Back to you escrita por Lenagali


Capítulo 2
Capítulo 2 - Encontro


Notas iniciais do capítulo

A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.
Vinicius de Moraes



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Pov Edward

Era apenas o terceiro dia de aula do ano, e mesmo assim ainda não tinha me acostumado com este maldito horário (e acho que nem vou). Todo dia acordando às 7 horas da manhã... Que porre! Estava exausto, com a cabeça baixa, tentando o meu terceiro sono do dia após o intervalo. E para completar, caia uma chuvinha fraca e o tempo estava levemente frio, perfeito para uma boa soneca. Mas só de lembrar que no momento não poderia tirar nenhum cochilo, me deixou chateado.

Quando saio daqui ainda tenho treino de futebol. Até o ano passado era tudo mais fácil. Nono ano, turno da tarde, chegava à escola às 13 horas da tarde, treinava no turno da manhã e ainda dava conta de todos os trabalhos. Perfeito. Mas neste 1º ano... Tudo complicado. É o que dizem: Quanto mais velho maior a responsabilidade. Já estou sentindo o peso desta.

Levanto um pouco a manga do meu casaco para ver o meu relógio marcando apenas 11h00min! Sinto-me frustrado só de pensar que ainda vai demorar bastante para eu poder ir para casa e fui interrompido dos meus devaneios por uma voz bem alta e quase infantil em meio ao burburinho da sala de aula:

– Fessora, deixa eu falar! Não tenho um parceiro de trabalho. Como faço? – Nem me dei ao trabalho de levantar a cabeça e olhar, estava muito cansado para isso. Mantive minha cabeça baixa, pensando que depois disso, todos já estariam atentos a seus trabalhos e eu poderia retomar a busca pelo meu sono... Só que não.

– Isabella, você pode sentar ao lado de Edward que veio a aula anterior, tem todo material, e assim você o manterá acordado.

Foi neste instante que eu levantei a cabeça, rapidamente e atordoado, com a minha cara amassada (tenho certeza que estava, eu podia sentir), observei a professora de inglês que agora se encontrava a minha frente ao lado de uma garota que eu acreditava ser a menina de voz infantil e minha nova parceira de trabalho. As duas sorriam: a professora com um sorriso de deboche e a menina sorrindo abertamente para mim enquanto carregava com dificuldade, uma carteira para posicionar ao lado da minha. Sorri sem graça para as duas em retorno. A professora se retirou enquanto a menina posicionava a carteira ao meu lado com dificuldade. De repente, ela parou e me cutucou:

– Ei! É melhor você se manter bem acordado, porque esta professora não dá moleza mesmo. E outra: chega para lá, para eu por minha carteira ao seu lado!

Virei lentamente para ela, ainda sonolento, e tentei fazer a minha melhor cara de indignação, nem um ”por favor ”? Ela retribuiu no que eu acreditava ser a sua melhor cara de: “ e aí não vai chegar para lá não?” Não sei o que me levou a fazer aquilo, acatei seu pedido ao arrastar minha carteira para o lado imediatamente.

Como ela conseguia fazer isso?

Esperei ela se ajeitar ao meu lado, peguei meu livro dentro da mochila, abri na página indicada, coloquei a frente da menina e em seguida apenas voltei minha cabeça para baixo, apoiando meus braços em volta dela fazendo um pequeno travesseirinho. A minha ideia era ignorar a garota ao meu lado e deixar que ela usasse meu livro e meu material, não tenho problema quanto a isso, mas a ideia dela, era outra:

– Ei, psiu, menino. Não é por nada não, até porque eu me garanto, mas você não vai fazer o trabalho comigo não? Você vai me deixar fazer o trabalho todo sozinha? Afinal, você é meu parceiro ou não é? – ela falou baixinho e delicadamente perto de mim.

– Sim. A ideia é essa, é você fazer o trabalho sozinha mesmo. E não, não se preocupe, não quero que você faça o trabalho por mim. Eu como você, também me garanto. – Sorri repuxando os lábios sem mostrar os dentes. – disse abrindo os olhos e de cabeça baixa.

– Ah tá! Tudo bem então.

Depois de um silêncio constrangedor, ela olhou para baixo sem graça e disfarçou folheando as páginas do livro. Voltei a fechar os olhos e relaxar a cabeça sobre os meus braços. Alguns minutos depois, senti minha cadeira tremer e em seguida alguém se chocar contra mim. Assustado, abri os olhos, era ela, a pequena abusadinha e mandona. Ela tinha se chocado contra mim, como se alguém tivesse a empurrado forte ou até mesmo de propósito para me acordar e me atormentar. Já estava demais, ela estava passando dos limites.

–Ei garota, o que aconteceu? O que você pensa que está fazendo? Está me assustando e me machucando.

– Me desculpe, er... Qual é mesmo seu nome? Desculpe-me por favor. É que o Tyler passou por mim e insistiu que ensaiássemos um passo da aula de dança em que eu tenho que girar e logo depois ele me eleva no ar... – Ela começou a falar com a voz trêmula e nervosa. - Ai sei lá, não sei explicar o passo direito, só que ele me elevou e depois ao invés de me trazer para o chão com cuidado, ele me largou no ar e cai sobre você. Perdoe-me, Tyler adora fazer essas brincadeiras. – ela estava bem preocupada.

– Sim... Sei... - falei desconfiado - Está bom, agora me deixe descansar por favor?

– Sim. Mas você me perdoa?

– Claro que te desculpo. Está desculpada.

– Mesmo?

– Mesmo. – fechei meus olhos em seguida tentando entrar em meu estado de sono.

Silêncio. 3 minutos depois, percebi a presença de alguém sobre mim, claro que era ela, só podia ser. Mas ignorei até que ela me cutucou:

– Hã? O que foi? – respondi mal humorado.

– É, bem, é que você ficou chateado, então Tyler está aqui também para pedir desculpas. E dizer que a culpa não foi minha.

– Hum. Tudo bem. Estão todos desculpados. Obrigado.

– Desculpe aí cara, eu estava treinando um passo de dança com a Bella, mas na hora perdi o controle e ela caiu sobre você.

– Sem problemas, cara. Estão todos desculpados, relaxa. – falei deitado sobre os braços ainda. – Passou.

– Valeu, cara! – disse Tyler saindo.

– Então, tudo esclarecido e desculpados, posso te falar uma coisa?

– Nã... - antes de eu falar qualquer coisa ela já respondia.

– Qual é o seu nome mesmo?

– É Edward – disse rápido para acabar logo com a conversa.

– Então Edward, você não estudava aqui ano passado, estudava?

– Sim.

– Sério? Como eu nunca te vi nesta escola?

– Sério. E não sei.

– Você estudava no turno da manhã ou da tarde?

– Tarde.

–Hum. É por isso, eu estudava de manhã.

Silêncio de novo. Fechei meus olhos. Mais silêncio.

E ela voltou a falar:

– Edward, deixa te falar uma coisa muito séria agora. – ela me cutucou para chamar minha atenção de novo.

– Você é bem abusadinha e pouco mandona, hein?

Ela se fez de desentendida e como se nada tivesse acontecido, ela continuou seu atrevimento. Parece que minha observação só a incentivou a falar mais:

– Como você já tem todo o material? Você dorme muito, se continuar neste ritmo até o fim do ano, irá repetir... Você fez o trabalho de química? Queria ver o de alguém para comparar com o meu.

Eu apenas ouvia, fingia prestar atenção no livro, e revirava os olhos de tédio e desespero. Quando ela percebeu que eu não prestava atenção as suas questões, me cutucou no braço:

– Olha para mim, deixa eu falar – falou num tom suplicante – Por favor...

– Ora você já não está falando... Sem parar? - Acrescentei o sem parar em minha mente, depois de ter virado para olhá-la. Já estava ficando sem graça a brincadeira “vamos incomodar o Edward, parte 5 ou 6”.

– Mas você não está prestando atenção em mim... – Ela respondeu. A Srta. Abusadinha.

– Ok então. – Já estava ficando chateado, mas não ia ser mais grosso ou ignorar a menina. Não consigo fazer isso. Na verdade, não estava sabendo lidar com esta situação. Levantei o corpo e apoiei minha mão no queixo, virando todo meu corpo em sua direção e resolvi prestar atenção no que ela falava... Talvez ela diminuísse o ritmo e, aos poucos, ela cessasse as perguntas e tudo mais. – Pronto, continue. O que você estava falando mesmo?

– Vamos fazer o trabalho juntos, por favor. A verdade é que não sei fazer nada sozinha e que você não pode dormir assim, no horário de aula. Isso vai te prejudicar. Vamos conversar e discutir sobre o trabalho. Isso te manterá acordado.

Aí ela sorriu um belo sorriso, e quando eu digo belo, eu quero dizer: BELO mesmo e continuou a falar e gesticular como se quisesse explicar com todos os detalhes do que dizia. E desta vez, fui um cavalheiro, fofo, atencioso.

Mas agora eu comecei a percebê-la, de verdade.

Notei o quanto era pequenina, branquinha, os cabelos chocolate, bem longos e lisos, com cachos na ponta. O que me levou a imaginar se o cabelo dela era natural porque era muito brilhoso! Tinha longos cílios e cheios, olhos também cor de chocolate e os lábios bem carnudos e rosados como se tivesse passado brilho labial de morango, mas não passou. Aliás, não usava nenhum tipo de maquiagem. Tão agitada e gesticulava tanto, era tão engraçada e fofa que sorri. Parecia uma boneca cheia de movimentos! Muito bonita...

Ela captou meu sorriso, cessou seus movimentos, sorriu sem graça e indagou:

– O que foi? Por que você tava sorrindo assim para mim? Perguntei algo importante. Como faremos a questão número 2? Isso é engraçado?

– Não... Não é que... Eu sorri porque não sei também... É, acho que foi isso... Foi. - Fiquei sem graça, apenas sem graça. Ela me pegou.

– Então tá. Vamos pular esta questão e vamos para outra. Ok? - Ela disse, sorrindo sincera e amigavelmente para mim, enquanto abaixava a cabeça e voltava sua atenção para o livro ainda sem jeito de ter me pego olhando para ela de um jeito diferente. Ela percebeu.

Percebeu mesmo.

– Ok. - Respondi, voltando minha cabeça para o livro também.

A partir daí, fizemos todas as questões juntos muito bem, e encontrei a minha melhor dupla de trabalho. Fomos uns dos primeiros a terminar e enquanto saímos da sala uma questão me ocorreu:

– Você percebeu que a gente ainda nem se apresentou um para o outro formalmente?

– Ih! É verdade! - Ela falou, parando no corredor subitamente e colocando a ponta do indicador no lábio inferior.

Sorri, que figura!

– Bem, meu nome é Isabella, Isabella Swan e o seu? - Estendeu a mão para mim.

– Edward Cullen. Estendi a mão e ao tocar na dela, percebi todos os pelos de seu braço eriçarem assim como o meu. Fiquei nervoso novamente, pela segunda vez no mesmo dia. Ficamos em um breve silencio constrangedor ainda de mãos dadas até eu sentir um forte puxão. Ela tinha puxado meu braço, para quebrar o silêncio constrangedor para um novo momento constrangedor, em que ela abraçou firmemente minha cintura com os dois braços e posicionou sua cabeça abaixo da minha axila, fiquei assustado inicialmente, mas nada poderia fazer senão reagir da forma mais natural possível. Assim, posicionei meu braço direito em volta de seu ombro, segurando-a fortemente. Com minha reação, ela se aninhou confortavelmente no meu corpo e continuamos a caminhar em direção ao pátio.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? POR FAVOR Comentem o que acharam, preciso de feedback!
bjos



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