Vida Real escrita por heypedroh7


Capítulo 9
O pior pesadelo




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Capítulo 9

Fabinho – Hahahahaha, cara a Mônica já tá no papo pra você!
Felipe – Eu sei, aquele coxinha do DC não tem chance...

Marina – Aff o DC fica por aí com esses amigos novos dele, e fica abandonando a gente, depois vem reclamar.
Aninha – Vai procurar a gente quando não tiver ninguém.

Tikara – Entenda, eu não gosto de você. Não sou seu amigo. Nunca fui. Só te procurava por interesse. Nunca gostei de você, você é chato, grudento, só fica no meu pé, me procurando pra tudo. Cansei, vê se me erra!

Isa – Olha lá aquele falso do DC, que brigou com a Irene por causa daquele racaclá da sua festa, e agora fica por aí andando com ela.
Cascuda – E a Mônica no meio.

Luca – Eu vou conseguir a Mônica, você vai ficar solteiro, ou tentando se rastejar aos pés da Keika. É o máximo que você pode conseguir.

Mônica – Eu nunca vou querer nada contigo. Chato e irritante do jeito que você é. Ninguém nunca vai querer nada com você.

Titi – Ah, deixa ele lá, sozinho. Às vezes deve ser bom pra ele.
Quim – Bom? Bom como?
Titi – Não sei, não importa. Melhor que ele fique lá, é bom que não perturba.

Denise – Você se acha lindo, mas na verdade é um Zé ninguém! Ninguém gosta de você. Quem fala contigo é por interesse, ninguém gosta de você de verdade. Você é um lixo! Se enxerga garoto!

Dorinha – Você ainda vai ficar com o DC?
Keika – DC? Que nada! Deixa eu brincar com ele um pouquinho. Depois eu dou uma dessas desculpas manjadas de que não quero ninguém no momento e ele vai entender de boa!

Não podia ser real. Todo mundo conspirando contra mim. Ou nunca foi uma conspiração? Tudo isso sempre esteve bem no meu nariz, e eu nunca percebi. Eu sou um merda mesmo, ninguém gosta da minha companhia como amigo, nem como nada. Talvez eles estejam certos, só vou ter no máximo amigos interesseiros, ou ninguém. Ninguém... Ah, ninguém. Eu sou um ninguém...

Nimbus – DC... DC!
DC – Ahn...

Foi tudo um sonho, de novo. O pior deles. Era o meu pior pesadelo acontecendo. O pior pesadelo de descobrir que tudo que eu vivo não passa de uma mentira. De que todo mundo com quem convivo é falso comigo, que um dia se revelariam, e eu finalmente me descobriria sozinho no mundo. Sem ninguém. Ô palavra. Ninguém... Você é um ninguém. Sem ninguém. Zé ninguém.

Nimbus – Cê tá bem?
DC – Não.
Nimbus – Por que não fica em casa hoje?
DC – Eu tô com cara de doente?
Nimbus – Não. Só tá com cara de que não tá bem.

Sei lá, algo me dizia para ficar em casa, outro algo me mandava ir à escola e enfrentar tudo isso, com uma pontinha na consciência dizendo que todo o sonho... pesadelo... possa ser real. Que nada daquilo que eu vivi todo esse tempo seja verdade, que todo mundo seja um bando de eco, falsos.

– Triiim triiim –

DC – Alô!
Magali – DC!
DC – Diga.
Magali – Cadê tu?
DC – Eu tô indo! Me espera!
Magali – Ok, tô te esperando.

É. Talvez nem tudo estivesse perdido. Ou nada. Em algum momento pensei que o sonho fosse somente um pesadelo. Desses que ficam na nossa cabeça o dia todo.

DC – Cheguei.
Magali – Então vamos!
DC – E aí tudo bem?
Magali – Ah, tudo. Eu agora andando com a Carmem, Toni, etc, me sinto bem melhor. Pelo menos não me sinto excluída como quando andava no grupinho.
DC – Sim...
Magali – Tá tudo bem?
DC – Não.
Magali – O que você tem?
DC – Sabe Magá, as vezes eu fico pensando, se depois que nos formarmos vai ficar todo mundo se falando, como amigos, pra sempre.
Magali – Mas lógico, mora todo mundo perto.
DC – Todo mundo não. Nós não moramos perto da Irene por exemplo, nem do Titi...
Magali – Ué, e os passeios que a gente vive marcando?
DC – Ah sei lá. Eu tenho medo. Medo de que um dia, eu só tenha vocês na lembrança. E de um dia ter que falar “ah, eu me lembro de fulano, que saudades”.

Só de pensar nisso eu choro. Mesmo. E ainda tem gente que diz que homem não chora. Chora sim. Homem tem sentimentos. E homem também tem seus mimimis adolescentes.

Magali – Mas por que você tá falando nisso assim do nada?
DC – Não é do nada. É sempre. Sempre penso nisso. Isso me dá uma tristeza...
Magali – Olha, se isso te consola, eu não vou deixar de falar com você... com vocês. Nunca. Tá?
DC – Tá bom! Hahahaha
Magali – Agora vamos apressar o passo porque o sinal já vai tocar.

E ia. E a gente estava atrasado.

Na aula...

Carmem – Oi DC!
DC – Hi.
Carmem – O Tikara não está mais falando com você?
DC – Boa pergunta. Eu juro que não entendo. Ele hoje sentou distante. Quando chegou falou com todo mundo menos comigo... Eu hein.
Carmem – Nossa.
Professora Ana Paula – Vocês aí, podem parar de conversar e prestar atenção?

A essa altura, Mônica e Irene já deviam estar matracando sobre eu estar conversando com a Carmem. Sei lá. Pelo menos a Carmem entendeu que eu não estava muito bem e veio falar comigo, enquanto elas não paravam de tirar suas fotos e reparar pouco nos outros.

Ramona – Você copiou a matéria toda?
DC – Copiei sim!
Ramona – Pode me emprestar a parte de exercícios? Eu não copiei essa parte, estava prestando atenção na explicação.
DC – Claro.

Tão fofa.

Carmem – Ai a Ramona é tão linda né?
DC – Aham, pena que ela não se cuida muito.
Carmem – Cara, acho que se ela se cuidasse, seria a mais bonita da turma.
DC – Também acho.

E eu via o Tikara lá longe, conversando com outras pessoas. Como as pessoas podem ser tão ingratas? Você ajuda, ajuda, e ajuda mais. E quando elas não precisam de ajuda, elas simplesmente escoam pela sua vida como areia na mão.

Professora Ana Paula – Impressionante. Parece que vocês tem problemas com calar a boca.

– Péééééé –

Professora Ana Paula – Ok. Estão claramente me avacalhando.

Eu não sabia se ria ou se chorava. A próxima aula era Física!

Tikara – Ei.
DC – Fala.
Tikara – Beleza?
DC – Aham. Por que sentou longe hoje?
Tikara – Às vezes a gente tem que variar né?
DC – Variar?
Tikara – É. Não é sempre que eu tenho assunto com você sabia? Além disso, eu tenho outros amigos.
DC – É. Eu sei.
Carmem – Ah gente, parem com isso. Parecem até que são um casal. Ou duas menininhas brigando.
Tikara – Se parecemos um casal a culpa é dele!
DC – Minha, vírgula.
Carmem – Parem!!
DC – Eu já venho.

Sei lá, ir no banheiro ouvindo música, só por ter o prazer de ir pensando na vida até chegar lá (porque a sala é longe pra burro do banheiro), me fazia bem. Um dia eu gostaria de entender tudo que acontece na minha vida. Se tem realmente um propósito isso tudo. Ou se são apenas obras sacanas do destino. E o pior nem era isso...


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Notas finais do capítulo

A vida do nosso DC não é só amor, é amizade também. E isso inclui todos a sua volta, sem a menor vontade, ou sim, de tê-lo como amigo.