Setores de Sangue escrita por Carlos Junior


Capítulo 1
Capítulo 1: Resultados Devastadores




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Zack segurava a xícara de café com cuidado enquanto atravessava o aposento iluminado em direção a sala de controles. Estava anoitecendo, era possível visualizar o céu alaranjado pela ampla janela que circundava o salão. Não sabia ao certo por que, mas todos os seus pensamentos relacionavam-se com o ocorrido à seu filho, aquele definitivamente não era um bom dia. O homem abriu a porta de madeira e dirigiu-se à sua respectiva mesa, posicionando a xícara ao lado do monitor.

– Hora de trabalhar. – Disse a si mesmo, com esperança de que isso o desviasse de seus pensamentos.

Não havia explicação. Realmente não havia.

Tomou mais um gole de café, pôs a mão sobre o mouse e deslizou o cursor em sua tela até a pasta nomeada "Câmera 8". Havia uma enorme seleção de vídeos que organizavam-se listados em ordem decrescente, codificados com números que deveriam significar o dia e o horário da gravação. Clicou sobre o primeiro e o reproduziu.

A área deserta estendia-se para além da visão da câmera, que encontrava-se focada em prédios e construções abandonadas, completamente vazias, se não fossem pelos seres estonteantes que caminhavam cambaleando para os lados, como bêbados. Mas não eram bêbados, Zack tinha conhecimento disso. De repente, uma forma robusta e veloz aproximou-se correndo do foco, e em questão de segundos, chocou-se contra algo abaixo do visor, resultando em estilhaços de pedra para todos os lados, gritos estupefatos e na queda da câmera, que deslocou-se para o chão bruscamente, interrompendo a gravação.

– Filho da puta.

Zack não esperava finalmente encontrar registrado o responsável pela alarmante notícia do dia anterior. "O fim do setor 8", eram o que diziam as manchetes.

O Setor 8, protegido por seu poderoso muro de pedra, não fora capaz de deter o invasor que destruíra sua comunidade. Quanto tempo será que ainda durariam os outros setores?

Porém, o material divulgado pelos jornalistas afirmavam que as pedras do muro 8 encontravam-se em péssimas condições, e que, ao mínimo contato, desabou, ocasionando em uma passagem para o ambiente apocalíptico, assim resultando em seu fim. Não mencionava nenhum ser robusto em sua composição. Zack encarou o monitor mais uma vez e, ao deparar-se novamente com a figura que chocou-se contra o muro, passou a considerar outra hipótese: a notícia havia sido manipulada.

Pensou em contatar o governo e avisar sobre sua descoberta, mas descartou a ideia ao lembrar que eles poderiam ser os próprios manipuladores. Precisava tornar o fato de conhecimento público, de alguma forma, mesmo que isso significasse a sua morte.

A sala de controles era uma das exclusividades da capital nacional, setor resignado com o número 1, portanto, a única maneira de comunicar-se com os outros setores pertencia à seus monitores, grupo em que Zack fazia parte. O Setor 1 possuía melhores condições financeiras e urbanização e tecnologia avançada em comparação ao resto dos setores, além de um muro de alta resistência em relação à impactos, circundando sua área. Era praticamente indestrutível.

Olhou para os lados para ter certeza de que ninguém o observava, voltou a atenção para o monitor e clicou com o botão esquerdo do mouse sobre o vídeo, exibindo opções que o possibilitavam mudar a vida da população.

"Enviar para...". Zack fitou a opção, seu coração batia forte em seu peito. Aquilo mudaria a vida de muitas pessoas, poderia até salvá-las, inclusive, da morte repentina. E clicou, exibindo um número de opções menor do que as exibidas anteriormente, e optando por um envio instantâneo para os líderes de todos os setores do país.

Zack fechou a pasta e levantou-se da mesa, ignorando a xícara de café, agora fria. Caminhou até a porta da sala e saiu lentamente, para não levantar suspeitas, dirigindo-se em seguida para as escadas. Precisava fugir. Em questão de minutos o exército viria a sua procura.

Desceu os oito andares de escada com passos largos. Aquela poderia ter sido a decisão mais estúpida de sua vida. Arriscar a vida por pessoas que nem conhecia. Mas não havia como voltar atrás.

Saiu do edifício respirando com dificuldade, a adrenalina consumia seu corpo por inteiro, e escolheu seguir por um beco estreito e mal iluminado. Aquela era realmente uma fuga. Mas onde se esconderia? Sua casa não era uma boa opção, precisava de um lugar onde ninguém pensasse em procurá-lo.

》》》

Foi possível ouvir três batidas antes que o guarda uniformizado empurrasse a enorme porta de metal para trás, permitindo a entrada da senhora de grisalhos cabelos ruivos no interior do salão, iluminado apenas pela leve brasa da lareira automática encontrada ao fundo.

– Setor 7 na linha, senhor. – A senhora encarou a larga poltrona aveludada da cor vermelha, de costas para ela, enquanto segurava o fino e tecnológico aparelho telefone.

Lentamente, a poltrona virou-se em sua direção, exibindo um homem de estatura mediana e expressão séria. Ela estendeu a mão em que segurava o aparelho para o homem, que após observá-lo por um momento, tomou-o de suas mãos e o posicionou em sua orelha esquerda.

– Retire-se.

A senhora retirou-se da sala antes que pudesse causar qualquer desconforto ao homem. Não desejava ser punida.

– Boa noite. – Saudou ele, educadamente.

– Boa noite, senhor presidente. Gostaria de solicitar uma medida de sua altoria para cessar o pânico da população em alguns setores. – Disse a pessoa do outro lado da linha.

– Pânico? – O homem não conseguira compreender corretamente a situação.

– Sim. Desde que descobriram o que aconteceu com o setor 8, alguns entraram em pânico.

À princípio, uma questão surgira em sua mente. Como poderiam descobrir? Até que finalmente encontrou a resposta. Traição. Alguém da administração agiu contra os princípios impostos pelo governo. Alguém que precisava ser morto.

– Tudo bem - respondeu da forma mais natural possível. – Tomaremos as devidas providências para resolver esta situação.

– Obrigado. – A ligação se encerrou.

– Garbon. – Dirigiu-se o presidente para o guarda, de pé em sua frente. - Preciso que faça uma coisa pra mim.

– Senhor. – Respondeu ele, enquanto o presidente pousava o telefone sobre a pequena mesa de vidro ao seu lado.

– Mande seus melhores homens para o edifício de administração. Sala de controles. Mesa de número 8. Tragam a pessoa responsável por esta seção até aqui.

O guarda ascentiu com a cabeça, empurrou novamente a porta de metal e saiu, com passos pesados.

O presidente encarou a porta por alguns segundos, assegurando-se de que ninguém tornaria a abrí-la, para, em seguida, puxar o telefone sobre a mesa e discar uma sequência pequena de números em sua superfície transparente.

– Algum problema? – Perguntou uma voz do outro lado da linha.

– Preciso que agilize o processo - o presidente olhou mais uma vez para a porta antes de prosseguir. – Fomos descobertos.

》》》

Todos os habitantes do setor 7 encontravam-se fora de suas casas, fitando os inúmeros altos falantes, encontrados no alto de postes em todas as esquinas, com anseio. Era naquela tarde que seus destinos seriam selados, aguardavam apenas as palavras de seu representante para descobrir se tal destino seria bom ou ruim.

De repente, o som agudo de um microfone soou dos altos falantes, e os murmúrios que antes eram possíveis de ser escutados, cessaram.

– Setor 7 - a voz grossa e rouca de um homem demonstrava confiança. Talvez a notícia fosse boa. –, após descoberto o terrível acontecimento com o setor 8, o presidente, em consenso à união de representantes, resolveu que a melhor medida a ser tomada seria abrigar os habitantes de cada setor na capital, lugar que os proporcionará segurança, enquanto os muros de pedras de cada um serão reformados.

Robert pressionou o corpo da filha contra o seu. Aquilo significaria que teriam de deixar suas casas, a vida que tinham, por um futuro incerto e temporário na capital. Em quanto tempo se reformaria um muro de tal tamanho? Dois anos ainda lhe parecia pouco.

– O embarque para a setor 1 acontecerá durante a noite, portanto, façam suas malas o mais depressa possível e aguardem na estação até a chegada do trem. – Concluiu o representante. O som agudo voltou a soar no alto falante, seguido de um intenso silêncio.

A população ainda tentava assimilar as palavras ditas por ele. A única solução encontrada para o problema parecia ser fugir. Muitos pareciam contentes com a decisão, aceitavam o fato de estarem vivos e seguros, outros, nem tanto.

Robert não sabia o que fazer, sentia-se um covarde por submeter-se à capital. Não precisavam de sua segurança, nem de suas luxúrias ou facilidades. Precisavam de coragem.

– Vamos pra casa. - Disse Robert, guiando a família de volta pelo caminho trilhado na vinda, agora ocupado pela multidão que formara-se antes do anunciado.

– Então, vamos mesmo deixar o setor? – Perguntou Myrian, encarando a nuca do marido, que seguia em sua frente, abrindo espaço entre as pessoas que impediam sua passagem.

– Não temos escolha. – Respondeu, sem olhar para trás.

Pouco tempo depois, Robert encontrava-se pressionando a lateral de seu braço contra a velha porta de madeira de sua casa até que a abrisse, produzindo um pequeno rangido. Suas condições financeiras não eram estáveis, já que, devido ao elevado número de pessoas necessitadas e o pequeno número de empresas, o salário de cada empregado era extremamente baixo, o que tornava a maior parte da população, que não possuía condições de criar um mercado próprio, miseráveis. As economias de Robert e Myrian contribuíram apenas para oferecer-lhes uma estreita casa de cimento com dois andares. Felizmente, era tudo o que precisavam.

– Robert? – Perguntou Myrian, preocupada, enquanto o marido subia as escadas de concreto.

– Arrumem suas coisas. – Foi tudo que conseguiu escutar em resposta.

– Mayla, fique aqui. – Determinou, largando a mão da filha, a qual segurara durante o percurso até em casa, e dirigindo-se até as escadas. - Eu não vou demorar.

Ela caminhou pelo curto corredor do segundo andar e parou na porta de seu quarto, onde encontrou Robert sentado na cama de casal, com as mãos apoiadas nos joelhos.

– Tudo bem? – Perguntou Myrian, calmamente.
Robert virou o rosto e conseguiu enxergá-la, seus bagunçados cabelos dourados e suas bochechas rosadas enfatizavam sua expressão tristonha.

– O que vamos fazer? – Perguntou ele. – Por quanto tempo vamos ficar lá?

– Robert...

– Como vamos sobreviver?

– Robert...

– O que vai ser da nossa vida aqui?

– Robert! – Myrian elevou o tom de voz. – Não temos nada aqui se não a nossa família. Vamos ficar bem enquanto estivermos juntos.

Robert não havia aceito seus argumentos, não completamente, mas por fim, alcamara-se. Até o fim da tarde o peso que sentia dentro do peito se dissiparia. Tinha que acreditar nisso.

– Você sabe o que diz. – Conscentiu ele.

Myrian acomodou-se ao seu lado e passou a acariciar seus cabelos negros e ondulados.

– Nós te amamos. Não se esqueça disso. – Disse ela, beijando sua bochecha em seguida.

Robert sorriu, era a primeira vez que o fazia desde que acordara aquela manhã. Nada o deixava tão feliz quanto sua minúscula família. Myrian estava certa.

– Vamos ficar bem.

》》》

O breu ameaçava dominar o céu. As estrelas eram possíveis de ser vistas e a lua aguardava apenas a completa saída do sol para assumir seu posto.

Mayla agarrou a mochila laranja e encaminhou-se para o corredor. Anseiava por mudança, não sabia o que esperar de um novo ambiente, ou de novas pessoas, mas o lugar para onde iriam aquela noite com certeza movimentaria sua vida pacata. Antes de descer as escadas, a garota curvou-se para espiar dentro do quarto de seus pais, devido a algo que chamara sua atenção, e deparou-se com a mãe massageando uma pequena área de sua coxa, o local estava roxo e esverdeado, além de apresentar pequenas marcas em formato circular. Era uma mordida.

– Mãe? – Mayla caminhou lentamente para dentro do aposento, forçando Myrian a cobrir suas coxas com um pano rasgado que encontrava-se no chão.

– Diga, meu amor.

Mayla sentiu-se culpada. A mãe ignorara completamente sua situação para que a filha não a visse em um estado doloroso. No fim, aquilo tornara-se algo doloroso para Mayla.

– O que é isso na sua perna? – Mayla não resistiu perguntar.

Myrian olhou para os lados, considerando a possível presença de alguém, e sussurrou:

– Por favor. Não comente sobre isso com ninguém.

Mayla ascentiu com a cabeça. Se não poderia comentar com ninguém, tratava-se de algo perigoso. Estaria ajudando a mãe evitando que ela sofresse graves consequências por esconder tal segredo.

Robert aguardava no andar de baixo, carregando duas mochilas negras, não havia muito o que colocar nelas visto que não possuía mais do que algumas roupas em seu armário.

– Estamos prontas. – Myrian desceu as escadas de mãos dadas à filha, esboçando um sorriso.

De repente, a imagem de um lugar novo, repleto de segredos e coisas curiosas, esvaíra-se da cabeça de Mayla, tudo em que conseguia pensar era no ferimento presente na coxa da mãe. Conhecia aquele ferimento. Não era comum. Ela estava infectada.

Mayla piscou os olhos algumas vezes para afastar as lágrimas, e seguiu adiante.

– Meu amor, você está bem? – Mayla foi segurada no ombro pela mãe, ela parecia possuir o dom de perceber quando alguém não encontrava-se em seu estado de humor natural, e fazia o possível para ajudá-lo.

Mayla apenas abraçou Myrian, com força, deixando que as lágrimas esquentassem suas bochechas. Sentia que já a havia perdido, era apenas uma questão de tempo até que os sintomas se manifestassem.

Robert respirou fundo e visualizou a cena de maneira compreensiva, a filha deveria estar tão assustada quanto ele. Um lugar novo. Como sobreviveriam? Se é que sobreviveriam. A presença da família aliviaria a tensão enquanto estivessem juntos, mas e quando se distanciassem? Teria de ignorar aquelas perguntas se quisesse manter-se calmo. A partir do momento em que entrasse naquele trem, sua vida nova começaria.

– O trem acaba de chegar na estação. – As palavras chiadas invadiram sua humilde moradia.

– Vamos. – Robert forçou-se a dizer. Não estava disposto a deixar tudo para trás, mas deveria.

Ele abriu a porta de casa e deparou-se com a imagem de inúmeros indivíduos caminhando apressados em direção ao centro, carregando suas malas e mochilas da melhor maneira que podiam.

A caminhada tornara-se longa devido à grande concentração de pessoas nas ruas aquela noite, o tumulto parecia ser ainda maior que o daquela tarde. A única iluminação presente eram os faróis nos altos dos poste, que conduziam a população para a maior construção do Setor: a estação de trem.

A estação de trem era ainda mais alta que o prédio ao seu lado, o palácio que abrigava o representante do Setor 7. Tratava-se de uma cilindro baixo de cor branca, com um arco em sua superfície. Haviam altas aberturas em suas laterais, de onde saíam trilhos de trem, elevados por grossos canos de ferro entrelaçados, seguindo até o muro de pedra, onde encontravam outra larga abertura, desta vez guardada por um portão automático de metal, que possuía a capacidade de identificar a presença do trem a alguns metros de distância.

As pernas de Myrian doíam, sua filha não a largava desde que saíram de casa. Ela cerrou os dentes e obrigou-se a continuar andando, mas pontadas de dor em sua coxa, sinal de que a infecção provavelmente estava se proliferando, forçaram-na a parar.

– Mayla... – Myrian agarrou o braço da filha. – Proteja o seu pai. Haja o que houver.

Mayla entendera o significado daquele comentário no mesmo momento. A mãe sabia que estava morrendo e buscava tranquilizar a filha. Fora inútil. As lágrimas escapavam com força de seus olhos e Mayla começou a soluçar.

De repente, abafando os soluços de Mayla e os murmúrios da população durante o caminho, estrondos propagaram-se do arco formado pelo muro de pedra atrás deles. A expressão nos rostos dos indivíduos que locomoviam-se mudara antes que pudessem virar para encarar a fonte do som. Mais uma vez, e uma cortina de poeira tomou conta da área, revelando o contorno de um homem gigante, curvado para frente, respirando ofegante.

O desespero dominara o Setor, quase como a cortina de poeira. E enquanto pessoas corriam, passando por cima das outras, algumas tropeçando e sendo pisoteadas, Robert obteve sucesso em guiar a família até a entrada da estação, arfando ao enxergar as filas de pessoas que seguiam até as portas do trem. Muitos perderiam a vida naquele dia. Mas não havia nada que pudesse fazer.

Myrian tremeu quando seus olhos finalmente encontraram as duas colunas prateadas, posicionadas uma ao lado da outra, com um pequeno espaço entre elas, em frente a cada uma das portas do trem. Sabia do que se tratava. Eram máquinas programadas para checar o interior do corpo de quem as atravessasse, buscando detectar o vírus da infecção E. para impedir uma futura epidemia. E quando o fazia, o portador sofria as consequências.

A fila caminhava com passos curtos e rápidos, devido ao pouco espaço entre os indivíduos, em direção à porta. O coração de Myrian palpitava em seu peito enquanto apertava o pulso de Mayla. Haviam guardas ao lado das colunas prateadas. Será que ainda havia alguma coisa que pudesse fazer?

Quando chegou sua vez, Robert caminhou em direção à porta, passando pelas colunas, lentamente, que não emitiram qualquer ruído, e entrou no trem, aguardando na porta apenas pela mulher acompanhada da garota de onze anos. Myrian puxou Mayla pelo braço e correu até Robert, ignorando os guardas que moveram-se para impedí-la depois que a máquina apitou freneticamente. Era o fim.

– Não! – Robert gritou e buscou aproximar-se da família, interrompido por um dos guardas encontrados na entrada, que insistia em agarrá-lo.

Suas mãos foram colocadas atrás da cabeça e seu corpo lançado contra o chão. Sentiu a sola fria de uma bota em sua costa e permitiu que lágrimas escorressem por suas bochechas.

– Não! – Permanecia gritando.

Quando inclinou seu rosto para cima, Myrian estava puxando o braço da filha com toda a força que possuía enquanto os guardas as afastavam. A mulher fincou suas unhas na pele de Mayla até que uma fina linha de sangue se manifestasse no braço da garota e ela o largasse.

Os guardas cercaram a área e forçaram Myrian a ajoelhar-se. Sua visão estava embaçada, mas conseguia ver o homem uniformizado empurrar Mayla em direção à uma das portas do trem. Gritos ecoavam por todos os lados. Myrian sentia-se inquieta. Desesperada. A dor em sua perna começara a se espalhar por todo seu corpo. Estava sendo dominada pela infecção, e por mais que tentasse resistir a ela, não conseguia parar de debater-se e emitir rosnados pela boca. De repente, sentiu o cano da arma em sua cabeça.

– Não! – Robert gritou pela última vez.

E a arma disparou.


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