– É foi mal. – Anita desviou-se dos olhos de Ben por um instante.

– Mal o que, fui eu que tropecei em você. – Disse ele de volta sorrindo confuso.

– Foi é jura, nem percebi. – Afirmou Anita, perdida em seus devaneios.

– Você esta bem. – Ben perguntou.

– Eu? – É, ah eu acho que sim, porque eu, eu , é. – Embaralhou-se ela. - Eu to ótima. – Anita respondeu, dispersa diante da situação.

– Eu confesso que eu entrei distraído, me desculpa. – Se explicou Ben, parecendo não estar totalmente consciente de seus sentidos.

– Ok, tudo certo, mais agora pode me deixar. – Anita entendeu, sorrindo.

– Hãmm, como assim. - Questionou ele, fascinado pelo sorriso da garota.

– Me solta, me põe no chão. – Esclarece ela, achando graça.

– Ah bom, desculpa de novo. – Riu Ben a soltando.

– Pra dizer que você tá errado, eu não vou te acusar. – Anita afirmou sorrindo irônica.

– Ah por isso, acho que isso é de caso pensado. – Ben disparou, se aproximando dela.

– É, o que você veio fazer aqui mesmo, tinha tarefa não. – Perguntou ela, se desviando dele, perturbada com os olhares do garoto para ela.

– Eu vim, pegar o cheque que o meu pai deixou aqui, pra pagar o fornecedor das bebidas da festa. – Falou ele, coçando a cabeça, impaciente com o jeito arisco de Anita.

– Ah ótimo, segunda gaveta do bidê lá no quarto da mamãe . – Respondeu ela comunicando, enquanto tentava olhar para um canto qualquer da sala. – É só pegar. – Afirmou Anita.

– Eu vou lá. – Ben disse, um tanto frustrado.

– Ótimo, eu vou ajudar a Pedro, porque ele deve ter caído lá no quintal, tá demorando. – Proferiu Anita, de maneira descompensada.

– Só uma pergunta, porque isso. – Disse ele, quando passou perto da garota.

– Isso o que. – Anita se fez de desentendida.

– Você sabe, não banca a ingênua. – Ben retrucou a encarando.

– Você hein, Benjamim, me atropela, quase faz eu me quebrar inteira, eu hein, muda o discurso. – Anita sorriu maliciosa e caminhou em direção ao quintal.

Quintal...

– Olha só, não tá lindo. – Marcelo afirmava a Meg com um sorriso estampado no rosto.

– Desculpa. – Meg caiu na risada, diante dele segurando um arranjo de flores.

– Que isso tá rindo do que. – O garoto questionou desconfiado.

– Nada, é que tá muito engraçado você fazendo arranjo de flores. – Explicou a loira, tentando conter o riso.

– Ué nada a ver, tá. – Disse ele, soltando o buque e puxando ela pela mão mais para perto. – Eu digamos, tudo que eu faço, eu faço bem. – Marcelo tentou envolver a garota.

– Eu não vou cair. – Meg afirmou, percebendo as intenções dele.

– No que. – Marcelo disse confuso.

– Nessa tua cantada barata. – Retrucou Meg, sorrindo debochada.

– Isso não foi uma cantada, loira, foi uma constatação, um autorretrato de mim mesmo, eu sou esforçado, aliás, se eu não fosse, não teria chegado até aqui. – Marcelo se justificou, aos sorrisos.

– Ah então você não tá me cantando, não tem interesse em mim. – Indagou Meg o encarando.

– Interesse, é tenho, um nível razoável de interesse, alto, muito alto, mais quer saber, eu sou pratico, e você anda me esnobando demais. – Afirmou ele, indo falar com Pedro, deixando Meg boquiaberta.

– Ai Meg cadê o Pedro. – Anita perguntou aos suspiros, quando a encontrou no quintal.

– Tá lá, no, na garagem. – Respondeu Meg, um pouco confusa.

– Ai Meg, de repente deu uma canseira, uma vontade de jogar tudo pro alto amiga, pular do abismo sem nem pensar, e como se a vontade de saber o que tem depois dele fosse muito maior. – Anita balbuciou se escorando a mesa do quintal, totalmente confusa. – Ai socorro, o que eu to falando, eu to perdendo o controle. – Anita quase gritou para ver se ela mesma entendia isso.

– Xiii, o que foi agora. – Meg não resistiu em soltar uma risada.

– Nada, nada de novo. – Falou Anita, impaciente.

– O Ben, tá fazendo um estrago não é, tá mexendo muito com você. – Leu os pensamentos dela a loira.

– Não sei, ai mais ele também não facilita minha vida, Meg ele, eu acho que ele veio pra cá, pra isso, acabar com minha paz, e se divertir um pouco. – Soltou Anita já estressada.

– Anita, hey, é o Ben, ele não iria fazer isso, acho que, como você ele foi pego de repente, por uma faísca do passado, que tá bem acesa. – Disse Meg taxativa.

– É, tanto que tá quase virando um incêndio. – Anita proferiu perturbada. – Que eu não sei se eu vou conseguir impedir de destruir minha vida. – Falou ela, preocupada com os rumos de sua vida.

– Bom, pelo menos você, tem motivo pra pensar assim, e eu, que nem peguei o Marcelo e acho que já levei um cartão vermelho. – Meg resmungou, irritada com o garoto.

– Também você só sabe excomungar o menino, e Meg quem foi que falou que não tava interessada nele. – Anita afirmou a olhando com desconfiança.

– Eu, mais, ai Anita, tá mexi um pouco comigo, mais a gente tem vidas, praticamente em mundos diferentes, como lidar com isso. – Meg alegou receosa.

– Bom pra tentar ficar com ele, precisa pensar nisso. – Anita contrapôs.

– Eu sei que não, mais a vida me ensinou a ser racional, a pensar em mim, nos meus planos, e tá Anita eu não jogaria nada fora, por uma paixão, como antes. – Meg disse, categórica.

– Nem eu, se fosse hoje, eu não sei, mais eu acho que eu tenho quase certeza de que eu não faria, pra não dizer que eu não faria nada, talvez eu fizesse um terço de tudo que eu fiz no passado e mais nada. – Anita acabou entendendo os argumentos dela. – E mais, os pais do Gustavo, não vão muito com minha cara, que eu bem sei, e quer saber, se eles não quiserem me aceitar com ele, caso a gente prolongue isso, sinceramente, to nem aí, mais eu não vou virar minha vida de cabeça pra baixo pra ficar com ele, mais fácil eu mandar ele embora, não to afim de dor de cabeça não. – Anita também desabafou.

– Ai Anita, chega a dar até preguiça. – Falou Meg, e as duas riram.