando completamente na vertical. A lâmina ainda exibia um fraco brilho dourado que persistia sem querer desaparecer, mesmo com a água gelada caindo por cima do aço negro. Não havia dúvidas para Lily naquele instante que aquele ainda era o ki de Simon, presente entre eles.

Sim... mesmo ele tendo partido deste mundo, mas seu espírito ainda está aqui protegendo esta cidade, sólido como uma rocha e firme no chão como esta espada. Simon... você sempre amou tanto esta cidade e seu povo e lutou bravamente para protege-los, mas agora que você se foi... por favor, apenas descanse em paz... iremos concluir sua missão e venceremos os Krügers de uma vez, não precisa se preocupar. Omega-003 está em boas mãos.

A jovem Sacerdotisa tocou levemente a lâmina da enorme espada e instantaneamente o brilho dourado que a envolvia se dividiu em diversos pontos brilhantes que se espalharam no ar à sua volta, como vagalumes que a rodeassem. Um destes pequeninos pontos de luz pousou no meio de suas mãos, permanecendo lá até que finalmente se dissipasse. Os demais brilhos também sumiram, dando fim ao último traço do que poderia ser sentido do ki de Simon. Ele agora realmente estava no outro mundo por completo, e poderia descansar e ser feliz para sempre enquanto esperava pela chegada de Lily um dia. E a Sacerdotisa, por sua vez, faria de tudo para poder honrar sua palavra e expulsar os Krügers uma vez mais de seu Planeta. Sim, venceria aquela guerra, nem que para isso tivesse de sacrificar a própria vida.

Os soldados carregaram o corpo e a espada de Simon, e juntamente com Lily eles foram se elevando no ar lentamente até o topo da ponte outra vez. Ao chegarem lá em cima, algo chamou a atenção do trio, que fez com que todos virassem suas cabeças instantaneamente para o mesmo ponto fixo no meio do horizonte. Era um ki enorme, monstruoso e diferente de tudo que haviam visto até então naqueles combates. Os dois soldados estacaram no ar, a tonalidade de seus rostos ficando cada vez mais pálida. Era evidente que estavam apavorados e não era pra menos: ninguém poderia se opor a tamanho poder. Nem mesmo os Super Saiyajins e seus poderes de luta elevadíssimos. Nem mesmo poderia o Mestre Khan, e agora ficava evidente o porque de sua derrota. Nada poderia parar Schutz Stafell, nem mesmo um milagre.

Lily tocou o ombro do soldado que carregava o corpo de Simon. Estava tão assustada quanto os dois, mas não poderia deixar isto transparecer para os jovens guerreiros. Ela sabia que, embora com certeza não fosse fazer efeito algum, mas deveria tentar da uma injeção de esperança naqueles cansados homens.

– É melhor entrarmos – ela disse, tentando parecer decidida em seu tom de voz – O inimigo está chegando, estará aqui a qualquer momento. Temos de estar preparados para o combate.

– Sacerdotisa – balbuciou o soldado que carregava o Capitão sem vida – Não haverá combate... vai ser um massacre!

– Então, esta terá sido a vontade dos Deuses. Mas se tiver de ser assim, como irão querer terminar suas vidas? Vão se render e implorar por uma morte vergonhosa, ou enfrentaremos todos juntos o nosso fim com coragem?

Os dois não disseram nada, apenas a acompanharam de volta para dentro do Palácio, enquanto a jovem Lily se perdia em seus pensamentos.

Já não há mais nada a fazer... Nosso melhor guerreiro agora jaz morto nos braços de um de seus comandados... Será que esse vai ser mesmo nosso fim? Spark, Asus... por favor, estamos todos contando com vocês!

Não muito longe dali, enquanto os Kelfos rezavam pelo próprio destino, o cruel líder Krüger se aproximava voando em alta velocidade. Havia deixado algumas centenas de milhares de quilômetros para trás, onde estava a sua nave e havia partido diretamente até o Palácio Imperial. Voava sem esconder seu próprio poder e como já sabia que seus inimigos podiam sentir a sua presença, fazia questão de anunciar a sua chegada. Ele já havia arquitetado todo o desfecho da guerra, e dentre seus planos ele fazia questão de ver o Imperador Kelfo face-a-face antes de exterminá-lo. Iria descobrir de uma vez por todas se as Esferas do Dragão existiam ou se agora já não passavam de lenda. Ele acelerou ainda mais o próprio vôo quando avistou a cidade, e foi numa questão de pouquíssimo tempo que ele chegou ao Palácio, o último lugar seguro para todos os Kelfos refugiados da cidade.

Ele aterrissou na ponte, observando todo esplendor que o prédio – mesmo estando gravemente danificado graças à transformação inusitada em macaco gigante de Spark – conseguia transmitir. Sorriu para si próprio, pensando como seria tudo mais simples se ele erguesse uma de suas mãos e lançasse uma boa quantidade de energia em meio a um raio luminoso, reduzindo tudo aquilo à pó e em seguida explodisse todo o planeta. Mas ainda tinha coisas a descobrir, e não colocaria tudo a perder com um movimento tão precipitado e impulsivo. E então, iniciou uma caminhada sem pressa, em direção à porta principal do Palácio.

Os Kelfos feridos que se amontoavam em meio aos escombros paralisaram-se de medo diante da imagem de Schutz Stafell parado diante deles. O maligno líder Krüger sorria, anunciando o fim da linha para o povo Kelfo. Era simplesmente impossível sequer imaginar o quão desesperados se encontravam os Kelfos naquela situação. Schutz, que desde cedo havia aprendido a impor seu respeito através do terror – e também tirar proveito deste segundo – aproximou-se dos civis feridos, que se abraçavam com medo.

– Me respondam... onde está o Grande Imperador? – ele perguntou, soando assustadoramente frio – Me respondam aonde ele está, e os deixarei viver por mais um tempo...

O máximo que aqueles Kelfos conseguiram fazer foi se agarrar ainda mais forte, dando gritos e choros de pânico. Aquilo não agradou em nada o líder Krüger, que escolheu um jovem rapaz Kelfo, puxando-o com violência pela gola da camisa e o lançando no chão a sua frente. O permaneceu lá caído, observando os olhos frios de Schutz, que ergueu a mão em direção a ele, com um dedo indicador apontado em sua direção e o polegar apontado para o alto como uma criança fingindo estar segurando um revólver. Ele disparou da ponta de seu indicador um pequenino raio vermelho de pura energia que atingiu o rapaz no peito, matando-o instantaneamente. Os demais Kelfos gritaram de pânico.

– Se vocês não me disserem aonde está o Grande Imperador, eu irei fazer isso com todos vocês! Não estão me ouvindo!? Respondam onde está o Imperador de vocês, ou serão todos mortos como este verme inútil!

Nisso, alguns Kelfos se levantaram em meio a multidão, insatisfeitos. Schutz conhecia aquele uniforme verde como a guarda real do Imperador Kelfo, os soldados do exército Imperial que mesmo sendo esmagados pelo poder de Himmler continuavam a lutar para defender a Capital devastada. Eles se posicionaram ao redor de Schutz, encarando-o com firmeza.

– Não vamos permitir que você venha até aqui apenas para nos matar, como se não passássemos de lixo! – gritou um deles, partindo para o ataque imediatamente.

O soldado carregava uma espada e com ela desferiu um firme corte na diagonal em direção à Schutz, que deu um ligeiro passo para trás à fim de evitar ser atingido. Ele cruzou os braços, observando os três que o rodeavam e rindo maldosamente.

– Ah, vocês não vão permitir...?

Schutz investiu contra o primeiro soldado que o havia atacado, acertando um soco na ponta do queixo do guerreiro. Este voou longe, sendo arremessado pela potência anormal do golpe do líder Krüger, que se virou e acertou uma joelhada no peito do segundo adversário, um guerreiro que estava com algumas ataduras espalhadas pelo corpo. O terceiro observou aterrorizado enquanto outro de seus colegas era vencido com apenas um golpe e quando menos esperava, Schutz pareceu surgir do nada em sua frente, com a mão em cima de seu peito.

– Qual o problema, meu jovem? – Schutz perguntou, debochado – Seu coração está disparado. Por acaso está com medo? Permita-me dar um jeito nisso...

Um disparo de luz púrpura atravessou o corpo do soldado, que assim como seus companheiros fora morto com apenas um golpe, incapaz de sequer fazer alguma coisa para evitar seu fim trágico. O Krüger virou-se novamente para as pessoas feridas e indefesas que se amontoavam se abraçavam de medo, com uma esfera de luz púrpura brilhando em uma de suas mãos, prestes a ser lançada.

– Vocês são uns inúteis mesmo! Não irei perdoá-los por terem se recusado a me ajudar! Apodreçam no inferno!

– Não faça isso, por favor! – gritou uma voz feminina às suas costas.

Antes que disparasse, Schutz virou-se diante da jovem Kelfa, trajando vestes de Sacerdotisa. Ele baixou a mão, desfazendo a esfera de energia.

– Você deve ser a filha do Chanceler Kopf... Lily, estou certo?

– Por favor, Schutz Stafell... poupe estas pessoas! Elas não tem nada a ver com esta Guerra!

– Você por acaso veio até aqui apenas para me pedir clemência em nome de seu povo? Você por acaso não tem noção do perigo que é estar diante de mim, logo você que é a filha de um dos meus maiores inimigos? Ou será que você não tem medo da morte?

– Eu estou aqui para evitar mais mortes desnecessárias – ela respondeu com firmeza na voz, sem desviar seus olhos dos olhos do Krüger – Você deseja ver o Imperador, pois bem... ele mesmo me enviou aqui para que eu o conduzisse aos seus aposentos. Por favor, venha comigo...

Schutz a acompanhou tranquilamente por cinco ou seis passos, quando virou-se bruscamente e disparou uma poderosa rajada de energia contra as pessoas indefesas, instantaneamente assassinando todas elas. Depois virou-se para Lily, segurando-a pelos braços com muita força e a encarando com um olhar selvagem.

– Escute o que eu vou te falar, mocinha: todos vocês irão morrer. Pouco importa se vão morrer agora ou depois que eu explodir este planeta em pedaços, mas no fim todos vocês serão varridos do Universo! Então não me venha com essa conversa ridícula de poupar as mortes daqueles infelizes só porque eles são civis desarmados e indefesos! Todos, sem exceção, não me interessam se são Kelfos inocentes, soldados ou mesmo os Saiyajins, irão morrer!

– Você... você é um monstro!

Schutz a empurrou no chão, agora gargalhando insana e descontroladamente.

– Você está me chamando de monstro? Hu, hu, hu... Você está enganada... Eu sou um Demônio! Agora levante-se e me leve diretamente ao seu Imperador, antes que eu decida lhe exterminar de uma forma tão dolorosa, minha cara, que é melhor você nem pensar!!

Lily levantou-se imediatamente. Estava assustada, com medo do que Schutz poderia fazer com ela, mas ainda assim tentou manter o controle e o conduziu por entre os corredores do Palácio. A cada encontro com algum Kelfo, o líder Krüger fazia questão de mata-lo com algum tipo de disparo de energia diferente, por pura crueldade. Num determinado momento, tudo que Lily queria fazer era chorar, mas não o fez. Tinha de ser forte diante do inimigo, forte o suficiente para conter o próprio sofrimento. Forte como alguém que ela se importava muito. Forte como Spark.

* * *

Spark levantou da cama onde dormia, aterrorizado. Havia sido despertado não pelos distantes tremores que indicavam que disparos de energia poderiam estar acontecendo em algum lugar da Capital, mas sim por causa de um ki enorme que havia sentido passar em altíssima velocidade há poucos instantes. A mais poderosa e mais carregada energia maligna que havia sentido em toda sua vida.

Mas que poder assombroso foi este? Será ele, o líder dos Krügers em pessoa? Mas se for este o caso... Então eles falavam mesmo a verdade. Totenkopf e Himmler não blefaram quando disseram que Schutz Stafell era infinitamente superior a ambos...

Ele foi até a sala, onde encontrou Mahala sentada à mesa, com diversos livros Kelfos abertos, entretanto não parecia mais demonstrar interesse em nenhum deles. Ela olhava diretamente para o outro Saiyajin, ambos sabendo do que se tratava.

– Você também sentiu, não foi? – disse Spark, numa pergunta retórica.

– Eu nunca senti nada tão poderoso e cruel assim antes! Isso é um absurdo, é ridículo! Esse ki é simplesmente terrível!

– Isso quer dizer que seu plano está dando certo, e nós conseguimos atrair Schutz para cá. Agora temos de encontra-lo e vencê-lo o mais rápido possível. Onde é que está o Asus? Ele ainda não acordou?

– Não, ou pelo menos não que eu saiba – Mahala disse com o mesmo tom de descaso de sempre que tocavam no nome de Asus – Mas é até melhor assim. Deixemos que ele descanse mais um pouco.

– Mahala... acho que não temos tempo para descansar mais, Schutz Stafell já está na cidade e se ele terminar o que tem a fazer aqui antes que nós apareçamos, é bem capaz que ele simplesmente exploda o planeta!

– Eu sei disso. Mas Asus também precisa recuperar as energias. Durante a luta com Himmler nós dois pudemos ver como ele se tornou poderoso. Mas a que preço?

– A que preço? – Spark tentava compreender o enigma lançado pela amiga.

– Ouça... aquela aparência de Asus, com certeza não era a transformação normal de um Super Saiyajin. Havia diferenças... você percebeu isso, correto?

– Sim – o garoto consentiu, lembrando o exato momento em que o rival havia aparecido no combate – Naquela hora, os cabelos de Asus estavam um pouco diferentes, assim como o brilho dourado em seu corpo... Sem falar que os seus músculos pareciam um pouco mais desenvolvidos.

– Exatamente. Naquela forma, Asus consegue ser muito mais poderoso do que você enquanto transformado em Super Saiyajin, mas... a perda de energia é imensa.

– Perda de energia é imensa? Espera, está dizendo que ele precisa de um esforço muito maior para se manter naquela transformação?

– Exatamente. O poder e a velocidade de Asus aumentam consideravelmente naquele estado, mas seu corpo faz um esforço enorme para se manter daquele jeito, e o resultado é um consumo desenfreado de energia. Eu diria que embora seja uma transformação poderosa, mas ela deveria ser aperfeiçoada antes de ser utilizada em combate. Não creio que Asus possa se manter num combate por mais de dez minutos utilizando esses poderes.

– Se este é o problema, então fique despreocupada! Não existe esse que possa aguentar lutar comigo por mais de dez minutos!

A voz rouca e carregada de prepotência de Asus soou atrás de ambos, desviando a atenção da conversa para a presença do Saiyajin, que estalava as vértebras do pescoço. Ele continuou a falar após ter terminado, direcionando suas palavras a Mahala.

– Até que você não é tão ruim analisando lutas como eu supus anteriormente. Você descobriu os pontos fortes e pontos fracos de minha nova transformação mesmo sendo uma luta tão breve. No entanto, dez minutos é tempo suficiente para que eu possa deter qualquer tipo de oponente.

– Você por acaso é tão idiota quanto parece? Ou você se esforça em passar essa imagem para as pessoas ao seu redor de propósito? – Mahala disparou mais uma das suas espetadas no orgulhoso guerreiro Saiyajin – Eu não sei o quão pesado é o seu sono, mas o que passou por aqui agora a pouco era mais poderoso que qualquer coisa que nós...

– Eu sei disso, sua mulher atrevida! Por acaso você se esqueceu que eu agora também posso sentir o ki dos meus adversários? Eu sei muito bem que o oponente tem um poder infernal, muito superior ao nosso!

– Então porque você faz de conta que é o maioral e que vai vencer a luta sem dificuldades?

– É a minha vez de perguntar, por acaso você é estúpida? O que é que nós fizemos de ontem para cá, senão derrotar diversos inimigos com o poder muito maior que o nosso? Há uma semana atrás eu não tinha nem um terço dos meus poderes atuais e me achava forte! Você sim que está se esquecendo de uma coisa, sua tirada a espertalhona: somos Saiyajins! Não é só nosso poder que aumenta, nossa força de vontade para lutar e vencer aumenta também!

Ninguém se atreveu a dizer nada. Mahala se recusou a baixar a cabeça para Asus, travando os dentes e fazendo um som que lembrava um rosnado animal. Spark por sua vez se surpreendeu, pois nunca pensou em toda a sua vida que iria não só concordar com algo dito por Asus, como também iria gostar de ouvi-lo dizendo isso. Já o orgulhoso guerreiro se limitou a passar por ambos, abrindo a porta da casa e se preparando para voar em meio à chuva que caia dos céus, mas antes disso virou-se para os dois, com um leve sorriso no rosto.

– Além do mais, eu não sou o único Super Saiyajin aqui. Spark pode ser um sentimentalista de coração mole, mas já provou que é bom de briga e que tem força de sobra para enfrentar estes Krügers miseráveis. E nenhum de nós quer morrer aqui hoje, ainda temos contas a acertar um com o outro. Se nós dois não conseguirmos vencer esse último adversário, então nada pode vencê-lo. Agora vamos. Não temos mais tempo a perder!

Ele se envolveu pela aura transparente, subindo aos céus como um jato e indo em direção ao imenso ki de Schutz Stafell, deixando para trás Spark e Mahala que permaneciam surpresos com as palavras do colega. Ao ganharem os céus novamente, Spark sorriu para si mesmo, observando o pequeno ponto que ia à frente de ambos. Poderia ser apenas uma impressão, ou mesmo por causa das circunstâncias, mas por um momento ele achou que talvez Asus estivesse começando a mudar sua própria essência.

Eles recuperaram a distância que se encontravam de Asus e voaram juntos em silêncio até o Palácio Imperial, pousando diante das portas principais. Entraram atentos a menor movimentação que houvesse lá dentro, uma vez que, misteriosamente, eles pararam de sentir o ki de Schutz no momento que entraram no Palácio. O cenário interno era desolado, com escombros e corpos de pessoas espalhados para os quatro cantos do saguão. Alguns soldados jaziam mortos junto a civis que se encontravam amontoados nos cantos. Num deles havia um enorme indício de explosão e diversos cadáveres mutilados. Spark travou os punhos de raiva, inconformado com as mortes daquelas pessoas e também preocupado com o bem estar de Lily. Seria possível que ela estivesse morta, assim como aquelas pessoas? Mahala no entanto percebeu que a raiva de Spark ia crescendo a cada ambiente que eles passavam, até que o tocou no ombro gentilmente e o olhou nos olhos.

– Tenha calma, Spark. Guarde seus sentimentos para a hora da luta – ela disse, soltando o ombro do amigo em seguida – Aparentemente, Schutz sumiu, mas ele pode conhecer as técnicas de controle do ki e estar nos esperando. Mantenha sua energia baixa e sob controle.

– Ah, certo... obrigado, Mahala.

– Sem problemas. Precisamos que você fique tranquilo, afinal você que vai nos guiar aqui por dentro. Você já esteve neste lugar antes, certo?

– Sim, mas eu não fui muito longe... fui apenas direto até... Essa não!

Asus e Mahala olharam atentamente para o jovem Saiyajin, que pela sua expressão havia se lembrado de alguma coisa muito séria.

– O que foi moleque? Desembucha! – rosnou o primeiro, grosseiro como de costume.

– Schutz Stafell deve ter ido diretamente ao Grande Imperador! Se isto tiver mesmo acontecido, então talvez... Droga! Precisamos correr! Sigam-me!

Os dois correram logo atrás de Spark, que ia mostrando o caminho. Estava preocupado com o bem estar do Grande Imperador e não iria se perdoar se ele estivesse morto. Fora que talvez, se Lily ainda estivesse dentro do Palácio, era com o Imperador que ele achava que ela estaria. Ele correu o máximo por dentro do Palácio, passando por diversos outros Kelfos mortos e por marcas de explosões e queimaduras, chegando finalmente até a distante câmara nos fundos da construção onde se encontrava a enorme porta dupla feita de puro ouro e cravejada de rubis. As portas se encontravam entreabertas, o que para Spark era um péssimo sinal. Lá de dentro, era possível sentir um ki bastante enfraquecido e o jovem Saiyajin não teve dúvidas sobre como proceder: empurrou ambas as portas com as mãos e entrou na sala do trono.

Diante de seus olhos estava o corpo prostrado de Lily no chão, aparentemente inconsciente. Era dela que partia o ki e ao que tudo indicava ela não estava ferida mortalmente. Spark abaixou-se ao lado dela, tocando seu corpo com uma das mãos e a sacodindo de leve para que ela despertasse. Sua vontade era de segurá-la em seu próprio corpo, mas não faria isso de forma alguma: seu orgulho não permitiria que voltasse atrás em suas palavras.

Nunca mais em toda a minha vida eu quero te ver. Já não me importa mais nada relacionado à sua pessoa. Se você vai bem, ou se não vai... já não me diz respeito mesmo.

– Lilyan... Lilyan, acorde! – ele a chamou, pela primeira vez se dirigindo a ela como Lilyan – Vamos, abra os olhos, levante-se!

Ela abriu os olhos lentamente, vendo a figura borrada e disforme de Spark à sua frente. Imediatamente ela chamou o seu nome e o abraçou, fazendo com que o jovem Saiyajin caísse sentado e arrancando um suspiro de nojo e desaprovação de Asus, que detestava esse tipo de demonstração de sentimentos. Mas Spark não se importava com aquilo e sua decisão de ser orgulhoso durou apenas os segundos que a garota levou para acordar e abraça-lo. Ele agora devolvia o gesto, passando a mão pelos seus longos cabelos loiros.

– Eu fiquei com tanto medo... que bom que você está aqui – ela dizia, entregue às lágrimas – Aquele líder Krüger é a completa maldade encarnada em alguém... por favor, vocês tem que impedí-lo!

– Lily... ele te bateu...?

O rosto da Sacerdotisa exibia um enorme hematoma do lado direito do rosto e sua boca apresentava um pequeno ferimento. Spark estava cada vez mais enraivecido.

– Sim... quando eu tentei impedi-lo de ir até o Imperador. Ele me acertou um tapa no rosto e eu caí no chão, inconsciente...

– Você ficou louca? Ele poderia ter te matado! E o Imperador, como está?

Os quatro olharam ao fundo da sala, sem sentir nenhum ki vindo de lá. Estava muito escuro para poder se dizer algo, então só restava a eles se aproximar do véu que separava o supremo governante dos Kelfos do resto da sala. Nos poucos passos necessários para isso, Spark percebeu como aquela sala havia sido propositalmente destruída, como uma afronta a tudo que a história do povo Kelfo representava. As estátuas dos antigos guerreiros haviam sido decapitadas ou derrubadas ao chão, e o quadro que ficava acima do véu e que antes possuía a imagem do Palácio Imperial agora estava queimado. Spark então respirou fundo, segurou o véu e o puxou, já esperando pelo pior.

O Imperador Kelfo estava morto. Sentado em seu trono, com os olhos fechados e sem vida. Sua pele que antes era verde musgo escura, agora assumia um tom de marrom. Mas ao contrário do que Spark esperava, o corpo não apresentava feridas evidentes ou nada do tipo. Ao contrário, o Grande Imperador parecia dormir pacificamente. E isso acalmou um pouco o coração do jovem Saiyajin, pois ele não admitiria que fizessem alguma maldade ao homem que durante toda sua vida havia se dedicado aos Kelfos.

Asus e Mahala, entretanto, olhavam para o cadáver sem entender nada. Ao contrário dos Kelfos, que tinham pele clara e cabelos dourados, aquela criatura era de outra cor, possuía músculos expostos e na testa havia antenas. Mahala não queria falar nada por questões éticas, mas isto era totalmente inexistente na personalidade de Asus, que disparou sem o menor remorso:

– Mas que diabos é essa coisa afinal?!

– Esse era o maior segredo do Imperador Kelfo, que apenas eu, Spark e Simon descobrimos ontem – disse Lily à Asus, aproximando-se dele – Nunca ninguém pôde ver o rosto do Imperador antes, então ninguém sabia a verdade.

– E que verdade seria essa?

Antes que Lily pudesse dizer qualquer coisa, outra voz que respondeu por ela às costas dos presentes. Uma voz masculina, fria e que transbordava maldade. A voz do líder dos Krügers, Lord Schutz Stafell.

– A verdade que o Imperador Kelfo era um Namekuseijin. – disse Schutz, sem alterar a própria voz – Eu e o Imperador conversamos por um breve momento, antes dele morrer. Não precisam me odiar, pelo menos este aí não fui eu que matei. Parece que o velho Imperador estava apenas me esperando para partir do mundo dos vivos.

– Então você é Schutz Stafell? – disse Spark observando o guerreiro Krüger que não era tão alto ou robusto quanto os últimos inimigos que haviam enfrentado – Engraçado como as aparências enganam, normalmente ninguém pensaria que dentre todos os Krügers, você é o mais forte.

– Ao que parece vocês possuem a estranha habilidade dos Kelfos, de sentir o poder de luta do adversário. Pelo menos não preciso provar a vocês o quão poderoso eu sou, o mesmo que eu tive de fazer com todos os meus inimigos no passado. Agora sejam inteligentes e se ofereçam pacificamente para morrer, ou sofreram a dor e o desespero de confrontar o ser mais poderoso deste Universo!

– Há! É piada não é?! Você espera que nós nos entreguemos para você como cordeiros ao serem abatidos? – esbravejou Asus, tomando a frente da discussão – Vocês Krügers já deveriam ter aprendido que nós não somos adversários a serem subestimados e sempre superamos os nossos adversários!

– Hmpf... a soberba Saiyajin, tão comum aos membros de sua espécie... Esqueçam qualquer possibilidade de vencer ao me enfrentar. Meu nível está muito além de qualquer inimigo que vocês possam vencer. Vou oferecer novamente a possibilidade de vocês se renderem, e assim podem morrer de forma tranquila e rápida. Mas caso ofereçam resistência, não terei mais tanta clemência.

– Pois você pode pegar a sua oferta e enfiar goela abaixo! – Spark rosnou de raiva, num tom que se assemelhou ao de Asus – Se você acha mesmo que nós vamos ter piedade de você, após todas as mortes que você causou neste planeta... depois de ter exterminado pessoas que nos eram importantes e que nunca mais vão voltar... Você está muito enganado!!

– Ora, mas esta agora para mim é novidade. Um Saiyajin que se importa com as pessoas? – Schutz sorriu, surpreso, virando-se para Asus em seguida – Você não é tão ridículo quanto ele também, é?

– Não me compare com esse molenga, seu verme insolente – bradou o orgulhoso guerreiro Saiyajin – Eu ao contrário de Spark não tenho o coração mole. Eu vou lutar com você apenas para me satisfazer como lutador. Pouco me interessa quem você matou ou deixou de matar, mas não me é nem um pouco conveniente que algum Zé ninguém saído do nada como você venha fazer bagunça no meu planeta e queira destruí-lo ao ir embora. E então, vai querer lutar aqui mesmo, ou prefere em outro lugar?

Schutz fechou um dos punhos, irritado com os insultos dirigidos por ambos os Saiyajins, mas manteve a compostura. Não seria tirado do sério por uma dupla de macacos que se achavam os melhores guerreiros que poderiam existir. Virou as costas então para os dois, deixando a câmara do Imperador para trás.

– Sigam-me. Existe uma área aberta aos fundos deste lugar. Será melhor do que iniciarmos a luta aqui dentro deste lixo de lugar.

Os três Saiyajins e a Kelfo se entreolharam. Esperando que alguém dissesse algo.

– E agora, o que faremos? – perguntou Lily.

– O que faremos? Desde quando você vai com a gente? – Asus se manifestou – Nós vamos assumir daqui pra frente. Encontre algum lugar e se esconda, isso é o melhor que você pode fazer.

– Asus, pare de agir como um cretino mal-agradecido! – Mahala se manifestou prontamente em defesa da Sacerdotisa – Você só está vivo agora por causa dela, só pra começo de conversa!

– Isso não me importa nem um pouco agora! Só o que interessa é a luta contra esse Krüger desgraçado, e a presença dessa garota no campo de batalha só iria servir para distrair o idiota do Spark. O maior problema dele é esse excesso de sentimentalismo. Vocês dois viram o que aconteceu na última luta, e se ela estiver presente, isso vai acontecer de novo, o inimigo vai usar ela contra o Spark e estaremos perdidos. Agora vamos nessa, não queremos deixar nosso adversário esperando não é mesmo?

Asus deixou o grupo para trás, sem sequer dar tempo para que os demais pudessem responder algo e seguiu pelo mesmo caminho do líder Krüger. Spark e Mahala queriam poder dizer algo, mas no fundo sabiam que Asus estava certo. Na útima batalha, Himmler havia utilizado Mahala contra ele, então o que impediria Schutz de fazer o mesmo? E definitivamente, Spark não queria deixa-la morrer. Não poderia perde-la também. Ele então virou-se para a Sacerdotisa que tanto amava e segurou levemente pelos ombros.

– Por favor, fique aqui e não entre na batalha de forma alguma. Asus pode ser um sujeito esnobe e nojento, mas ele está certo... Schutz é um inimigo impiedoso e trapaceiro, e não vai hesitar em tentar te ferir se isso significar me atingir. Por favor, promete que não vai pra lá?

Lily agarrou seu rosto, trazendo-o de encontro ao dela e o beijou, o que foi algo totalmente inesperado para Spark, mas que acalmou seu espírito que estava tão atribulado desde o último encontro que tivera com a Sacerdotisa. Quando o beijo terminou, ela acariciou o rosto do Saiyajin com ternura, sem tirar os seus olhos azuis claros dos olhos negros do jovem guerreiro.

– Por favor, não morra nessa luta – foi o que ela disse, deixando-o partir em seguida.

Spark acenou positivamente com a cabeça, chamando Mahala a seguir. Os dois deixaram a sala do Imperador, seguindo pelo mesmo caminho que Asus. Mesmo indo em direção ao que poderia ser a morte certa, Spark não conseguia parar de sorrir. Agora sim ele daria o máximo de si nesta luta, e sobreviveria para estar com aquela que ele mais amava. Mahala não deixou de reparar na expressão do amigo e não se absteve de lançar um comentário para ele.

– Então eu estava certa... a garota é mesmo importante para você.

– É... eu acho que sim. – Spark respondeu em meio a um sorriso bobo.

– Pff... você é mesmo um bobão Spark – Mahala se permitiu sorrir mais uma vez, sabendo que aquela poderia ser a última – Um simples beijo e você está nas nuvens... só não deixe isso subir à sua cabeça e te desconcentrar da luta. Mantenha sua mente nos seus objetivos atuais e depois desfrute os seus momentos com a Sacerdotisa. Mas agora, é hora de lutar.

– Sim... você está certa Mahala. Não se preocupe, eu agora já não tenho mais preocupações em minha cabeça. Quando a luta começar, será só nela que eu estarei pensando. Aquele Schutz Stafell mal perde por esperar.

Ambos desapareceram da vista da Sacerdotisa, que os assistia se afastar logo abaixo do umbral da porta que conduzia à sala do trono. Estava apreensiva, com ambas as mãos juntas rente ao peito, como se fizesse uma prece por ambos os Saiyajins. Mas na verdade encontrava-se absorta em seus pensamentos, e aquele gesto que tanto lembrava uma oração, na verdade era um pedido de desculpas. Desculpas à Spark.

Me perdoe por ter feito isso, Spark... mas era a única forma de poder te fazer esquecer o pedido de promessa para que eu não me intrometesse na luta. Eu sei que sou fraca e que não consigo lutar... mas, por Simon, pelo Imperador e acima de tudo, por meu pai, eu não posso ficar de braços cruzados diante desta luta. Sinto muito, Spark, mas quando o momento chegar, eu vou entrar neste combate!

* * *

A área escolhida por Schutz Stafell para ser o local onde a luta seria iniciada não poderia ser melhor: Um espaçoso pátio aberto, onde ficavam os jardins do Palácio, repletos de flores e árvores de porte pequeno. No meio havia uma fonte de água cristalina e ao fundo havia um parapeito, que separava os limites do Palácio do abismo do alto da montanha onde ele havia sido construído.

Os três Saiyajins permaneceram juntos, Spark e Asus um pouco à frente de Mahala, lado a lado. Pela primeira vez lutariam juntos e Spark estava um tanto quanto feliz com aquilo, embora achasse que para Asus aquilo se tratava apenas de uma luta por interesses próprios. Mesmo assim, não escondia a felicidade de poder entrar num combate lado a lado com o rival, ainda mais para enfrentar um inimigo tão mais poderoso que eles dois. Naquele momento, seu sangue de Saiyajin fervia de ansiedade pelo combate e ele seria capaz de saltar em cima do oponente e ataca-lo com todas as forças se a luta não começasse em questão de segundos.

Schutz cruzou os braços, estando do outro lado do pátio. Havia tomado aquela distância de propósito, para quando iniciasse o combate, ambos os lados pudessem investir um contra o outro. Ele olhou os dois Saiyajins com desprezo, um asco que brotava de dentro do seu ser e que aumentava a cada segundo que permanecia diante dos três guerreiros.

– Depois de todos estes anos... – ele começou, sério – Depois de termos passado por todos os tipos de humilhação, perdido a nossa honra, nosso planeta... depois de vocês, Saiyajins terem destruído nosso lar e o desgraçado do Freeza ter destruído todos os de sua espécie... e também depois de termos fracassado duas vezes na luta contra os Kelfos quando estávamos sob o comando de meu pai... Finalmente, nós teremos a nossa vingança! Não serão vocês, um trio de vermes que vai ficar no meu caminho, vocês não irão me impedir de alcançar a vitória!

– Heh, não sei se você sabe, mas todos os demais inimigos que enfrentamos e derrotamos até agora começaram suas lutas com discursos parecidos com esse – disparou Spark, ácido e fazendo pouco caso das palavras do oponente – Você não vai conseguir nos intimidar apenas com conversa.

– Vocês Saiyajins não passam de primatas primitivos e arrogantes, e nós os Krügers, a raça superior, não precisamos intimidar os adversários com uma falsa reputação como a de vocês! Mas assim que começarmos a lutar, perceberão o grande erro que estão cometendo ao nos desafiar e tenham certeza que não haverá misericórdia! Farei questão de tortura-los bastante antes de despacha-los deste mundo juntamente com este planeta sem valor! E em seguida, irei encontrar as Esferas do Dragão para me tornar imortal!

Spark riu novamente, numa gargalhada cínica que irritou ainda mais o inimigo. Ele olhou para Schutz do outro lado, com um olhar desafiador que era típico da maioria dos Saiyajins.

– Esferas do Dragão? Por acaso você ainda não entendeu que elas não existem mais? As Esferas existiram há muito tempo, mas agora não passam de lenda! E mesmo que ainda houvessem Esferas, seria tarde demais. As Esferas do Dragão perdem seus poderes e deixam de existir se a pessoa que as criou morrer, o que significa que agora que o Grande Imperador se foi, qualquer probabilidade de utiliza-las se foi junto com ele.

– Você se acha muito inteligente, Saiyajin. Pois deixe-me lhe contar um segredo: a partir do momento que eu descobri a identidade do Grande Imperador como um Namekuseijin, este Planeta inteiro perdeu totalmente o valor para mim. Correm boatos pelas galáxias sobre os estranhos poderes dos Namekuseijins, embora eu não fizesse a menor ideia que a criação de objetos poderosos como as Esferas do Dragão fosse possível. Depois que eu terminar de brincar com vocês, irei diretamente ao Planeta Namekusei e arrancarei as Esferas deles, da mesma forma que eu precisei apenas de um dia para esmagar qualquer resistência à minha soberania neste mundo medíocre!

A expressão de Spark mudou. Não estava mais com seu sorriso zombeteiro ou fazendo pouco caso das palavras de Schtuz. Imaginar um outro massacre de pessoas inocentes e pacíficas como os Kelfos não era nem um pouco engraçado ao seu ver, e ele travou ambos os punhos com raiva daquilo que havia acabado de ouvir.

– Ah, isso é que não! - o jovem guerreiro rosnou, já liberando o seu poder, enquanto veias se alteravam em suas têmporas e pescoço – Eu quero que você entenda uma coisa, seu miserável, seus dias de matança terminam por aqui! Nós vamos detê-lo aqui e agora, neste planeta, e quando terminarmos com você não vai sobrar absolutamente nada seu pra sequer contar história! Se prepare!

– Até que enfim, você resolveu levar a luta à sério moleque! – disse Asus, com um leve sorriso satisfeito em sua face – Vamos nessa! Está na hora de ensinar um pouco de boas maneiras a esse Krüger metido à besta!

Os dois liberaram seus poderes, se envolvendo por auras transparentes que sopravam ventos fortes em todas as direções, que logo mudaram de tonalidade para dourado, assim como os cabelos dos dois guerreiros. O brilho esverdeado em seus olhares repletos de ferocidade e disposição para o combate não negava que ambos haviam se transformado em Super Saiyajins. Tanto Spark quanto Asus exprimiam todo o ki para fora de seus corpos, o primeira alcançando os limites máximos de seus poderes e o segundo entrando instantaneamente na transformação mais avançada do Super Saiyajin. Schutz também liberou seus poderes, sendo envolvido por uma aura avermelhada, que também soprava um poderoso vendaval apenas com a manifestação de sua energia e assim como Asus, possuía diversas descargas de bio-eletricidade percorrendo todo o corpo. Ambos os lados estavam preparados para o combate. E, quando menos se esperava, se atiraram à luta. Havia começado a batalha final.

Asus alcançou o adversário primeiro, por ser mais veloz que ele, desferindo-lhe o soco que abriu o combate e que foi defendido por Schutz, ao mesmo tempo que com a perna bloqueava um chute de Spark, que havia chegado logo em seguida. Asus lançou mais um soco, que o líder esquivou rapidamente, agarrando o braço do guerreiro Saiyajin e o arremessando longe em meio a um movimento circular, enquanto que com a sola do pé atingia Spark no peito, repelindo-o antes que ele pudesse lançar algum outro ataque. No entanto, aquele chute não era o suficiente para ferir o jovem Super Saiyajin, que após ser lançado alguns metros para trás no ar, se recompôs do ataque sofrido e partiu para o ataque uma vez mais. Asus também teve uma excelente recuperação, dando uma cambalhota no ar e caindo sob os dois pés quando tocou o chão, flexionando ambos os joelhos e aproveitando o embalo para saltar em direção ao oponente. Schutz agora precisava se defender de duas ondas aparentemente incessantes de golpes lançados em altíssima velocidade desferida por ambos os Saiyajins, que disparavam chutes e socos sem parar. O líder dos Krügers provou-se um adversário bastante poderoso e hábil, no momento em que conteve os punhos de Spark e Asus simultaneamente, segurando ambos com bastante força e, em seguida, trazendo os dois Super Saiyajins de encontro um ao outro, que se bateram de frente. Schutz se lançou contra eles, desferindo um chute em pleno ar visando o rosto de Asus, que o Saiyajin defendeu deixando seu antebraço no meio da trajetória do golpe, repelindo-o. O Krüger aproveitou-se daquilo, uma vez que sua perna havia sido projetada no sentido oposto por Asus e tentou atingir desta vez o rosto de Spark, que afundou o corpo para trás, evitando-o bem a tempo. Ao tocar o chão, desferiu um soco na altura do estômago do garoto, que foi detido antes de atingir seu alvo. E então, o primeiro golpe daquela batalha que realmente acertou o alvo estalou, como uma pequena explosão em meio àquela chuva. O pé de Mahala havia atingido certeiramente a nuca do líder Krüger, lançando-o para longe e o pegando completamente desprevenido.

– É melhor você não se esquecer que eu também estou nesta luta! – ela bradou, batendo o punho no próprio peito – ou por acaso você está me subestimando só porque eu sou mulher?

Schutz levantou-se, visivelmente irado. Havia sido atingido de surpresa e jogado no chão pela primeira vez em muito tempo, e ainda por cima por uma mulher. Aquilo era totalmente inaceitável, a insolência daqueles Saiyajins já estava indo longe demais. Colocaria um fim naquela rebelião já.

Asus avançou novamente, desferindo um poderoso soco que parou em um único braço imposto como defesa por Schutz, que rapidamente desferiu um chute no rosto do guerreiro, desta vez sem chances de ser evitado e que o mandou para longe. Em seguida avançou contra Spark, lançando uma furiosa sequência com os punhos que forçou o Saiyajin não só a ter que defender todos os golpes, como também ir dando passos para trás para poder resistir aos socos sem perder o equilíbrio. Quando surgiu a oportunidade, o garoto conteve ambas as mãos de Schutz, segurando seus pulsos firmemente, mas ficando aberto assim para receber uma estrondosa joelhada no estômago e um cascudo de quilo com ambas as mãos entrelaçadas no meio das costas, o que o fez cair de cara no chão. Em seguida, ele precipitou-se até Mahala, para fazê-la pagar.

Numa manobra evasiva, a jovem guerreira disparou uma onda de energia no chão, que serviu de propulsão para que ela subisse aos céus antes que Schutz pudesse alcança-la. Mas ela não esperava que o líder Krüger se deslocasse com uma velocidade ainda maior, surgindo bem acima dela, e segurando-a pelo pescoço com força.

– Você foi muito audaciosa em me atacar daquele jeito, mocinha – ele disse, apertando ainda mais a garganta de Mahala, que começava a ficar com o rosto extremamente rubro – Como você quer morrer agora? Prefere que eu faça você sufocar até a morte? Ou que eu quebre seu pescoço como um graveto?

O ar estava se esgotando nos pulmões de Mahala, assim como suas alternativas para escapar. Então, no que poderia se classificar como uma alternativa extrema, ela posicionou ambas as mãos próximas à barriga de Schutz e lá concentrou uma imensa quantidade de energia, mas antes que a disparasse ela foi repelida por um simples tapa com a outra mão do Krüger que estava solta.

– Tsc, tsc... não tão rápido. Achou mesmo que eu cairia nisso?

A jovem não respondeu, seu rosto agora mudava de cor para roxo. No entanto, no momento em que o braço musculoso de Asus se entrelaçou fortemente na garganta de Schutz, ele teve de soltá-la. Enquanto a jovem Saiyajin buscava uma enorme quantidade de oxigênio, como se tivesse acabado de voltar de um longo mergulho, Schutz acertou uma cotovelada na barriga de Asus para fazê-lo soltar seu pescoço daquele mataleão e em seguida jogou a própria cabeça bruscamente para trás, acertando a testa do Saiyajin e com um poderoso soco, o lançou de volta ao chão, caindo próximo onde Spark estava.

Schutz poderia muito bem ter optado por matar Mahala naquele instante em que ela havia voltado a ficar desprotegida, mas preferiu investir novamente contra os dois Super Saiyajins, descendo do ar como um furioso comenta de encontro ao chão. Spark e Asus saltaram em direções opostas, mas o primeiro fora o alvo escolhido pelo Krüger, que voou em sua direção e após segura-lo pelo rosto, arrastou violentamente seu corpo pelo chão e o jogou longe. O chão de pedras ficou altamente danificado por onde havia passado o corpo do Saiyajin, e ele bateu com as costas com força no chafariz que havia no meio do pátio, destruindo-o. Asus atacou em seguida, se lançando de cabeça contra Schutz envolvido por sua aura dourada, mas seu ataque foi detido pela mão aberta do opoente que conteve seu crânio como uma bola de futebol lançada contra ele. Em seguida, o chutou com todas as forças, mandando o Saiyajin orgulhoso para o alto e antes que ele sequer alcançasse toda a distância que deveria graças à potência da pancada, foi atingido novamente nas costas por mais um golpe com as mãos juntas de Schutz, valendo-se de sua altíssima velocidade para chegar instantaneamente à retaguarda do seu adversário e que o lançou furiosamente contra o chão. E antes que ele batesse no chão do pátio, foi atingido novamente por um chute altamente potente que o Krüger havia desferido após uma manobra de alta velocidade similar. O chute o atingiu com força nas costelas, o mandando contra uma das paredes do castelo, que conteve seu corpo em meio a um estrondo. Schutz então cruzou os braços, olhando para seus três oponentes que tinham dificuldades em se recuperar dos golpes que acabaram de receber.

– É inútil! Vocês não passam de vermes diante de minha força! Eu nem sequer estou usando todo o meu poder contra vocês, mal conseguem lutar! É com isso que vocês pensam que podem me impedir? Onde é que está todo aquele fogo que vocês tinham antes em suas palavras?

Um projétil de energia dourada cortou o ar em direção ao rosto de Schutz, sendo facilmente bloqueado por ele com apenas uma mão. Spark, o autor do disparo, havia se levantado do meio dos escombros do chafariz. Estava com as suas roupas encharcadas e apresentava alguns arranhões pelo rosto, mas nada que ainda pudesse complicar seu desempenho em luta. Ele parecia muito disposto a dar continuidade ao combate.

– Não nos ofenda dessa maneira, contendo seu poder – bradou Spark, agora fechando o próprio punho que antes havia disparado a pequena onda de ki – Eu te disse, que você seria vencido aqui e agora, e pretendo cumprir as minhas palavras custe o que custar! Agora comece a lutar a sério!

– Vocês definitivamente não sabem quando devem recuar. São tolos, guerreiros impulsivos e nem um pouco estratégicos. Vocês vão morrer aqui, e me encarregarei de destruir completamente os seus corpos, se possível para que nunca mais encontrem paz no Outro Mundo!

Spark já não ligava mais para aquele tipo de ameaça. Havia passado os dois últimos dias recebendo ameaças similares o tempo inteiro, mas mesmo assim – muitas vezes por milagres – conseguiu almejar a vitória. Ele sabia muito bem como aquele adversário era poderoso, mas mesmo assim não demonstrava medo. Mais ainda, não sentia medo algum. Asus finalmente se levantou, também demonstrando a mesma expressão de Spark. Lutariam novamente e quantas vezes fossem necessárias para se derrotar aquele oponente. Então, os dois Saiyajins deram um impulso simultâneo, investindo contra o líder Kelfo com os punhos prontos para lançar novos golpes. Ambos cientes de que, a maior batalha de suas vidas estava apenas começando.



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Notas finais do capítulo

Olá a todos!
Peço desculpas pela demora. Mas a reta final da fic chegou e junto com ela, quase eu sofri um bloqueio mental! rsrsrs
Mas nada preocupante, eu bem sei como recuperar inspiração perdida e o fiz. E após trabalhar cuidadosamente neste capítulo, está pronto! Eis o capítulo 11 de A Grande Guerra!
Hoje, eu quero falar sobre alguns assuntos que ficaram pendentes no making off do último capítulo. Sim! Eu esqueci de falar sobre algo importante antes de divulgar o capítulo aos quatro ventos: as Lágrimas do Dragão!
Todo mundo sabe que na Terra, Goku e sua turma se metem nas piores lutas possíveis, enfrentando ameaças piores do que as que estão assolando agora o planeta Omega-003, mas que possuem um trunfo, uma carta na manga que já os ajudou a driblar a morte diversas vezes: as Sementes dos Deuses. Um feijãozinho mágico que restaura as energias de todos e que cura qualquer ferida. A trupe de Spark não tem nada disso em Omega-003! E eu tinha que resolver essa questão logo, logo, pois o enredo da história não comporta que os personagens descansem por muito tempo. Eles precisavam de um item similar às Sementes, e eu cheguei a cogitar colocá-las no enredo de alguma forma. Poderia dar uma explicação qualquer, dizer que haviam Sementes similares em Omega-003 ou o que for, mas isso não me agradou... então, surgiram as Lágrimas do Dragão!
Basicamente, é a essência energética da magia Genees, aprisionada numa esfera feita de uma cristalização que cede ao toque com maior pressão e em seguida desaparece. O usuário se deixa envolver pela energia de cura e logo se restaura. Como já foi visto, pode ser utilizada por mais de uma pessoa, embora quanto mais pessoas dividindo uma única Lágrima, menor será seu efeito curativo. A magia ali dentro possui limites.
Houve também neste capítulo, o momento mais aguardado: o início da luta entre Schutz Stafell e os Saiyajins. Eu devo dizer - ou melhor, repetir - que a saga de Cell teve muita influência nesta fic, principalmente nos capítulos desde o meu retorno. Mas o que eu quero colocar nesta luta é a atmosfera da batalha contra Freeza. Quero que seja épica, emocionante e estou trabalhando duro nas descrições dos combates. Schutz ainda não demonstrou todo o seu poder, mas irá em breve. Os Saiyajins terão de suar a camisa para vencer esse adversário, e eu mais ainda para alcançar as minhas expectativas quanto aos últimos capítulos. Eu espero poder fazer um bom trabalho e não decepcionar os meus leitores, que vem acompanhando esta saga já há tanto tempo.
Abraços a todos!



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