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Capítulo 97
Capítulo 97:




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— Então Anita vai querer alguma mais coisa ainda. - Omar indaga se aproximando do balcão, sorrindo animadamente.

— Não não, tá ótimo só o suco mesmo, valeu Omar. - Anita respondeu de volta com a mesma simpatia que foi abordada pelo garçom, voltando a encarar a tela do celular desatenta.

— Ok, então vou ali atender o cliente que chegou. - ele informou logo que via um casal adentrar o restaurante.

— Será que eu posso me sentar. - ela ergueu o rosto com curiosidade, quando reconheceu a voz que lhe questionou.

—  Adianta dizer que não. - ela disse a Ben que lhe fitava com astúcia.

— É acho que não. - o rapaz não nega   esboçando um sorriso divertido já sentando ao lado dela, que jogou o cabelo para o lado ignorando a provocação. - Na verdade, mais que isso, eu queria mesmo era te fazer um convite. - ele conta.

— Eu devia de dar autorização pra isso, ou é mesmo muito perigoso. - ironiza Anita arqueando uma sobrancelha meio incerta do que ouviria como resposta.

Ben ri se calando por segundos. - Não, não vim mesmo te pedir permissão, você está certa. - ele não nega que lhe diria do mesmo jeito, caso se ela se negasse a ouvi-lo. - Vou ser direto, melhor. - imagina.

— Olha no nosso caso, nem sempre, afinal a gente sempre costuma falar o que não deve um pro outro, o que gera um bocado de sentimentos de ofensas, em ambas as partes. – ela repensou em um tom divertido, soltando o telefone sob o balcão, e tomando um gole de suco.

— Ok, mas isso geralmente depende da pauta do assunto não. – Ben implica sorrindo, não querendo muito concordar.

— Talvez, mas também na maioria das vezes as pessoas acreditam naquilo que elas querem mesmo. – Anita retruca achando graça.

— É, mais sabe  o que eu acho ainda que você tá querendo me dar a volta, apenas isso. -  ele acusa a encarando sério.

— Ah meu deus. - resmungou ela se preocupando. – Fala logo antes que eu realmente desista mesmo. – pediu a garota, rolando o olhar nada paciente.

— Então você pode sair comigo hoje, sei lá pra gente poder conversar longe do casarão e até dos olhares curiosos de todo mundo, num lugar que seja só nosso. - pergunta Ben com a voz meio engasgada devido ao jeito sério e atento com Anita o olhava.

 - Tá. - Anita assentiu com um meio sorriso.

— Tá. - Ben proferiu como se estivesse lhe pedindo uma confirmação mais definida. - Só isso tá, assim mesmo. - ele argumenta, e Anita ri de leve terminando de tomar seu suco.

— Um aceito, soa mais conveniente talvez. - Anita retrucou com olhar altivo.

— Não é que, normalmente você arrumaria ao menos umas três desculpas pra recusar, só isso. - diz ele sorrindo implicante.

— Ah tá, esqueci desculpa, é que agora eu banquei a fácil demais, afinal faz parte de algum tipo de manual de ante sofrimento amoroso, não deixar o outro te convencer facilmente de qualquer coisa, foi mal antes não tinha entendido. - Anita banca a desmemoriada, e sorri totalmente irônica.

— Só você. - Ben ri do jeito da amada.

— Realmente, só você também. - Anita devolve da mesma forma e os dois ficam a sorrir um pro outro.

— Gente vocês estão aí. – Marcelo chega em plena felicidade ao lado de Meg.

— Por enquanto acho que sim. – Ben responde com certa ironia.

— E vocês tavam no bosque é. – Anita indagou lançando um olhar travesso aos dois que sentaram.

— Por que. – Marcelo fita Anita um tanto confuso.

— Não, evidente, tá cheio de folha no cabelo da Meg. – Anita exclama debochada, passando a mão nos fios loiros da amiga e jogando uma folha em direção a Marcelo.

— Não teve graça Anita. – Meg argumenta enquanto olha sem jeito para Marcelo que não parece nada contente,  enquanto Ben ri calado.

— Ué eu não estou dizendo que tem. – Anita responde disfarçando o sorriso. – Calma gente!

— Ah te interpretei mal então. – Marcelo foi meio irônico com a resposta.

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— Meg esse vestido tá muito estranho, to me oferecendo com ele, literalmente, eu engordei, só pode. – Anita reclamava com a loira em frente ao espelho.

— Anita que viagem, se tá linda. – a loira que estava deitada na cama começa a gargalhar de Anita.

— Não, como você me deixou comprar isso, credo. – Anita resmunga com a estrangeira, que apenas ri ainda mais com a deixa.

— E o da festa, que você usou cadê.  – Meg pergunta parando de rir para ajudá-la.

— Não, aquele é muito formal, não precisa tanto também, fora que dentro dessa mala, deve estar todo amarrotado. – imagina ela nada confortável ou contente com o vestido que usava.

— Então não sei, você trouxe bem mais short e blusa né, aliás a gente nem saiu do Rio, você está me devendo uma viagem sabia. – exclama Meg taxativa.

— Eu sei, não desisti não, até vi umas pousadas por aí, quem sabe, a gente ainda não viaje. – diz Anita achando melhor não renegar a proposta. – O pior é que meu único vestido que preste eu tava com ele. – ela afirma frustrada, por não achar nada que lhe agradasse para vestir.

— O estampado aquele, é já era não conta com ele não. – Meg concorda.

— Ai chega cansei de pensar, vou buscar aquela saia que tava lá no shopping. – Anita cansa da espera e troca de roupas, arrancando com destreza o vestido que não lhe agradava.

— Você tem tanta roupa dentro dessa mala, que você até esqueceu.  – afirma a loira as risadas. - Oh maluca, esse bermuda é minha dá licença. – Meg argumenta ao vê-la vestindo uma peça de roupa sua.

— Desculpa, eu devolvo sem grandes detonações, prometo. – garante Anita colocando uma blusa. – To indo tá, depois a gente fala. – ela se despede apanhando sua bolsa.

— Meu deus, o que uma paixão não faz, a pessoa volta há ter quinze anos. – Meg continua sobre a cama rindo sem parar da cara de Anita.

— Tá bom continua, eu mereço mesmo, porque isso tudo aqui, é um completo circo das loucuras, e o pior é que eu estou plenamente ciente disso. – Anita rebateu, tendo plena certeza de que seu romance com Ben poderia não ser exatamente um mar de rosas, mas por pior que fosse, seu senso racional já nem ligava mais.

— Vê se não estoura o cartão hein, porque aí sim, a loucura vai ser bem mais trágica. – aconselha Meg não conseguindo parar de rir da cara dela, ainda mais quando Anita  lhe olha séria devido ao deboche por suas atitudes.

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À noite.

— Ué Anita você vai sair. – Vera vê a filha descendo a escada parecendo estar arrumada.

— Vou porque, onde que tá incêndio mãe. – Anita não compreende.

 - Filha, eu tinha  te falado que tinha convidado a irmã do Ronaldo, pra jantar, a Silvia lembra dela. – Vera informa.

— Lembro, e também lembro que a cunhada é tua, não é, por tanto eu vou sair. – Anita tentou se explicar.

— Anita você já percebeu que nunca participa de uma reunião com tua família, e quando tem a oportunidade você simplesmente se nega. – Vera argumenta com a menina.

— Mãe, eu tenho um compromisso, eu não posso, hoje não. – Anita bufa estressada com o comentário da mãe. – Você tá querendo me chantagear é isso. – cobra ela desgostosa.

— Eles já estão aí Vera. – Ronaldo grita correndo em direção da porta onde alguém batia.

— Não saí filha, por favor, eu vou ficar cuidando a porta e você não me faça essa desfeita, por favor, Anita. – Vera ainda continua falando em suplica. – E que raios de compromisso é esse teu, que não pode esperar me diz, quem sabe assim eu não me convença. – dispara a mulher taxativa.

— Mãe, mãe, eu não sou criança sabia. – ela suspira impaciente, mas Vera ignorando indo até a porta receber suas visitas.

— E agora o que você vai fazer. – Meg alega apreensiva. – O jeito é você ligar pro Ben né, explicar o que houve. – supõe.

— Não, não, eu já adiei demais minha vida com o Ben por causa dessa família, também chega. – Anita acaba irritada. – É ele que tá me ligando, ai não acredito. – diz ela preocupada ao tirar o celular da bolsa. – Eu vou responder ele, você diz se alguém perguntar que eu fui atender o telefone lá no quintal. – ela instrui a americana.

— Anita eu duvido que a Vera esteja brincando, você não vai conseguir sair sem inventar nada, o jeito é você desmarcar esse jantar, fora que você vai pagar de antipática não é. – Meg fica totalmente tensa.

— Eu dou um jeito, mais inventar desculpa agora também não tá rolando.  – Anita não se vê com imaginação para isso.

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— Não eu já to indo, tchau tchau.  – Anita desligou a chamada de Ben receosa.

— Anita mamãe tá te chamando pra cumprimentar a tia Silvia. -  Pedro chegou no quintal atrás da irmã mais velha.

— Pensa Anita, pensa. – a garota não soube o que fazer e começou a andar de um lado para o outro nervosa.

— Se tá bem. – Pedro não entendeu o motivo dos resmungos da irmã.

— Devo estar. – descalçando os sapatos impaciente, enquanto Meg a olhava aflita.

— Tua mãe tá na cozinha. – Meg respondeu vendo Pedro sumir pela porta.

— Eu vou ter que sair sem ser notada, por mais que eu não seja muito boa nisso. – ela diz preocupada.

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— Porque você pediu pra mim te esperar justo aqui. – Ben indagou de imediato ao parar o carro e vê-la parada na calçada.

— Nem te conto, tua amada tia está lá em casa. – Anita afirmou já escancarando a porta do carro.

— Eu sei, meu pai me ligou, querendo me dizer pra ir jantar. – Ben revelou não absorvendo a notícia como novidade.

— E você disse o que. – Anita perguntou um tanto confusa jogando a bolsa no banco de trás.

— Nada né Anita, a verdade seria mais assustadora nesse caso, eu acho. – Ben cogitou.

— Eu tenho me sentido uma criminosa ultimamente sabia. – ela retrucou insatisfeita recalçando os sapatos.

— Porque você tava te pé no chão, saiu correndo do casarão foi. – o rapaz implica ao lembrar do episódio.

— Foi um pouco pior do que isso, minha mãe me proibiu de sair, como se isso fosse normal, só ela mesmo. – Anita contou impaciente, Ben desistiu de questiona-la apenas se preocupando em dirigir. – Aliás, deve ser isso, mãe tem faro não é, elas sempre sabem quando a gente tá fazendo algo que não devia... – cogita ela, pensando que ouviria poucas e boas da mãe.

— Agora só me resta ter pego a chave errada. – Ben zoava ao tentar destrancar a porta, mas nunca obter sucesso que o suficiente.

— Olha, séria ser metida demais dizer que isso é a nossa cara.  – Anita dá risada dele, parando escorada na parede.

— Ah é, você já começaria perdendo a chave no caminho mesmo. – alfinetou o rapaz de volta a encarando de leve.

— Jura? – Como você acertou. – ela o fitou fingindo uma expressão de espanto.

— Acredita não é muito difícil. – Ben rebateu.

 – Pois é minha especialidade, perder chaves, já fiz pós graduação nisso. – Anita confessa entre risadas altas. – Chegou a ponto da Meg me dar de presente um chaveiro quase gigante do Pernalonga, só pra ver se eu deixo esse hábito de lado. – conta ela com deboche, por sua própria desgraça.

— Já era de se suspeitar mesmo. – Ben acaba também debochando dela.

— Não é de rir não tá. – Anita afirma explicando que o assunto era sério. – Já perdi a quantidade de vezes que eu tive medo e alucinações de que quando chegasse em casa, alguém teria feito uma limpa no meu apartamento, aí só me restaria a opção de morrer com o mínimo de dignidade,  porque a Meg iria me matar com certeza. – ela responde.

— E eu só posso constatar que você continua a mesma doida de sempre. – Ben afirmou em tom de brincadeira, esquecendo um pouco da porta já aberta, e parando na frente dela.

— Eu nunca te disse que eu tinha mudado tanto assim. – Anita ressalta com ar de superioridade só com intuito de provoca-lo, que fica apenas calado e a beija em seguida.

— Bom eu não posso negar que ao menos a arrumação da mesa tá bastante convincente. – Anita brincou logo que os dois entraram pela sala abraçados.

— Ah muito obrigado, afinal convencer uma arquiteta disso, não é nem um pouco fácil. – Ben responde a colocação dela com bom humor. – Agora vem à parte mentirosa da mesa, a comida é do restaurante aí do lado. – ele diz já rindo, enquanto beija o ombro dela.

— Bom se continuar existindo delivery,  você vai continuar impressionando. – Anita rebateu virando para encará-lo com um sorriso no rosto.

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— Eu já vi muitas noites lindas estando em Londres, mais sei lá... - Anita observava o céu e a rua da varanda do apartamento com Ben, parecendo hipnotizada com que seus olhos viam lá em cima, um céu brilhante de tão estrelado, onde ainda a maior testemunha era uma deslumbrante lua cheia. - O céu, as estrelas a Lua, vistas do Brasil, parece que, são mais lindos, sedutores. - ela confidencia, sorridente, olhando para o céu estrelado e Lua cheia, que pareciam deslumbrá-la, a impedindo de pensar em qualquer coisa fora dali, nada existia  além dos dois, e aquele céu que os testemunhava lá de cima quase como uma pintura no ar. A noite estava calma, e o céu parecia em total harmonia, um leve vento soprava discreto e suave em contraste.

— Encantadores, mágica. - Ben riu em concordância,  enquanto também olhava na mesma direção que ela, atrás de si, com as mãos entrelaçadas em sua cintura descansando o queixou no ombro de Anita. - Louco né, porque em Londres, Nova Iorque, ou aqui, a gente vai estar vendo a mesma lua, o mesmo céu as mesmas estrelas, mais a sensação é essa mesmo, a intuição de estar em casa que nos guia. - ele acrescenta com um suspiro, enquanto mexe de leve alguns fios do cabelo dela.

— Acho que essa foi à única coisa que a gente teve em comum, nesses anos de distância, de uma ponta a outra, a gente olhou pra mesma lua, pro mesmo céu. - Anita declara, com um sorriso iluminado olhando alguns segundos para trás ao encontro do olhar de Ben.

— Ai Anita, às vezes, eu ainda não consigo acreditar que você esteja realmente aqui. - desabafa Ben, inebriado com o perfume dela, que sente de perto.

— Eu também não, é meio esquisito né. - ela sorri, virando-se para ele, e tendo o mesmo pensamento. - E sendo sincera, como eu sempre fui com a gente, com a nossa história, com você, eu ainda estou achando isso tudo muito doido. - a garota admite, suspirando devagar para distrair o nervoso que sua confissão lhe trouxe.

— E como se.. - É meio até inconsequente o que eu vou te dizer agora, mas pra mim parece que eu não vivi, mais nada que tivesse importância nesses anos, como se eu tivesse passado todo esse tempo te esperando, esperando pra te ter de novo ao meu lado. - ele diz tocando os cabelos dela.  - Só que...- ele se cala, olhando fundo no olhar dela.

— Você não fez isso né. - ela rebate quase rindo. - E nem eu, mais eu também não sinto importância no resto, simplesmente porque você  tá aqui na minha frente de novo. - Anita fala partilhando dos pensamentos de Ben, que não disfarça o olhar. encantado que a segue em cada gesto realizado.

— É exatamente assim, talvez não. - Ben sorriu sem discordar enlaçando sua mão direita a dela, Anita acabou rindo de leve, enquanto os dois se entreolharam mudos.

Não havia mais nada que pudesse ser dito naquele momento, os dois ali, aquele cenário, não tinha mesmo como não serem apenas guiados pelas batidas de seus corações, julgou Anita apenas olhando concentrada no sorriso de Ben sobre ela.

— Eu descobri outra coisa também. - ele diz, ajeitando uma mecha do cabelo dela.

— Hum e o que seria hein. - Anita perguntou com bom humor, o beijando rapidamente.

— Que... - Ben calou-se  apenas a observando. - Felicidade, ainda pode ter nome, e é perfeitamente o teu moça. - disse ele, seguido de um forte abraço.

Anita suspirou afoita, sem saber como impedir seu coração de  bater acelerado como pulava em seu peito.

— Eu deveria dizer que isso é bastante cruel com você. - Anita proferiu feliz e impactada com a declaração dele, tendo até medo de descobrir que tudo aquilo era uma ilusão sem querer desfazer o abraço dos dois.

— É e você sabe que é, até demais. - ele repetiu em concordância com ela, afastando os fios de cabelo de seu ombro, que eram bagunçados também pelo vento, e a beijando devagar.

— E eu lá sei de qualquer coisa, nesse momento então. - Anita respondeu com ironia a ele que também riu sem parar de beija-la, direcionando os beijos ao pescoço dela.

— Realmente, não basta você dominar meus pensamentos, minhas atitudes, virar tudo de cabeça pra baixo, você tem também que se tornar onipresente na minha vida. - o rapaz afirmou brincalhão a encarando.

— E eu é que tenho culpa. - desafia ela exibida, entrelaçando os braços em volta do pescoço dele e o beijando com paixão.

— Nesse caso muita, toda culpa do mundo. - Ben rebateu entre um beijo e outro, Anita ficou sem contrariar apenas sorrindo. Os dois esqueceram-se novamente do resto, e se uniram mais uma vez, em um beijo intenso que parecia trazer a espera de uma eternidade, conforme os dois se encostavam, fazendo com que seus corpos se reconhecessem. Ben entrelaça a mão na cintura de Anita e a  conduz com agilidade até a sala sem que Anita conteste, os segundos pareciam parar sem que os dois se dessem  conta de  nada em sua realidade, mal conseguindo acharem o sofá que havia na sala e se jogarem ainda unidos em um beijo voraz.

A total harmonia dos dois foi quebrada pelo celular  de Anita que tocava sob a mesinha perto ao sofá. - É meu, desculpa. - Anita riu frustrada, ainda sem afastar o rosto do dele, ou ouvir o som de seu telefone.

— Você não vai atender né, me diz que não. - ele a encara sério se ajeitando no sofá.

— Eu vou desligar, mais antes vou ver quem é tá. - Anita justifica em meio a uma risada, quando o vê contestar com um suspiro, afastando -se um pouco um pouco descontente.

Anita ri ainda mais quando segura o telefone em mãos e nota que quem a liga sem parar é a mãe.

— Que foi. - Ben indaga com certa desconfiança ao perceber a expressão risonha dela perante a tela do objeto.

— É minha mãe. - a menina o olha como se quisesse provocar com a revelação.

— Eu diria que a Vera tem instinto pra pressentir que você está fazendo o que não deve. - Ben esfrega a mão nos cabelos ainda não contente com a interrupção.

— Quem sabe. - Anita sorri brincalhona desligando o celular  e em seguida o deixando novamente no lugar de antes.

— Quem sabe. - Ben retruca lhe dando um sorriso e os unindo em um novo beijo empolgado, fazendo com que os dois esqueçam de todo o resto novamente. Anita se perguntava em pensamentos, que eram totalmente ofuscados pelos beijos envolventes que os dois trocavam, o porque de seu coração bater  cada vez mais  sem rumo e extremamente acelerado a medida que a distância entre os dois diminuí, era como se ela não fosse mais a detentora e única responsável por suas ações, algo perigoso e cheio de impulsos também lhe guiava.

— Hum ham. - ela tenta chamar a atenção dele quando nota outro solm de celular tocando sem parar.

— É acho que é minha máxima culpa agora. - Ben sessa os beijos contra o pescoço dela e diz não muito cordial, por algo atrapalha-los uma outra vez.

— Ou menos você admiti que eu não sou a única culpada. - Anita ri com um semblante irônico.

— Você não precisa disso, afinal já se considera a dona da razão. - ele respondeu em tom de de provocação, enquanto ia distribuindo beijos no pescoço dela. - Não... - Ben continuou com um sorriso por trás de um beijo.

— E aí será que mais alguma coisa vai tocar. – Ben indaga com a expressão não muito satisfeita olhando em volta, alguns segundos de silêncio os deixam pensativos até que Anita o encara e ri, fazendo com que o rapaz também não se contenha.

— Eu realmente espero que não. – Anita retruca com olhar e sorriso travesso. – Deixei o outro celular em casa e desligado, ainda bem. – ela suspira fingindo estar aliviada pelo fato, e eles se olham paralisados, parecendo esperarem por um novo sinal de interrupção, enquanto nada acontece.

— Bastante ardilosa a senhorita não. – ele implicou tocando de leve os lábios dela,

Anita apenas riu, mesmo contrariada a moça pareceu não fazer tanta questão de discordar, talvez tudo naquele momento a levasse para um mundo de incertezas, mas também não podia negar que havia uma grande felicidade lhe inebriando, onde apenas mais um beijo que encurtava a distância de seus corpos se intensificou.  - Que foi. - Ben lhe indagou quando notou o olhar sério que ela lhe lançou por um único segundo, desfazendo o sorriso com que saía do beijo.

— Acho que agora eu sei por que tentei evitar. - Anita balbuciou afastando um pouco mais seu rosto do dele, que a olhou ainda mais apreensivo.

— Como assim. - Ben perguntou com ligeireza, não muito convencido se ainda queria ouvir a explicação da amada.

— Não sei... - Bom... - ela quis dizer, mas viu-se enrolada com as próprias palavras. - Talvez só seja, uma alegação  baseada em um nervosismo bobo e completamente sem sentido, mas... - Anita argumentava, passando a mão nos cabelos um pouco desalinhados. - Mas, por saber que, mesmo achando que dava pra dizer que não, eu iria acabar totalmente envolvida com você em algum momento, e a partir daí, eu não poderia  mais parar ou negar. - ela confessou deixando Ben a reagir em um misto de surpresa e contentamento. - Você não foi o único culpado por não ter dado certo antes, eu também fui, só que desde muito tempo, Ben eu parei de me iludir talvez, não foi fácil o caminho pra onde minhas decisões me levaram, eu perdi você e durante muito tempo, realmente achei que pra sempre, não fiquei usando de muito otimismo pra um dia cogitar isso aqui, pra mim sempre foi irreal sonhar tão alto, ao menos com esse assunto... - ela afirmou não conseguindo muito esquivar- se da emoção que parecia lhe aterrorizar, talvez ainda fosse uma confissão que não deveria ser feita. - Eu preferi esquecer Ben, mais claro que  se eu te disser que eu nunca fiquei péssima pensando na gente, e no que nós nem vivemos, eu vou mentir. - Anita alegou, mal vendo a lágrima de seu olho escapar.

— A gente tem uma chance agora, não é isso que importa. - ele revidou se deixando levar pelo olhar impactado dela lhe encarando.

— Acho que por não querer sofrer de novo, não ter que ver as coisas dando errado que eu me neguei a admitir, Ben as pessoas olham pra mim e na maioria das vezes elas acham que sabem tudo, e que eu sou inabalável,  que eu suporto tudo, mais o que a maioria delas não sabe é que eu sou sozinha...  – afirmou Anita  em um tom emotivo.

— Que no fundo eu só tenho a mim mesma, que é de mim que vem os concelhos depois de um dia difícil, e que por mais ruim que as coisas estejam se eu não levantar minha cabeça pra iniciar um outro dia, dificilmente alguém vai se dar por conta de que talvez eu precise de um apoio, eu cuidei de mim mesma esses anos todos, e esse meu medo vem daí.  – ela admitiu o lançando um olhar inseguro.

— Anita olha... – Ben quis interrompê-la, talvez também não quisesse entender verdadeiramente o que os dois viviam, e o porque de todas as tentativas de renunciarem tanto o que poderiam sentir.

 - Eu sei que foi muito difícil recomeçar, doeu demais, ou você acha que quando eu cheguei numa cidade, em um país, num lugar que eu não conhecia ninguém... – Foi péssimo, apesar de me ver responsável por todo mundo sempre e nem sempre receber exatamente isso das pessoas quando eu precisei, eu nunca tinha me afastado deles, acho que eu esperei a minha mãe pedir pra eu ficar de verdade, ou o Ronaldo, nossos irmãos, mais eu vi que eles estavam ocupados demais com a vida deles pra entender o que tava passando na minha cabeça, mais mesmo assim eu chorei todos os dias pela falta deles, acho que durante muito tempo, eu me vi largada no meio do nada, com pessoas que eu nunca tinha visto, e sentindo falta de uma vida que eu tinha deixado pra trás, não havia nenhum plano que se, encaixasse na minha nova realidade,  por isso minha decisão de por uma pedra em tudo, eu não queria mais ficar lamentando o que eu tinha perdido. - ela desabafou em meio a lágrimas ininterruptas, livrar-se de um “segredo” anteriormente trancado a sete chaves nem sempre seria fácil, até ali talvez ela não tivesse se dado por conta da veracidade de tal pensamento. 

— Só que eu preferi não me dar conta de que eu ainda te amava, eu passei um bom tempo achando que não, até minha mãe ligar lá pra casa as cinco da manhã  pra dizer que você ia estar aqui, e que pela primeira vez depois de tudo...  – proferiu buscando o ar. – Aquele cenário de incerteza na minha mente iria se recriar na minha frente, e eu sabia que quando eu descobrisse que nada tava no lugar, que você não estava mais lá, e que de novo eu não ia saber o que fazer com todo amor que eu sinto por você e que ainda tá aqui dentro.  – disse ela confidenciando o que se passava dentro de seu coração, desde que toda aquela história parecia estar prestes a ser desenterrada.

— Eu tive medo de estar presa a uma coisa que só existia pra mim, por isso eu não queria chegar perto, eu não queria saber como você estava ou não, qualquer atitude, olhar, palavra, que viesse de você iria se tornar uma ilusão pro meu coração, uma mentira que ia me destruir novamente, eu não queria esse sofrimento pra mim, não de novo. – calou-se Anita, enxugando as lágrimas de seu rosto.

— Não é uma mentira, é real Anita. – pronunciou Ben a interrompendo. – E você sabe que é, eu te amo, eu vou continuar te amando, por mais dor e ressentimento que... - O que eu sinto por você tenha trazido pra nós dois, não é o suficiente pra eu estar perto e não querer te ter pra mim de novo, não importa o que eu tenha que mudar na minha vida, mesmo assim eu quero que você faça parte dela. – ele garantiu segurando as mãos dela, que guiada por uma emoção em parte desconhecida, estavam totalmente gélidas. - Eu nunca tive alguém como você, e talvez não seja porque eu me tornei incapaz de amar alguém, ou que tudo isso tenha deixado nós dois repletos de rancor, mais porque eu não consegui te arrancar de dentro de mim, ou eu não quis, eu alimentei esse sentimento, essa marca, com lembranças, com momentos, ruins ou boas e  que muita gente esqueceu, já nós dois.  – afirmou Ben, a fitando com todo encantamento.

— Fomos meramente incapazes. – ela não discordou, o olhando com o olhar lacrimejado.

— E a gente vai continuar sendo, você sabe. - Ben rebateu com o olhar terno, a puxando para um abraço repleto de sentimento, que parecia ter sido adiado durante muito tempo.


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