Vida Real escrita por heypedroh7


Capítulo 7
Amizade em crise




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E tudo continuava na mesmice de sempre. Probleminha juvenil pra lá e pra cá.

Aninha – DC!
DC – Oi.
Aninha – Por que você abandonou a Marina ontem?
DC – Eu não abandonei ninguém. Ela que não voltou.
Aninha – Você mandou ela ir com as amiguinhas dela.
DC – Eu não fiz isso. Deixa eu explicar. Ela não quis ir na cantina antes comigo e com a Magá. Aí a gente resolveu sair dali, ela resolveu ir na cantina. Aí também não quis. Você sabe como eu sou! Adoro contrariar.
Aninha – Então você seria capaz de magoar amigos apenas por sua honra de contrariar os outros?
DC – Não, eu...
Aninha – Você sim, DC. Ultimamente, andando com Irene, Titi, Toni, Tikara, Maria Mello... esse povinho aí. Você tá se esquecendo da gente. Nós duas somos suas amigas desde que você se conhece por gente. Aí por que a Magali resolveu ir lá falar com eles, você simplesmente largou a Marina igual a uma poia sozinha lá e ainda mandou ela ir com as amigas estranhas dela.
DC – Peraí, você tá dizendo que vocês andam com ciúmes das minhas novas amizades?
Aninha – Não é ciúmes. Deixa de ser convencido.
DC – Então é o quê?
Quim – Oi gente!
Aninha – Quim, não querendo ser grossa, você poderia só nos dar uma licença um pouquinho, estamos tendo uma conversa séria agora...
Quim – Ah, ok.

Tadinho do Quim, sempre enxotam ele de um canto pra outro.

Aninha – DC, eu sinto que assim que acabar a escola, você vai se distanciar de mim e da Marina.
DC – Aninha! Não diz isso! Para, por favor!
Aninha – Por quê?
DC – Eu morro só de pensar em me afastar de vocês duas. Vocês são as pessoas mais importantes pra mim nesse colégio.
Aninha – Eu... eu não sei o que dizer.
DC – Às vezes o silencio vale muito mais. O que eu tô querendo dizer é que, mesmo que não pareça, eu dou mais importância à vocês duas, mais do que a todos eles juntos.
Aninha – Eu sei DC, e mesmo que seja difícil de acreditar, e até de aceitar, eu sinto... eu sei. Sei que um dia nosso contato como é hoje não será mais o mesmo daqui a uns 3, 4 anos...
DC – Você não sabe como essa conversa está doendo em mim, Aninha.
Aninha – Ah eu sei. Sei sim. Dói mais em mim do que você imagina.
DC – A gente precisa conversar. Nós três. Pra tudo ser posto no lugar, e voltarmos a ser o que éramos antes. Antes de eu “me afastar” como você está dizendo.
Aninha – Não sou só eu que acho isso. A Marina também.
DC – Mas gente, o que eu faço demais pra vocês acharem isso?
Aninha – Levando em conta que você nunca sai com a gente, mas com eles já saiu umas cinquenta vezes só esse ano, agora passa mais o recreio com eles do que com a gente. E ainda por cima, teve o que aconteceu com a Marina ontem.
DC – Aquilo da Marina eu já disse o que foi, de verdade.
Aninha – Não DC. Não se resume a isso.
DC – Então...
Aninha – Então que você está muito diferente. Todos nós estamos. Não somos mais aqueles garotinhos do sétimo ano.

Esse assunto estava me cortando mais do que uma faca. Era menos doloroso que eu tivesse me matado logo.

Aninha – Nossos pensamentos hoje estão diferente. Cada um já sabe o rumo que quer seguir na vida. Pelo menos deveríamos.
DC – Eu sei. E acredito que a Marina também saiba.
Aninha – Exatamente. Pensamentos mais maduros, DC. E essas suas novas amizades, só fazem afastar você da gente cada vez mais.
DC – Não fala assim, Aninha...
Aninha – É a mais pura verdade. Marina, vem cá.
Marina – Oi.
DC – Oi, Marina.
Aninha – Conversem, vocês dois. Eu já volto.

Não sei, mas tudo isso estava acabando com o meu chão. Elas eram sim as pessoas mais importantes pra mim naquele colégio. E eu nem imagino um dia em que a gente pare de se falar. Tudo isso por um motivo... bobo?

DC – Você disse pra Aninha.
Marina – Ela é minha amiga ué.
DC – E eu não sou?
Marina – Já nem sei mais.
DC – Marina, desde sempre fomos amigos.
Marina – Fomos?
DC – Marina, eu não me imagino mesmo sem falar com vocês duas. Eu te abandonei aquele dia, porque não achei mesmo que fosse ficar chateada. Como disse pra Aninha, vocês duas são as mais importantes pra mim nesse colégio, e se um dia eu me afastar de vocês eu juro que eu não respondo por mim.
Marina – Eu não sei o que dizer.
DC – Me desculpa?
Marina – Vou pensar no seu caso.
DC – Então pense.

No dia seguinte...

Titi – Ei cara. A Aninha me disse que vocês não estão se falando.
DC – Não estamos o quê? Nos falamos ontem.

Nisso elas estavam passando...

DC – Aninha! Marina!

Elas passaram direto.

Titi – Acho, assim, só acho, que elas não querem falar com você. O que foi?
DC – Eu ontem caí na asneira de abandonar a Marina na hora do recreio, mandei ela ir com as amigas estranhas dela, ela ficou chateada comigo, e aí resultou nesse bafafá todo.
Titi – Mas o quê? Fez o que não devia, cara!
DC – Ah claro, porque receber lição de moral sua, é o fim do poço!
Titi – Isso que dá querer ajudar. Já é, valeu. Vou nessa.
DC – Não, cara. Peraí!

Mas será possível que eu não dou uma dentro?

DC – Ei, por que vocês ficaram me ignorando hoje?
Marina – Por que não somos idiotas.
DC – Realmente, idiotas vocês não são. São bipolares mesmo.
Aninha – Bipolares?
DC – É. Ontem estavam todas boazinhas resolvendo tudo comigo, e hoje nem olham na minha cara.
Aninha – Boazinhas? Estamos chateadas com você, DC. Terminar a conversa com “Eu não sei o que dizer” nem sempre é motivo pra achar que tá tudo bem.
DC – Ok, o que vocês querem dizer com isso?
Marina – DC, fomos amigos por muito tempo. Continuaremos sendo, mas nunca mais vai ser a mesma coisa de antes.
DC – Poxa, gente...

E o dia só piorava, todas as situações pioravam. Talvez a hipótese de me matar não estivesse tão descartada assim.

Irene – Eu tava aqui pensando DC. Uma coisa que a Isa me disse talvez esteja certa.
DC – Isa? Hã?
Irene – É. Ela disse que do jeito que eu ando, não vai demorar muito pra perder a virgindade.
DC – E você não consegue ficar um dia sem falar dela né? Mesmo depois de terem brigado.
Irene – Ah cara, era uma amizade de anos e anos, impossível deixar de falar. Tudo que eu faço me lembra ela.
DC – Te entendo, e na real. Queria eu ter uma amizade assim, que seja de bastante tempo.
Irene – Ué, tem a Aninha e a Marina.
DC – Crise.
Irene – Crise?
DC – É. Elas tão com ciúmes de vocês. Falam que eu saio mais com vocês do que com elas. Que eu não ando no recreio com elas.
Irene – Pois então vamos chamar elas pra saírem com a gente.
DC – Vamos marcar um dia pra sair de galera!
Irene – Só falta O dia, né?
DC – Pois é...

Às vezes, temos certos momentos da vida que nos fazem acreditar que é tudo fácil. Que tudo vai se resolver. Às vezes nem precisamos desses momentos. Sei lá, tudo na vida é um paradoxo, onde nada faz sentido, onde tudo precisa de outros fatores para enfim fazer sentido, ou nem chegar a conseguir.


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Notas finais do capítulo

Mudando um pouco o foco do DC.



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