The Headless Gang escrita por Shiro, Slytherin Demigod


Capítulo 3
Linha de chegada Infernal


Notas iniciais do capítulo

Certo... agora que vocês tem uma ideia de como são os dias do pessoal, vamos agora descobrir como são as noites XD HEHEHEHEHEHE
Esse capítulo é pras chatas que estavam reclamando da falta de ação -.- Esperamos que gostem!



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– Eu costumava gostar do pôr do sol. Era bonito... Sabe, antes.

– Era.

– Simbolizava um tanto de coisa legal. Incluindo a noite. Elas costumavam ser boas também.

– Parece uma menininha reclamando, Z.

– Ei! - exclamei, dando uma cotovelada em Ayram. - Vou te mostrar como uma "menininha" reclama quando te der um chute nas...

– Relaxa, Lex - Med falou, empurrando meu ombro de leve - Não foi assim que ele quis dizer. Se fosse, eu mesma explodia a cara dele.

Os garotos riram, e Ayram encarou Med com uma expressão de medo falso. A piscina da cobertura, atrás de nós, brilhava laranja pelo reflexo do céu e dos últimos raios de sol.

– Que prédio seria esse, exatamente? - Dan perguntou.

– Não sei. Tanto faz. Mas tem uma boa beirada nas janelas do canto sul - apontei para trás, para a parede que levava aos fundos do prédio. Nós, na cobertura, olhávamos para a rua embaixo.

– Eu só quero ver quando você errar e se estatelar no concreto. Aí talvez você finalmente pare de escalar prédios. Se não morrer - Dan resmungou.

– Eu não vou me arrebentar, Dan, relaxa. Principalmente em prédios como esse. É quase fácil demais. - Bufei. - E, não seja hipócrita. Aquele salto foi quase tão perigoso - apontei para o vão entre o prédio onde estávamos e o prédio do lado, Que Med, Dan, Z e Ayram haviam saltado.

– Foi legal. Devia ter vindo, Kil.

– Nem me fale - Kilian passou as mãos arranhadas na bermuda. - Essa foi a última vez, Lex.

– Você sempre diz isso - Med falou, e Kilian riu. Seus cabelos loiro escuros ficavam ainda mais loiros na luz laranja de fim de tarde.

– É, eu sei - ele piscou um dos olhos negros para mim, e eu o mostrei o dedo do meio.

– O sol está quase desaparecendo - Zack comentou - Ah, como eu odeio as noites.

– Não seja hipócrita. Eu sei que você acha meio divertido. Eu também acho - Med retrucou, saindo de debaixo do braço de Ayram, se levantando e espreguiçando - Gosto da ação. Mas sinto falta de dormir.

– Eu não diria "divertido". Mas concordo que tudo tem seu lado bom. - Z mexeu no cabelo, mas não desviou os olhos da última réstia de luz do sol.

– Quem será hoje? - Dan perguntou - Eu realmente NÃO GOSTO de fazer isso.

– Pode sempre parar - Ayram brincou.

– Não pode não. Eu gosto do meu irmãozinho vivo - Med suspirou.

– Pelo amor de deus, Med. Temos a mesma idade!

– Tchauzinho, Sol.

– Cale a boca, Zack. E, Dan, você sabe muito bem que eu sou três meses mais velha.

– Mas nós dois temos dezesseis. O tanto de meses não faz diferença!

Eles continuaram a discutir, mas eu não prestei atenção. Os últimos raios de sol desapareceram, lentamente, e tudo escureceu. Olhei para o lado uma última vez antes da minha visão escurecer.

Como de costume, durou só um instante. Logo eu via, ouvia e respirava normalmente e, muito embora estivesse escuro, eu via melhor do que durante o dia. Mais do que claro para, quando olhei de novo para o lado, ver meus cinco melhores amigos... Ou, ao menos, seus corpos e seus pescoços. O resto acima era apenas ar.

. . .

– Quem será hoje?

– Saberemos assim que ele nos contar.

– Certo. - estalei os dedos e tirei o moletom, ficando apenas com a blusa preta de baixo - O vencedor de hoje ganha o quê?

– Cinco pratas de cada um. E o que mais ele quiser - Zack sugeriu, e nós concordamos. - Vejo vocês lá, palhaços.

Ele então começou a correr. Pulou de volta para o outro prédio, o vizinho, e correu para as escadas. O resto foi atrás, e Kilian também se dirigia para lá quando agarrei seu colarinho.

– Kil... Vem por aqui. Tenho uma ideia melhor.

Ele concordou e me seguiu até a amurada da cobertura. Eu então olhei para baixo e subi nela.

– Tem certeza? - Kilian subiu atrás de mim - Se quebrarmos as pernas, não vamos conseguir ganhar a corrida.

– Tenho. São só treze andares. E vai ser divertido. - sorri, e tive a impressão de que ele também.

Kilian olhou para baixo uma vez, depois nos entreolhamos e pulamos. A queda demorou apenas alguns instantes, e então estávamos aterrisando na calçada, sobre uma perna dobrada e um joelho. O impacto afundou e rachou a calçada, e as pessoas na rua olharam, gritaram e correram, o que foi a deixa para nós mesmos começarmos a correr. Estava de noite, então nossa velocidade era impressionante. Para as pessoas que assistiam, não devíamos passar de um borrão disparando para longe.

Já estávamos na próxima rua quando o resto do grupo saiu do prédio. Porém, Ayram e Med eram skatistas. E digamos que, de noite, os skates deles eram especialmente rápidos. Então, eles logo compensaram o atraso, nos alcançando em poucos instantes. Não vi Dan e Z, mas Dan provavelmente fez o que sempre faz: encontrou um ótimo atalho. E Z provavelmente inventou alguma maneira louca que a gente não viu; o fato é que nos aproximamos do prédio ao mesmo tempo.

Ayram e Med passaram por mim e por Kilian, ficando alguns metros à nossa frente. Mas a luz dos postes era forte o suficiente para eles terem sombra. Então, me concentrei na dos skates. Mais precisamente, nas rodas. Em poucos instantes, as rodas da frente de ambos os skates foram violentamente arrancadas por, aparentemente, nada.

Se Ayram e Med fossem pessoas normais, terian caído e capotado por um bom tempo. Mas Ayram e Med eram TUDO menos pessoas normais. Então, eles simplesmente desceram dos skates do meio do movimento e começaram a correr. Dan de repente brotou na esquina na direita, e Z, na esquina da esquerda.

Ayram e Med tentaram nos fazer tropeçar, mas Kil me girou para fora do caminho e eu o puxei atrás de mim. Invadimos o hall de entrada da grande empresa deslizando, e eu estava prestes a comemorar quando vi Dan e Z sentados em cima do balcão principal.

– Demoraram - Dan falou, olhando o relógio, e Z pareceu bocejar - Fizeram um lanche no caminho?

– Merda - resmunguei, levantando do chão queimado pelo atrito. - O que diabos...?

– Depois falamos - Dan disse, olhando para o relógio de pulso - Já estamos atrasados.

Ele chamou o elevador, e isso foi tudo o que eu vi antes de Med e Ayram me empurrarem contra a parede ao lado da porta, cada um segurando um ombro meu.

– Se ferrar com os nossos skates de novo... - Ayram começou.

–... Nós te quebramos - Med falou. A ameaça pareceria bem séria se eles não estivessem sorrindo.

– Gangue. Sem confusão na recepção. - A recepcionista não desviou os olhos do computador para falar conosco. - Já vamos ter que substituir o chão, e o Sr. Fehlberg está esperando.

– Certo, certo - me abaixei e escapei por entre as pernas dos dois e fui até a recepcionista - Não precisa ser chata, Nancy. Já estamos subindo.

Ela ajeitou os óculos, mas não olhou pra mim nem respondeu. O elevador chegou, e nós entramos.

– Boa sorte com o chão! - Z berrou. Achei ter ouvido Nancy rosnar. A porta se fechou, e nós subimos.

Andamos em silêncio pelo corredor do último andar, e eu cheguei à conclusão de que nunca passaria ali sem lembrar da primeira vez na qual tínhamos feito isso. Naquela noite... Bom, naquela noite nós fizemos besteira. E não foi uma besteira qualquer. Foi uma besteira que teve consequências.

Dan bateu na grande porta de madeira. Segundos mais tarde, ouvimos a voz da "secretária" chefe de Fehlberg nos mandando entrar. Abrimos a porta, e lá estavam eles.

O CEO estava, como sempre, sentado em sua enorme cadeira de couro negro, os pés apoiados na longa mesa de madeira escura. Era escoltado de ambos os lados por seus dois secretários principais: Tony e Alina. Quando entramos, fechou a pasta que estava segurando e a entregou à secretária à sua direita.

– Estão atrasados, como sempre.

– Boa noite pra você também, Fehlberg - Z resmungou.

O CEO riu, a risada gélida de sempre, e mais uma vez me lembrei da primeira vez em que a ouvi, dois meses atrás.

Naquela noite...

Naquela noite, eu e meus amigos fomos enganados. Fomos presos e então mortos. Ou melhor... Amaldiçoados. Minhas mãos se apertaram em punhos. Tudo por causa dele.

O CEO continuou a falar, mas eu não prestava mais atenção. Minha mente viajou no tempo, de volta a dois meses atrás, àquela noite.

. . .

– Quem pisou no meu pé?

– Foda-se o seu pé... Alguém me deu uma cotovelada no estômago!

– Acha logo essa porra dessa luz, Dan.

– Ok, ok, acalmem-se... E CALEM A BOCA. Se alguém nos escutar, fudeu.

– Se esses idiotas pararem de me bater...

– SHHHHHH!

A luz finalmente se acendeu, e consegui, pela primeira vez, ver onde estava. Parecia ser algum tipo de recepção, talvez, mas não a principal. Haviam alguns cubículos, alguns computadores, uma mesa principal. E era isso.

– Certo - Dan correu até o computador principal - O centro de dados fica no penúltimo andar. Pelo que diz aqui, lá é apenas o centro e o escritório do CEO, então não devemos ter problemas. Só me dêem um instante pra descobrir a senha do elevador.

– Ou... O Zack pode nos carregar até lá em cima - Med brincou, sentando em um dos cubículos e jogando os pés na mesa como se estivesse em casa.

– Tá brincando? Depois daquela cerca, só daqui a um bom tempo - Zack girou o braço - Acho que tirei o ombro do lugar, seus palhaços. Da próxima vez que formos pular uma cerca de quase três metros de altura, o Kilian que vai levantar.

– Vai sonhando, Zack - Kil brincou.

– Vai sim, seu merda.

– Me obriga. Tenta. Aí a gente vê o que acontece - Kilian olhou ameaçadoramente para Zack, mas o sorriso entregava que estava brincando.

– Humpf. Ao menos o Ayram. Ele é o mais alto, ele que devia levantar.

– Nem pensa, cara - Ayram resmungou, simplesmente.

– Calem a boca, seus viados. Eu levanto todos vocês da próxima vez - zombei, sentando na mesa principal e espiando Dan.

– Meninas não servem pra dar impulso, Lex. Você não aguenta metade do Ayram - Zack tentou desviar a atenção, mas os dois outros guris já riam dele.

– Meninas não conseguem fazer o quê...? - me levantei, indo até ele como que o desafiando.

– A Lex vale dez de você, Zack - Dan riu - E, aliás, vocês estão berrando. Calem a boca.

– Certo, certo. Mas a gente vai resolver isso depois - Z semicerrou os olhos, mas se controlava para não rir.

– Com certeza. Você não escapou dessa surra - falei, e eles riram.

– Ok, consegui os códigos. - Dan levantou, desligou o pc e chamou o elevador - Vamos ter que ser rápidos. Devem ter mais seguranças lá em cima. Lex, Med, cuidam deles? - Nós assentimos - Beleza. Eu só preciso de cinco minutos no computador principal.

– Por quê as garotas ficam com toda a diversão? - Ayram reclamou.

– Por quê elas são discretas. E vocês parecem uma manada de elefantes. Se eles chamarem a polícia, acabou.

– Relaxa - Med piscou para Ayram - Talvez eu guarde um pra você. Mas provavelmente não.

Ayram avançou em Med (esses namorados malucos), mas Dan o interrompeu no meio do movimento, gesticulando para o ambiente ao redor como se dissesse, AQUI NÃO. Ayram de afastou e deu de ombros, mas, quando o elevador chegou, ele entrou, e todos os outros atrás. Hadrian digitou a senha, e ele começou a subir.

– Vai estar escuro lá - Dan falou, apagando a luz do elevador. - Garotas, tentem neutralizar qualquer um que esteja na área o mais rápido possível. Eu vou direto para o computador principal. Ayram, Kil, Zack, fiquem de guarda. Se alguém inesperado aparecer, impeçam. Mas tentem não fazer barulho demais.

– Não vai adiantar de nada - eu ri - Você não pode pedir pra um filhote de hipopótamo fazer silêncio, Dan. Ele não vai conseguir.

O elevador riu, e alguém me deu um tapa na nuca. Provavelmente Ayram.

– Lex tem razão. Os idiotas não conseguem. Talvez devêssemos cortar as cordas vocais deles - Med sugeriu.

Zack havia começado a responder quando as portas se abriram.

O corredor era largo e não muito longo. A visibilidade era ruim por causa da escuridão, mas eu consegui distinguir uma sala de vidro à direita, ocupando toda a parede direita do corredor, até o final, e um par de enormes portas duplas mais ou menos na altura da metade da parede da esquerda. No final do corredor, havia uma janela de corpo inteiro, para qual dois guardas olhavam e conversavam. Haviam câmeras, mas Dan as havia desativado na sala de controle, assim que chegamos.

Eu e Med saímos primeiro, nos esgueirando para o corredor e andando lenta e silenciosamente até os guardas distraídos. A um metro deles, tirei o taser de dentro do bolso do moletom, e atacamos juntas. Med, tão alta quanto os guardas, tapou a boca de um e o arrastou para trás, ao mesmo tempo que eu eletrocutei o outro bem no pescoço. O guarda de Med foi o próximo.

Assim que os dois ficaram inconscientes, os garotos saíram da sombra do interior do elevador e se posicionaram em frente à sala de vidro, que precisava de um código e de uma chave.

– Lex! - Dan me chamou, assim que colocou a senha. Fui até lá, enquanto Med ficava com os guardas desmaiados, e tirei dois grampos de cabelo de debaixo do gorro. Me ajoelhei ao lado da fechadura e, em menos de um minuto, estava aberta.

– Você ainda precisa me ensinar isso - Zack resmungou, enquanto entrava na sala.

A sala era longa e comprida. Em um dos lados, havia um projetor, uma longa mesa de reuniões e um enorme computador. O resto da sala era composto por longas mesas com várias estações de computador em cada uma. Dan correu direto para o maior computador, no fundo na sala, e o ligou. Inseriu então um pen drive, e o resto foi avançado demais para que eu pudesse entender, envolvendo séries de códigos, campos de senhas e permissões.

Eu, Med e os guris logo nos abaixamos ao lado de Dan, observando as coisas loucas que ele fazia. Era suposto que alguém ficasse de guarda, mas ninguém se importou com isso. Dan invadiu os sistemas, copiou a original do Deadman's Shadow e imediatamente colocou uma cópia dela na Internet. Então apagou completamente todos os arquivos do jogo que haviam no mega computador.

– Consegui. Vamos ver se eles vão cobrar uma fortuna AGORA. - Dan exclamou, feliz, e todos nós começamos a comemorar.

Foi quando tudo começou a dar errado.

– Afastem-se do computador. Lentamente. - A voz mais fria que já ouvi falou, controladamente.

. . .

Alexia? – a mesma voz da memória, fria como o gelo.

– O quê?

– Você não respondeu. Estava sonhando acordada – ele fez um sinal para a secretária á sua direita, e ela foi até mim e me entregou o arquivo. – Os casos de hoje. Prestem muita atenção. Este não é um serviço qualquer. Essa família...

Ele voltou a discursar, e minha mente divagou mais uma vez. Encarei o chão enquanto lembrava do resto do incidente.

. . .

Nós olhamos para a figura mais ou menos ao mesmo tempo. Ele estava parado logo após a porta, talvez a uns três metros de nós, apontando uma 45. em nossa direção. Mas o mais assustador não era a arma, e sim a pessoa em si.

Quem quer que fosse provavelmente era uma pessoa de grande poder. Ele usava um terno, que antes possivelmente era muito bem cortado, mas que agora estava cortado, rasgado e até despedaçado em alguns pontos, tais como as mangas e a gravata. Parecia que o homem havia sido atacado por algum tipo de besta furiosa, mas ele em si não apresentava um arranhão. Ele era alto, não tanto quanto Ayram, mas talvez da altura de Kilian. Aparentava ter uns 28 anos, e era até bem gato. E, muito embora algumas características destoassem dessa avaliação, tal como a barba por fazer e a pouca idade, de repente me ocorreu que ele devia ser o CEO. O que o Dan havia dito antes de subirmos? Algo como "Lá em cima só tem o centro de dados e o escritório do CEO". Puta merda. O bastardo devia estar trabalhando até mais tarde.

– Eu só vou falar mais uma vez. Afastem-se do computador.

Nós nos afastamos, um, dois, três passos do pc. Mas o CEO ainda apontava a arma, displicentemente apoiada em uma só mão, para nós.

– Você - ele falou diretamente com Dan, que obviamente era o que estava fazendo as mudanças - O que acabaram de fazer? Eu quero a verdade. Vou saber se estiver mentindo.

– Dan... - Med começou, mas Hadrian a interrompeu.

– Não, Med. Não tem por quê mentir. Nós copiamos o original de Deadman's Shadow. Apagamos os arquivos que estavam aqui. E colocamos uma cópia em um site de downloads na internet. - ele, lentamente, removeu o pen drive do pc, colocou-o no chão e o chutou na direção do CEO. - Aqui está a cópia.

Ele não se moveu nem um centímetro. Houve um pequeno período de silêncio.

– Como se chamam? Todos vocês - ele ainda olhava para Dan.

– Eu sou Hadrian. Essa é minha irmã, Meredith, o namorado dela, Ayram, e meus amigos, Zack, Kilian e Alexia. Todos temos 16 anos - Dan ergueu uma sobrancelha - Vai precisar dos sobrenomes?

Ele não respondeu de imediato. Mas não parecia inseguro. Muito pelo contrário. Ele até parecia... Satisfeito. Parecia considerar cuidadosamente o próximo passo.

– Aqui, todos vocês. Entrem na sala do outro lado do corredor. Agora, e sem reclamações. Se alguém tentar fugir, eu vou atirar, estão me entendendo?

Não respondemos, apenas fizemos o que o CEO mandou. Só preciso de um momento de desatenção, pensei. Se ele se distrair, só por alguns segundos, eu eletrocuto o filho da puta e a gente vai embora.

Meus planos foram interrompidos quando entramos na sala do CEO, a porta que ficava à esquerda da saída do elevador. Lá dentro, mais duas pessoas nos esperavam. Duas pessoas tão estranhas quanto o homem, que entrou atrás de nós, fechou a porta e caminhou até sua própria mesa, logo à nossa frente. As duas pessoas o flanqueavam, uma pela direita, outra pela esquerda.

A pessoa da esquerda era um cara bronzeado. Ele tinha longos dreadlocks e piercings, mas as roupas eram totalmente pretas, os olhos, vazios, e a boca... Seus lábios eram costurados um ao outro de uma forma que só podia ter saído de um filme de terror.

A pessoa da direita era, se possível, ainda mais estranha. Ela era uma garota, ao menos dez centimetros mais baixinha do que eu, de longos cabelos loiros com mechas vermelhas. Ela, também, usava preto, mas seus lábios eram normais. A coisa com ela era a larga venda que cobria completamente os olhos. Mas a garota não aparentaba nem um pouco aquela típica insegurança dos cegos, ela parecia até mais segura do que o normal.

– Vocês tem noção - o CEO havia sentado em sua enorme cadeira de couro - da dívida de bilhões de reais que acabaram de causar à minha empresa?

Nenhum de nós respondeu. Talvez a situação fosse esquisita demais, ou talvez a pergunta simplesmente não tivesse uma resposta.

– Vocês, possivelmente, acabaram de me falir - o diretor suspirou.

– Você parece muito calmo para alguém que acabou de falir - Med comentou.

– Isso é por que vocês vão quitar essa divida - o CEO respondeu.

– Nem vem, tio. Não temos grana - falei.

– Eu sei - ele parecia nos avaliar - Vocês não vão pagar. Vão trabalhar pra mim. O único problema é que eu não tenho nada que vocês possam fazer na empresa de videogames. - o homem, estranhamente, sorriu. - Sorte a nossa que esta empresa não é de videogames. Pelo menos, não de noite.

– Olha só, cara, foi só uma brincadeira - Ayram falou - Nós só vamos embora.

O CEO simplesmente o ignorou. Guardou a arma na gaveta e então continuou a falar. Essa é a nossa chance, pensei.

– Nós trabalhamos com outro tipo de serviço depois que anoitece. E vocês vão realizá-lo.

– Pode ir sonhando, tiozão. A gente tá fora - Zack se virou e foi em direção à porta. Porém, antes que ele pudesse chegar lá, ela se abriu, e uma garota entrou, trancando a porta atrás dela.

Assim que eu olhei para ela, sabia que algo estava errado. Mas o fato me pegou tão de surpresa que eu precisei de alguns instantes para processar.

A garota era tão baixinha quanto a outra. A pele era alva, ela usava um colete, calças pretas e botas de spike, e nas mãos, segurava... Uma cabeça. Uma cabeça de cabelos ruivos, lisos e curtos, olhos cinza e nenhuma expressão. E, nos lugar onde sua própria cabeça devia estar, havia apenas... Vazio.

Estranho. Muito estranho. Não me lembro de ter tomado nenhum alucinógeno recentemente.

– O trabalho de vocês vai envolver uma condição, é claro - ele continuava a falar - Uma condição e uma maldição. Mas fiquem felizes pelo simples fato de eu não as ter matado, crianças. Mas eu não poderia ter feito isso. Vocês são mais lucrativas vivas do que mortas.

Nenhum de nós falou nada. A maioria ainda encarava a garota ruiva que segurava a própria cabeça tão displicentemente.

– Acho que devemos começar aplicando a condição - ele fez um gesto em nossa direção - Alina, Tony, segurem os garotos, por favor. Ymir - ele olhou para a garota sem cabeça -, não deixe as meninas escaparem.

No instante seguinte, a garota sem cabeça estava entre mim e Med, segurando um pulso de cada uma. De alguma forma, a pequena moça com a venda conseguiu subjugar Zack e Ayram, deixando os dois de joelhos, presos pelos pescoços, e o mesmo com o Dreads, que restringia Dan e Kil. Nossos amigos lutaram, mas, por pouco, nada surtiu efeito.

– Já sei qual é a condição, e vocês não vão gostar - o CEO sorria - Coisa boa que vocês não têm escolha.

Med olhou para mim, e eu sabia o que ela ia fazer. Ela fingiu-se de indefesa, mas, em uma fração de segundo, deu uma rasteira na menina sem cabeça. Ela não caiu, mas o pequeno momento de distração permitiu que eu me soltasse.

– Corre, Lex! Chama ajuda! - Med berrou. À essa altura eu já estava quase na porta... Até que perdi completamente o ar. Olhei para o lado, e vi o CEO, parado ali, apertando minha garganta com apenas uma mão.

– Temos uma voluntária para a demonstração...? Ótimo. Alexia, certo? - arranhei sua mão com minhas unhas nada curtas , mas não surtiu efeito algum. O CEO então andou até a própria mesa, me arrastando pelo pescoço atrás dele. - Vocês vao sofrer uma pequena... Perda. Mas relaxem. Se fizerem tudo como combinado, nada lhes faltará. Ao menos não de dia.

Com a mão livre, ele empurrou tudo o que estava em cima da mesa para o chão, e, com a outra, me jogou em cima dela. O baque fez meus ouvidos zumbirem.

– O procedimento é levemente doloroso. Mas sejam corajosas, crianças. Assim que a dívida for paga, vocês serão liberadas - ele soltou minha garganta, e eu respirei fundo. - Não se preocupe, Alexia. Não é a minha primeira vez.

– LEX - ouvi Kilian gritar. Olhei para cima, e foi aí que vi. O machado, de lâmina negra e afiadíssima, que de alguma forma havia ido parar na mão do CEO. Comecei a lutar, mas ele usou o braço que não estava com o machado para me segurar.

O CEO apoiou o machado no ombro, jogou meu cabelo para trás e, com o outro braço, segurou minhas mãos para baixo. Eu me debati, esperneei, o chutei e tudo o mais, mas ele mal parecia sentir.

Só então ele voltou a brandir o machado.

– Prestem muita atenção. Vocês são os próximos. - ele disse à platéia, e então olhou para mim. Seu aperto aumentou - Não se mexa tanto, Alexia. Acredite, você não quer que eu erre esse corte.

Eu berrei, e o CEO desceu a lâmina do machado sobre o meu pescoço.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler e, se gostou, pode sempre nos dar um apoio nos coments XD
Esperamos que tenham gostado do ponto de vista da drogada da Lex tanto quanto do da Med barraqueira :3

— Babydoll
Art by: Hiku



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