Após Saito ter tocado à campainha de sua casa, tempo depois, esta tinha-se aberto. Louise não conseguia controlar a sensação eufórica que tinha na sua alma, imaginava como seria a sua segunda família, se a aceitariam do jeito que ela é e o que achariam do mundo de onde veio, “Será que vão achar que eu sou uma aberração?”, perguntava-se constantemente, no entanto deixou escapar um pequeno suspiro…

— Louise. – cutucou-lhe Saito, despertando-a do seu transe.

— Ahn? Ah, desculpa.

— Estás pensativa… - disse Saito sorrindo, metendo-se por trás de Louise, colocando os seus dedos entre os espaços que se encontravam entre os dedos dela e beijando sua face direita – Não te preocupes, eles vão adorar-te.

Com aquelas palavras, as questões que atormentavam a pequena cabeça rosa da “Zero” Louise tinham se sumido por um curto espaço de tempo, enquanto entravam na residência de Saito.

— Cheguei! Mãe?! – gritou Saito, no entanto sem resposta. – Estranho, ela costuma estar sempre em casa…

— Sa-Saito, achas que isto é bo-boa ideia? Eu-eu…

Saito já adivinhava o que iria sair daqueles pequenos e doces lábios, portanto colocara o seu dedo a tapar os mesmos para que nenhuma outra palavra fosse pronunciada.

— Chega Louise, eu sei do que falo, tens que confiar em mim, simplesmente isso, por favor – Disse Saito, com uma expressão séria – Bem, vamos ver se mais alguém está aqui em casa…

Saito dirigiu-se à sala de estar e pediu para Louise se sentar, enquanto procuraria algo ou alguém pela casa. Este entrou em todas as salas da casa, até que viu uma porta fechada. Era o quarto da sua irmã, Aimi, uma jovem bela cujo nome indica. Conseguia-se ouvir barulhos do outro lado da porta, o que entusiasmou Saito a abrir a porta sem sequer bater, pois as saudades que tinha no peito não lá cabiam. Aimi estava ajoelhada no chão. O quarto estava frio, não admirava nada. A janela estava aberta e o tempo não era dos melhores. Estava sombrio, sem duvida uma tempestade se aproximava… Podia-se dizer que o tempo era como um reflexo da alma da irmã de Saito, frio e escuro.

— Como foste capaz? – pronunciou Aimi, a sua voz incrivelmente rouca, nem sequer olhando para trás para encarar a expressão feliz de Saito, que rapidamente tinha mudado ao ouvir tais palavras de sua irmã.

— Des-desculpa Aimi… Meu Deus, não imaginas o quanto eu tive sauda…

Aimi, sem deixar Saito terminar a frase, levantou-se rapidamente e gritou:

— ESTÁ CALADO! CHEGA!

Os olhos de Saito encararam o rosto de Aimi. Estava molhado, sem dúvida estivera a chorar. A voz de Aimi estava trémula, e os seus olhos eram facilmente comparados a uma torneira. Ela não parava de chorar.

— Calma Aimi, eu estou aqui, não tens que te preocupar mais – Um sorriso abriu-se na cara de Saito ao lembrar-se de Louise, ao imaginar o quão amigas seriam a sua esposa e a sua irmã – Tenho uma pessoa para te apresentar!

Saito ia pegar no braço da irmã, mas entretanto esta recuou, olhando-o com uma cara de desilusão.

— Para além de não dares sinal de vida este tempo todo, não te preocupas com a mãe!?

Ao ouvir aquilo, até ele mesmo ficou um pouco triste consigo mesmo. Só estava a pensar no seu umbigo, sem ao menos se preocupar o quanto tinha magoado os que estavam à sua volta. Abaixou o braço e aproximou-se da sua irmã, que até ele percebeu que a tristeza nos olhos dela era interminável.
- Aimi… Onde está a mãe? – perguntou ele, agora seriamente preocupado e afastando o seu pensamento dos planos anteriores.

— A mãe? Graças a ti, ela está hospitalizada. Saito… Não imaginas o quanto temos sofrido. Procuramos-te por toda a parte, ate a polícia esteve envolvida. Dias, semanas, meses... Até a polícia acabou com as buscas por falta de pistas. Todos inventavam coisas sobre ti. Coisas terríveis... Cada coisa entrou nas nossas cabeças rapidamente, esperavas o quê? – Saito baixou o olhar, enquanto Aimi falava - Olha para mim quando falo contigo! Ao menos mostra respeito enquanto falo! A mãe entrou em desespero, em depressão, digo eu! – Aimi então sorriu amargamente - Chegas aqui como se nada tivesse acontecido? Esperavas que eu dissesse que estamos todos bem? Estaria a mentir se te dissesse só isso…Porque não disseste nada?! RAIOS TE PARTAM, SAITO!

Saito fechou o punho e bateu na secretária. Os gritos de Aimi ecoavam na sua cabeça. A raiva dentro de si mesmo era tanta que até as palavras da irmã perfuravam o seu peito como uma adaga.