The Headless Gang escrita por Shiro, Slytherin Demigod


Capítulo 6
Cavaleiros do demônio


Notas iniciais do capítulo

Me matem, me matem. Eu sei que eu demorei, viajei, estudei, maaaas finalmente... FÉÉÉRIAS o/



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– O que diabos ele quis dizer com fantasmas que não deixam o meu lado? – Perguntei, olhando preocupada para Ayram e os outros; cada um de nós parecia preocupado de um jeito diferente, mas... Ao menos não estávamos mortos. Imagino a reação de nossos pais ao encontrarem nossos corpos em uma indústria de videogames.

– Eu não faço a mínima ideia, mas algo me diz que é melhor descobrirmos logo – Kilian estava sentando em uma das cadeiras do escritório do CEO. Lex não estava muito longe dele, mas o garoto parecia mais pensativo do que alguma vez eu já o tinha visto.

– Ah, sim! – Dan, que estava com o rosto enterrado atrás de um computador, gritou. – Antes que me esqueça... Med, precisamos de uma desculpa para sairmos hoje à noite, nossos pais não vão querer que saiamos novamente tão tarde, e nós não temos a menor ideia de a que horas vamos voltar.

Eu sorri para ele. Hoje, mais do que qualquer outro dia, Dan me lembrava aquele garotinho que um dia chegara à minha casa, totalmente indefeso.

– Quanto a você eu não sei, irmãozinho, mas a minha desculpa eu já tenho – passei meu sorriso para Ayram, que estava encostado numa parede com os braços cruzado. Se não tivesse levantado o rosto para mim quando ouviu meu comentário, poderia acreditar que ele estava petrificado. Ayram não falara muito depois do pequeno... Incidente. Talvez estivesse perturbado com tudo aquilo, mas... quem de nós não estava?

– Ei, o CEO libera o Wifi da empresa neste computador! Esse cara é mais bacana do que eu imaginava. Eu nunca disponibilizaria internet grátis para os meus escravos e...

– Dan, pelo amor de deus, cala essa boca – Lex caminhou até onde Kilian estava sentado, mas não tirou os olhos de meu irmão. – Não somos escravos desse cara, a única coisa que fazemos é...

– Tudo o que ele quiser! – Z resmungou, irritado, de algum lugar próximo ao sofá onde eu estava. – Qual é, vamos mesmo deixar que ele nos controle desse jeito? Ele não pode nos forçar a matar as pessoas, não é, Dan?

– Eu concordaria com você, Z, mas... O cara tem nossas cabeças. Se quisermos voltar a tê-las em nosso pescoço, acho melhor fazermos o que esse velho quer que façamos, não é mesmo? – Dan podia parecer inteligente quando falava... se ao menos tirasse os olhos da tela do computador quando o fazia.

– Eu concordo com o Baixote – Ayram finalmente se desencostou da parece e andou até mim, se sentando ao meu lado.

– Ei! Eu não sou um baixote – meu irmão gritou, frustrado, para Ayram, e ao menos por alguns segundos ele se desconcentrou do que fazia no PC.

Estendi minha mão no sofá e segurei a sua, então me dirigindo para Lex.

– O que acha que devemos fazer agora? – Perguntei. Talvez nenhum de nós soubesse o que deveríamos fazer, mas naquele momento Lex parecia mais centrada do que os outros; ela era a pessoa ideal para a pergunta.

A garota se apoiou na mesa em frente onde Kilian se sentara e me lançou um sorriso malicioso.

– Simples, Med. Nós vamos nos vingar – ela parecia satisfeita com o próprio plano. – É claro que até termos tudo preparado vamos ter que fazer o que esse patife mandar, mas eu juro que assim que tiver a chance eu mesma vou...

– Certo, nós entendemos, você quer matar o cara – Kilian ergueu a cabeça para poder encará-la – ,mas o que supõe que façamos agora?

– Oras, vamos tentar entender o que aquele velho maluco nos contou. Dan, as honras são suas – ela se sentou na mesa, os olhos grudados em meu irmão, que rapidamente levantou a cabeça, a expressão levemente confusa.

– Hã... Oi? – Ele encarou Lex por alguns segundos e depois passou o olhar para mim, como se estivesse pedindo por socorro.

– Ela quer saber o que aquele estúpido falou pra você – Z explicou, irritado. A cada minuto ele parecia estar mais fora de si. – Alguma coisa sobre máquinas enferrujadas.

– Ah, sim! O CEO comentou alguma coisa sobre enxergar em mim engrenagens enferrujadas, mas eu não entendi muito bem o que ele quis dizer com isso... Será que ele quis dizer que eu sou um robô ou coisa do tipo? Talvez eu tenha sido enviado do futuro, não acham? Para alertá-los sobre alguma coisa importante ou sei lá.

– Com certeza o irmão da minha namorada é um robô cibernético enviado do futuro! Grande Hadrian, a máquina infernal – Ayram riu da sua própria piada, seus longos cabelos compridos balançando o gesto.

– Eu não sei, mas quem sabe tem algum tipo de ligação com a mania que esse garoto tem com as máquinas. Talvez o CEO esteja certo; não acho que seja apenas uma coincidência o que ele falou com o fato de Dan ser um garoto maníaco por computadores – Kilian comentou, enquanto olhava para ele, preocupado.

– Aí, esse cara reconhece o meu talento! – Dan aplaudiu, olhando ironicamente para Ayram.

– Kilian tem razão – comentei. – Também não acredito que depois que o CEO nos disse que podemos ter... Hã, habilidades próprias... Quero dizer, Dan, ele não deixaria de levar em conta sua facilidade em mexer com eletrônicos; com certeza esse é o caminho certo para descobrirmos o que ele quis dizer.

– Mas, Med, eu não tenho a menor ideia do que...

– Nós vamos te ajudar a descobrir – Lex sorriu para ele. – Podemos ajudar uns aos outros, não é?

Z e Ayram concordaram.

– Ótimo! – Lex tornou a sorrir maliciosamente. – Esse é o nosso primeiro passo para a vingança.

Assim que tivemos os primeiros sinais de luz do sol e nossas cabeças tornaram a voltar para nós, nos retiramos da empresa. Inacreditavelmente, eu não estava cansada; na verdade, me sentia tão disposta que poderia até convencer a mim mesma que tudo não passara de um sonho. Infelizmente, eu não podia acreditar em qualquer tipo de negação que minha mente me oferecesse, não depois de ver o holograma da cabeça de Ayram se tornar novamente sua cabeça verdadeira.

– Então é isso? – Z perguntou, e cada um de nós concordou. – Certo, vamos nessa, o Porsche nos espera – ele comentou, e cada um de nós o seguiu até onde deixáramos o carro na noite anterior, quando cometemos uma verdadeira mancada.

Dan sentou-se a frente, com Z, que dirigia o carro. Lex e eu sentamos no meio enquanto cada um dos garotos ocupava uma das pontas traseiras. Eu sorri para Lex, e ela devolveu o sorriso, convencida.

– Vamos pensar em alguma coisa – comentei, e ela assentiu.

– Ah, sim, já que vamos matar aula pensei que podíamos assistir a peça do fantasma da ópera. Talvez isso ajude Meredith com os dela – Dan riu do banco do passageiro. Era divertido sentar atrás dele. Facilitava um pouco as coisas, como, por exemplo, um belo chute no banco do carro. Dan resmungou quando sentiu o contato, mas não falou nada.

– Cuidado com o carro, Meredith – Z resmungou, irritado. Eu o ignorei.

– Então, o que íamos fazer mesmo? Ir à biblioteca? – Ayram me abraçou enquanto falava.

– Vamos comprar algumas batatas no Zorro’s, estou morrendo de fome – Z sempre fora apaixonado pelo porsche; era a primeira vez que eu o via dirigir entediado. De fato, isso tudo não estava fazendo bem pra nenhum de nós.

– Cala a boca, Zack – Kilian gritou de trás dele. – Estamos falando sério. Será que não da pra notar que estamos com um problema enorme aqui?

– Kil tem razão, estamos em um grande aperto aqui – Lex disse, irritada, lançando um olhar de repreensão a Zack.

– Eu não quero matar ninguém – comentei. Talvez nenhum de nós tivesse seriamente pensado nisso, mas era o maior de nossos problemas. – O CEO vai nos obrigar, não vai?

– Droga, você está certa – Kil me encarou, preocupado. – Esse homem está nos transformando em assassinos.

– Se quisermos pôr um fim nisso, é melhor pensarmos em alguma coisa – Ayram falou, tão preocupado quanto Kil; todos nós estávamos finalmente em um clima sério.

O silêncio tomou conta do carro por alguns minutos, dando um tempo para cada um de nós pensar. Não era algo como uma questão para acabar com o CEO ou arrumar um caminho para encontrar nossos “dons”. Tínhamos que dar um jeito de não matar ninguém.

“Se me desobedecerem vou começar a ordenar que matem inocentes pelas suas cabeças. Talvez até seus próprios familiares” ele dissera, e essa era a parte que mais me preocupava. Era como um beco sem saída: ou eu mato quem ele manda, ou eu mato meus familiares... Droga, estávamos realmente ferrados.

– Fazemos o que ele mandar fazer; se ele confiar em nós, podemos derrotá-lo – Lex explicou. – Eu sei que ninguém aqui quer sair por aí matando as pessoas mas, no momento, não podemos fazer muito. Hoje à noite, nós vamos até a empresa e vamos receber nossas ordens. Precisamos entender como ele trabalha... quanto mais soubermos, melhor.

– Eu posso cuidar das máquinas – pude notar o sorriso de Dan pelo espelho do carro. – Se precisarmos de algum tipo de arma, ou...

– Ele é um demônio, carinha, se quiser atingi-lo de alguma forma, acredito que armas de fogo não sejam o ideal. Até porque o arsenal dele é bem ultrapassado – Kil argumentou contra Dan.

– Não acabe com a felicidade do meu irmão, Kil. Você ouviu o que o CEO disse, ele pode fazer muita coisa mais do que puxar um gatilho – falei, irritada.

– Qual é, aquele cara simplesmente não pode ser destruído – Z resmungou do volante. – Vamos parar aqui.

– Combinamos de esquecer a batata frita, Zack – Ayram foi o primeiro a sair do carro, provavelmente para se certificar de que mais ninguém sairia. Ele parou na calçada, em sua forma autoritária, lançando um olhar de ódio a Z.

Ele estava irritado; todos nós estávamos. Nós deveríamos estar. Fomos amaldiçoados, estar mal era um dos efeitos colaterais. Loucura, tontura, mudança contínua de humor... tudo poderia ser normal, mas não era.

– Qual é, meninos, parem com isso. Ay, entre no carro e Z, esquece as batatas, ok? – chamei-o de volta para o carro, mas era como se ele não quisesse estar ali.

– Não, não enquanto ele não entender o que está acontecendo aqui – Ayram respondeu rapidamente.

– Eu sei o que está acontecendo aqui, eu sei muito bem o que está acontecendo aqui – Z bateu forte a porta do carro quando saiu. – Eu fui amaldiçoado, todos nós fomos. Aquele velho CEO idiota tem nossas vidas nas mãos dele... são vocês que não entendem. Nós não podemos fazer nada. Não se jogam cartas com o demônio, Ayram. Não se jogam cartas com o demônio – desta vez ele olhava para mim, para Lex, para todos nós, como se estivesse sugerindo que largássemos tudo e déssemos nossas vidas para o CEO.

– A questão não é essa, Zack – Lex ficou de pé ao meu lado. – Todos nós sabemos que não vai ser nada fácil, mas queremos nossas vidas de volta, você não? Sabe-se lá o que aquele louco vai nos mandar fazer... ele não tem cabeça, Z, mas nós temos. Somos uma boa equipe, sabemos jogar, a única coisa de que precisamos é entrar no jogo. Esquece as batatas.

– Eu estou dentro – Kil também se levantou, interrompendo o pensamento final de Lex. – Ninguém arranca a cabeça da minha garota e sai ileso.

– Eu adoraria arrancar a cabeça do velhote – Ayram sorriu discretamente de uma maneira quase que assassina.

Dan largara o celular no banco e se virara para mim antes mesmo que eu pudesse me dar conta. Sorria para mim com aquele bom e velho olhar de quando éramos crianças: se você for, eu vou. Lancei-lhe um de meus velhos sorrisos e, ao mesmo tempo, repetimos o gesto de Lex e Kil.

– Todo jogo precisa de uma jogada especial – sorri para Dan.

– E de alguém para jogar – ele também sorriu e, agora, inacreditavelmente, eu sabia exatamente o que tinha que fazer... e alguma coisa me dizia que os outros também.

– Sabe, eu estou me sentindo o cavaleiro sem cabeça agora – Ayram comentou, enquanto saía do carro estacionado em frente à empresa que havia destruído nossas vidas.

– Com certeza é reconfortante saber que meu namorado assassina pessoas no meio da noite, o fato de não ter cabeça é só um detalhe... – Comentei, caminhando para a mesma porta por onde entramos na noite anterior.

Nós seis nos alinhamos perfeitamente em frente a entrada da empresa, como se esperássemos que um de alguém desse o primeiro passo; afinal, algum tinha que ser o primeiro a entrar. A questão era: quem?

– Então... O sol está se pondo – Kilian falou, atraindo todos os olhares.

– Quem sabe o que nos espera lá dentro desta vez – Z comentou, apreensivo.

– Bem, nós temos que entrar – Lex foi a primeira a passar pela porta. Logo, todos nós a seguimos.

Eu não sei ao certo o que eu esperava que fosse acontecer, mas estava tudo exatamente igual a noite anterior, exatamente como deveria estar. Isso, de certa forma, me deixou desconfortável. Alcancei a mão de Ayram e a apertei forte; nenhum de nós estava totalmente à vontade naquele lugar.

Nós andamos vagarosamente até a sala onde o CEO nos deixara pela manhã enquanto esperávamos o nascer do sol para sair, e ele estava exatamente lá, sentado em uma das cadeiras atrás de uma escrivaninha. Ele sorriu para nós.

– Como vão essa noite, meus cavaleiros? – Ele perguntou maliciosamente quando se levantou. – Devo ser honesto, eu não esperava tal pontualidade, até poderia imaginar que estão tentando me impressionar.

– Porque tentaríamos impressioná-lo? – Kil perguntou, irritado.

– Todos tem seu motivo, não seriam os primeiros. Seja como for, vocês tem um trabalho a fazer para mim esta noite – ele caminhou lentamente até nós e tirou um relógio do bolso, examinando-o por alguns segundos. – Meus mais jovens cavaleiros – ele pousou a mão sobre o ombro de Lex, e pude ver Kil segurar o impulso de atacá-lo. – Caçarão juntos esta noite. Talvez isso traga sorte para uma primeira vez – ele riu. – Vão até os limites da cidade, a vitima deverá passar lá em exatos 41 minutos. Vocês terão esse tempo pra encontrá-la e identificá-la; tragam-me seu corpo ante do nascer do sol e suas cabeças voltarão para seus pescoços.

– Você não tem uma foto? Como vamos saber como ela é? E o nome? – Z perguntou, confuso, ao CEO.

– Infelizmente, senhor SOBRENOME, eu não forneço esse tipo de informação, mas sintam-se à vontade se quiserem descobrir – O CEO respondeu, friamente.

– Como vamos saber quem ela é? – Perguntei.

– Vocês saberão, e... Ah, mais uma coisa. Não vão querer usar o carro – ele respondeu sorrindo, uma última vez, e então simplesmente desapareceu.

Eu e meus amigos nos direcionamos novamente para a saída sem dizer mais nada enquanto caminhávamos, e eles, por mais que eu não quisesse admitir, também estavam junto de nós. Ninguém tornara a tocar no assunto de nossos dons; eu não queria que pensassem que eu era um monstro, e talvez meus amigos também se sentissem assim.

– Então é isso, não é? – Ayram apertou minha mão enquanto falava. – Já que entramos nessa, é melhor fazemos o trabalho direito. O que acham de apostarmos corrida até os limites da cidade?

– São quase 5 quilômetros, Ayram – repreendi sua ideia.

– Quem se importa, Med? Somos filhos do demônio agora. Por mais que eu não imagine o CEO correndo com uma roupa de ginástica, acho que podemos fazer isso – Dan sorriu para mim e Ayram. – Nós somos os caras mais rápidos da cidade!

– Eu não sei vocês, mas quero minha cabeça de volta no lugar – Lex gritou, já de longe, enquanto ela e Kil corriam pelas ruas escuras.

– Vamos lá – Z sorriu,enquanto nós nos juntávamos à corrida contra o tempo.

Nunca imaginei que correr fosse tão divertido. Foi como voar de pés no chão, era tudo tão rápido que eu mal os sentia tocar o solo; a única coisa que importava era o vento que se chocava contra mim, e meus amigos que corriam junto comigo.

Não foi difícil chegar aos limites da cidade, não com a nossa velocidade inumana. Lex, Kil e Z chegara alguns segundos antes que eu e os outros, e eu tinha certeza de que estavam sorrindo por dentro, afinal, não é qualquer um que pode correr deste jeito.

– Eu não sei vocês, mas eu acho que é aquele ali – Dan apontou para um grupo de pessoas mais a frente, do outro lado da rua.

Ele estava certo. Eu não tinha ideia do porque, mas alguma coisa dentro de mim concordava com Dan: nossa vítima estava naquele grupo. Ele não parecia grande ameaça, não era alto, nem aparentava ter feito alguma coisa importante, provavelmente teria passado despercebido se ele e os amigos não estivessem rindo tão alto. Por um momento, me perguntei porque o CEO o queria morto, ou porque alguém teria contratado o CEO para vê-lo enterrado, mas... isso não vinha ao caso, pelo menos não naquele momento.

Deveríamos agradecer ao CEO por ter nos mandado ao limite da cidade, pois poucas pessoas cruzavam o local, e menos ainda viviam por ali. Mas, ainda assim, o movimento era razoável.

– Como vamos fazer isso? – Dan perguntou, confuso; sua voz soava baixinho. – Digo, como vamos matá-lo com esse grupo de gente em volta?

– Alguém vai ter que tirar os amigos de lá... Ou alguém vai ter que tirá-lo de lá – Lex explicou, e ninguém discordou da ideia dela.

– Certo, você vai lá e trás o garoto – Z sugeriu quase que imediatamente. – Por mais que os amigos não percebam, o CEO deixou bem claro que as vitimas podem ver que nós não temos cabeças; com certeza eu iria sair com uma garota descabeçada se estivesse no lugar dele!

– Você tem alguma outra ideia, gênio? – Ela fuzilou Z, irritada.

– Eu tenho – Ayram sorriu. – Nós temos poderes, lembram-se? Talvez eu possa ajudar com isso...

– Ay, o que você vai fazer? – Perguntei, olhando para ele.

– Posso testar em você? – Ele perguntou, segurando minhas duas mãos diante do meu rosto.

– Não é algum tipo de poder que cause dor, é? – Olhei para ele, preocupada. – Eu não ia querer, sei lá... Ser torturada pelo meu namorado.

– Não se preocupe, Med, eu só... Você vai viver – ele apertou minhas mãos e, de repente, seus olhos estavam colados nos meus, mas mão estávamos mais nas fronteiras da cidade.

Ayram estava com sua cabeça exatamente onde deveria estar, do mesmo jeito que eu me lembrava. O silêncio tomava conta do local, e eu não sabia onde estava, mas era alguma coisa escura, pois eu não podia enxergar muita coisa. No entanto, eu sabia que Ayram estava bem à minha frente, segurando minhas mãos. Os olhos que um dia foram tão escuros quanto um buraco negro agora brilhavam num vermelho vivo, de forma que eu me perguntava se ele estava sofrendo algum tipo de possessão.

– Ay? – Eu tentei me comunicar com ele, mas a expressão dura e severa que ele manteve deixou claro que ou ele não conseguia me ouvir, ou não conseguia falar comigo. – Ayram, o que diabos você está fazendo comigo? – Eu gritei, e foi quando tudo verdadeiramente começou.

Foi como se o sol estivesse a apenas alguns centímetros de mim quando a luz me alcançou, eu gritei com o impacto que ela causou nos meus olhos e rapidamente levei as mãos até eles numa tentativa de aliviar a dor ou até mesmo de bloquear a luz que vinha vorazmente contra mim. Os ventos começaram logo em seguida, tentando me puxar violentamente do chão. Eu tentei abrir meus olhos, mas a luz não permitia que eu o fizesse. E então tudo desmoronou, Ayram não estava mais lá, segurando minhas mãos e impedindo que eu fosse sugada pelo vento; eu estava voando, girando, girando loucamente, e eu gritava, tentando, no mínimo, chamar sua atenção. Ele tinha que parar com aquilo. A luz se tornara mais fraca quanto mais eu girava, quanto mais eu gritava, até que, finalmente, desapareceu junto com o tornado. E, quando eu finalmente consegui abrir meus olhos, eu estava caindo, despencando diretamente para dentro de um mar, um mar que aparentemente era infinito; e as tsunamis eram gigantes, realmente enormes. Ayram estava lá, flutuando à minha frente. Não tocava na água, mas seus olhos vermelhos seguiam minha queda sem desgrudar do meu rosto, e ele não se movia. Ele não estava na água, ele estava... Voando? Quando eu finalmente pensei que chegaria até Ayram, as águas me atingiram, as mais violentas e geladas que eu já tinha visto. Elas penetravam pela minha roupa, tocavam a minha pele como um milhão de lâminas que perfuravam meu corpo. Como se não bastasse, as ondas gigantes vinham para cima de mim, impedindo que eu respirasse. O impacto que veio em seguida foi tão forte e doloroso que os gritos vieram mesmo que meus pulmões estivessem vazios, como se minha voz fosse mais importante que o oxigênio; Ayram finalmente voltara ao normal, ele e todos os outros estavam em volta de mim, em cima de mim. Eu estava de volta.

– Med, me desculpa – a voz de Ayram soava distante, mas ele... Ele estava bem ali na minha frente, o holograma do seu rosto demonstrava uma expressão preocupada, enlouquecida, quase que paranoica. – Eu não queria... Eu não sabia.

– O que aconteceu? – Eu perguntei, confusa. Em um momento, eu estava me afogando, no outro estava jogada no asfalto com 5 adolescentes com hologramas no lugar de suas cabeças em volta de mim.

– Seu namorado completamente maluco tentou te enlouquecer – Lex estendeu a mão me ajudando a levantar; eu quase despenquei no chão, percebendo que minhas pernas tremiam. – Você está bem?

– É claro que ela não está bem, Alexia! – Zack resmungou, preocupado. – Você viu como ela gritou, como ela...

Ayram! – Eles gritaram, irritados.

– Guarde isso para as vítimas, não para minha irmã – Dan terminou, correndo para me dar um abraço.

Ayram veio depois dele, me examinando para ver se eu estava bem. Agora as coisas começavam a fazer sentido; Ayram conseguira construir ilusões dentro da minha mente.

– Me desculpa, Med, eu... Eu comecei mas não sabia como parar, eu... Eu fiquei com tanto medo de te machucar, não sei o que aconteceu... – Ele sussurrou, perturbado, no meu ouvido.

– Tudo bem, Ayram, eu estou bem... Eu acho – me soltei de seus braços e recuperei meu equilíbrio, fazendo com que minhas pernas parassem de tremer. – Bem, acho que você podia fazer isso com os amiguinhos daquele garoto enquanto nós... Assassinamos – um machado duplo exatamente no mesmo formato do que aquele com qual o CEO arrancara nossas cabeças surgiu em minha mão quando eu pronunciei a palavra.

– Meredith, como você fez isso? – Dan perguntou, um tanto surpreso, um tanto preocupado.

– Eu não sei...

– Ela entrou no jogo, garoto. Ela foi a primeira a entrar de fato no jogo – Lex sorriu para mim enquanto uma ARMA aparecia magicamente em sua mão, exatamente como acontecera comigo alguns segundos atrás. – Vamos, temos trabalho a fazer – ela olhou, séria, para Ayram. – Espero que faça com aqueles caras o dobro do que fez com Med, ou até mais – ela sorriu maliciosamente, girando a arma.

Ayram segurou meu braço antes que pudéssemos fazer qualquer coisa.

– Se eu pudesse voltar no tempo...

– Nunca teria me pedido em namoro, eu sei – brinquei, sorrindo para ele.

– Nunca teria usado aquele negócio em você, nunca teria te deixado entrar naquele lugar e juro que você nunca sequer ia conhecer um jogo chamado Deadman's Shadow. O CEO não chegaria perto da minha garota nem por cima do meu cadáver e...

– Tudo bem, Ay – eu repreendi o reflexo de beijá-lo e o abracei, lamentando por ele não ter a maldita cabeça no lugar. – Vamos dar um jeito nele, um dia vamos rir de tudo isso. Só tem que me deixar fazer nosso trabalho agora.

– Certo. Acabe logo com ele, eu quero minha cabeça de volta. E mais uma coisa, se quiser... Pode testar seus poderes em mim depois, talvez isso compense tudo aquilo que eu...

– Ora, Ayram, que ideia é essa? Eu ia me vingar de você mesmo que não se oferecesse, mas obrigada mesmo assim – sorri pra ele uma ultima vez. Ao menos ainda tínhamos os hologramas... – Eu já volto, meu cavaleiro sem cabeça.

Ele sorriu para mim também e, unto com os outros, eu atravessei a rua.

O sorriso sumiu do rosto de nossa primeira vitima assim que seus companheiros caíram no chão aos berros, estaria ele confuso, ou com medo? Talvez de fato eu não quisesse a resposta desta pergunta, mas assim que os olhos dele caíram sobre nós cinco, certamente ele estava morrendo de medo. Ele gritou antes de tentar sair correndo, felizmente nós éramos mais rápidos.

A expressão de pânico no rosto dele aumentava a cada segundo, eu não o culpava, nenhum de nós estaria numa situação diferente. Zack correu e cortou o caminho do garoto pela frente, ele gritou enquanto se virava e esbarrava em Kil, ele estava cercado, cada um de nós o prendia de alguma maneira.

– Por favor, não me matem – ele gritou enquanto se jogava no chão mergulhado nas próprias lagrimas. – Eu... Eu sou inocente, eu não fiz nada, eu juro.

– Nós também não fizemos nada, garoto – Kil disse friamente para ele. – Mas o destino não pode abençoar a todos.

– Hoje o dia será nosso – Z explicou para ele enquanto cada um de nós se aproximava lentamente até que o circulo se fechara.

Por um momento nós nos entreolhamos e sabíamos exatamente o que iria acontecer em seguida.

– Nós não queríamos fazer isso... – Disse calmamente a ele. – Mas...

– Se não entregarmos você, pagaremos o preço – Dan completou logo ao meu lado.

– E entre nós e você, preferimos que seja você – Lex levantou a arma que carregava e quando seus braços abaixaram conduzindo-a, a cabeça do garoto se esvaíra em fumaça.

Eu olhei para trás, para Ayram, ele liberara o grupo de seus poderes, ele sorriu para mim e correu até nós. O corpo do garoto lentamente era consumido por uma nuvem negra, eu imaginei que finalmente tudo estivesse acabado quando ela... Avançou para nós, consumindo-nos.

– Meu parabéns – o CEO nos recebia em sua própria sala desta vez, naquela em que fomos amaldiçoados. – Trabalharam bem esta noite, meus jovens cavaleiros, como o prometido... – Ele estalou os dedos e eu pude sentir a carne substituindo o holograma de meu rosto.

– O que vai acontecer com o homem que matamos? – Ayram perguntou.

– O que eu poderia fazer com um homem morto, cavaleiro? – O CEO respondeu ironicamente se ajeitando na cadeira grande, os outros servos, aqueles que nos seguravam enquanto o CEO arrancava nossas cabeças se encontravam não muito distantes dela, com os risos disfarçados.

– Ele tem razão, Ay, vamos logo pra casa – eu resmunguei, ninguém descordou, nós precisávamos sair daquele lugar nem que fosse por pouco tempo.

– Eu os espero amanhã ao por do sol, sem atrasos – o CEO disse e do nada ele e seu escritório desapareceram, estávamos do lado de fora da fabrica, eu sorri, talvez os outros também tenham sorrido naquele momento.

– Sabe, eu andei pensando, existem muitos como nós por ai... O CEO com certeza tem monstros por todo o lugar. Deveríamos ficar contentes por sermos um deles, certo? Eu não sei como reagiria se uma gangue sem cabeça tentasse me matar, e nossa maldição, se for na verdade... Uma bênção?

– Med, você está delirando, o que o CEO fez com você? – Ayram perguntou, nós caminhávamos para a frente da fabrica, o carro do Ayram não estava muito longe. Pude ver as luzes da cidade lá da frente, estendi a mão para a de Ayram.

– Será que podemos esquecer o assunto do CEO por um momento, eu não quero mais falar nisso, pelo menos por enquanto – Dan sugeriu, era uma boa proposta.

– Não, Dan, nós não podemos – Lex disse olhando atônita para Ayram, a expressão dela se repetiu em Kil e Z, cada um deles olhando para Ayram. Eu segui o olhar deles, e o grito que escoou pela minha garganta foi inevitável. A expressão que nasceu em Ayram era totalmente inexplicável, um tanto confuso, um tanto preocupado.

A risada surgiu entre meus amigos tão calorosa quanto uma manhã de primavera quando absorveram a situação.

Eu olhei para Ayram, caminhando lentamente até ele, confortei minha mão em seu rosto e disse tão confusa quanto já estive por hoje.

– Ayram, seus cabelos estão cheios de trancinhas.


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Notas finais do capítulo

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