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Capítulo 88
Capítulo 88:


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!! Muito obrigada por comentarem e lerem...



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– Sério, acho que... – Nada melhor do que sorvete, pra descrever o gostinho da infância. – confidenciava Anita a Ben, em uma das lanchonetes do shopping onde os dois tinham parado para descansar.

– Eu to vendo. – Ben se desconcentra enquanto olha para ela deslumbrado. – Você tá parecendo uma menininha de cinco anos mesmo, toda lambuzada. – ele afirmou brincalhão a fitando com um sorriso implicante.

– Hãm? – Anita parou a olhar para si, checando se ele estava certo, afinal seria tão a cara dela, com seus desastres intermináveis, mergulhar literalmente, quase dentro da tigela de sorvete. – Ai mentiroso. – ela riu serena, Anita poderia não ter cinco anos, mas como há muito tempo não se sentia, talvez estivesse feliz como a garotinha que um dia foi, aquele cheiro de passado bom e saudoso, realmente estava presente em si, de uma maneira que ela não sabia decifrar, por mais que tentasse.

– Vem cá, eu realmente pensei que a arquiteta, linda e magra, vivesse bem com uma tigela de alface. – zoou ele.

– Sério! – profere ela levantando o olhar. – Seria a coisa mais mentirosa que você pensou de mim, nessas semanas todas. – caçou. – Bom eu tento, mais na maioria das vezes, eu não consigo, só espero que eu não ensine este hábito, de formiga que eu tenho, de comer tudo que tem açúcar que eu vejo pela frente, pra os meus filhos se um dia eu os ter, seria digno de uma péssima mãe né. – a garota fez piada.

– Não dá pra não ficar bobo imaginando essa cena. – Ben fala com um sorriso para ela.

– O que, que eu continuo sendo a maior destruidora de doces de toda humanidade. – retrucou Anita não o compreendendo.

– Não. – ele balança a cabeça negando. – Você, e uma mini Anita do lado. - Já imaginou? – Eu acho, que seria a criança mais fofa do universo. – declara ele, Anita sorri e deixa o sorvete de lado, a encarando com um sorriso.

– Sabe que eu não, acho que eu não herdei o extinto materno da minha mãe não, pra querer família grande. – responde ela. - Ou sei lá também, faz uns anos que eu não preciso pensar ou cogitar isso, já basta um susto não é, mesmo que na realidade seja sempre diferente. – Anita revela falastrona e sincera sem perceber o quanto se comprometia.

– Porque você tá falando isso. – Ben a olha sorrido intrigado, como se um aviso soasse imediatamente em sua cabeça.

– Nada esquece. – Anita pede desconversando. – Deixa pra lá, quem sabe um dia, eu tome coragem e te conte. – ela afirma.

– Conversa estranha. – Ben diz a confrontando com o olhar.

– Eu sou estranha, que eu saiba nisso não tem nada de mais. – Anita ri, fugindo da pergunta anterior.

– Mais sério, estranho você dizer que não se imagina mãe, passou a maior parte do tempo sendo mãe da todo mundo. – comenta ele, deixando a curiosidade pelas palavras anteriores de Anita a serem esquecidas.

– Sempre sobra né, o irmão mais velho que tem que cuidar do mais novo, com você não foi muito diferente vai, mais sabe que o Pedro, ainda é o bebezinho mais lindo que eu já vi, não sei se é porque sei lá, eu e a Sofia, a gente tem quase a mesma idade, três anos de diferença não é muito tempo assim, eu era pequeninha quando ela nasceu também, mais com o Pedrinho não tem jeito ele sempre vai ser meu caçulinha fofo. – expõe Anita entre um sorriso orgulhoso. – Ou pra ser menos dramática, acho que eu sinto falta de conviver, sei lá. – ela admite entre um suspiro.

– E muita pelo jeito, na verdade é meio que impossível, no fundo distantes assim, nós sempre estamos longe da vida deles. - Ben respondeu, parecendo compartilhar do mesmo sentimento.

– É, o que também tem seu lado bom, rotina, convivência excessiva, também minam qualquer tipo de relação, e nem sempre isso é agradável. – brinca Anita.

– Ah me desculpa. – gesticulou Ben rindo. – Esqueci que você é muito racional, foi mal. – ele debocha.

– Ai Ben para. – Anita da uma risada ao fingir se irritar.

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– Bernadete o que aconteceu, minha mãe me ligou histérica no telefone, e eu é que eu pensava que ela estava lá no bem bom né. – Anita afirma ao chegar na sala de escritório, onde Bernadete e a mãe administravam seu negócio.

– Ah é porque nós temos que fechar uma papelada aí, e umas contas porque, a fiscalização ligou afirmando que pode fazer uma visita de inspeção a qualquer momento. – a mulher explicou sobrecarregada.

– Nossa e o surto todo era só por isso. – Anita se surpreende, por isso que a mãe estava sofrendo de estresse mesmo, vivia agitada com tudo, pensou. - Olha gente sinceramente, eu tenho um pouco de medo de ficar igual minha mãe sabia, em um futuro próximo, completamente surtada. – Anita profere dispersa, enquanto Ben parado ao se lado não segura uma risada. – Que, qual é a graça. – ela o confronta imediatamente.

– Não é que... – Engraçado você falar isso, porque surtada você já é, quem não te conheça que te compre. – afirma o rapaz a fitando com deboche.

– Impressionante, você não perde uma oportunidade de me ofender gratuitamente. – esbraveja Anita não fazendo questão de esconder o olhar insatisfeito e muito menos o sorriso destinado a ele.

– Eu só não, não entendi porque ela te ligou Anita, afinal o que uma arquitetazinha, vai entender de administração não é, meio perda de tempo você aqui. – Amanda afirmou entrando na sala de forma altiva e exibida.

– Ai minha nossa senhora dos cílios postiços, dai-me um pouco de paciência. – resmungou Anita em protesto, mexendo nos cabelos de forma impaciente no instante que se livrava dos óculos de sombra, como se quisesse evitar uma atitude intempestiva na direção da garota. – Olha, eu te diria que o fato de você ser uma advogadazinha, não faz você saber nada minha vida, e muito menos dos assuntos que eu domino ou não. – Anita devolveu a provocação, sorrindo irônica.

– Bom eu não entendo gente, a até porque tenho que cuidar da cozinha, ou desse jeito sem a Vera aqui não vamos dar conta. – Bernadete diz nervosamente, e sem perceber pondo um fim na troca de farpas das duas garotas.

– Abelardo, faz o seguinte, cuida da papelada da fiscalização, enfim dessa baboseira toda que se precisa pra isso aqui funcionar dentro da lei, que eu e esse aqui demos um jeito no resto. – sugere Anita decida.

– Esse quem cara pálida. – Ben intercede não gostando da ordem recebida.

– Você mesmo. – Anita o olha compenetrada. - Ai vai me dizer que você não fez nenhum curso de administração nesses anos todos em Nova York, bom conseguir emprego na área de Engenharia não sendo formado, no exterior é barra não é, Nova York não deve ser tão diferente de Londres, e depois tem aquelas porcarias de cursos extras que toda universidade exige pra carga de estudo extra. – fala ela impacientemente.

– Aqui Anita. – concorda Abelardo entregando uma pasta a ela, afinal que outra opção ele teria, já que Bernadete só sabia reclamar nervosa com a situação.

– O que não faz de você uma pessoa mal informada. – ele a provoca descaradamente, garantindo com o olhar que deu a ela que não cederia ao pedido anterior.

– E depois Engenheiro que não sabe fazer contas, é o fim né, de carreira, literalmente... Não precisa nem reclamar. – Anita continua debochada, enquanto Ben apenas balança a cabeça negativamente. – E tem mais, a não ser que você queira estragar a viagem deles, e consequentemente perder o dinheiro que você usou pra bancar ela, é melhor ajudar, o que serve pra mim também, que assim como você contribuí com a maior parte. – argumenta Anita apelativa e dessa vez com um argumento que fosse mais convincente.

– Vem cá me diz o que eu faço com você hein, impressionante não é, você consegue acabar com a persistência até do cara mais insistente do mundo, um pouco menos de impulso e mais educação de vez em quando não faz mal sabia. – Ben ironiza a encarando. Porque ela não se dobrava, um único segundo que fosse, pensou ele por um segundo.

– Hum, eu com isso. – Anita mexe os ombros como forma de dizer que tanto fazia para ela. - Benjamim se você ainda não entendeu que existem outras formas de se conquistar uma mulher, eu é que tenho culpa. – Anita o encarou por uma última vez antes de sair para a outra sala, Bernadete que pretendia correr para a cozinha ainda continuava imóvel no mesmo lugar, induzida pela enorme curiosidade que se fez presente dentro de si, devido ao clima implicante e ao mesmo tempo envolvente que notou entre Anita e o ex-namorado do passado, vendo seus pensamentos apenas serem invadidos por uma enorme curiosidade a cerca, do que ela percebia significavam de fato.

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– Vou te falar Bernadete, a mamãe tem razão quando quase pira pra administrar isso tudo, se exercer atividade empresaria fosse tão fácil, nenhuma empresa quebrava nesse país, é muita coisa gente. – confidenciava Anita à mulher enquanto se ocupava das tarefas da mãe a pedido dela.

– É menina a coisa é complicada mesmo. – concordou Bernadete.

– Então quer dizer que a grande arquiteta, tá jogando a toalha. – falou Amanda brincalhona.

– Não, se tem uma coisa que eu descobri ao longo do tempo é que eu trabalho bem sob pressão. – sorriu Anita organizando alguns papéis. – Organizar papéis e departamentos é melhor, pior é quando um cliente te manda quebrar uma parede, você acata, e dois dias depois e vira pra você e cisma que quer a parede no lugar de volta, aí você faz o que se vira. – Anita riu de seus dilemas.

– Óh tem mais essa pasta que tava com o Abelardo que a Vera deixou. –disse Ben vindo até elas.

– Tá, as contas que era do restaurante, eu imprime todas, estavam juntas o Ronaldo deixou, o Omar tava atrás disso mais cedo. – falou ela, se recordando de toda aflição do garçom ao não encontrar os papéis.

– Tá o que era pra levar pra prefeitura eu deixei lá no restaurante, o Martin tinha que assinar, já que meu pai não estava, aliás eu tenho que fazer isso agora entes que não dê tempo. – salientou ele com pressa.

– Ou volta aqui, espera... Eu vou com você, eu não vou andar até pensar em perder minhas pernas até lá não, tem uma licença pra pegar, outra papel que precisa ser pago, Abelardo foi até ao banco e deixou aqui. – ela avisou, quando o viu saindo.

– Então vamos não é, ou você vai fazer isso depois que o expediente acabar. – Ben a apressa impaciente.

– Me dá cinco minutos, tem que imprime um papel aqui primeiro. – ela pediu em um tom calmo, enquanto olhava algo no computador.

– Você abusa não é, abusa, vai continua. – Ben sorriu irônico e ao mesmo tempo impaciente, parando para fitá-la.

– E você perde tempo reclamando por que. – Anita rebate, mexendo os ombros indiferente.

– Eu vou te esperar lá fora. – comunica ele, disfarçando o sorriso.

– Bernadete, eu tenho que ir mesmo, eu estou te devendo uma vista não é, eu sei, tem umas lembrancinhas que eu trouxe pra você, Abelardo e Soraia, mais até esqueci de entregar, faz assim amanhã nós conversamos melhor. – Anita despediu-se apressadamente antes que Ben realmente a deixasse para trás e ela tivesse que arrumar um táxi para se deslocar.

– Vem cá, para aí, me explica uma coisa. – a mulher pediu risonha, segurando o braço da ex- enteada.

– O que. – Anita para olhando para ela no intuito de lhe dar atenção.

– Essa felicidade toda aí, tem algum motivo em especifico, desde que você chegou aqui, eu não tinha te visto tão radiante assim, se tá brilhando mais que o sol menina. – Bernadete não resiste e pergunta.

– Bobagem Bernadete. – Anita desconversa achando exagero dela.

– Bobagem nada, fala vai qual é o nome dessa felicidade. – ela sorri insistente.

– O nome? – Anita fez ar de mistério, numa tentativa da mulher desistir. – Claro que tem nome, Anita Toledo Figueiroa, eu mesma, porque você acha que eu não me basto pra minha felicidade. – garante ela sorridente.

– Aham sei, e aquele menino, gato de olhos verdes que acabou de sair daqui não tem nada a ver com isso. – ela é direta e dispensa os rodeios ao perguntar sobre Ben.

– Ai Bernadete. – Anita riu desajustada sob a percepção da mulher.

– Acertei, eu acertei, você e o Ben. – a mulher comemora saltitante antes mesmo de Anita responder com a confirmação. – Meu deus!- Você e o Ben. – Bernadete ri feliz e espantada pela situação.

– Fala baixo, por favor. – Anita pediu cochichando a mulher.

– Ah to passada, jogada, sem reação depois dessa. – ela proferiu com um semblante pasmo.

– Acredita, até eu estou. – confessou Anita, não poderia ser possível que ela havia caído de amores tão fácil pelo garoto novamente, era pura loura pensou entre um sorriso.

– Mais e o bofe, digo o teu namorado. – indagou Bernadete.

– A gente acabou terminando, a verdade é que já não estava rolando, pelo menos pra mim Bernadete, sei lá. – Anita desabafa sendo sincera.

– E aí bater o olho no Ben, piorou tudo, acordou alguma coisa aí dentro. – ela supõe parecendo compreender.

– Eu não sei direito, não to conseguindo imaginar como eu me meti numa situações dessas, mais depois eu te falo melhor sobre isso, agora eu tenho que ir mesmo. – Anita afirma querendo se apressar.

– Ah mais eu entendo, o Ben é lindo, mesmo que você não tivessem nada antes, não dá pra negar que vocês formam um par e tanto. – ela elogia, no fundo contente.

– Bernadete deu, chega né, menos, menos, agora eu vou indo mesmo. – Anita acaba rindo entre gargalhadas pela falação dela. – Mais não fala nada pra ninguém, por favor, ninguém sabe disso, por enquanto melhor deixar assim. – Anita pede segredo.

– Pode deixar, eu não sei de nada, eu nunca soube não é. – responde Bernadete sorridente.

– Oh e eu não sei. – Anita acha graça do comentário dela, de fato era sempre Bernadete que guardava tal segredo, sobre sua relação confusa com o rapaz desde o início.

– Mais de uma coisa eu sei, e como sei, que você merece se feliz, o resto ignora boba, você já encarou tanta coisa minha flor, merece tudo de bom que a vida ainda tem pra te dar. – ela desejou melancólica e feliz pela garota.

– Mais eu to aqui né, viva e forte, o resto é o resto, agora eu tenho que ir mesmo, quando eu voltar agente termina o papo. – afirma Anita, óbvio que Bernadete não lhe deixaria em paz e faria ainda milhões de perguntas sobre o assunto.

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– Nada como um café com esse bolo da Soraia, recém saído do forno pra encerrar o dia com chave de ouro mesmo. – afirmou Anita a elogiando.

– Ai Anita, não me enche de elogios desse jeito que eu fico mal acostumada. – Soraia se comoveu com todos os elogios.

– Ai não faz isso, porque se não minha mãe me mata, alegando que eu estou coagindo a sócia e funcionaria dela, a ficar com um ego inoperável. – brinca Anita. – Mais mesmo assim você continua merecendo!

– Você viu as fotos que tua mãe mandou, não vou mentir to invejando eles, mesmo que seja uma inveja boa. – Bernadete afirma.

– Não, deixa eu ver. – Anita pede, apanhando o celular de Bernadete.

– Gente mais não adianta mesmo, esses dois não cansam nunca de serem o casal modelo. – Anita dizia, olhando as fotos da mãe e do padrasto junto com Ben.

– A Vera e o Ronaldo são únicos mesmo, casal igual eles nem tem. – concordou Bernadete.

– Discordo, você e o Abelardo também podem ser outro ótimo exemplo. – afirmou Anita. – Olhando tanto vocês, como pra minha mãe e pro Ronaldo, até dá vontade de descobrir se amor é pra sempre mesmo. – ela fala olhando de relance para Ben, mas disfarça.

– Ah então quer dizer que você, logo você dona Anita Toledo, vai me dizer agora que não acredita nessas coisas. – a mulher ruborizou risonha, Anita ficou a encarar Bernadete sem responder.

– Não, não é, que eu acredite. – Anita se explica sorrindo desconcertada. – Mais que olhando assim vocês, a gente acha que é real, mais também nem toda regra é aplicável. – afirma.

– Essa menina bateu com a cabeça não é possível, não... – Não, não, eu não aceito você dizer isso, não você. – Bernadete contrariou. – Logo você, me sair com essa. – alega ela taxativa.

– Ah bom Bernadete você vai me dizer, o que agora, que o meu passado me condena é isso. – Anita soltou descarada rindo em seguida.

– É ou quase. – atrapalhou-se ela. – Mais vindo de você essa frase não cola não Anita, muito ao contrário soa pura mentira. – insistiu Bernadete não se convencendo jamais.

– Não pera aí, também, eu não disse que eu não acredito em amor, não foi isso, aos outros eu acredito, e até apoio com todas as forças, mas, porém realmente acho que comigo essa equação com resultado quase infinito, não é aplicável. – diz ela. - Ou sei lá minha paciência não condiz o suficiente, não é o bastante... – Anita justificou. – Só que isso também não faz de mim uma pessoa cética, e racional ao extremo, eu continuo e ainda sou fiel às pessoas que fazem parte da minha vida, que estão do meu lado. – retratou-se ela, entre risos debochados enquanto falava.

– Maluca isso que você é. – Bernadete quis criticá-la, mas acabou rindo desconfiada de todas as certezas de Anita. – E você Ben, não vai nem tentar contrariar, vai ouvir ela dizer isso tudo sem falar nada. – Bernadete solicitou o garoto na conversa, que até então só ouviu tudo atentamente e calado sem demonstrar qualquer reação.

– Eu? - Ben respondeu rindo de forma irônica. – Bernadete você ainda não entendeu que eu não apito nada, sou absolutamente ignorado, quando o assunto é qualquer coisa que envolva essa aqui. – ela disse olhando para Anita ao seu lado.

– Óbvio, somos plenamente donos das nossas vidas, não é. –Anita ignorou que havia entendido a provocação dele.

– Engraçado essas declarações todas, sabe Anita, com tanta convicção... – Amanda aderiu ao papo. – Pra quem parece sempre exigir a preferência sempre, e não querer que os outros cheguem perto jamais, de nada que um dia você teve e perdeu, e diz que não quer mais. – desafiou a garota, Anita por sua vez ficou a encará-la por alguns segundos com um olhar enigmático sem retrucar.

– Cada um é livre pra lutar pelo que quer Amanda, quem realmente é decido, não precisa da opinião de ninguém não. – garantiu Anita, de forma calma. – Bernadete você manda essas duas fotos pra mim, e mais aquela tua e do Abelardo. – pediu Anita, entregando o celular de novo a mulher.

– Mando, mais pra que? – a mulher questionou de imediato ao não entender.

– Você vai saber, mais depois. – Anita não revelou o motivo.

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– Ai to muito cansada, quero minha cama. – diz Anita se jogando no sofá do casarão.

– Ai meu deus que peninha dela. – Ben zomba, estendendo o braço nos ombros dela, e sentando mais perto.

– Pode ficar mesmo porque é sério, to quebrada. – sorri ela, se escorando a cabeça no ombro dele.

– Anita teu celular tava tocando lá em cima, fui ver e acabei atendendo porque dizia aeroporto, achei que você não tinha saído do banho ainda. – Meg desce as escadas afirmando.

–Tá e daí, me uma notícia boa, por favor. – Anita pediu entre bocejos.

– Acharam tua mal, parece que amanhã você pode ir buscar, ela estava em um avião que vinha da cidade de Colúmbia. – a loira diz se aproximando.

Ai graças, já tava achando que nunca mais, mais pera aí gente Colúmbia, é Carolina do Sul, não é, Estados Unidos, como é que ela foi parar lá. – Anita se surpreende ao pensar onde suas coisas foram parar e se assustando ao pensar em qual seria o estado exato das mesmas.

– Provavelmente ou foi no avião daqui do Rio, ou o avião que você iria pegar depois, fazia escala pra lá não sei. – Meg esclarece supondo.

– Cara na moral, inveja dessa tua mala sabia, viajando por aí. – Marcelo ri deixando o celular de lado.

– Porque você conhece? – Anita pergunta.

– A Carolina do Sul, não, mais tenho muito vontade de conhecer, tem praias deslumbrantes por lá. – comenta ele.

– Gente mais esse menino só pensa em praia. – implica Anita.

– Quase um naturalista. – Ben acha graça.

– Ah que legal, até parece que vocês não iriam querer conhecer, alias tá aí, que tal fazermos os quatro um tur pela Carolina do Sul, eu ia amar a companhia dos meus amiguinhos com status de relacionamento indefinido, e da minha bela americana. – ele brinca beijando Meg.

– Oh para hein, porque quando ver eu embarco nessa loucura, porque tem um lado de mim que quer fincar raízes, já se depender do outro eu vivo por aí, sem endereço certo. – Anita disse, não deixando de adorar a ideia.

– Gente que furdunço é esse. – Meg indaga ao ver Vitor, Clara, Júnior e Giovana entrando em casa, carregando algumas caixas.

– Óh vou deixar tudo aqui. – Giovana afirmou depositando as caixas que carregava sob a mesa.

– Que isso gente. – Anita também indagou quando vinha do quintal e cruzava pela cozinha.

– Ai que eu resolvi, dar uma festinha uma social pros amigos. – Vitor comunicou receoso ao respeito do que Anita pensaria.

– Ah e você por acaso comunicou isso pros nossos pais. – Anita indaga secamente, constatando que ideia acabaria em confusão.

– Não, qual o problema, é só uma festa pra pouca gente, e também essa casa é minha, não precisa avisar o tempo todo as coisas pra eles, quando eles chegarem já vai estar tudo como era antes. – ele alega e um jeito hostil.

– E pra mim o nome disso é mentira Vitor, o que consequentemente acaba mal. – Ben intrometeu-se.

– Ah gente pelo amor de deus não é. – o garoto reclama revirando s olhos.

– Eu falei pra ele que vocês não concordariam. – Giovana se desculpa, diante da cara de poucos amigos dos irmãos mais velhos.

– Ah claro, agora tudo a gente tem que pedir autorização pra esses dois, eles nem moram aqui, pra que isso. – Vitor esbravejou ficando irritado.

– Ok, você tá certo. – compreendeu Ben. – Mais acontece que meu pai e a Vera, foram claros quando foram viajar, eu pelo menos me comprometi a cuidar das coisas até pra que eles tivessem uma viagem tranquila, eles merecem não é, pensei que você pudesse fazer o mesmo, se ajudar todo mundo. – justifica ele sério.

– E bom eu iria embora, mais a mamãe sabe que eu fiquei, e como consequência ela me pediu pra ajudar vocês, e evitar os desmandos também. – Anita diz taxativa.

– Ou seja, mandar na gente, dá no mesmo. – o garoto retruca insatisfeito em ter que receber ordens dos mais velhos.

– Vitor olha só ninguém quer mandar em ninguém, a questão é que você tá querendo fazer algo, que não foi combinado, que não foi falado pra eles, e nem pra gente, você decidiu sozinho. – Ben tenta argumentar.

– Bom à última festa que eu me lembre, por aqui, o muro que dava pro pátio da Maura caiu, foi maior desastre, experiências anteriores me dizem que isso não é uma boa ideia. – Anita ri em ironia.

– Ah claro e você não tava lá, pegando o Martin, o Ben se roendo de ciúmes, fazendo escândalo, ah e mais tarde a gente descobriu por que. – Vitor dispara sem o menor pudor de que todos poderiam se chatear. – Porque vocês se pegavam as escondidas de todo mundo. – soltou ele.

– Opa, teve isso é Benita. – Marcelo implica com os amigos.

– Marcelo, por favor. – pede Anita, tentando não explodir com Vitor pela indireta. - Eu estava, o bairro inteiro estava. – ela fica sem esconder.

– I no... - Eu não. – Meg interrompe, recebendo um olhar fuzilante de Anita.

– E nem precisou né, você lembra de algo, lá em cima no quarto, naquele mesmo dia, entendeu, lembrou. – Anita a provoca misteriosa.

– Oh my God! – E agora e entendi porque, é enfim o... – a americana dá um sorriso constrangido quando entende.

– Vem cá dá pras duas parar, que o assunto é outro. – Ben se enfurece com o jeito pacato de Anita e Meg, e o assunto que tomava outro rumo.

– Porque, não pode falar que vocês se beijaram, não achei que fosse segredo. – Anita dispara sem ligar, já sem a menor paciência para nada.

– Opa, senti um cheiro de DR, por trás agora e a três. – Marcelo não resisti e brinca novamente.

– Marcelo, por favor, dá pra parar. – dessa vez é a loira que pede.

– Gente olha só, a questão aqui é essa festa. – Anita preferiu esquecer o resto. – Vocês vão assumir os prejuízos depois, porque eu não vou me responsabilizar. – Anita falou categórica, olhando para Vitor e Giovana.

– A gente já é bem grandinho Anita. - Vitor afirma sério.

– Ok, já que vocês não estão nem aí pra minha opinião, nem pra do Ben, façam o que quiser, eu até deixo. – Anita garante. - Mais agora a bebida volta pro Embaixada ok, bebida de álcool nessa festinha pra pirralho, mais nem por cima do meu cadáver. – taxou ela autoritária.

– Ah qual foi Anita, que coisa de criança isso. – Vitor não gostou nem um pouco.

– Vitor olha só se os teus amiguinhos da faculdade tem idade pra isso ok, mais e os convidados da Giovana, e na moral se mistura dá tudo no mesmo, um bando de criança que dependem dos pais até pra ir na esquina, e querem ser adulto. – ela disse sem ligar para o que ele diria. – Ou é isso, ou pode ligar pra cada um desmarcando. – garantiu Anita.

– Bom ligar pro meu pai e pra Vera, pode ser mais definitivo se você preferir. – ameaçou Ben em concordância com Anita. - A Anita tem razão Vitor, vocês acham que tudo é uma festa, mais as coisas não são assim, e depois você sabe sem ninguém precisar te alertar, que estando ou não aqui, eles não permitiriam isso. – reforça Ben.

– Ah falou os santinhos, que não fazem nada de errado e nunca fizeram. – o garoto achincalhou revoltado. – Sério ninguém merece vocês, ainda bem que em breve os dois pegam um avião e somem de novo. – ele acusou, Ben conteve a decepção com um curto suspiro, enquanto Anita parecia só ignorar.

– Nem sempre fazer o que é correto agrada todo mundo Vitor, na maioria das vezes é ao contrário mesmo, mais acredita é muito melhor ter alguém pra puxar a tua orelha quando precisa, do que vê todo mundo te virar as costas e simplesmente de dizerem, um que se dane. – Ben alega, olhando com ternura e melancolia para Anita de relance, que pareceu entender exatamente do que o rapaz falava, com tanta certeza.

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– Você ficou chateado com o Vitor. – Anita indaga ao pensar se o jeito quieto de Ben, depois da discussão de mais cedo, enquanto os dois conversam sobre a cama, e a festa dada pelo garoto acontecia no andar de baixo da casa.

– Não sei, sei lá Anita, têm coisas que é melhor a gente não esquentar a cabeça né. – respondeu ele, com um sorriso carinhoso a ela.

– Não fica chateado com ele, ele não falou por mal, tava bravo só, por tá sendo embarreirando pelo irmão mais velho, responsável e preferido do pai, não que o Ronaldo faça esse tipo de coisa veemente. – Anita afirmou. – No fundo ele só queria que a gente concordasse, melhor não ligar, não que eu não fique assim também, porque de alguma forma vejo que eu não faço falta. – ela confessa também.

– No fundo, na idade dele, a gente já tinha apanhado muito da vida né, tanto que ele nem imagina o quanto, tanto que... Ele nem iria querer isso pra ele, e nem a gente desejaria. – opinou Ben.

– É digamos que sim. – ela concorda sorridente. – E você muito mais que eu né, quando você chegou aqui no Brasil, lá atrás, o fardo já não era muito leviano. – disse ela. – Acho que eu nunca te disse isso, bom se eu disse não lembro, na maior parte do tempo, desde que a gente chegou aqui, eu fujo, eu me protejo rebatendo qualquer coisa que você diga, implico, provoco, e até falo besteira sem pensar, coisa que eu nem acho que seja real. – Anita se defende, mas é sincera. - Mais eu tenho muito orgulho de você, mesmo, porque vivendo tudo que você já viveu, ser o que você é hoje, errando e acertando, se recorrigindo se preciso, você é uma pessoa incrível, então não abaixa a cabeça não, não perde o tempo com bobagem, ignora. – ela pediu.

– Caramba hein, quando eu penso que dessa cabecinha confusa, e desse coraçãozinho atrapalhado, não saí nada que me surpreenda, você vem uma dessas. – ele rebate pego de surpresa.

– Bom eu posso retirar se você quiser, sem problemas. – Anita sorriu sem graça.

– É reciproco, viu, mesmo de verdade, não tem como eu não admirar você. – E obrigada viu. – Ben agradeceu sem esconder o olhar apaixonado. – Mais se você quiser eu também posso retirar. – ele foi implicante.

– Chato. – resmunga Anita, fingindo desgostar.

– Ah é, então tá. – Ben retrucou, a obrigando deitar a cama.

– Não... – Não, para, para Bem, eu não gosto que façam isso. – ordenou ela, o criticando pelas cócegas que recebia.

– Eu sei que eu to vivendo do teu lado, algo incerto, a vida separou muito a gente, e isso não dá pra negar, mais eu gosto de estar perto de você, e não me importa o tempo que dure. – declarou Ben, a olhando de forma entusiasmada, como se não quisesse esconder o que sentia, Anita o fita sorridente, por longos segundos sem responder qualquer coisa que fosse, o jeito atônito de ambos inebriado por um sorriso alegre e contente, que foi deixado de lado para um beijo empolgado e carinhoso.

Continua no próximo capítulo...


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