Tales of Lost Love escrita por Dani Schirmer


Capítulo 6
Don't you dare close your eyes.




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Fazia uma semana que eu não saia do quarto, não comia, não ia à aula, Grace era a única que conseguia conversar comigo, Nico tentava me fazer sorrir, mas sempre falhava.
Eu estava deitada na cama pensando em tudo quando ouvi a voz do meu avo, e então quando olhei para o lado ele estava parado na porta.

– Posso entrar? – Sua voz era de preocupação.

Eu somente fiz com que sim com a cabeça e então ele se aproximou e sentou ao meu lado na cama, ele estava me olhando e então tirou uma carta do bolso e colocou na mesa de cabeceira.

– Sabe minha flor, antes de Jake partir, ele pediu para lhe entregar isso, então prometa para mim que você vai ficar melhor. – Ele abriu um pequeno sorriso.

– Eu prometo. – Tentei sorrir.

– Eu tenho que ir, mas espero uma visita sua logo. – Ele levanta da cama e vai em direção à porta.

Eu estava sozinha novamente e então peguei a carta que ele havia deixado e abri.

“Querida Charlotte,

Não há palavras para descrevê-la, não há palavras para dizer o que sinto, não há palavras que descrevam o quão errado eu sou para você.

Eu era um rebelde sem causa, um maluco que foi para a guerra à procura de resposta e então conheci sua mãe, ela me ensinou tudo o que sei, me ensinou a lutar pelo o que sou, e por isso lhe digo que todos os erros que cometi, tudo o que fiz, só me faz ser o cara errado para você.
Enquanto você vive essa vida de princesa, eu vivo nas sombras, o meu lugar é nas sombras, eu lhe escrevo para pedir que me esqueça, que não sofra por um cara que não lhe merece.

Usei o pretexto da guerra para ir embora, estou voltando para casa, voltando para onde eu nunca devia ter saído.
Nunca se esqueça de que acima de tudo e de todos eu lhe amo e muito, não se esqueça de quem você é.

Um beijo,

Capitão Hook.”

Deixei a carta de lado e comecei a chorar, ele significava muito para mim, mas se ele conseguia me esquecer com facilidade, eu também o esqueceria.

– Filha, posso entrar? – A voz dele era suave.

Quando meu pai viu que eu estava chorando ele se aproximou e me abraçou, pela primeira vez eu sentia afeto de verdade por ele.

– Tudo vai ficar bem meu amor, tudo vai se ajeitar. – Ele fazia cafuné na minha cabeça. – Eu quero lhe dizer uma coisa.

– Pode falar pai. – Eu estava deitada no colo dele.

– Assuma como minha herdeira, seja a minha herdeira. – Sua voz era seria. – Você é a única que merece de verdade esse reino, e além de ser minha primogênita.

– Se é o que você quer, por mim tudo bem. – Abro um pequeno sorriso.

Depois de quase uma semana de apresentações a imprensa e discursos, eu era oficialmente a herdeira ao trono, Stephanie não reagiu muito bem e então foi viajar deixando o clima da casa melhor.
Quando sai de casa, usava um salto alto com calça jeans e um blusão, estava atrasada para o campeonato de Nico, mas Aurora sempre dizia que as princesas nunca estão atrasadas e sim os outros que estão adiantados.
Quando sai do carro, havia alguns fotógrafos, mas eu não tinha tempo de falar com eles, eu queria ver Nico e deseja-lo boa sorte, quando entrei no salão onde se encontrava os competidores, o avistei conversando com o irmão e então o abracei por trás e comecei a rir.

– Eu achei que você não vinha mais. – Ele me da um beijo na testa.

– Eu prometi que vinha e aqui estou.

Sentei na varanda ao lado de Aurora e Katherine, estávamos conversando sobre a vida e então percebi que era a vez de Nico, ele estava lindo sobre o cavalo, não errou um obstáculo e eu sabia que ele ganharia em primeiro novamente.
Quando ele voltou segurando o primeiro lugar, paramos para tirar algumas fotos juntos, éramos o casal perfeito, passávamos os dias fazendo tudo juntos, ele me fazia ter fé na vida.

Sai do quarto durante a madrugada, eu precisava tomar um ar e Nico dormia calmamente, sai somente de blusão e botas de neve, havia um lado bom em ser princesa, eu não ligava para o que os outros diziam e podia me vestir como queria.
Sentei em uma pedra e acendi um cigarro, meus hábitos tinham mudado, vivia em festas com Nico enquanto Grace curtia seu novo namorado, o Príncipe Klaus.
A noite estava silenciosa e gelada e então entre a escuridão um lobo apareceu, era negro como a escuridão mas seus olhos azuis me chamavam a atenção, eu não sentia medo dele, e eu tinha certeza que já havia visto aqueles olhos em algum lugar, mas num passe de magica ele havia sumido.

Voltei a ficar sozinha com meus pensamentos e então me lembrei do dia que Hook voltou da guerra machucado, do dia que me entreguei a ele, do dia que ele em abandonou pela primeira vez.
Eu só tinha a madruga como meu momento para pensar no passado, a vida de princesa não era fácil, eu mal via meu avo, ainda não tinha conseguido ir ao tumulo da minha mãe e por mais que eu quisesse não conseguia tirar o sorriso encantador de Hook da minha cabeça.

– Ei filha o que você esta fazendo aqui? – Sinto a mão de meu pai tocar meu ombro.

– Nada, estava só tomando um ar. – Apago o cigarro e abro um sorriso.

– Achei que eu era o único que não conseguia dormir a noite, mas ate isso você é igual a mim. – Ele começa a rir e se senta ao meu lado. – Sinto muitas saudades da sua mãe. – Seu tom de voz muda e seu sorriso também.

– Ela ainda lhe amava e muito. – Abro um sorriso ao lembrar-me das nossas brincadeiras. – Ela dizia que você foi e seria o único homem da vida dela.

– A melhor coisa que ela me deu foi você, tão bonita quanto ela, tão rabugenta quanto ela, tão determinada quanto ela. – Ele deixa um pequena lagrima escorrer.

– A vida é uma caixinha de pandora. – Começo a rir. – Me diga mais sobre aquela lenda dos lobos.

– Essa historia de novo? – Ele volta a rir.

– Por favor. – Faço cara de criança pidona.

– Esta bem, esta bem. – Ele começa a rir. – Em 1864 acharam alguns trabalhadores mortos, com marcas de garras e pertos dos corpos haviam pegadas, pegadas de lobos.

– E então o que fizeram?

– Deixe me terminar. – Ele suspira. – Então, mataram todos os lobos da região, então em 1964 acharam mais pessoas mortas e as mesmas pegadas, depois de muita investigação descobriram que no dia 31/10/1896, dez pessoas foram condenadas a morte pelo assassinato dos trabalhadores, julgados como aqueles que andam nas sombras.

– Isso aconteceu de verdade? – Fico intrigada com a historia.

– É apenas uma lenda.

Passamos um tempo conversando no jardim e então Ralph o chefe da segurança aparece e fala algo no ouvido do meu pai, o sorriso dele havia sumido e tinha se tornado uma expressão de ódio. Eu acho que havia muito mais coisa atrás dessa historia de lobo, havia algo errado e meu pai demostrava isso.

– Va para casa e não saia de lá Charlotte. – Seu olhar exalava medo.

Entrei em casa correndo e fui ao meu quarto, Nico ainda dormia calmamente, mas então quando olhei pela janela meu pai não estava mais lá, não havia mais ninguém lá. A lua estava alto no céu, não havia estrelas, mas havia medo no ar, havia preocupação, e então o silencio da noite foi quebrado por um Uivo que dava para gelar a alma, eu estava com medo pelo meu pai, sai correndo quarto levando a chave da moto de fazer trilha.
Parei a moto perto de algo que parecia ser uma clareira, o lugar estava iluminado somente pela luz da lua, comecei a andar entre as arvores e então avistei meu pai caído no chão, havia marca de garras no seu peito, sua blusa estava rasgada e havia muito sangue, sai correndo e me abaixei ao seu lado, tentei controlar minhas lagrimas ao velo assim e então escutei um rosnado e quando olhei para o lado lá estava o lobo negro novamente.
Levantei e peguei a arma que estava caída perto de meu pai, apontei a arma para o lobo e fui chegando mais perto, mas num passe de magica ele tinha sumido e num passe de magica um corte apareceu no meu braço, meu braço estava machucado, machucado com as garras daquele animal, mas isso não me importava, só meu pai me importava agora.

Voltei e me abaixei perto do meu pai, peguei sua mão e comecei a chorar.

– Minha princesa, prometa-me que você vai tomar conta de Aurora e de suas irmãs? – Sua voz fraquejava. – Prometa-me que vai cuidar desse reino?

– Eu prometo, mas aguente firme, você vai se salvar. – Eu tentava falar.

– Eu te amo muito, e não se esqueça de quem você é. – Sua voz ficou mais baixa e então ele fechou os olhos.

Meu pai estava morto, um homem que eu mal conhecia, mas amava, um homem que lutou por mim, que passou por cima de tudo e de todos para me ter ao seu lado, e se ele queria que eu o substituísse assim seria, eu seria uma ótima rainha, tomaria conta de tudo e todos, e acima de tudo, o vingaria.

– Charlotte! – Escutei os gritos de Ralph.

– Aqui! – Tentei gritar o mais alto o possível.

Em poucos minutos eu estava rodeada de seguranças e cachorros, Ralph se aproximou e me levou ate em casa, eu não sabia como contar a Aurora, mas a essa hora já era tarde de mais, a casa inteira já sabia da morte do meu pai, mas eu não conseguia abrir a boca, não conseguia acreditar que ele estava morto.


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