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Capítulo 108
Capítulo 108:




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Já era dia, a luz da rua, e o barulho estrondoso, de carros e buzinas também indicava isso com maestria. Todo Grajaú já estava em movimento. Anita se mexeu um pouco na cama preguiçosa, o sono dominando seu corpo, tinha quase certeza de que já era dia, mesmo sem se dar ao trabalho de abrir os olhos, mas o cansaço estava a impedindo completamente de tomar uma atitude. Ela preferia continuar no sono profundo de seus sonhos. E foi isso que ela optou entre um sorriso calmo em seu rosto contra o travesseiro afundando a cabeça contra ele novamente.

— Vou chamar a Anita para tomar café, ela adora esse bolo. – Giovana fez seu comunicado já se levantando da mesa, ao se lembrar do gosto da meia irmã.

— Marcelo você viu o Ben hoje. – Meg cutucou o loiro ao seu lado, que se distraia com o delicioso bolo de Vera.

— Não Meg, quando eu cheguei pela manhã ele não tava no quarto não, como o Ben é meio sem lenço e sem documento às vezes, achei que tinha ido andar por aí logo cedo. – o garoto respondeu a ela com toda tranquilidade, conhecia demais o amigo para saber que ele gostava de solidão de vez em quando.

— Sim, ontem quando você me deixou aqui e voltou pra casa da tua mãe já era muito tarde, tentei entrar no quarto da Anita, e a porta estava trancada, não quis incomodar porque achei que ela já pudesse estar dormindo. – Meg o fitou entre sussurros totalmente alertas. Se ela estivesse um pouco que fosse certa, uma confusão poderia estar prestes a ser formada.

— Você não ta achando que... – Bom eles perderam o juízo então. – Marcelo ficou meio afoito com o pensamento que passou por sua cabeça.

— E o medo do barraco que alguém vai armar, se verem eles dormindo abraçadinhos naquele quarto também. – a estrangeira temeu só de imaginar o burburinho da cena.  – Gio eu chamo ela pode deixar. – Meg se levantou ligeira, e tentou arduamente não falar aquilo em um tom assustado, mas todo seu empenho pareceu não adiantar de nada.

— Não Meg deixa comigo, você já tomando teu café e tudo, vai esfriar. – a ruivinha disse solicita e firme. Meg sentou em seu lugar novamente derrotada, sorriu trêmula e impactada, temendo o que Giovana iria descobrir.

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— Anita...  – uma voz conhecida e aguda foi ouvida vagamente pela garota vindo do outro lado da porta. – Vim te chamar pra tomar café, a Vera fez aquele bolo de laranja com calda de chocolate que você ama. – Gio afirmou tão simpaticamente do outro lado, dando batidas sutis contra a madeira da porta. Ainda não tinha ouvido resposta alguma então continuou a bater dessa vez mais decidida.

Anita abriu os olhos com bocejos, ao escutar o recado da ruiva, foi nesse instante que a realidade pareceu voltar com tudo, à moça olhou para o lado e avistou a figura de alguém dormindo pesado e extremamente tranquilo. – Anita abre, por favor. – a ruivinha insistiu outra vez. Anita ergueu o olhar desajeitada, até a porta ainda ouvindo a voz de Giovana, seu sono nem a deixava pensar direito. Ela olhou fixa para ele uma segunda vez, sorrindo com a imagem do cara ao seu lado dormindo tão tranquilo, seria um pecado não poder deitar ao seu lado novamente, e  por consequência quebrar a magia daquela cena. Ela sorriu brincalhona afagando os cabelos de Ben com leveza.

— Anita. – Giovana grita insistente de novo, fazendo Anita desmanchar todo o sorriso com que encarava Ben dormindo, e como consequência voltando para sua realidade com um pulo quase.

— Ah droga. – Anita sussurrou praguejando, constatando que poderia estar bastante ferrada, ao ver Giovana forçando a maçaneta da porta sem sucesso para abri-la, já que os dois do lado de dentro, haviam passado a chave na fechadura. – Ben acorda. – ela pediu baixinho afastando o braço dele de cima de sua barriga. – Ben.  – disse Anita contra o ouvido dele num sussurro ainda mais baixo, temendo ver Giovana os ouvindo,  e virando para o lado a cutuca-lo, já ficando um pouco tensa com a situação.

— Ah amor ainda é cedo. – ele garantiu entre um meio sorriso se remexendo preguiçoso, e virando a deixar metade do corpo por cima do dela,  parando com o rosto encostado no pescoço da garota de maneira carinhosa e sentindo aquele cheiro de brisa com oceano que emanava de seu perfume, que tanto o prendeu desde que os dois chegaram na casa da família. Ben ainda não sabia quanto tempo teria Anita assim tão perto dele, mas com certeza queria aproveitar cada segundo para comtemplar aquele cheiro que o fazia lembrar-se de tanto carinho, amor e desejo, sempre se misturando toda vez que estava perto dela, queria lembrar para não esquecer nunca mais, cada segundo que passou com Anita ali, independentemente de tudo. Ben sorria largamente contra a pele do pescoço dela, enquanto aqueles pensamentos o rondavam por infinitos segundos.  Sem nem mesmo abrir os olhos para respondê-la, apenas desejando ficar assim com ela para todo o sempre...

— É, eu sei, mais acontece que a Giovana esta batendo na porta. – ela avisou um pouco apavorada, mesmo que o tom fosse contido, extremamente baixinho perto dele, ajeitando uma mecha do próprio cabelo.  Abrindo um sorriso descarado e em parte também nervoso por toda situação, enquanto o sentia brincando com os lábios beijando devagar seu pescoço.

— Que. – Ben murmurou preocupado, erguendo-se com agitação, ao sair de seus devaneios, todos regados, com o cheiro da pele dela e a imensa paixão que os unia. Anita sorriu silenciosa dele, por mais que sua vontade fosse mesmo gargalhar alto do nervoso instantâneo que viu Ben demostrar. Mais temeu que Giovana ficasse ainda mais intrigada.

— Não ri não tá. – Ben viu ela agora sentada ao seu lado, apertando o rosto contra seu ombro desnudo, quase se contorcendo para não rir sem parar.

— Ah é, vai por a culpa em mim agora bonitão. - Anita balbuciou para ele levantando seu rosto para o fitar, depois que levantou o olhar dando um beijo atrevido contra o ombro dele, quase como que um sinal silencioso de que ela não era a única culpada de nada ali.

— Vou. – Ben rouba um selinho com astucia dela. – Eu só vim te dar um beijo inocente de boa noite, e você praticamente me seduziu já tirando minha camisa. – o rapaz largou contra ela, Ben sorrindo cheio de audácia praticamente usou de um beijo para calar Anita, que ameaçava altas gargalhadas do drama iniciado por ele.

— Você é um belo de um cretino sabia. – Anita sussurra em um riso baixo, quando sente ele com os braços jogados em volta dela o abraçando entre um sorriso travesso.

— É, pode até ser, mais um cretino que você ama, que você amou a noite inteirinha. – retruca ele iniciando um beijo carinhoso em seus lábios, sem que Anita tivesse tempo de protestar mais nada ou brigar por aquilo.

— Anita você tá acordada. – a ruivinha fez a pergunta suplicante, já desanimada, apenas intrigada com o sono tão profundo de Anita.

— Tá, tá agora para ih... – Anita alegou de olhos ainda fechados, tentando ao máximo conter ficar rendida diante daquela sensação de que ela estava mergulhada num mar de amor e conforto, diante da atitude de Ben em distribuir beijos por seu pescoço e ombro. - Vai pro banheiro, eu vou abrir e mandar ela embora. – Anita rezou internamente para que conseguisse, enquanto Ben parou por um segundo de beijá-la, olhando para o teto em meio à frustração pelo pedido feito, desejou ele mesmo mandar Giovana embora. Ela pondo os pés no chão frio, depois que afastou a coberta bruscamente para um lado da cama em um sinal de tensão, e meio tonteada ainda pelo sono, enquanto via Ben sumir de sua vista, pensava no que diria a irmã.

— Anita você tá me ouvindo. – Giovana estava estranhando a demora da meia irmã, será que havia acontecido algo sério, bem que ela quis entrar de supetão, mas ao forçar a maçaneta da porta inúmeras vezes, constatou ela trancada pelo lado de dentro.

Anita suspirou assustada, o que diria a Giovana afinal, que diabos ela estava pensando quando deixou Ben dormir ao seu lado naquela noite.  A moça temeu sua inconsequência. Apesar do risco ter valido imensamente a pena, ela sorriu querendo afastar a nuvem de felicidade.  – Já vai Gio. – ela gritou finalmente, com a voz um pouco rouca devido a toda tensão, apanhando a camisa de Ben de cima do bidê e a vestindo por cima de sua lingerie, caminhando em seguida com um suspiro forte até a porta. Tentando transparecer toda paciência do mundo para não alertar Giovana de jeito algum...

— Bom dia. – ela falou a ruivinha com a respiração um pouco curta. E um sorriso preguiçoso totalmente amarelo, não queria ter certeza que Giovana pensaria... “Eu dormi com teu irmão a noite passada e por isso, não queria abrir essa porta por nada, afinal estava pensando seriamente em ficar nessa cama para sempre com ele”. Até que a ideia não seria tão ruim, Anita encerrou seu devaneio com um imenso sorriso escancarado no rosto. A ideia era insana, mas também incrivelmente feliz, aos olhos dela.

— Oi bom dia, vim te chamar pra tomar café. – Giovana disse sorrindo alegre para a outra garota. – Anita. – Gio chamou de novo, ao nota-la apenas com um sorriso desconcertado no rosto enquanto sorria sabe-se lá para onde.

— Ah sim. – Anita respondeu forçando o sorriso de maneira casual, parando com a cabeça escorada na porta pouco aberta. Parecendo querer conter todos seus pensamentos felizes, sobre a noite passada antes que fizesse uma tremenda besteira, era graduada nisso, não custava se conter ao menos naquele momento.  – Então Gio, eu vou tomar um banho, escovar os dentes e já desço lá, okay. – ela explicou cheia de receio, querendo mesmo se livrar da ruiva para que Ben fosse embora sem levantar suspeitas.

— Beleza, eu te espero aqui. – Giovana alegou querendo ficar um pouco mais para as duas conversarem. Ela andava tão ocupada com a escola, e seus outros afazeres, às vezes sentia tanto não poder aproveitar mais a companhia de Anita, tinha imenso carinho pela irmã postiça mais velha. Tinha Anita mesmo como sua irmã de sangue, era assim desde sempre, e isso nunca mudaria, jamais...

— Não. – Anita exasperou afoita, quase metendo o pé na porta para que ela não entrasse ali de jeito algum. Era agora que ela teria que explicar o que fazia naquele quarto e com um Ben sem camisa ocupando o banheiro do mesmo. Os olhos claros de Anita se arregalaram, definitivamente percebeu não estar preparada para aquela conversa, ainda mais daquele jeito, sendo pega praticamente no flagra por Giovana, seria ainda mais embaraçador, também nem sabia muito o que contar, além de todo sentimento, não tinha clareza a respeito da relação que nutria com o irmão da ruiva, era tudo tão confuso ainda para os dois, imagina o quão difícil seria ainda mais para Giovana aceitar qualquer explicação e não sair berrando para todos da família depois,  ela passou as mãos nos cabelos disfarçadamente, já desenhando em sua cabeça a cena de briga que rolaria logo depois, ela e Ben seriam julgados em um tribunal, no qual se quer seriam ouvidos, haveria apenas o recurso da condenação.

 - Eu hein Anita, até parece que tá escondendo alguma coisa. – Giovana meio que riu do desespero que viu no rosto de Anita, por instantes se divertiu apenas com a situação, mas depois ficou foi mesmo intrigada, Anita parecia tensa realmente. Por mais que ela não pudesse cogitar qual motivo seria.

— Não, o que eu esconderia. – Anita tentou rir, para parecer confortável com a suposta piada de Giovana, que na verdade era uma realidade, ela escondia algo sim... Mas, somente viu sua garganta seca, como explicaria para Giovana aquela situação, um dia teria que fazer isso, mas não assim, sendo praticamente vítima de  um flagrante, definitivamente não era o momento oportuno. – Eu só vou demorar um pouco, ainda to com muito sono. – ela tentou soar o mais natural possível e sorriu para isso.

— Tá bom então, te espero lá em baixo. – a ruivinha sorriu meio irônica e desconfiada, ao fitar Anita com olhos de lince, e finalmente notar a forma como ela estava vestida, uma camisa com os botões meio abertos em cima, deixando a ponta de seu sutiã azul escuro com rendas a monstra. Giovana sorriu, para não dizer que sua vontade era rir de tudo aquilo, havia algo estranho ali, tinha quase certeza que aquela blusa não era de Anita, parecia mais um vestido para ela, quase em seu joelho, e além do mais, se ela não estivesse enganada aquela seria uma camisa social masculina. Anita continuou sorrindo, quase já sem respiração, pensando que se fosse gelo teria derretido de tanto nervoso, quase nem encontrava ar em seus pulmões mais. Conhecia Giovana, ela não seria tão desligada assim, ficaria intrigada com algo, isso era quase que certo.

— Tá, eu guardo um pedaço de bolo pra você, antes que o Vitor devore tudo. – Gio avisou antes de sorrir, corroída já de tanta curiosidade, mas não se sentiu com intimidade suficiente para perguntar nada do que queria a Anita. Elas sempre conversaram bastante uma com a outra, sempre foram amigas de certas confidencias, mas devido à idade com que Anita deixou o Brasil, Giovana nunca tinha tocado em certos assuntos com a irmã mais velha, e também sentia que apesar de já um pouco crescida continuaria mais ingênua do que a irmã. E ela pudesse não lhe dar abertura alguma.

— Bem lembrado. – Anita deu um sorriso amarelo novamente, se escorando na porta entre um pensamento de culpa, fechando os olhos entre se perguntar por que tudo tinha sempre que ser tão complicado. Ela e Ben sempre se escondendo como se fosse um crime o que sentiam, e sempre pelo mesmo motivo, a repulsa de serem controlados por seus familiares, toda vez que o assunto, era o suposto envolvimento dos dois um com o outro.

— Anita. – Ben voltou a encarando ainda imóvel, logo depois que escutou o barulho da porta se fechando.

— Ham. – ela murmura com total preguiça, ainda sem vontade de sair de onde estava. Oh desgraça aquilo não era jeito de ser acordada, já levando em tremendo susto, pensou ela, quase empalidecendo devido ao aparecimento repentino de Giovana.

— Tudo bem. – Ben se aproximou a puxando para si, Anita abriu os olhos suspirando séria. - Hei também não precisa ficar tão preocupada assim. – ele alega espalmando as mãos pelos cabelos dela, totalmente desarrumados. Anita sorriu contendo sua respiração, apenas sentindo seus batimentos se acalmando devido sentir o carinho dele.

— Não, deve ser culpa. – Anita rebateu estampando no rosto um bico cheio de pirraça, ela devia gostar de ser odiada... Sempre fazia o caminho certo para que isso tornasse a acontecer, quase que nunca aprendia.

— Só você. – Ben ria sem nem mesmo planejar apoiando o rosto contra o ombro dela, que bufou desgostosa. – E por essas e outras que eu te amo sabia. – ele disse encarando o rosto dela com toda seriedade que encontrou, apesar da risada de antes.

— Ahan, e agora melhor você sumir daqui, antes que mais alguém bata nessa porta, e eu mande você atender. – Anita afirmou com um sorriso de deboche, cerrando os punhos com os braços apoiados ao ombro de Ben.

— Atenderia com maior prazer, e diria pra todo mundo em alto e bom som, que você continua sendo só minha. – Ben rebateu e com destreza enroscando as mãos contra a cintura dela, antes que Anita realmente escapasse.  - E que você ainda é o amor da minha vida. – ele sussurrou baixinho contra o ouvido de Anita, retirando uma mecha bagunçada de seu cabelo para atrás da orelha, e logo em seguida a suspendendo no ar para seu colo, enquanto sorria para ela em um misto de ousadia e pura felicidade.

— Muito engraçado.  – Anita quase que riu debatendo as pernas no ar, como forma de o fazer desiquilibrar para a soltar logo do aperto de seu colo, mas Ben nem se quer estremeceu, diante de seu ato, talvez ela continuasse leve demais para ele ainda.  Ben ficou sorrindo diante da cena dos dois, e encostou sua boca contra a dela com um beijo que nutria toda a imensidão de seus sentimentos interligados um ao outro.

— Eu volto depois. – ele garante desfazendo o beijo dos dois, em meio aos sorrisos de ambos misturados com um pouco de falta de ar.

— Ao menos pra buscar tua camisa. – Anita riu com a brincadeira, quando ele lhe pôs com os pés de volta ao chão, lembrando que havia furtado sem querer a peça de roupa dele.

 - Pode ser, mais se você quiser pode ficar. – respondeu ele, não achando a ideia tão ruim, apesar de sugestiva, parando em frente à porta a destrava-la novamente. – Recordação da loucura de um momento incrível. – Ben diz curvando o rosto para ela novamente, no segundo que voltou sua atenção toda para ela parada ao seu lado, tão rapidamente, quanto feliz pela lembrança que jamais esqueceria da noite passada.

— Ou mais uma de muitas. – Anita riu, no instante que retirou as mãos dos cabelos dele rindo daquilo tudo.

— Mais não diga que não valeu a pena. – Ben rebateu travessamente, Anita sorriu de braços cruzados encarando o sorriso dele a ela, ele por conseguinte, não procurou forçar a resposta dela, talvez estivesse estampado de fato nos sorrisos de ambos o quanto aquela noite teria sido mágica, e o quão fácil seria a tornar em uma lembrança difícil de esquecer enquanto vivessem. – Fui. – Ben proferiu olhando para ela de novo, subtraindo dela um selinho ligeiro, logo depois de espiar da fresta da porta entreaberta pelo corredor. Anita apenas o viu indo embora sorridente, pensando consigo que se tudo aquilo não passasse de um sonho não queria acordar nunca mais... Era felicidade demais para querer que não fosse real...

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— Bom dia. – Anita apareceu na mesa do café, ajeitando os cabelos, que antes foram bagunçados pelo ar quente do secador que ela havia recorrido após o banho.

— Anita que bom te ver. – Bernadete levantou da mesa deixando o cafezinho com bolo que desfrutava totalmente de lado. – Como você tá flor. – ela questionou sorrindo carismática, indo abraçá-la com alegria.  Tinha imenso carinho pela ex- enteada, como se ela fosse realmente sua filha, apesar de ainda ser um pouco nova para ter uma menina de vinte e poucos anos.

— Eu, eu to ótima, na verdade se melhorar estraga. – Anita alegou com um sorriso cheio de brilho, soltando da mulher e indo sentar em um lugar que estava vago. A forma espontânea com que ela sorria parecia ser automática e estar grudada em seu rosto, não adiantava fazer esforço algum para esconder.

— Meu deus tem alguma coisa especial na água daqui de casa, que sorriso é esse Anita. – Giovana afirma, estranhando tanta alegria matinal, Anita mal se preocupou com qualquer disfarce, apenas continuando a sorrir para o nada, repleta de alegria.

Marcelo e Meg deram uma leve risada discreta, ao imaginarem o porquê de toda felicidade da garota, mas permaneceram calados, cada um comendo seu pedaço de bolo.

— Ah vai ver é Brasil, sol do Rio de Janeiro, esse cheiro de mar, brisa, céu azul...  – Calor... – Pele boa, dia lindo... – a garota justificou, com um sorriso deslumbrado no rosto, enquanto apanhava do centro da mesa uma xicara para tomar café. A leveza com que respirava naquela manhã, estava sendo capaz mesmo de fazê-la flutuar sem mesmo perceber.

— Não vou nem perguntar mais nada. – Giovana riu desconfiada da empolgação da irmã. E seu brilho no olhar quase que reluzente.

— Bom dia, bom dia, tudo bem Bernadete. – profere Ben de maneira serena, ao se juntar a todos logo depois que desceu pela escada sem prestar muita atenção qual seria a pauta do assunto que todos falavam. Anita continuou botando açúcar em seu café, sem olhar para ele, ou mesmo responder qualquer coisa, apenas sorriu de leve olhando para a própria xicara quando lembrou-se dos muitos beijos de bom dia, que os dois haviam trocada naquela manhã.

— Tudo sim Ben. – a mulher respondeu com um sorriso sereno. Notando uma leve conexão entre o “casal”, que mesmo sem muita confirmação de Anita, Bernadete sabia que existia, por algum motivo ela teve quase certeza que a felicidade dela tinha tudo a ver com Ben, e se não fosse tão observadora poderia dizer que ele estava lutando para conter seu bom humor, a julgar pela forma pacienciosa que chegou a mesa, meio que tentando disfarçar o olhar a ela.

— E você irmão, também tá feliz. – Marcelo não resiste e dá uma pequena provocada no amigo, já desconfiava que a alegria de Anita tinha total colaboração de Ben, que levanta a cabeça do pedaço de bolo que havia colocado em seu prato procurando olhar ao máximo sério para ele.

 - Não sei Marcelo, porque a pergunta. – Ben devolveu meio irônico e procurando soar desinteressado, apesar de desconfiar um pouco o porquê da zoação, mas definitivamente, não queria atrair mais ninguém curioso a respeito de sua vida para cima de si.

— Nada não. – Marcelo riu abafado, Anita saiu da mesa com a ideia de abrir a geladeira, sem querer participar da conversa.

— Vem cá, quem foi que afanou meu iogurte. – a garota perguntou fechando a geladeira séria, apenas com uma garrafa vazia nas mãos.

— Hahaha, te dou cem dólares se você adivinhar de primeira. – Ben deu risada, se servindo de café do bule que estava sob a mesa. E dessa vez não conseguiu conter toda sua alegria, na forma radiante que riu ao escutar a voz bicuda de Anita diante do fato.

— Aff, esfomeadão do Vitor. – Anita rebate voltando à mesa indignada. E os outros riram da forma como ela praguejou o rapaz. Principalmente Ben, que trocou um olhar zombeteiro com ela, quando a via voltar e se sentar em sua cadeira de frente para ele, ela conteve a risada abaixando o rosto para seu café, como se adivinhasse o que ele pensava, o que seria o crime de Vitor, diante do crime hediondo que os dois haviam cometido na noite passada.

— Bom isso você revolve com ele Anita, tenho que ir vou me atrasar pra aula, beijos a todos. – Giovana disse, saindo da mesa já olhando seu relógio de pulso e notando que não faltava muito para se atrasar para o inicio de suas aulas.

— Que isso. – Anita indagou extremamente desconfiada, ao notar que os três ainda presentes a mesa olhavam para ela fixamente e com sorrisos desconfiados.

— Ué gente. – Ben levantou o olhar de seu prato para entender do que Anita falava. E apenas não entendeu nada, ficando em alerta ao notar que não era só ela que notava estranheza na maneira com os outros se comportavam, olhares revezados para ele e para ela.

— Agora que a Giovana já foi. – Meg apertou os lábios contornando o riso.

— Não nem tente Meg, me deixa em paz, eu não preciso me explicar pra ninguém aqui. – Anita exaltou ríspida, levantando o nariz em uma pose altiva.

— Eu muito menos. – Ben respondeu cruzando os braços sob a mesa, olhando revezadamente para um e para outro, imaginando mais ou menos qual era a desconfiança, não sabia quando ao certo Marcelo havia voltado com Meg naquela noite, nem mesmo se tinham vindo, já que estava com Anita, mas  tinha certeza do que os dois deduziram por ímpeto, ao não achar ele em seu quarto.

— Ah gente mais preciso dizer, porque não vou aguentar calada. – Bernadete suspendeu as mãos no ar, falando com empolgação, nem ligando para o alerta do casal de apaixonados que segundos antes foi dado.

— E quando  você aguenta Bernadete, com todo respeito do mundo. – Anita não se importou o quão sarcástica estava sendo, olhou para ela impaciente soltando o garfo com qual comia o bolo em cima do prato.

— Gente vocês fazem um casal tão lindo, tá aí óh foram feitos um pro outro, tá escrito nessa carinha radiante dos dois, e não tentem disfarçar porque ninguém aqui é cego não. – Bernadete foi dizendo tagarela, e logo sorriu diante da forma como tanto Anita assim como Ben, tentaram disfarçar que ela tinha qualquer razão naquilo, olhando para os lados indiferentes.

— Bernadete menos né. – Anita se pronunciou, querendo absurdamente que a mulher se calasse diante de seu discurso.

— Gente vocês se amam, tão querendo enganar quem, fingindo esse desdém todo, é um tal de “Ben eu não te quero”, “Anita você é muito orgulhosa” pro outro lado... – a mulher sem conseguir segurar a língua continuou mesmo ao contragosto visível dos dois. – Nasceram pra viver esse amor lindo sim, não neguem, e pensem que futuramente vocês podem me dar afilhadinhos lindos, com esses olhinhos clarinhos dos dois... – ela concluiu toda sorridente, fazendo Marcelo e Meg rirem da cara estupefata de Anita e Ben.

— Ah mais fica despreocupada Bernadete, porque com certeza eles já estão cuidando muito bem dessa parte aí. – Marcelo não conteve sua língua e também implicou com o casal, Anita que havia visto Ben em meio à conversa dar a volta na mesa e ocupar o lugar que antes era de Giovana ao seu lado, apenas afundou a cabeça no braço dele quase que enterrada, diante de seu constrangimento com a falação de todos. Ben gargalhou alto dos comentários, mal sabendo se foi de nervoso ou alegria.

— De que lado você tá hein. – Anita levantou o rosto autoritária, em um tom de voz quase que enraivado por ele estar rindo da própria desgraça dos dois.

— Do teu, com certeza minha linda. – Ben não resistiu à provocação por muito tempo, sorrindo enquanto segurava o rosto dela entre suas mãos e também não houve relutância da parte Anita, com relação ao beijo de quase tirar o folego que deu nela na frente dos outros três, mal se preocupando se receberia uma bofetada ou não de Anita depois... Ela pega completamente desprevenida por não imaginar tal coisa da parte dele, apenas se viu retribuindo ao beijo na mesma altura, sem ligar muito para o resto.

— Aê finalmente assumiram. – Marcelo comemorou sorridente, também ajudando Bernadete e Meg nos aplausos e gritos de comemoração.

— Deu pronto, agora será que eu posso tomar meu café em paz, ou vai mesmo ficar complicado. – Anita fala, apertando os lábios em um bico todo cheio de seriedade quando Ben finalmente resolveu o soltar. – Ótimo. – Anita agradeceu, vendo os outros silenciosos entre sorrisos, enquanto ela respirava procurando o ar antes perdido.


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